Manuela Bairos começou por distinguir três planos de análise da diplomacia da Língua
Portuguesa: a sua importância como língua de oficial ou de trabalho em diversas organizações
internacionais; a sua utilização nos vários países de língua oficial portuguesa em quatro
continentes e o potencial de crescimento como língua de herança junto das comunidades
oriundas de países de língua portuguesa espalhadas pelo mundo.
Os dois últimos planos de análise mereceram particular atenção, uma vez que é justamente
da sua interação que o impacto da língua portuguesa no mundo poderá ser mais visível e
imediato. Se por um lado é certo que a importância da língua portuguesa se prende com o
número crescente de falantes e com a relevância regional e mundial de países como o Brasil e
Angola nos respetivos continentes, esta realidade serve de inegável impulso e estímulo à sua
promoção nas diásporas que têm o português como língua de herança.
Neste contexto, as comunidades emigrantes oriundas de países de língua portuguesa
assumem um papel fundamental em países como os EUA, Canadá, França, Suíça, África
do Sul ou Austrália, para citar alguns exemplos. Sabemos, com efeito, que o interesse
crescente pela língua portuguesa (hoje bem visível numa China em plena expansão mundial)
dispensará o esforço que hoje pedimos às nossas comunidades e às instituições académicas
pertinentes em vários países do mundo. Mas na atual fase, Manuela Bairos salientou que ainda
precisamos de criar um estímulo que possa desencadear o efeito multiplicador que sabemos
se produzirá no futuro em relação à língua portuguesa. Esse estímulo só poderá ser suscitado
e alimentado pelas comunidades portuguesas na diáspora, que por razões emocionais e de
identidade, tem investido na sua manutenção e promoção junto das novas gerações.
São estas novas gerações que têm assumido com brio a herança da língua e da cultura
portuguesa (a exemplo da tuna académica dos estudantes luso-canadianos da Universidade
de Toronto, que atuou no decurso do simpósio), reconhecendo a riqueza do país de que são
oriundos e das suas tradições e cultura. Este é o fermento que em primeira linha deveremos
utilizar para a necessária mobilização de esforços na promoção da língua portuguesa, que, de
uma forma geral, ainda se encontra muito aquém do seu verdadeiro potencial.
Manuela Bairos exemplificou com a situação dos EUA onde incompreensivelmente a língua
portuguesa sofre dum estatuto de menorização, já que não está disponível num leque de nove
línguas oferecidas nos exames de acesso ao ensino superior (SAT II), ou da França onde,
embora exista uma das maiores comunidades portuguesas no mundo, o número total de
alunos de português naquele país se equipara ao Senegal, com cerca de 27 000 alunos que
aprendem português.
Uma palavra final foi dirigida às mulheres (mães e sobretudo avós) na diáspora e ao seu papel
na transmissão da língua e de outros traços da nossa cultura que são em regra assimilados
no lar e no modo de vida das famílias portuguesas, um legado tradicionalmente a cargo das
mulheres e mães que muito se orgulham de o passar às novas gerações.
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