No início de 1980 fiz as primeiras visitas a comunidades do estrangeiro e deparei com um mundo de homens - homens que, aliás, me receberam surpreendentemente bem, atendendo ao facto incontroverso de eu ser a primeira mulher que a Pátria mandava ao seu encontro, desde o remoto começo das migrações portuguesas, uns séculos antes…
Por isso não me admirei que as mulheres que com eles já então ombreavam, fossem a todos os títulos excepcionais, para além de constituírem a excepção à regra…
Não esperava, à partida, que todas viessem a tornar-se boas amigas, mas o certo é que isso aconteceu.
Malice Ribeiro em Toronto, Manuela Chaplin em Newark, Mary Giglitto em San Diego
Benvinda Maria no Rio de Janeiro, Manuela da Rosa em Pretória… (citadas por ordem cronológica, determinada pelo roteiro dessas primeiras “viagens de descoberta” das comunidades).
Essas raras mulheres, que partilhavam o “poder”, tinham imenso poder!
Todas eram reconhecidas e admiradas e algumas, para além disso, a meu ver, temidas também (umas mais visivelmente, como as formidáveis jornalistas, que eram a Malice e a Dona Benvinda Maria - mas as outras impunham igualmente respeito : quem ousaria atravessar-se no caminho vertiginoso da Mary, “alma mater” do grandioso Festival Cabrilho ou travar um impetuoso projecto de Manuela Chaplin, ou por em questão o movimento feminino de Manuela da Rosa, fundadora da “Liga da Mulher Portuguesa da África do Sul”?)..
À imagem do associativismo - do qual era oriundo - o primeiro CCP, era uma instituição de perfil quase exclusivamente masculino, mas 3 daquelas 5 grandes mulheres da diáspora foram pioneiras da presença feminina, eleitas e reeleitas “conselheiras”quando e como desejaram (Malice, Chaplin e Da Rosa, que pertenceriam aos “Conselhos” seguintes, eleitos, a partir de 1997, por sufrágio universal) e as outras só não foram porque não quiseram. Quem duvida disso?
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