Maria Manuela Aguiar
Presidente da Assembeia Geral da Associação "Mulher Migrante"
O ” Encontro em Espinho - Cidadãs em Diáspora” trouxe a Portugal cinco "relatoras" dos “Encontros para a Cidadania – A Igualdade entre Mulheres e Homens”, que se realizaram entre 2005 e 2009.
Não foi, como o de Viana, em 1985, e o de Espinho, em 1995, um congresso mundial de cidadãs vindas da diáspora, mas uma iniciativa em que elas, o seu papel, os seus problemas, o seu itinerário migratório, ocupavam o centro do debate.
Em diálogo, estiveram, sim, para além dessas cinco ilustres representantes, muitos investigadores, académicos, nomes prestigiados dos vários ramos da Ciência que se cruzam no domínio das migrações, defensores dos direitos dos estrangeiros, dirigentes associativos das diásporas lusófonas, cidadãos interessados nestas matérias.
Como é habitual nas realizações da Associação Mulher Migrante, o enfoque foi dado às migrações, numa perspectiva global e não necessaria ou especificamente “feminina”, mas com as mulheres no lugar que é o seu, com a voz e a visibilidade que lhes é negada, tantas vezes, noutros “meetings” ou “fora”.
De facto, o percurso da metade feminina da nossa emigração tem sido, em regra, desvalorizado, desde logo porque é muito menos estudado do que o do homem, como fenómeno autónomo, com as suas características, umas comuns e outras próprias - o que se pode dizer, "mutatis mutandis" da emigração masculina.
E é também inegável que, apesar da evolução a que vimos assistindo, no sentido de uma participação cívica mais igualitária dos sexos, há ainda um défice de oportunidades – de presença, de opinião, de palavra, de influência… - que afasta as mulheres das instâncias de decisão e de poder, muito em particular a nível das próprias comunidade portuguesa. Do movimento associativo, que tanto precisa de se renovar, alargando a base de sustentação, e ganhando um suplemento de ânimo, que elas poderão garantir-lhe.
Este é, a nosso ver, um objectivo prioritário: excluir a axclusão!
Olhar a Mulher como Cidadã, e Cidadã de duas Pátrias, no contexto da emigração, que, para ela se tornou, tanto ou mais do que para o Homem, um caminho de auto-afirmação e auto-confiança. Promover a sua maior participação na vida colectiva.
E o certo é que, nas comunicações e nos debates, dest dois dias vividos em Espinho, foi emergindo, não só um novo paradigma de intervenção feminina nas comunidades do estrangeiro, mas também um novo perfil de mulher-emigrante: mais jovem, mais independente, mais qualificada, que parte à procura de valorização profissional, sozinha, ou com o marido, em pé de igualdade, desde a primeira hora.
Falámos muito de uma realidade de que, tradicionalmente, salvo em situação de crise pontual, se fala tão pouco nos “media” e no discurso político em Portugal, como afirmou o Prof. Eduardo Vitor Rodrigues, na última e excelente conferência do "Encontro": a de um movimento de saída que aumentou tremendamente, desde o começo do século. Quase em exclusivo para a Europa (Inglaterra, Irlanda, Espanha…) embora, no actual quadro de depressão económica , pareça procurar, de novo, os destinos longínquos, em África, em Angola, um grande país lusófono, agora em paz e em processo de reconstrução.
É cedo para fazer o balanço final de um “Encontro” tão cheio de reflexões,de troca de idéias e de experiências, de análise comparada de casos e situações.
Sabemos que parar seria perder toda a caminhada...
Por isso, não damos o “Encontro em Espinho” por terminado. Vai prosseguir, de diversas formas, ao longo deste ano do 15º aniversário da “Mulher Migrante” e para além dele.
Através do blog, que antecedeu e acompanhou a sua realização e ficou aberto, como repositório de informação,e pronto a receber novos contributos.
E, agora, na TERTÚLIA, como é evidente!
No Último trimestre de 2009, editaremos uma publicação, com as comunicações, as mensagens do blogue, as "actas" das reuniões, e tencionamos apresenta-la em vários "seminários", dentro e fora do país, para não deixar no esquecimento, os resultados de um trabalho realizado por tanta gente, em tantas partes do mundo com a finalidade de saber mais para agir melhor.
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