sexta-feira, 29 de junho de 2012

Assembleia Geral

segunda-feira, 11 de junho de 2012

(Anteprojecto)


ACADEMIAS SENIORES DE ARTES E SABERES (ASAS)
ESPAÇO DE ANIMAÇÃO CULTURAL NAS ASSOCIAÇÕES PORTUGUESAS DO ESTRANGEIRO

1 - No ano europeu para o envelhecimento activo e o diálogo intergeracional, a Associação Mulher Migrante, com o apoio da SECP e a colaboração de vários parceiros, entre os quais a Universidade Aberta, propõe a criação de uma rede de "Academias" através da organização de cursos destinados a maiores de 55 anos, versando sobre uma diversidade de matérias, da livre escolha de cada associação.

2 - Os cursos são constituídos por aulas, palestras, seminários, viagens de estudo e outras iniciativas, podendo cada participante seleccionar os que mais lhe interessem.
É desejável que a frequência seja aberta, por igual, a mulheres e homens, com a preocupação de assegurar a natural paridade (ao menos em termos de uma percentagem significativa de ambos os géneros) e que entre os monitores de cursos ou conferencistas se procure a componente intergeracional, apelando, quando se julgar, possível e vantajoso, à colaboração dos mais jovens.

3 - Essas tarefas deverão ser desempenhadas, em princípio, em regime de voluntariado, embora cada Academia seja autónoma nas suas decisões, podendo optar por formas de remuneração simbólica dos docentes ou solicitar contribuição aos auditores para custear as despesas havidas com o seu funcionamento.

4 - Nada impede, também, antes pelo contrário, que os auditores de um curso sejam os mestres em outros, de sua especialidade, visto que a troca de experiências de vida e de saberes é uma dos objectivos principais do” projecto ASAS”.

5 - Um tema recomendado, ao longo de 2012 e 2013, a todas as Academias que venham a criar-se, neste contexto, é a recolha oral de histórias de vida na Diáspora e (ou) a escrita autobiográfica dos emigrantes. Para o desenvolvimento das suas actividades neste domínio, as academias contarão com a cooperação pedagógica e científica da Doutora Joana Miranda, da Universidade Aberta de Lisboa.

6 - Exemplificação de outras disciplinas susceptíveis de comporem os “curricula”das Academias:
Dança, Folclore, Teatro, Canto, Artes Plásticas, Culinária, Nutrição, Jogos e Desporto para todos, História, Línguas, e Literaturas, Direitos Humanos, Migrações Internacionais, Informática, Redes Sociais, Escrita Criativa, Associativismo.

7 - Inspiradas nos moldes de funcionamento das chamadas "universidades Seniores" - que conhecem um grande sucesso e desenvolvimento em Portugal, - as “Academias” são à partida, esquemas, mais simples e mais acessíveis, por poderem facilmente integrar-se na programação cultural das instituições aderentes.
A inserção associativa será particularmente aconselhável em colectividade que giram “Lares de Dia”, instituições geriátricas, ou Centros de cultura, lazer e desporto, onde se constate o afastamento das primeiras gerações de emigrantes.

8 - Considera-se, igualmente, importante encorajar o nascimento de "Universidades Seniores", semelhantes às existentes no País, dotadas de autonomia institucional, como vem a ser tentado desde 2009, nos termos das recomendações do Encontro de Mulheres da Diáspora, promovido pela Associação Mulher Migrante, (estando em vias de lançamento as de Joanesburgo e Buenos Aires).

