MULHER MIGRANTE-LUGARES DE TRABALHO DE ONTEM E DE HOJE.
Nos primeiros tempos de emigração,ou seja primeiras gerações,as mulheres,assim como os homens,vinham para o estrangeiro sem conhecimento algum do que os esperava.De país para país diferia muito o modo de vida,a língua e a sociedade.
No que respeita a trabalho,a maioria vinha como trabalhadores não especializados para firmas da ind~ustria textil,metalúrgica,construção de estradas,etc.
As mulheres eram contratadas como ajudantes de produção,muitas em trabalho de empreitada,de limpezas e outros,trabalho duro,pesado e sem grandes condições oque levou a que muitas mulheres sofram de mazelas fruto de anos a fio a fazer o mesmo.
A meta de muita gente era trabalhar uns anos,juntar dinheiro,fazer a sua casa na terra e regressar.
Os anos foram passando,os filhos vieram,muitos seguiram o mesmo destino dos pais,sem formação profissional,o que interessava era ganhar dinheiro.
A sua vida era trabalho-casa;casa-trabalho,não se ia a lado nenhum a não ser à associação,muitos nem isso faziam,pois,diziam a sua meta era poupar o mais que podiam e ir embora.
Eramos vistos,nesse tempo,pelos políticos responsáveis,como hóspedes que,mais dia menos dia,iriam embora e nada foi feito para essa primeira geração,como cursos de alemão,no nosso caso,nem trabalho de integração.
Os problemas começaram a sugir com o desemprego a bater à porta de muitas famílias quando as firmas fechavam e,sem qualificação,não tinham possibilidade de arranjar outro emprego.
Com o tempo as mentalidades foram mudando,os filhos começaram a frequentar o jardim infantil,aprendendo a língua,a escola começou a não ser um problema,como o tinha sido para aqueles nascidos em Portugal e "atirados"para a escola sem saberem uma palavra de alemão,muitos deles não conseguiram completar a escolaridade obrigatória,outros foram mandados para escolas especiais para alunos com dificuldades de aprendizagem,quando o verdadeiro problema era a falta de apoio à aprendizagem da língua do país de acolhimento.Alguns dessses jovens conseguiram um curso de formação profissional,mas com muito sacrifíco,outros ficaram-se por ser trabalhadores não qualificados.
Mas como dizia atrás,as crianças de ontem foram para o jardim infantil,para a escola,completaram-ne e,a maior parte,seguiu a formação profissional.
O trabalho não qualificado já é raro,nas nossas jovens de hoje,alguns e algumas ,para nossa satisfação conseguem a escola intermédia,Realschule,e até já o liceu.
Mas para isso contribuiu um trabalho de aproximação,de integração,as informações eram mais tidas em conta,os pais já não faltavam às reuniões nas escolas,começaram a fazer parte das comissões de país.
Com o tempo o trabalho entrou no contexto da integração e participação,a política para com os trabalhadores estrangeiros mudou radicalmente,no que se refere a um trabalho de acompanhamento tanto nos jardins infantis,onde as mães também podem aprender alemão em cursode formação,como nas escolas onde se procura acompanhar e alertar para qualquer problema que apareça com alguma criança.Há cursos suplementares para alunos com dificuldades de aprendizagem.
Mas para a primeira geração,hoje já muitos ne idade da reforma,volta a haver outro problema:Regressar ou não?Os filhos estão radicados no país onde nasceram,ou para onde foram muito pequenos,os netos já lá nasceram,que vão fazer,sózinhos.para a sua terra natal?Então,alguns estão a optar por passar temporadas na terra e voltarem para junto dos filhos nopaís de acolhimento.
Hoje há instituições de apoio à terceira idade que estão já a desenvolver programas para implantar no caso de alguns estrangeiros optarem por ficar e terem necessidade de apoio num lar ou ajuda domiciliária.
As gerações futuras serão de gente mais qualificada no que respeita à profissão,pois,pouco a pouco,o nível de escolaridade aumenta e é com satisfação que vejo que o trabalho desenvolvido dá os seus frutos.
Nunca me fiquei pelo meu cantinho e dediquei,e dedico,muito de meu tempo ao trabalho de integração e de participação cívica e política.Fiz com que muita gente votasse nas eleições autárquicas,fiz do meu telefone o centro de informação,durante muito tempo,na nossa associação procurei motivar as pessoas para a participação cívica e política.
A nossa associação,embora lutando com muitas dificuldades,como luta todo o movimento associativo,é vista pelas autoridades locais como um exemplo a seguir,pois trabalhamos em colaboração com entidades oficiais e outras associações.
O trabalho não está terminado,há muito a fazer,os projectos são muitos e cada vez mais complexos,os tempos são casa vez mais difíceis e exigentes e para isso é preciso que não beixemos os braços e continuemos a colaborar,sózinhos não faremos nada,mas em colaboração podemos construir grandes coisas.
Estive em 2001 em Amesterdão,com a grupo das mulheres da Piko de Gotemburgo,em 2002 na Suiça,em 2004 em Silves no Seminario da Cidadania e participação cívica,em 2006 em Estocolmo con a Piko a a Mulher Migrante. Tenho feito o que posso e,como dizia Miguel Torga "Quem faz o que pode,faz o que deve "E ainda como dizia John Kennedy Não perguntes ao teu país o que ele pode fazer por ti,mas pergunta,antes,o que podes fazer pelo teu país"Portugal precisa da nossa ajuda e nós,mulheres na emigração faremos tudo para sermos as maiores e as melhores embaixadoras do nosso país lá fora.
O meu trabalho na integração e participação será desenvolvido com mais promenor na minha intervenção,pois tem um historial longo.No entanto se desejar poderei mandar mais um resumo.
Um abraço.
Maria do Céu
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