domingo, 26 de abril de 2015

SECP DR JOSÉ CESÁRIO 4 Décadas de Migrações em Liberdade


Mesa Redonda
“ 4 décadas de migrações em liberdade”
26 de Março de 2014

Largo do Rilvas – MNE
Intervenção de Sua Excelência o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário

     Este é mais um evento, mais uma realização da Associação com a qual nós estabelecemos um conjunto de colaborações, uma parceria muito ativa desde há alguns anos. Tem sido um gosto muito grande por podermos colaborar. Nós temos dito e repetido que muitas das coisas que nós fazemos no exterior têm  todas as vantagens se forem feitas com grande envolvimento e também uma grande participação da mulher, nos mais variados níveis.
     Nós, Portugueses,  temos um grande défice de participação. É um problema cultural antigo sobre todo um plano de uma participação cívica e política, sabendo perfeitamente que o português é normalmente acomodado. Precisamos de fazer muito para mudar as nossas Instituições, as nossas Entidades para sermos mais visíveis, mais interventivos e, aí, eu não tenho qualquer espécie de dúvidas que o papel da mulher é absolutamente decisivo para essa mudança, independentemente da idade, porque estamos a falar da participação feminina, nas iniciativas que têm a ver com a mulher globalmente na mudança que se opera todos os dias nos mais variados tipos de organizações que nós temos no exterior.
    
     O  tema deste Encontro, é um tema muito oportuno, estamos a comemorar os 40 Anos do 25 de Abril, 40 Anos da Revolução dos Cravos. É por causa do 25 de Abril que nós estamos aqui, se assim não fosse, nós não estaríamos, temos plena consciência do espaço de liberdade,  do espaço de realização, do espaço de desenvolvimento que o 25 de Abril permitiu criar a todos os níveis e com  enormes repercussões nas relações entre Portugal e os Portugueses que estão espalhados pelo mundo.
     A abertura das comunidades, o modo como  Portugal se passou a relacionar com as suas comunidades, mudou radicalmente, eu não me esqueço que até ao 24 de Abril  de 1974, era habitual as comunidades dividirem-se: as comunidades políticas  e as comunidades resultantes, em geral, da saída de Portugal por razões meramente económicas. Havia uma separação muto grande, aliás com a intervenção e a interferência do Estado, através de variadíssimos instrumentos, que aliás criaram algumas histórias que todos conhecemos um pouco por esse mundo fora. Algumas delas, ainda hoje as ouvimos contar, ainda hoje trabalhamos sobre elas. Sempre que nos encontramos com  essas comunidades, como sucedeu ainda bem recentemente em Montréal, em que tive a oportunidade de rever “algumas delas”. Também na Holanda, por exemplo, a abertura de Portugal para com as comunidades foi algo muito mais exequível, muito mais evidente, muito mais permanente, após o 25 de Abril.
     Tal como, é bem dizê-lo, que este ministério, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e, já foi exatamente com a afirmação da democracia, começou a perspetivar uma relação diferente com as Comunidades  Portuguesas, uma relação diria eu, muito mais democrática. E, é em nome dessa relação democrática que nós

aqui estamos sentados hoje. Este não é o primeiro evento que realizamos neste lugar. Já estivemos nestas salas com a Associação Mulher Migrante em várias outras ocasiões.
     Eu, já o disse, e repeti hoje mesmo de manhã, porque estava  presente um conjunto significativo de dirigentes associativos da nossa Diáspora, mas não me canso de o repetir, o fato de estarmos aqui hoje, com a Secretária Geral do Ministério, com o Diretor Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, com técnicos desta casa, significa que o Ministério dos Negócios Estrangeiros é um ministério das comunidades. Isto tem de ser tornado muito claro, tem de ser afirmado com muita veemência na certeza de que se repercute a muitos níveis, algum espírito de casta que aqui existia em algumas das nossas organizações, em algumas das nossas representações, e, isso foi-se esbatendo. Hoje o princípio é o da mais absoluta abertura das Embaixadas e Consulados, relativamente ás Comunidades.
     Essa modificação é, evidentemente uma consequência óbvia da democracia, sem democracia isto não teria naturalmente acontecido por mais diligências e competentes que fossem os nossos funcionários, independentemente de falarmos de diplomatas, de técnicos e administrativos.
     Hoje a abertura é muito maior
E permitam que vos diga outra coisa. É exatamente graças a essa abertura, que nós conseguimos desenvolver políticas de aproximação às nossas Comunidades, particularmente aquela que considero que tem maior expressão, exatamente nessa aproximação que são as novas permanências consulares e só acontece porque há um espírito completamente diferente de relação com as Comunidades, em 2013, nós servimos 30 000