9 - Nas “Academias Seniores” como nas Universidades Seniores, que se estima caminhem a par, para uma “rede mundial”, não há exames, mas é solicitada aos participantes uma atitude interventiva e a regularidade de atendimento nas iniciativas de sua preferência. No final poderá ser oferecido um diploma de participação.
Igualmente se prevê a possibilidade de edição das melhores”narrativas de vida” na forma oral ou escrita., que sejam recolhidas pelas Academias e enviadas, para esse fim,  à Associação Mulher Migrant

Maria Manuela Aguiar

11 de Junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

MESTRE ARMANDO BOUÇON no Teatro da Trindade - seminário sobre Maria Atcher


Rostos da República

Quando há precisamente doze anos o então designado Gabinete de
História da Câmara Municipal de Espinho começou com a produção de
exposições documentais que versavam as temáticas da nossa história
local, pensou-se que seria possível ir mais longe. O tempo encarregou-se
de nos mostrar que a aprendizagem continuada e reflexiva, ajudou-nos na
aquisição de conhecimento e experiência que se tornaram numa mais-
valia para o trabalho a realizar, quer ao nível da pesquisa, selecção
documental e concepção de painéis, quer no campo da montagem de
exposições. A galeria do Centro Multimeios de Espinho foi o nosso
laboratório. Um espaço onde pudemos ensaiar vários formatos e modelos
expositivos, trabalhar com diversos tipos de suportes e, sobretudo, dar
espaço à imaginação e à criação.

Com a inauguração do Museu Municipal em Junho de 2009, a cidade
de Espinho ganhou uma galeria de exposições temporárias que não é
comum em pequenos espaços museológicos espalhados pelo país e
pelo estrangeiro. No primeiro ano de abertura recebemos exposições
de fotografia, pintura, escultura e documental, produzidas e cedidas por
variados autores e instituições. Por outro lado, e não menos importante,
foi a constituição de uma equipa de trabalho que desse uma resposta
eficaz às solicitações que lhe eram propostas nesta área e para esse
espaço. Nesse sentido, a criação do serviço de investigação histórica do
Museu Municipal possibilitou a apresentação de um projecto expositivo
do âmbito da história nacional, como é o caso da exposição Rostos da
República.

O facto de se trabalhar biografias ligadas, de alguma forma, ao regime
político que vigorou em Portugal entre Outubro de 1910 e Maio de 1926,
partiu da ideia de que se poderia tentar fazer a história da primeira
fase da república portuguesa com base na vida e obra dos seus mais
interventivos protagonistas. Como refere o historiador Marc Bloch “a
História é o estudo do homem no tempo e no espaço”. Assim, e partindo
dessa premissa, estudamos as acções e transformações sociopolíticas
encetadas por um conjunto de personalidades masculinas e femininas
que atravessaram o tempo curto e o espaço geográfico e político da
designada Primeira República, ou daqueles e daquelas que não tendo
vivido esse período, para ele contribuíram com o seu pensamento e
acção.

Tentamos condensar num espaço equivalente a uma folha A4, um
conjunto de informações biográficas que de alguma forma possam

relacionar de forma rápida e directa uma determinada personagem a
um acontecimento ou facto histórico marcante. Fomos um pouco mais
longe ao colocarmos nos painéis informação complementar, salientado
mais um aspecto da vida e da obra de cada biografado. O resultado da
pesquisa culminou na elaboração de 87 biografias, a partir das quais
foram elaborados sessenta painéis para a Galeria do Museu Municipal
de Espinho e itinerância por municípios portugueses e cinquenta para
a exposição que esteve patente ao público em Brunoy, cidade francesa
geminada com Espinho e em várias zonas de Paris. O catálogo da
exposição, com uma edição em língua francesa, reúne todos rostos que
foram estudados.

Para além dos rostos mais conhecidos deste período da história
de Portugal, reunimos um conjunto de personalidades femininas que
desempenhou um papel activo na luta pelos direitos das mulheres,
com destaque para a Lei do Divórcio, as Leis da Família, o direito ao
voto, entre outros. Menos conhecidas do grande público são algumas
personagens ligadas à política local republicana, como os exemplos de
alguns rostos de Espinho, Póvoa de Varzim, Porto e Santa Maria da Feira.

