Nos primeiros tempos de emigração,ou seja as primeiras gerações,as
mulhesres,assim como os homens,vinham para o estrangeiro sem
conhecimento algum do que os esperava.De país para país diferia muito o
modo de vida,a língua e a sociedade.
No que respeita ao trabalho,nesse tempo,e ainda hoje em alguns
casos,vinha-se para ocupar lugares de trabalhadores não
especializados para firmas da indústria textil,metalúrgia,construção
cívil,estradas,limpezes,restauração,etc.
As mulheres eram contartadas para ajudantes de produção,muitas em
trabalho de empreitada,de limpezas e outros,trabalho duro pesado e
sem grandes condições o que levou a que muitas mulheres sofram de
mazelas,fruto de anos a fio a fazer o mesmo.
A meta de muita gente era ficar uns anos,arranjar um dinheiro para fazer
a casa na terra e ir embora,só que,na maioria,isso não se concretizou.Os
filhos vieram ter com os pais,pois tinham ficado,nos primeiros tempos com
os familiares em Portugal,outros nasceram aqui, e o regresso foi-se adiando
para mais tarde.
Nos primeiros tempos não se deu muita importância à escolaridade dos
filhos e à formação profissional,por isso,muitos deles seguiram o mesmo
caminho dos pais,pois o que interessava era ganhar dinheiro,logo que
possível.
Muitos o seu dia a dia era casa-trabalho-trabalho-casa,ao fim de semana ia-
se à associação portuguesa,se a houvesse por perto,e muitos nem isso,pois
era preciso poupar o dinheiro.
Os emigrantes eram vistos pelas autoridades do país de acolhimento como
uns hóspedes,que mais dia menos dia,regressariam aos países de origem
e nada se fez pela sua integração,a Alemanha só há relativamente poucos
anos se considerou um país de emigração e começou a trabalhar a sério na
integração,o que para muitos foi tarde demais.
Das autoridades portuguesas também pouco se fez,os consulados só se
sabia que existiam para se ir tratar do passaporte e registar os filhos que
nasciam,de resto para pouco mais,de lá não vinham grandes informações e
as que vinham só quem frequentasse as associações sabia alguma coisa,os
consules mudavam e nós nem sabiamos como era o seu nome,pois,salvo
raras excepções,nem nos visitavam,muitos estavam nos consulados por
estar...
As associações,pelo menos uma grande parte,teve um papel preponderante
na integração dos portugueses no país de acolhimento,eu posso falar
naquela que frequentei,desde o início,e de que fui dirigente quase vinte
anos.
Procurámos sempre ser um elo de ligação entre Portugal e a Alemanha,no
nosso caso,fizamos da nossa associação um local onde as pessoas que disso
necessitavam,procuravam informações,incentivámos os pais a irem às
escolas dos seus filhos assistir a reunióes de pais,a procurarem que os seus
filhos fizessem uma formação profissional,nunca deixar que eles fossem
trabalhadores não qualificados para que o seu futuro fosse melhor do que
o dos pais,ganhar dinheiro sim,mas depois de ter uma profissão que lhes
garantisse um futuro sem grandes sobressaltos.
A nossa associação foi dada como exemplo pelas autoridades da nossa
cidade,Câmara Municpal de Ravensburg, e em 2004,recebemos o prémio
de inovação da Embaixada de Portugal em Berlim,que premiou o nosso
trabalho em prol da comunidade portuguesa.
Desde que estou na Alemanha,ano de 1975,até hoje muito se mudificou,no
que respeita ao trabalho das mulheres portuguesas e a sua situação na
sociedade de acolhimento,pelo menos no que respeita à nossa comunidade,a
formação profissional adquirui um lugar de relevo no seio das famílias que
vêm que sem formação e qualificaçãop não há futuro para os seus filhos.
A participação cívica e política da nossa comunidade,com solavancos,lá vai
dando os seus passos,há participação em projectos pontuais e,no que diz
respeito a mim própria há muito que comecei.
Desde 1976 que colaboro com a nossa missão católica portuguesa de
Ulm,estando desde 2000 no conselho pastoral,fui representante do
mesmo no conselho do decanato,fui candidata ao conselho Diocesano de
Rotenburg-Estugarda,fui candidata ás autárquicas e distritais na cidade
de Ravensburg,em 1999-2004-2009,membro da direcção do partido Cristão
Democrata CDU,durante dez anos,sou membro do Conselho para questões
de integração da Câmra Municipal de Ravensburg,desde 1989,fui,durante
dez anos,membro do Conselho Municipal para a terceira idade da mesma
edilidade e cinco anos no Forum da Cultura,dirigente associativa ,durante
vinte anos,presidente da mesa de Assembleia-Geral do PSD Alemanha e
vandidata suplente,pelo mesmo,nas eleições legislativas de 2004.Participo
em muitos projectos pontuais,para os quais sou soliciatada.
Muito ainda há a fazer,mas também depende de nós o andar em
frente.Estarmos sempre a criticar e a exigir,sem nada fazer,é de todo
negativo e de uma falta de gosto sem limites.Nos países de acolhimento
há muito que se pode fazer e muitas ajudas que se podem ter,é preciso
procurá-las e preencher os requisitos necessários,por aqui não há subsídios
ou ajuda para quem não quer trabalhar ou não precisa.
O papel da mulher na emigração mudou muito,nestes mais de trinta
anos,há mais conhecimento,mais qualificação.A aprendigem da língua,a
participação em muitos eventos levam a alargar horizontes e a disfrutar
duma vida que.até há anos atrás,muitas,não conheceram e nem conheciam.
Presto a minha homengem às mulheres emigrantes de muitos anos
atrás,foram umas verdadeiras heroínas,pois sem as condições que há hoje
foram capazes de levar a àgua ao seu moínho e conquistarem o seu lugar na
sociedade que as acolheu,a custo de muitos sacrifícos e até lágrimas.
O mundo da emigração hoje,se bem que dolorosa,é muito mais fácil e nada
tem a vêr com a emigração de há 40 anos atrás,e mais.São dois mundos
completamente difirentes.
Enquanto poder darei a minha colaboração no que estiver ao meu
alcance,se pedir alguma coisa ,faço-o com a consciência de que já fiz o
suficiente para receber.
Nos eventos que tomei parte até hoje,conheci mulheres de muito
valor,corajosas e fortes,determinadas a lutar pelos seus ideais,o meu bem-
haja a todas aquelas que trabalham para o bem comum.Por isso,mulheres
do meu país,em frente!
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