pessoas fora dos atos  dos nossos Consulados e das nossas Embaixadas.  Isto significa    que as estruturas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, os seus funcionários foram ao encontro.. Passaram a ir ao encontro das nossas comunidades. Isto é outra concretização, a realização exatamente da democracia.
    Outra consequência, que julgo que vale a pena analisar e estudar é o facto de hoje a Língua Portuguesa ser assumida por todos nós com orgulho, ainda não há muitos anos encontrava comunidades que pareciam ter alguma vergonha de se falar Português, havia locais onde se considerava o Português como uma língua menor. Ora, isto tem-se ultrapassado completamente..
     A Língua Portuguesa é hoje uma das Línguas mais faladas no Mundo,  Não vale a pena estarmos aqui a discutir se é a 3ª, a 4º ou a 5ª , ou a mais falada neste hemisfério ou naquele hemisfério, é das mais faladas do Mundo e sobretudo há um aspeto, que é o aumento do número de falantes e um aumento muito significativo, independentemente de tudo  mais, de nós Portugueses não sermos o povo que maioritariamente fala Português. A verdade é esta, é que Lisboa continua a desempenhar à escala global o papel fundamental a este nível, como ainda demonstrámos bem recentemente, com a Conferência  Internacional sobre a Língua Portuguesa, que ocorreu exatamente aqui.
E tudo isto é recente, repito na democracia e a democracia resultou do 25 de Abril e é por isso  que nós comemoramos hoje Abril com muito orgulho, na certeza de que ao comemorarmos Abril estamos a comemorar Liberdade, democracia e o desenvolvimento. Nós, hoje,   estamos   a    apoiar   iniciativas  de


comemoração do 25 de Abril., bem como o  e o ano passado e há dois anos. Vamos tê-las em Bordeaux, em Toulouse , em Andorra, em Paris, em Lyon, na Alemanha, no Brasil, nos Estados Unidos e eu vou estar presente em várias delas, com muito orgulho em nome do Governo Português, exatamente,  em nome do orgulho que temos de dizer; nós temos democracia em Portugal e independentemente das diferenças de opinião. Importa sobretudo valorizar este aspeto,  que é a capacidade que o povo português tem hoje  de dizer o que pensa, de dizer que caminhos pretende escolher para o seu futuro, isto é um aspeto absolutamente decisivo.
     É, por isso, que eu cumprimento a Associação da Mulher Migrante, cumprimento a minha amiga Manuela Aguiar, a Drª Rita Gomes, todas as pessoas que convosco colaboram. Não tenho qualquer espécie de dúvidas que a vossa função é uma função absolutamente fundamental  para esta tarefa de relação entre Portugal e todos os portugueses que estão espalhados pelo mundo, obviamente uma tarefa muito centrada na problemática participação da  mulher na vida pública, da mobilização da mulher para essa vida pública, porque nesses aspetos não tenho qualquer espécie de dúvidas, nós não conseguiríamos ter sucesso, .
     Desejo que este Encontro decorra, mais este encontro, decorra com os melhores resultados possíveis e naturalmente como a Manuela e a Drª Rita sabem, cá estaremos disponíveis para prosseguir com esta colaboração em prol das nossas Comunidades e obviamente por Portugal.

      Muito Obrigada

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