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segunda-feira, 8 de outubro de 2012
ALEXANDRA MENDES entrevistada por Ana G Pinto
No dia 3 deste mês, Alexandra Mendes foi eleita presidente do Partido Liberal do Quebeque (PLQ), a ala do Partido Liberal federal naquela província do Canadá. É mais um passo na sua carreira política, já que entre 2008 e 2011 a luso-canadiana foi deputada federal no Parlamento canadiano pelo mesmo partido, tendo representado o círculo eleitoral de Brossard-La Prarie, margem sul de Montreal. O mandato à frente do PLQ termina em 2014, mas Alexandra Mendes já traçou o objetivo seguinte: concorrer às eleições para deputada federal em 2015, como revelou a este jornal.
Luso canadiana foi ainda deputada federal no Canadá entre 2008 e 2011 Alexandra Mendes preside o Partido Liberal no Quebeque
Nascida em Lisboa, mas a viver no Canadá desde os 15 anos, Alexandra Mendes recorda
que o percurso que a levou a avançar para uma carreira política “foi natural”, mas reforçado
pelo resultado das eleições federais em 2006. “O deputado para quem eu trabalhava, Jacques
Saada, perdeu as eleições e decidiu que não se voltaria a candidatar. No final desse ano, forças do partido convidaram-me a candidatar-me às eleições federais seguintes, que não sabíamos como iriam correr. Foi muito naturalmente que decidi candidatar-me, sendo eleita em
2008”, lembrou numa entrevista por telefone a este jornal.
Foi o contato individual com o seu eleitorado que mais a fascinou durante os quatro anos como deputada federal. “Termos o sistema parlamentar britânico em que os deputados são únicos pelo círculo eleitoral, têm escritórios no seu condado, e somos nós que recebemos os contribuintes que vêm apresentar-nos as questões. Isso é para mim o mais fascinante desta função: o encontro, no dia-a-dia, com os cidadãos, o tentar resolver os seus problemas com o Governo federal”, sublinhou.
Para além disso, diz que se «apaixonou» pela vida parlamentar e a possibilidade de “criar algo novo”. “Numa situação de Governo minoritário, como foi o que aconteceu no meu mandato, de 2008 a 2011, foi muito importante estar a contribuir para que a legislação fosse o reflexo eficaz de vários pontos de vista e não apenas o do Governo, que é o que se está a passar agora com um Governo maioritário”, acrescentou.
Em janeiro deste ano, quando concorreu à presidência nacional do Partido Liberal, Alexandra Mendes disse fazê- -lo com a intenção de participar ativamente na reconstrução do PL, para que voltasse a ser uma força política viva no Canadá.
Perdeu essa eleição, mas manteve o mesmo objetivo, quando avançou com a candidatura para a presidência do partido no Quebeque, a província que mais peso terá na reconstrução do PL.
“Esta é a província que em termos demográficos e de peso eleitoral, mais poderá contribuir
para a redinamização do partido. O Quebeque foi sempre, desde a fundação do Canadá, a província «rebelde» da Federação. Por ser francófona, por ser muito progressista a nível social e ter contribuído imenso para que o Canadá definisse uma rede de apoio social e um conjunto de
programas exemplares”, explicou a este jornal.
Nas próximas eleições federais, o Quebeque terá 78 circunscrições eleitorais, contra as atuais 75 (há 308 circunscrições nas dez províncias do Canadá), o que dá àquela província “um peso eleitoral muito forte”, sublinha Alexandra Mendes. “Vai ser a partir do Quebeque que o Partido Liberal poderá, ou não, reconquistar o carinho, a apreciação e o diálogo com os canadianos”, vaticina.
Do total de 308 deputados que compõem o Parlamento federal do Canadá, apenas 34 são do Partido Liberal, uma realidade que a presidente daquela força partidária no Quebeque quer ajudar a mudar. “O desafio de passar de 34 para mais de 100 deputados - o necessário para formar Governo - é obviamente muito grande”, assume Alexandra Mendes, que já delineou as estratégias a seguir pelo seu partido no Quebeque. “É urgente que as nossas associações de circunscrição se reativem, precisamos de uma estrutura eleitoral que funcione e esse é o meu primeiro desafio. O segundo será
contribuir para a elaboração de uma plataforma eleitoral que corresponda às expectativas dos
quebequares”, elege. Sobre a participação política da comunidade portuguesa no Canadá, lamenta que esteja ainda “muito longe do ideal”.
“Uma das visões que partilho com o atual embaixador de Portugal no Canadá é uma ausência
da comunidade portuguesa nos diferentes níveis de governação.
Há alguma presença, mas para uma comunidade do tamanho da nossa e com o tempo de integração
que já tem, havia a expectativa de maior participação e de mais visibilidade”, lamenta.
O mandato à frente do partido termina em 2014, e a luso-canadiana já traçou os objetivos seguintes: concorrer às eleições para deputada federal, em 2015. “É a melhor garantia de que me vou dedicar com muita garra ao trabalho que atualmente tenho pela frente: a vontade de ganhar as próximas eleições. E para isso, é preciso que o partido esteja fortalecido e unido”, vincou.
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