EU E A LITERATURA
LUSO-BRASILEIRA
Laura
Areias
Real Hospital
Português
Agradeço a gentileza do
convite e vou narrar algo que me pertence e é a realidade do meu viver.
Para que se manifeste uma
tendência ou inclinação, é necessário que se caminhe no ontem, para se chegar
ao hoje!
Fui filha única, educada em
freiras doroteias.
Este é um acréscimo para se
entender que o meu mundo em criança era pequeno.
Havia no meu viver, uma
prima apenas, com mais um ano que eu. Então, nossas brincadeiras, por sermos só
duas, que nos demos à categoria de irmãs, eram baseadas na ficção. Ora
interpretávamos fatos históricos como o 1º de Dezembro de 1640, data da
expulsão dos Filipes, reis espanhóis em Portugal, ora íamos para a quinta, onde
as bouças eram extensas e criávamos personagens imaginados.
Quantas vezes no percurso do
colégio, me imaginava na Rússia, sobre gelo, num belo trenó.
Estes são pequenos exemplos
do despertar da nossa ficção, ela uma escritora brilhante em Portugal, Agustina
Bessa Luís; eu, esta pessoa que escrevi 50 livros, entre eles poesia, romances,
históricos, religiosos, ficção, contos, crônicas, policiais e outros mais.
Alguns esgotados e para
melhor dizer, nem um exemplar tenho.
Nos religiosos, um me atrai
pela atualidade e que farei em breve uma segunda edição: São Franscisco no século XXI e
que se assemelha a uma premonição. Editado há três anos, parece que previa a
vinda de um papa, Francisco, cuja filosofia cristã é a do pobrezinho de Assis,
com a palavra que transforma o mundo e leva a paz, o amor.
O meu campo na literatura é
um prosseguidor de amor à natureza, ao povo, costumes e sem ao Brasil e a
Portuga.
O desenrolar das minhas
figuras tem a sociedade polida e, sobretudo, a popular. Com esta me identifico,
por senti-la mais autêntica, verdadeira, tradutora das emoções, exteriorizando
os sentimentos, sabendo sofrer e lutar pela sobrevivência.
Não sei se notaram que não
mencionei vida melhor, porque a maioria do povo somente vive o dia a dia, ás
vezes apaticamente. No interior, onde a civilização é precária, aceitam o
cotidiano como um destino inacabável, aceitável, porque não lhe viam saída.
A dor é uma manifestação
natural do existir, acetam-na com resignação. Se são religiosos, dão-lhe a
explicação que é o caminhar para a entrada gloriosa no reino dos céus. Outros,
vêm o interior como uma estagnação, fogem para as metrópoles e, muitas vezes,
encontram um viver calamitoso e opressivo do que aquele que possuíam na
liberdade do campo.
A natureza, nem sempre dá
comida, mas dá a visão clara do horizonte, do céu límpido e a liberdade de
correr nos campos sem atrocidade da batida dos carros em seus corpos.
Portugal e Brasil são
privilegiados na literatura. O primeiro começou no 1º. Reinado com a Cantigas de Amigo de D. Diniz, o esposo
da rainha Santa Isabel, o incentivador das futuras descobertas, plantando o
pinhal de Leiria que daria a madeira para a construção das caravelas.
Depois, saindo das canções
de Giesta das Provençais para a dos Viajantes, entrou no Barroco, já na segunda
dinastia portuguesa, a de Avis, aprimorado com o estilo Manuelino, uma
manifestação artística influenciada pelo sulcar dos mares. Depois veio o
Arcadismo, o Romantismo, o realismo, o Parnasianismo e o Modernismo.
Os brasileiros, estudando em
Coimbra, envolveram-se na nossa literatura, tendo durante esse evoluir
escritores com os mesmos objetivos.
Não vou falar nos
escritores, que são inúmeros de um e outro país, mas aconselho a lê-los para
que sintam a sociedade das épocas, as mesma diferenças sociais, as mesmas lutas
que vemos hoje e julgamos fruto do século XXI.
Pura ilusão. A essência
humana caminha no mesmo individualismo, na mesma ambição: dominar.
A literatura, quer em
livros, jornais, revistas, rádios e até em televisão, onde as novelas se
mostram eficientes e mais à mão, razão porque se diz que a educação criou novas
raízes.
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