Mensagem
Retida
em Lisboa por vários compromissos assumidos antes da marcação do Congresso da
Mulher Migrante a que apenas assisti, presidindo à Mesa de Abertura com a Drª
Manuela Aguiar e o Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, não
posso estar hoje convosco.
Lamento-o
profundamente porque seria uma celebração da maior importância e entre as
extraordinárias mulheres que vieram de várias comunidades espalhadas pelo
mundo.
Foi-me
extremamente agradável e até emocionante poder reencontrar queridas, corajosas
e até ilustres amigas do Canadá, da Argentina, da África do Sul, do Brasil, dos
Estados Unidos e de alguns outros lugares, cujo contacto é sempre para mim altamente
estimulante. Elas estão por esse mundo fora prestigiando não só os países onde
se integram, mas conquistando um grande prestígio também para o país onde as
suas raízes afundam. É verdade que não vieram sós e acompanha-as um grande
número de homens, também eles portugueses ilustres, que vieram reflectir
connosco sobre os problemas que enfrentam as mulheres migrantes e dizer do que
pensam das experiências que juntos,
mulheres e homens da diáspora têm tido.
Foi,
pois, com mágoa que os deixei por exigência da minha presença num acontecimento
importante na vida cultural do país e a que não podia faltar.
Também no sábado teria de estar num encontro com a
Governadora Civil de Lisboa e o Ministro da Administração Interna. Era tudo
muito apertado para poder regressar a Espinho e celebrar convosco o Dia da Mulher, como tanto desejaria fazer.
De
qualquer modo não quero deixar de vos enviar a minha mensagem de solidariedade
por esse dia que constituiu um marco importante na história do percurso da
mulher em todo o mundo.
Gostava
de ter lembrado convosco os nomes de
algumas das mais ilustres mulheres portugueses que lutaram pela emancipação da
mulher, pelo seu direito a gozarem da mesma dignidade que era conferida aos
homens e que lhes era negada.
As
desigualdades que existiam entre ambos, a inferiorização a que foi sujeita
durante séculos fizeram emergir algumas figuras que se revoltaram contra essa
situação humilhante e desencadearam numa luta constante e determinada para a
eliminar, conseguindo que numerosas e extraordinárias conquistas fossem
alcançadas. O acesso à educação, à libertação do domínio do homem espartilhando
e até anulando os seus direitos mais elementares, a conquista do direito de
voto, a modificação do seu estatuto no Código Civil – tudo isso foi o resultado
da luta corajosa da mulher para se sentir
- como hoje o consegue – em igualdade de posição com a do homem, ambos
tendo hoje a possibilidade de afirmar e viver iguais direitos.
Através
dos tempos ainda lembramos os nomes de algumas portuguesas ilustres. Mais
afastadas, mas não menos empenhadas, vem-nos à lembrança Luísa de Sigein, a
Rainha D. Filipa de Lencastre, a D. Leonor que se distinguiram no campo da
Educação e da Cultura. Mais perto já de nós não esquecemos a médica Adelaide de
Cabete, Ana de Castro Osório, Branca de Gonta Colaço e muitas outras que foram
verdadeiras heroínas neste sector.
Ainda
mais perto de nós Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês, duas extraordinárias
mulheres que lutaram pelo respeito dos Direitos Humanos no que se refere a
mulheres e também a homens. Elina Guimarães foi também uma dessas mulheres,
ilustre e incansável lutadora até à sua morte, ocorrida há poucos anos.
Claro
que a Revolução do 25 de Abril veio facilitar essa progressão no domínio desses
Direitos.
E,
apesar do que já foi conseguido na letra da lei, nos documentos que nos afirmam
a igualdade entre mulheres e homens, ainda há que lutarmos para conseguir que
esses documentos, essas declarações não sejam apenas intenções, mas uma prática
constante, clara e inequívoca desses Direitos.
A
nossa voz tem de ser ouvida tal como a dos homens porque somos duas metades da
mesma Humanidade. As decisões que dizem respeito ao destino das duas metades
terão de ser tomadas sempre com a participação das vozes e pareceres das duas.
Para
que possamos caminhar para um mundo melhor – mais fraterno, mais justo, mais
solidário e pacífico, abrindo horizontes de esperança a gerações futuras.
Queridos
Amigos – um abraço muito afectuoso da vossa
Maria
Barroso Soares
8
– 3 - 2009
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