A SINGULAR
HISTÓRIA DA CONSULESA ANGELINA DE SOUSA MENDES⃰
Estudos recentes e com preocupações de
género têm vindo a revelar e a realçar acções, atitudes, comportamentos de
mulheres invulgares por esse mundo fora. Como se sabe, muitas, excluídas da História,
ainda permanecem na sombra. Razões de diversa ordem que se prendem com questões
nacionais, culturais, económicas, políticas, sociais, acrescidas ainda da
mentalidade vigente, determinaram comportamentos de desigualdade de género,
muitos já identificados e estudados. Em épocas passadas acentuavam-se e
elogiavam-se predominantemente papéis meramente ligados às qualidades de
esposas, de mães, de educadoras, os únicos aceites. Gradualmente vai-se caminhando
para a igualdade.
Não é de admirar, pelos motivos acima invocados, que
Angelina de Sousa Mendes, (1888-1948) a mulher do ilustre Aristides de Sousa
Mendes, um intemporal herói, um Justo, tenha ficado na invisibilidade. Tanto
mais que o destino trágico do casal e dos filhos, em Portugal, não permitiu
valorizar os actos altruístas de ambos.
Na verdade, o percurso de Angelina de Sousa Mendes não se
cingiu nem aos papéis tradicionais femininos que muito bem cumpriu, nem aos de
Consulesa. Esta multifacetada senhora ultrapassou-os, de longe, cumprindo uma
missão e uma tarefa perigosas, em tempo de guerra, aderindo a causas
humanitárias. Sai, assim, agora da invisibilidade e do esquecimento mostrando
como há mulheres que estão muito para além do seu tempo.
⃰Ana CostaLopes, FCH,
Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, Centro de Estudos dos Povos e
Culturas de Expressão Portuguesa, Universidade Católica Portuguesa.
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