Mesa Redonda
“ 4 décadas de migrações em liberdade”
26 de Março de 2014
Largo do Rilvas – MNE
Intervenção de Sua Excelência o Secretário
de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário
Este é mais um
evento, mais uma realização da Associação com a qual nós estabelecemos um
conjunto de colaborações, uma parceria muito ativa desde há alguns anos. Tem
sido um gosto muito grande por podermos colaborar. Nós temos dito e repetido
que muitas das coisas que nós fazemos no exterior têm todas as vantagens se forem feitas com grande
envolvimento e também uma grande participação da mulher, nos mais variados
níveis.
Nós,
Portugueses, temos um grande défice de
participação. É um problema cultural antigo sobre todo um plano de uma
participação cívica e política, sabendo perfeitamente que o português é
normalmente acomodado. Precisamos de fazer muito para mudar as nossas Instituições,
as nossas Entidades para sermos mais visíveis, mais interventivos e, aí, eu não
tenho qualquer espécie de dúvidas que o papel da mulher é absolutamente
decisivo para essa mudança, independentemente da idade, porque estamos a falar
da participação feminina, nas iniciativas que têm a ver com a mulher
globalmente na mudança que se opera todos os dias nos mais variados tipos de organizações
que nós temos no exterior.
O tema deste Encontro, é um tema muito
oportuno, estamos a comemorar os 40 Anos do 25 de Abril, 40 Anos da Revolução
dos Cravos. É por causa do 25 de Abril que nós estamos aqui, se assim não
fosse, nós não estaríamos, temos plena consciência do espaço de liberdade, do espaço de realização, do espaço de
desenvolvimento que o 25 de Abril permitiu criar a todos os níveis e com enormes repercussões nas relações entre
Portugal e os Portugueses que estão espalhados pelo mundo.
A abertura das
comunidades, o modo como Portugal se
passou a relacionar com as suas comunidades, mudou radicalmente, eu não me
esqueço que até ao 24 de Abril de 1974,
era habitual as comunidades dividirem-se: as comunidades políticas e as comunidades resultantes, em geral, da
saída de Portugal por razões meramente económicas. Havia uma separação muto
grande, aliás com a intervenção e a interferência do Estado, através de
variadíssimos instrumentos, que aliás criaram algumas histórias que todos
conhecemos um pouco por esse mundo fora. Algumas delas, ainda hoje as ouvimos
contar, ainda hoje trabalhamos sobre elas. Sempre que nos encontramos com essas comunidades, como sucedeu ainda bem
recentemente em Montréal, em que tive a oportunidade de rever “algumas delas”.
Também na Holanda, por exemplo, a abertura de Portugal para com as comunidades
foi algo muito mais exequível, muito mais evidente, muito mais permanente, após
o 25 de Abril.
Tal como, é bem
dizê-lo, que este ministério, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e, já foi
exatamente com a afirmação da democracia, começou a perspetivar uma relação
diferente com as Comunidades
Portuguesas, uma relação diria eu, muito mais democrática. E, é em nome
dessa relação democrática que nós
aqui estamos sentados hoje. Este não é o primeiro evento que
realizamos neste lugar. Já estivemos nestas salas com a Associação Mulher
Migrante em várias outras ocasiões.
Eu, já o disse, e
repeti hoje mesmo de manhã, porque estava
presente um conjunto significativo de dirigentes associativos da nossa
Diáspora, mas não me canso de o repetir, o fato de estarmos aqui hoje, com a
Secretária Geral do Ministério, com o Diretor Geral dos Assuntos Consulares e
Comunidades Portuguesas, com técnicos desta casa, significa que o Ministério
dos Negócios Estrangeiros é um ministério das comunidades. Isto tem de ser
tornado muito claro, tem de ser afirmado com muita veemência na certeza de que
se repercute a muitos níveis, algum espírito de casta que aqui existia em
algumas das nossas organizações, em algumas das nossas representações, e, isso
foi-se esbatendo. Hoje o princípio é o da mais absoluta abertura das Embaixadas
e Consulados, relativamente ás Comunidades.
