História do Movimento Associativo na República Argentina
Questões de Género e de Geração
Pte. Associação da Mulher Migrante Portuguesa na Argentina
Apresentado no Encontro Mundial de 23 -24-25-26 de Novembro 2011 em Maia
Porto - Portugal
Encontro Mundial de Mulheres da Diáspora Portuguesa
Somos uma raça antiga a morar na Argentina.
Foi Portugal que reconheceu, em primeiro lugar, o 1° governo Argentino e é por isso que a Bandeira Portuguesa pode estar tanto à direita como à esquerda, da "Bandera
Nacional".
O Associativismo começa por uma necessidade de estarem juntos, os
Imigrantes, para recordarem a Saudade do seu País Natal.
Em Buenos Aires, o Encarregado de Negócios de Portugal dessa altura, o Sr. Álvaro Paes de Faria, fez uma comunicação aos Portugueses residentes na Cidade, para manifestar-lhes o desejo de que, seguindo o exemplo de outras
colónias estrangeiras, formassem uma sociedade de Beneficência Portuguesa destinada a auxiliar os compatriotas desvalidos, residentes no país.
Foi assim que um grupo de homens começa a trabalhar no ano 1828 e se funda a Caixa de Socorros “LUSITANIA” , pois o primeiro passo se tinha dado.
Continua como Sociedade Portuguesa de Socorros desde o ano 1883 até 1904, depois muda de nome e passa a chamar-se, “REAL SOCIEDADE PORTUGUESA DE SOCORROS desde 1905 até 1910. Continua como Sociedade Portuguesa de Socorros até que se construiu o Hospital Português
Clube Português. Foi um contínuo trabalho do Associativismo, anos de Historia, em que toda a Comunidade contribuiu para realizar essa grande Obra. Na maioria, eram socios do Clube Português.
Como Comunidade Estrangeira, dentro do Associativismo, somos a única que tem um Panteón, no Cimenterio da Recoleta, data desde o 26 de Abril de 1882 - onde descansam os restos de Eva Perón, de vários presidentes e das maiores pessoalidades das Letras, políticos etc. doado pelo Presidente Torcuato de Alvear, casado
com a primeira e única Dama estrangeira que teve o país: era Dona Regina Paccini de Alvear , Portuguesa, Cantante Lírica, mal vista pela Sociedade Argentina nessa altura, mas ela deu exemplo de amor ao desvalido demonstrou ser uma Mulher de grande
humanidade, deixando obras que ainda hoje são Orgulho do que fez uma primeira Dama Portuguesa.
O Associativismo continua com o Clube Português que já fez 93 anos de vida no ano 2011, toda uma Historia dentro de essas paredes, por aí passaram muitas personalidades do Fado, da Música, das Letras e da Política.
Começa um novo movimento dentro desse Associativismo. É que um grupo de Homens das Beiras e do Norte de Portugal tem novas ideias - querem abrir uma nova Casa Portuguesa , e assim nasce o Centro Pátria Portuguesa, dentro do raio da Capital que, neste mês de Setembro 2011, fez 80 anos de vida.
Nascem ideias... novos Ranchos Folclóricos e criam o Grupo Os Pauliteiros de Miranda, esteve vários anos, e agora estão para voltar a dinamizar este novo grupo.....Tem um Jovem de Vice-Pte.Sr. Dúlio Moreno e Maria Laura Rojas, que cantam Fados mostrando nossa Música a outros grupos Argentinos que se dedicam ao Fado, esta parte é muito interessante para toda a Comunidade, pois até agora não tínhamos nada de semelhante.
Essa Instituição também tem O GRUPO COIMBRA, que toca música Portuguesa, e vão a diferentes lugares actuar para o público.
Dentro da Comunidade há muitos Ranchos Folclóricos de diferentes Associações.
No ano 1978 se fundam 3 Associações perto da Cidade de Buenos Aires.
Somos poucos mas temos Associações em diferentes Províncias do país a 2000. Ks. a 600km. A 400ks. a 300ks. E continuam abrindo casas de Cultura. Dentro de estas Associações de tão longe, a que mais actividade tem é a de Comodoro Rivadavia .
Dentro do Associativismos as Mulheres têm feito o trabalho de transmitir aos seus filhos e netos a Cultura, as Costumes do País natal. Os descendentes, quase todos, vão para a Universidade.
As Mulheres convidavam os seus vizinhos portugueses, os seus conhecidos, para que frequentem a Casa Portuguesa. O resultado foi fantástico, hoje muita gente, descendentes de outras raças têm connosco convívio, como também Portugueses de diferentes lugares de Portugal.
A Língua Portuguesa, é e será o Orgulho de todos nós, espalhados pelo mundo fora, e quase todas as Entidades oferecem o ensino da Língua.
A primeira Professora a dar classes foi a Dra. Ângela Rodrigues
Barros, também a primeira Bolseira do Brasil e de Portugal, uma
Argentina que foi Directora de Línguas Vivas de Bs. As. E que, morou
muitos anos em Portugal a pesquisar sua Historia, para poder transmiti-la .
Geração Luso- Descendente
As Instituições Portuguesa alguma delas estão atravessando uma difícil situação por não terem pessoal que queiram conduzi-las, caso de Mar del Plata, que vai fazer 50 anos de vida o ano que vem, e está com falta de Sócios que queiram continuar com a Entidade. Para cumprir com os Estatutos, teria de ser vendida, e passaria as mãos de um Lar da Cidade onde está.
Deixo uma ideia aqui: poderiam as Autoridades mandar um Professor de guitarra Portuguesa para incentivar o ensino desse instrumento (que na Argentina não há?
