POLÍTICAS
E GÊNERO NA CIDADE DO RECIFE
Sílvia
Cordeiro
Secretária
da Mulher do Recife
Perfeitura
de Recife
O Recife, capital
do estado de Pernambuco situado na região do Nordeste do Brasil, tem uma
população de 1.537.704 habitantes. Desses, 827.885 mil são mulheres o que
representa 53,8 % da população total.
Considerada como
uma das capitais do Nordeste mais desenvolvidas, Recife é ainda uma cidade com muitas
desigualdades no que se refere às condições de infra estrutura, moradia, saneamento,
saúde, educação e segurança. Recife é também
um importante centro cultural e turístico e possui uma rede estruturada de serviços, com universidades, museus, teatros, lindas
praias, com forte setor de comércio, tecnologia e empreendimentos.
É nesse cenário
que se insere a Secretaria da Mulher, organismo
municipal de políticas voltado para o segmento
feminino, conquista da luta do
movimento de mulheres e feminista por
direitos, que desenvolve e articula políticas
públicas de gênero para o empoderamento das
mulheres que vivem e trabalham no Recife, dando prioridade àquelas que precisam
da política pública ou seja as mulheres
negras, as mulheres em situação de pobreza, as mulheres lésbicas, as mulheres
idosas, as mulheres com deficiência e as
mulheres em situação de violência doméstica e sexista.
Para efetivar as políticas de gênero na
cidade, o governo municipal por meio da
Secretaria da Mulher, tem como prioridade, a ação de prevenção e enfrentamento
da violência de gênero contra a mulher. Nessa ação estão as campanhas
informativas pelo fim da violência e a descentralização, implantação qualificação
e ampliação dos serviços para as mulheres em situação de violência doméstica e
sexual. São também ações prioritárias, a promoção dos direitos de cidadania; a formação
em gênero para o conjunto da gestão municipal; o fortalecimento sócio político
das mulheres; a autonomia econômica e inserção das mulheres no mundo do
trabalho; e a manutenção e fortalecimento do Conselho Municipal da Mulher.
Para ação de prevenção
e enfrentamento de toda forma de
violência de gênero contra a mulher, são realizadas campanhas informativas
permanentes nas comunidades e escolas,
com o objetivo de desconstruir e
desnaturalizar a cultura patriarcal que oprime as mulheres nos âmbitos privado
e público.
Nesse sentido, as
campanhas de sensibilização, em grandes eventos
culturais e esportivos da cidade, são estratégias que visam pactuar
com a sociedade uma vida sem violência
para mulheres no Recife. Concebida para contribuir na construção de novas
mentalidades e atitudes desde a primeira infância, a campanha “Maria da Penha
vai à Escola”, tem como foco o combate aos preconceitos de gênero, racial, contra
a livre orientação sexual e contra as pessoas com deficiência.
Quanto aos
serviços especializados de atendimento, existem os Centro de Referência Clarice
Lispector para mulheres em situação de violência doméstica e sexista, a Casa
Abrigo Sempre Viva para mulheres em risco de morte e a Ouvidoria da Mulher.
No que se refere
à promoção de direitos, até 2016, vamos entregar às mulheres do Recife seis Centros
Municipais da Mulher, serviços com equipe multidisciplinar, voltados para o
direito à cidade segura, que vai dar suporte
de forma descentralizado às ações municipais de promoção dos direitos das
mulheres nos territórios, são seis áreas política administrativa que
concentram noventa e quatro bairros.
Com esse desenho, estamos estruturando uma rede de proteção para as
mulheres, articulada com o conjunto dos serviços municipais e ações de prevenção, afinada com os anseios das
recifenses e mulheres que vivem, trabalham
e/ou transitam na capital pernambucana.
Essa rede em articulação com a rede de saúde, educação, desenvolvimento
social, planejamento e desenvolvimento econômico, segurança municipal e
estadual, com o sistema judiciário e o Ministério Público, além dos institutos
de pesquisa e das instituições de ensino superior que atuam no Recife, será o caminho para construir uma
cidade segura para as mulheres e por conseguinte para todas as pessoas.
Dessa forma a
rede de proteção para a cidade segura, aponta para descentralização dos
serviços, criação de mais espaços de acolhimento, aproximação da relação com os
diversos segmentos de mulheres, ampliação dos canais de escuta e
desenvolvimento de políticas públicas de gênero em parceria com a Secretaria da
Mulher de Pernambuco, a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência
da República e os organismos de políticas públicas para as mulheres que compõem
o Fórum de Gestoras da Região Metropolitana.
No tocante a relação dessa política com a questão da migração de mulheres que buscam
o Recife como lugar de
oportunidades é possível abrir canais de interlocução que proporcionem
conhecimento sobre migração nos aspectos externo e interno, compreendendo que
a política migratória internacional é atribuição do governo federal , mas
rebate diretamente nos municípios , uma vez que é nesses espaços que as
mulheres migrantes buscam as estruturas
e políticas municipais para estabelecer os vínculos de vida e trabalho.
A experiência do
Recife como capital e rota do tráfico de pessoas, do ponto de vista da
Secretaria da Mulher em parceria com outros
organismos, é acolher, proteger e inserir socialmente mulheres que passaram
por situação de tráfico internacional, regional e nacional
com fins de exploração sexual.
As ações
municipais desde a Secretaria da Mulher, para esse enfrentamento estão voltadas para a prevenção,
com campanhas informativas, acolhimento
na Casa Abrigo e apoio aos
comitês estadual e nacional de tráfico de pessoas.
No que se refere
à situação da migração de mulheres portuguesas para o Recife, precisamos
conhecer a comunidade portuguesa, portanto, momentos como esse proporcionado
pelo Encontro EXPRESSÕES FEMININAS DE CIDADANIA –A MULHER PORTUGUESA NO RECIFE,
promovido pela organização MULHER MIGRANTE - Associação de Estudo, Cooperação e
Solidariedade, com o apoio da organização
não governamental FOLIA DAS DEUSAS, são inspiradores e contribuem para a formação e construção de estratégias de
aproximação, além de difundir e articular com os movimentos de mulheres e
feminista local, nacional e
internacional uma agenda propositiva
sobre como lidar com o tema da migração de mulheres, quer seja a migração
voluntária em busca de oportunidades, conhecimentos e apoio técnico, quer seja
a migração forçada por questões
relacionadas ao tráfico para fins sexuais, trabalho escravo e crises econômicas
em seus estados, municípios e países de origem.
Para finalizar manifestamos
o interesse da Secretaria da Mulher do Recife em estreitar as relações com a
comunidade portuguesa e com os grupos
que se organizam em torno do tema da migração.
Sem comentários:
Enviar um comentário