sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Por bem fazer mal haver?

Durban, 2010-02-22

POR BEM FAZER MAL HAVER ?

O caso do Livro ‘Caminhos do Sentir’da Liga da Mulher Portuguesa na Africa do Sulsubsidiado pelo Banco Millenium bcp cujo produto de vendas reverte na totalidade para o Lar Rainha Santa Isabel (Sociedade Portuguesa de Beneficencia da Africa do Sul, em Joanesburgo) conforme decisão do Banco.
Neste muito falado ano 2010 não vou falar sobre a Copa Mundial de Futebol em Durban mas sobre a embrulhada “à la Rugby” que é o caso do livro ‘Caminhos do Sentir’, caso que gostaria de trazer à atenção do Exmo. Público.
Li em Setembro de 2009 um artigo no “O Século de Joanesburgo”, entitulado “Beneficência está prestes a completar o 2° Quadro de Honra de Benfeitores”, em que diz: “ A SPB não deve nada a ninguém e os seus livros contabilísticos estão à disposição de quem os quiser consultar” . Mais abaixo diz que 30 casas estariam prontas no fim de Setembro, o que achei maravilhoso. Diz também que houve quem lançasse um desafio de um 3° Quadro de Honra para contribuições individuais de R 50,000. E houve felicitações à directora do Lar Rainha Santa Isabel, e ao presidente da Direcção pela obra conseguida. Nessa altura era eu Presidente da filial em Durban da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul e Coordenadora do Projecto Livro e fiquei com um sabor amargo na boca. Porquê?
Caminhos do Sentir é uma compilação de estórias experienciais contadas por Mulheres Portuguesas em África, contadas por elas próprias, que levou quatro anos a compilar, e está traduzida para Inglês sob o título Pathways of Feeling. Foi publicado pela Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, subsidiado pelo Banco Millennium bcp e o produto de vendas dos 2,000 livros, cerca de R 300,000, fora o fruto de futuras impressões, reverte para os Idosos do Lar Rainha Santa Isabel. Sem grandes pretensões, foi um trabalho entusiasmado e voluntário da Comissão Editorial e participantes. O Projecto Livro chegou ao fim e em Setembro de 2008 a SPB efectuou o lançamento do seu Livro (tem direitos reservados), na sua sede. Admirou-me então não ver entre os convidados, elementos da comunidade sul-africana, incluindo professores. Em Outubro, a LIGA fez o lançamento aqui em Durban no DHS que foi muito bem sucedido e em que se encontravam muitos sul-africanos. A receita foi enviada para a conta bancária da SPB em Joanesburgo, junto com o Relatório das Vendas e Stock.. Perguntámos depois várias vezes, á SPB, pelo progresso nas vendas em Joanesburgo, sempre enviando cópias para o Banco Millennium bcp e para a LIGA. – cuja Presidente Nacional, até à minha resignação, sempre me apoiou através de situações desagradáveis e inesperadas dentro da própria organização.
O Projecto foi levado a efeito com a máxima transparência e a documentação está ao dispor de quem a quiser verificar.
Em Abril de 2009 a Comissão Editorial, a LIGA de Durban e a Coordenadora enviaram uma carta à Direcção da SPB, Lar Rainha Santa Isabel, com cópias para a LIGA Nacional e para o Banco, mostrando desapontamento com a falta de resposta e com o aparente desprezo por um projecto que muito podia ajudar os Idosos, demonstrando falta de cortesia para com as Escritoras, a LIGA e o próprio Banco. Até hoje .... silêncio! Será que, a SPB afinal não precisa dos R 300 000 e mais ? Só aqui em Durban, vendemos logo cerca de R 30,000.... Imagine se Joanesburgo estivesse a fazer o que nós fizemos! E nós até nos oferecemos para ajudar a criar a Comissão de Vendas do Livro!... Mas como pode a SPB ter sucesso e vender, se nem quando anunciam no jornal ‘O Século’, as festas do Magusto fazem alusão aos livros? Por sinal parece até que foi com reluctancia que nos deixaram ficar em Durban com 400 livros para venda.
De momento a LIGA em Durban, além do que já enviou, tem cerca de 18,000 randes numa conta separada, em nome do Lar Rainha Santa Isabel, que conforme mencionado, está à espera que nos digam o quanto já venderam em Jhb, para ser enviado. Mas ninguém responde!
Será por sermos Mulheres?
Como é que pessoas nos dizem que lá em cima ninguém fala no livro e não está à venda em nenhuma livraria, enquanto que em Durban está à venda na Adams Bookshop e já houve comentários positivos em 3 jornais de Durban e até duma professora de literatura da Universidade daqui? E temos tido muito boas opiniões de leitores, incluindo tanto médicos como donas de casa.
E agora pergunto: Deve a SPB continuar na posse dos direitos reservados do LIVRO, e na posse dos livros para venda, quando não demonstra interesse ou apreciação pelos mesmos e quando com o seu silêncio ofende a LIGA e quem generosamente participou neste Projecto? Os livros, só porque ‘pertencem’ à SPB’ podem ficar abandonados debaixo dalguma secretária para serem consumidos pelo caruncho? Deve a Liga da Mulher na África do Sul, que publicou o Livro, ignorar o que se está a passar? A fundadora da LIGA, Manuela Rosa e as várias Presidentes, terão a força e visão necessárias para apoiar este seu Projecto e para tentar resolver esta confusão?Que diz a isto o patrocinador, o BANCO Millennium bcp? Quando escrevi em Outubro uma ‘Carta aberta a Bernardino Faria’, para publicação no jornal ‘O Século’, fi-lo pessoalmente, como Coordenadora do Projecto, e um pouco ingénuamente, julgando que ao sacudir o limoeiro ele produziria bom fruto. Não aconteceu. Em vez disso recebi do director do ‘O Seculo’, incompreensão e menosprezo.
Porque é que atribui a minha luta para ver o Projecto levado a bom fim e beneficiar os Idosos – a um desejo de enaltecer o meu Ego? Será isto um caso de ‘quem o diz, é quem o é’? O problema não é meu. É de todos: LIGA, BANCO, COMISSÃO EDITORIAL, ESCRITORAS, e do PÚBLICO em geral.
Resolvi fazer esta comunicação, numa última tentativa de ‘salvar o Projecto’ feito para ajudar os Idosos e para tornar público o ridículo da inacreditável saga deste Livro! Um livro sem pretensões mas com valor cultural e histórico. Ou acham que não?
Seria diferente se fosse um livro de estórias de Homens?
Seria diferente se a ideia tivesse nascido em Joanesburgo? Ou no Cabo? Só Deus sabe!
A última pergunta: Se a SPB acha que o Livro não tem calibre suficiente para ser vendido, ou se a SPB não tem capacidade para o promover, então porque não o admite, e devolve os livros à LIGA ou ao BANCO, para que sejam vendidos em favor de uma ou várias organizações com mais interesse e capacidade, e que saibam plantar a semente que se pode transformar em árvore frondosa e acolhedora?
Com os meus respeitosos cumprimentos
Maria Victoria Pereira (dra.)
Iniciadora do Projecto ‘Livro da Liga da Mulher Portuguesa na Africa do Sul’

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