Para ti, Maria
(Poema de homenagem a Maria Archer)
Conta-me a tua história de menina
Com dedos de piano,
Desata os teus laços de cetim
E corre, corre sem desengano.
Estreita as cores ateadas
Nas tuas saias rodadas,
Acereja a tua boca,
Com aquele tom carmim.
Ai se eu cresço, quando cresço?
Tudo depende de mim.
Nada me serve de estorvo.
Nem o sítio, nem o espaço,
Nem o canto longe do meu quarto.
Nem a distância ou o mar,
Nem o diferente luar.
E que nem me adiem a paixão,
Ou a força de lutar
Por esta esquina de pão.
Nunca fui mais que um avesso.
Mesmo assim, insisto em inverter
O uso fácil de mim.
Enceno então uma calma,
Ou visto uma alma qualquer.
Porque todos podem ser diferentes,
Eu não, que sou mulher!
Helena Rocha
Ferreira, Poema de Homenagem a Maria Archer
Espinho, 2
setembro 2012
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