Outra reflexão: a gastronomia portuguesa é tão rica, porque não enviar um "chef"" para ensinar a fazer comidas típicas , não só a nível português como a nível das diferentes comunidades de outros Países e das que são originariamente da Argentina... Temos que abrir-nos como fazem outras Comunidades!
Sabemos bem da diferença de preparação de um jovem Profissional e de uma
pessoa que fez a 4ª. Classe há 60 anos atrás.
Pergunto: não seria saudável deixar que os Jovens organizem eles o que queiram, para ver até donde chega a responsabilidade e o interesse de novas ideias. E que os maiores de idade ajudem, para que juntos possamos ter um convívio normal para que sigam funcionando para orgulho de todos, estes grupos Associativos!
SITUACÄO DE GÉNERO
E, por último, quero qualificar o trabalho das Mulheres, que sempre trabalharam á sombra dos homens - ainda hoje elas continuam a trabalhar da mesma maneira, nas pessoas da minha geração. Algumas puderam ocupar lugares em diferentes Associações, mas não foi fácil... tivemos que lutar muito e demonstrar com trabalho que tínhamos capacidade para faze-lo.
A outras ainda não lhe deram o lugar, como sabemos o Homem Português na Argentina tem dificuldade de partilhar cargos Directivos.
Agora, nas gerações jovens, a Mulher ocupa cargos ou profissões em igualdade
com o género masculino.
Aliás, tivemos um grande incentivo duma grande Mulher a Dra. Maria Manuela Aguiar que numa das visitas que fez ä Argentina, nos pediu: porque as Mulheres não se uniam e formavam uma Associação para fazer coisas diferentes? E foi assim que nasceu a Associação da Mulher Migrante na Rep. Argentina. Foi um grande desenvolvimento para as Mulheres, e uma libertação, para que pudessem sair para assistir ás reuniões e dessa maneira ganharem um espaço de afirmação pessoal.
Como disse, antes, as Associações que integram a Comunidade onde se inserem, nasceram para dar respostas aos sócios, fazendo Festas, jogos de mesa, festividades de Romarias e Ranchos folclóricos.
Mas esta MULHER MIGRANTE veio para dar resposta ás dificuldades Económicas que muitos compatriotas tiveram e têm. Mas agora contam com a Solidariedade desta Associação, que começou a trabalhar, e, imediatamente, se viu o resultado - os pedidos vinham de todos lados até de Pcias. a 500 km. de distância, chegavam para pedir ajuda, e lá estava a Mulher Migrante para dar solução ao pedido.
O nosso trabalho teve enfoque na parte Social e de Voluntariado, chegando as casas dos Carentes Portugueses, ou dos casados com nossa raça, para dar ajuda aos seus problemas, foram muitos e de diferente índole.
Também fizemos Teatro de Paródia, imitando Programas da Televisão, e contando anedotas sobre quando chegamos a Argentina, quando não sabíamos o idioma - coisas que aconteciam e que, depois,
até tinham piada.
Neste contexto, a Associação tem feito Seminários, diferentes mostras de Cultura, Exposições diversas., apresentações com meios audio- visuais, onde as pessoas que ajudamos davam testemunha do que sentiam. Foi emocionante vê-los!
Esta Associação foi e será influente nas áreas sócio – culturais, sendo uma Associação de Inovação Social.
Aqui podemos observar a evolução da Mulher no trabalho Associativo. Também damos o nosso trabalho ás autoridades do governo Português na Argentina, ajudando em tarefas que ligam com a comunidade inteira em diferentes cidades de Buenos. Aires - Em busca de informação sobre os casos de necessidade, levando os cheques de Portugal dos subsídios até à própria morada das pessoas.
Neste quadro, e para finalizar, minhas Senhoras e meus e Senhores, posso dizer que o trabalho que tem feito a Associação da Mulher Migrante na Argentina, tem sido brilhante, respeitado não só pela Comunidade Portuguesa , e Sociedade Argentina, também por muitos outros países da Comunidade Europeia e da América do Sul - muitas vezes recebemos pedidos de informação do Brasil, para saberem como implementámos a Associação, e como funcionámos.
Temos imensos convites de Associações de Bem Público, da Comunidade Europeia, como a Rússia, Espanha, Itália e muitas mais.
Temos participado em Seminários dedicados a pessoas que têm Capacidades Diferentes .
O trabalho Voluntário é e será um exemplo de vida para todas as Mulheres que participam para dar seu tempo, ás diversas necessidades de que hoje padece a nossa gente Idosa, digna de ser respeitada pela trajectória de vida que teve.
Só temos quatro Mulheres Presidentes de diferentes Associações.
Peço as Autoridades presentes que vejam de que maneira as Comendas e os prémios ao trabalho são atribuídos. Não só devem ser para o Género Masculino, o Feminino também merece e espera reconhecimento, da mesma maneira.
Muito obrigado a todos, pela atenção e agradeço á Dra. Maria Manuela Aguiar e á Dra. Rita Gomes duas Mulheres que admiro, elas conseguem de nós lá fora tudo o que desejarem, para continuar a trabalhar pelo nosso Portugal, que está a 10.000 km.
de distância, mas tão perto do nosso coração.
Agradeço ao Secretario das Comunidades Portuguesas, a sua Excia. o Dr. José Cesário, pela preocupação que manifesta pelas Comunidades espalhadas pelo mundo fora, também pelo convite que me fizeram, para representar a Associação da Mulher Migrante na Argentina, neste Seminário na Maia nos dias 24-25-26 de Novembro de 2011.
Obrigada.
Natália M. Renda Correia
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