Essa modificação
é, evidentemente uma consequência óbvia da democracia, sem democracia isto não
teria naturalmente acontecido por mais diligências e competentes que fossem os
nossos funcionários, independentemente de falarmos de diplomatas, de técnicos e
administrativos.
Hoje a abertura é
muito maior
E permitam que vos diga outra coisa. É exatamente graças a
essa abertura, que nós conseguimos desenvolver políticas de aproximação às
nossas Comunidades, particularmente aquela que considero que tem maior
expressão, exatamente nessa aproximação que são as novas permanências
consulares e só acontece porque há um espírito completamente diferente de
relação com as Comunidades, em 2013, nós servimos 30 000
pessoas fora dos atos
dos nossos Consulados e das nossas Embaixadas. Isto significa que as estruturas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, os seus
funcionários foram ao encontro.. Passaram a ir ao encontro das nossas
comunidades. Isto é outra concretização, a realização exatamente da democracia.
Outra consequência,
que julgo que vale a pena analisar e estudar é o facto de hoje a Língua
Portuguesa ser assumida por todos nós com orgulho, ainda não há muitos anos
encontrava comunidades que pareciam ter alguma vergonha de se falar Português,
havia locais onde se considerava o Português como uma língua menor. Ora, isto
tem-se ultrapassado completamente..
A Língua
Portuguesa é hoje uma das Línguas mais faladas no Mundo, Não vale a pena estarmos aqui a discutir se é
a 3ª, a 4º ou a 5ª , ou a mais falada neste hemisfério ou naquele hemisfério, é
das mais faladas do Mundo e sobretudo há um aspeto, que é o aumento do número
de falantes e um aumento muito significativo, independentemente de tudo mais, de nós Portugueses não sermos o povo
que maioritariamente fala Português. A verdade é esta, é que Lisboa continua a
desempenhar à escala global o papel fundamental a este nível, como ainda
demonstrámos bem recentemente, com a Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa, que
ocorreu exatamente aqui.
E tudo isto é recente, repito na democracia e a democracia
resultou do 25 de Abril e é por isso que
nós comemoramos hoje Abril com muito orgulho, na certeza de que ao comemorarmos
Abril estamos a comemorar Liberdade, democracia e o desenvolvimento. Nós, hoje, estamos a apoiar
iniciativas de
comemoração do 25 de Abril., bem como o e o ano passado e há dois anos. Vamos tê-las
em Bordeaux, em Toulouse , em Andorra, em Paris, em Lyon, na Alemanha, no
Brasil, nos Estados Unidos e eu vou estar presente em várias delas, com muito
orgulho em nome do Governo Português, exatamente, em nome do orgulho que temos de dizer; nós
temos democracia em Portugal e independentemente das diferenças de opinião.
Importa sobretudo valorizar este aspeto,
que é a capacidade que o povo português tem hoje de dizer o que pensa, de dizer que caminhos
pretende escolher para o seu futuro, isto é um aspeto absolutamente decisivo.
É, por isso, que
eu cumprimento a Associação da Mulher Migrante, cumprimento a minha amiga
Manuela Aguiar, a Drª Rita Gomes, todas as pessoas que convosco colaboram. Não
tenho qualquer espécie de dúvidas que a vossa função é uma função absolutamente
fundamental para esta tarefa de relação
entre Portugal e todos os portugueses que estão espalhados pelo mundo,
obviamente uma tarefa muito centrada na problemática participação da mulher na vida pública, da mobilização da
mulher para essa vida pública, porque nesses aspetos não tenho qualquer espécie
de dúvidas, nós não conseguiríamos ter sucesso, .
Desejo que este
Encontro decorra, mais este encontro, decorra com os melhores resultados
possíveis e naturalmente como a Manuela e a Drª Rita sabem, cá estaremos
disponíveis para prosseguir com esta colaboração em prol das nossas Comunidades
e obviamente por Portugal.
Muito Obrigada
Sem comentários:
Enviar um comentário