Em suma, fizemos as biografias possíveis de acordo com os meios
técnicos e as condições de pesquisa existentes, na certeza de que a
selecção das personalidades estará sempre incompleta e o visitante
confrontar-se-á com a ausência de um ou mais rostos que considera
imprescindível numa mostra destas.

Armando Bouçon

Director do Museu Municipal de Espinho

terça-feira, 5 de junho de 2012

VEREADORA LEONOR FONSECA SOBRE MARIA ARCHER


Imagine-se que alguém, nascido ainda no século XIX, termina a quarta classe por iniciativa própria, aos 16 anos. Esse alguém imaginário casa aos 22 anos, separando-se ao fim de dez. Faz das letras a sua vida, colaborando com jornais e editando obra própria, o que lhe custa não só a relação com a família – fruto de pinceladas autobiográficas vertidas para um romance Os Aristocratas – como perseguições políticas, nomeadamente após declarar a intenção de escrever um livro sobre Henrique Galvão e também por lhe terem sido apreendidas obras pela PIDE (a saber, Ida e volta de uma caixa de cigarros e Casa sem pão).
Esta personagem imaginária parte para o Brasil em 55 e aí mantém a veia literária, editando e colaborando de novo com a imprensa. Regressará a Portugal em 79, já doente, vindo a falecer em 1982, em Lisboa.
Novelista, contista, romancista, jornalista, cidadão na verdadeira acepção da palavra – pois afirmou inequivocamente a sua oposição ao regime de Salazar -, escritora de literatura de viagens, de livros infantis, de ensaios sobre usos e costumes africanos, a tudo isto se soma ainda a nobilíssima missão de retratar - e defender - a condição da mulher portuguesa ao longo do século XX.
Comecei por vos falar em imaginar. Pensar uma personagem. Talvez porque, remetendo-nos nós para inícios de 1900’s, dificilmente poderíamos imaginar a materialização de uma mulher assim. Existiram, é um facto: Olinda da Conceição, Margarida Marques, Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz Ângelo. Mas eram poucas, e menos ainda as que tinham tão particular vivência, errância e que, mesmo assim, não perderam o seu norte, as suas convicções, não soçobraram ao machismo vigente.
Maria Archer é pois a nossa personagem imaginária. Ela é apenas uma mulher, dir-se-á – e a própria disse-o, dando a essa frase o título de uma das suas obras. Mas uma mulher maior porque, na grandeza das suas atitudes, se efabulou para todas e todos nós. Alcançou o justo lugar de exemplo, apenas por viver. Mas viver plenamente, activamente, numa altura em que viver, para uma mulher, era sinónimo de submissão. Maria Archer abdicou do conforto, da riqueza, para ser livre, criativa, participante.
É pois, para mim, uma personagem imaginária. Real, mas imaginária. Porque é nesse lugar que guardo as pessoas capazes das coisas impossíveis.

HOMENAGEM AO SENHOR PADRE RUI PEDRO

O Senhor Padre Rui Pedro foi para nós, uma Associação voltada para a
defesa dos direitos das emigrantes e para os problemas das
migrações,ao longo de tantos anos, um aliado, um amigo, um exemplo de
espírito fraterno e de generosidade. Em inúmeras iniciativas e
jornadas de reflexão e solidariedade pudemos sempre contar com o seu
conselho e  apoio mobilizador!
 São muitos, evidentemente, os que partilham este sentimento de apreço
e amizade, porque toda a sua vida tem sido dedicada aos outros, com um
grande conhecimento e visão das realidades, a par de grande
compreensão  e simpatia pelas pessoas, de uma constante vontade de
ajudar e  uma enorme capacidade de acção concreta.
Este é o momento para lhe expressar a nossa gratidão e os votos de que
possa, por muito tempo ainda, continuar ao serviço de Deus e de um
mundo mais justo, na vivência dos valores cristãos.

