quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Laura Areias Eu e a literatura brasileira


EU E A LITERATURA LUSO-BRASILEIRA

 

Laura Areias

Real Hospital Português

 

Agradeço a gentileza do convite e vou narrar algo que me pertence e é a realidade do meu viver.

Para que se manifeste uma tendência ou inclinação, é necessário que se caminhe no ontem, para se chegar ao hoje!

Fui filha única, educada em freiras doroteias.

Este é um acréscimo para se entender que o meu mundo em criança era pequeno.

Havia no meu viver, uma prima apenas, com mais um ano que eu. Então, nossas brincadeiras, por sermos só duas, que nos demos à categoria de irmãs, eram baseadas na ficção. Ora interpretávamos fatos históricos como o 1º de Dezembro de 1640, data da expulsão dos Filipes, reis espanhóis em Portugal, ora íamos para a quinta, onde as bouças eram extensas e criávamos personagens imaginados.

Quantas vezes no percurso do colégio, me imaginava na Rússia, sobre gelo, num belo trenó.

Estes são pequenos exemplos do despertar da nossa ficção, ela uma escritora brilhante em Portugal, Agustina Bessa Luís; eu, esta pessoa que escrevi 50 livros, entre eles poesia, romances, históricos, religiosos, ficção, contos, crônicas, policiais e outros mais.

Alguns esgotados e para melhor dizer, nem um exemplar tenho.

Nos religiosos, um me atrai pela atualidade e que farei em breve uma segunda edição:  São Franscisco no século XXI e que se assemelha a uma premonição. Editado há três anos, parece que previa a vinda de um papa, Francisco, cuja filosofia cristã é a do pobrezinho de Assis, com a palavra que transforma o mundo e leva a paz, o amor.

O meu campo na literatura é um prosseguidor de amor à natureza, ao povo, costumes e sem ao Brasil e a Portuga.

O desenrolar das minhas figuras tem a sociedade polida e, sobretudo, a popular. Com esta me identifico, por senti-la mais autêntica, verdadeira, tradutora das emoções, exteriorizando os sentimentos, sabendo sofrer e lutar pela sobrevivência.

Não sei se notaram que não mencionei vida melhor, porque a maioria do povo somente vive o dia a dia, ás vezes apaticamente. No interior, onde a civilização é precária, aceitam o cotidiano como um destino inacabável, aceitável, porque não lhe viam saída.

A dor é uma manifestação natural do existir, acetam-na com resignação. Se são religiosos, dão-lhe a explicação que é o caminhar para a entrada gloriosa no reino dos céus. Outros, vêm o interior como uma estagnação, fogem para as metrópoles e, muitas vezes, encontram um viver calamitoso e opressivo do que aquele que possuíam na liberdade do campo.

A natureza, nem sempre dá comida, mas dá a visão clara do horizonte, do céu límpido e a liberdade de correr nos campos sem atrocidade da batida dos carros em seus corpos.

Portugal e Brasil são privilegiados na literatura. O primeiro começou no 1º. Reinado com a Cantigas de Amigo de D. Diniz, o esposo da rainha Santa Isabel, o incentivador das futuras descobertas, plantando o pinhal de Leiria que daria a madeira para a construção das caravelas.

Depois, saindo das canções de Giesta das Provençais para a dos Viajantes, entrou no Barroco, já na segunda dinastia portuguesa, a de Avis, aprimorado com o estilo Manuelino, uma manifestação artística influenciada pelo sulcar dos mares. Depois veio o Arcadismo, o Romantismo, o realismo, o Parnasianismo e o Modernismo.

Os brasileiros, estudando em Coimbra, envolveram-se na nossa literatura, tendo durante esse evoluir escritores com os mesmos objetivos.

Não vou falar nos escritores, que são inúmeros de um e outro país, mas aconselho a lê-los para que sintam a sociedade das épocas, as mesma diferenças sociais, as mesmas lutas que vemos hoje e julgamos fruto do século XXI.

Pura ilusão. A essência humana caminha no mesmo individualismo, na mesma ambição: dominar.

A literatura, quer em livros, jornais, revistas, rádios e até em televisão, onde as novelas se mostram eficientes e mais à mão, razão porque se diz que a educação criou novas raízes.

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