Não tenho muito a acrescentar ao depoimento de minha irmã Blanche pois juntamos nossas lembranças para ela poder elaborá-lo.
Mas não quero deixar de compartilhar do "ressurgimento" de D Maria como era chamada por todos nos.
Ela foi nossa preceptora e uma pessoa inesquecível até para meninas de 12 e 13 anos.
Me lembro dela alegre, divertida e amorosa. Muito faceira sempre arrumada e bem vestida.
Era muito hábil com suas mãos e transformava qualquer coisa em algo bonito e útil. Isto nos deixava maravilhadas!
Contava-nos histórias fascinantes da África e Portugal.
Falava-nos de um Portugal e de uma África mágicos que só existia ainda em suas lembranças e assim contagiava-nos com seu saudosismo
da "terrinha natal".
Tanto minha irmã quando esteve em África quanto eu em Portugal lembramos de D Maria e do que havia nos contado.
Lembro que tinha posições políticas muito firmes contra a ditadura e nos dizia que "comeria o coração de Salazar".
( Como assim??? as duas meninas imaginaram a cena ao pé da letra!!!)
Também de sua vida em África nos falava da importância da liberdade de pensamento,de ação e sexual para as mulheres.
A este respeito lembro de minha mãe (uma pessoa muito tradicional,pouco aberta a qualquer tipo de discussão) repreendendo-a.
Mas hoje, voltando a aquele tempo percebo que D Maria tinha razão.
Ela estava muito a frente do seu tempo e por isso perseguida e incompreendida.
Tanto minha irmã quanto eu, quando lembramos de Dona Maria sorrimos.
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