SEMINÁRIO SOBRE MARIA ARCHER - ENCERRAMENTO PELO DOUTOR MÁRIO SOARES



                 Quero cumprimentar a Dra. Manuela Aguiar e dizer-lhe que ouvi, com muito agrado, a sua intervenção. Como sempre, falou muito bem.

                 Quero também cumprimentar o Prof. Doutor Fernando Pádua que é sobrinho de Maria Archer, cuja ligação familiar eu desconhecia. Só dela tive conhecimento quando o Professor Pádua teve a gentileza de me enviar uma carta informando-me da realização desta homenagem e convidando-me a estar presente. Respondi, de imediato, afirmativamente, dada a admiração que sempre senti por Maria Archer, bem como a amizade e o respeito que o Prof. Fernando Pádua me merece.

                 Quero saudar ainda o meu amigo angolano e português, Vítor Ramalho, presidente do INATEL, que nos cedeu esta sala e o meu amigo e ex-Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, bem como todos os presentes.

                 Minhas senhoras e meus senhores

                 Em primeiro lugar, devo dizer-lhes, que conheci, efectivamente, Maria Archer entre 1945/50. Era então bastante jovem, estudante ainda da Faculdade de Letras. Foi um grande intelectual e um homem de esquerda, muito ilustre, Fernando Piteira Santos, que tinha relações próximas com Maria Archer, quem nos apresentou.         Certo dia, Piteira Santos questionou-me sobre se eu a quereria conhecer. E logo, nesse momento, me afirmou que ela era, uma mulher muito bonita, além de ser uma grande escritora. Acedi e foi assim que se estabeleceu o meu primeiro contacto com Maria Archer.
       
                 Nesse primeiro encontro tive conhecimento que Maria Archer já tinha publicado um conjunto de livros. Naturalmente, depois de a ter conhecido fui em busca dos seus livros e comprei os que encontrei e alguns li-os. Não fiquei desiludido. Bem pelo contrário.

                 Maria Archer foi uma grande escritora e uma grande jornalista, muito admirada nos meios intelectuais. Centrou a sua actuação, primordialmente, em duas direcções: a África, que conheceu muito bem desde jovem e a situação da mulher. Realmente, viveu os seus primeiros catorze anos em África, nomeadamente, em Angola, na Guiné e em Moçambique. Desconheço as razões que a levaram até esse continente mas, presumo, que seriam de ordem familiar, para acompanhar o seu Pai.

                 Na verdade, conheceu muito bem esses países, então antigas colónias portuguesas. As suas floras, as suas faunas - e obviamente as pessoas - eram, para Maria Archer, um enigma desvendado. Conheceu a África, de expressão portuguesa como pouca gente.

                 Maria Archer tem uma extensa bibliografia sobre África quer em jornais, quer em livros. E, se atentarmos à época em que ela escreveu, é ainda mais extraordinário. Nessa altura, ninguém ou muito poucos portugueses, nos meios literários, pensava em África. Não existiam ainda movimentos de descolonização, como anos mais tarde se verificou. África era um continente desconhecido para a maioria esmagadora dos portugueses. Maria Archer teve o grande mérito de nos desvendar os países de expressão portuguesa, na altura colónias, os seus hábitos, as suas gentes, as suas vidas.

                 A outra direcção do seu trabalho de escritora centrou-se na situação da mulher. Maria Archer foi sempre uma partidária da igualdade entre a mulher e o homem. Escreveu livros verdadeiramente admiráveis. Por exemplo, este que aqui tenho: “Nada lhe será perdoado”, que é uma edição recente, tem um título deveras sugestivo. Nesta obra, a condição da mulher é descrita de forma veemente e esclarecedora. Nos anos em que a narrativa decorre as mulheres eram submetidas a grandes pressões. Lembremo-nos que, por exemplo, as mulheres casadas não podiam sair de Portugal, sem a autorização do marido, não podiam fazer nada sem a autorização do marido.

                 Os livros desta escritora tão inteligente e bem parecida, representam, e isso é importante para o futuro, uma época em que a mulher era muito diferente e desigual em relação ao homem. As mulheres que ousavam ser diferentes, eram muito mal vistas pela sociedade de então. As mulheres ficavam no lar e, na maior parte dos casos, não tinham profissão.

                  Maria Archer foi uma jornalista conhecida e muito estimada que vivia do seu próprio trabalho e escreveu os “Cadernos Coloniais”, que tão bem retratavam a África daquele tempo.

                 Esta escritora e jornalista, conheceu bem Henrique Galvão, também ele, um grande escritor sobre África. Noutra perspectiva. Foi um interessado e conhecido caçador de feras.

                

                 Mais tarde Henrique Galvão lutou contra a ditadura, depois de ter sido salazarista convicto e o responsável no tempo da Exposição Colonial.  Mas o fim da II Guerra Mundial converteu-o à democracia.

                 Ao contrário de Maria Archer que, como disse, nunca foi salazarista. Como Maria Archer, também Henrique Galvão se refugiou no Brasil, onde faleceu, com alzheimer. Sei isso porque o visitei em São Paulo, no Brasil, em 1969.

                 Devo confessar-vos, que fiquei deslumbrado com Maria Archer, aliás o Piteira Santos tinha-me avisado: ela era efectivamente uma mulher muito atraente, embora com uma grande diferença de idade em relação a mim. Era insinuante, faladora, sempre à vontade. Uma pessoa muito peculiar e interessante sobre todos os aspectos. Nos poucos contactos que com ela tive - e os livros dela que li com muito agrado -  percebi a força das suas convicções e o indiscutível conhecimento de vida e a inteligência que dela emanavam.

                 Aliás, foi com grande espanto que a vi partir para o Brasil. Partiu, ao que me disseram então, porque lhe era impossível continuar a viver em Portugal. Foi para o Brasil numa altura má para ela. Viveu poucos anos em democracia, por vir logo a ditadura militar no Brasil.

                 Voltou, muitos anos depois, logo a seguir ao 25 de Abril. Vivia-se então um período difícil, em que se lutou por implantar uma democracia pluralista e civilista, em Portugal. Dados os problemas e dificuldades que vivi nessa altura, nem sequer soube do regresso de Maia Archer. Aliás nunca mais soube dela. Nem sequer do seu falecimento tive notícia.

                 Lembro-me, por exemplo, de outro grande escritor, que viveu muito tempo na América do Norte, José Rodrigues Miguéis, cujo principal - e admirável - romance se intitula “O Milagre segundo Salomé”, um romance escrito ao longo de 12 anos e que foi publicado em Portugal durante o PREC, justamente no ano de 1975, o período mais agudo e difícil da Revolução Portuguesa.

                 Nessa altura, desloquei-me à América, onde fui a uma Universidade, proferir uma conferência. Encontrei-me então com um professor açoriano que me informou que a Biblioteca da Universidade era detentora de todos os papéis de José Rodrigues Miguéis. Convidou-me a ler algumas cartas e desabafos dele. Assim o fiz. Deparei com um diário onde José Rodrigues Miguéis escreveu, a dada altura: “Hoje, finalmente, terminei o meu livro. Vou enviá-lo para Portugal para os meus amigos. Vamos ver o que eles me dizem”. Quinze dias após esta anotação surge uma outra em que o escritor comenta: “Passaram 15 dias. Os meus amigos nada disseram sobre o meu livro”. Mais à frente encontrei outra nota: “Passaram mais 15 dias e ninguém me diz nada, ninguém faz uma referência ao meu livro”. Vivia-se, então, uma altura muito crítica da Revolução e, na realidade, as pessoas estavam todas muito preocupadas e não davam atenção aos livros que iam aparecendo nos escaparates. José Rodrigues Miguéis ficou muito ferido com esta indiferença perante a sua obra e nunca conseguiu perceber o que se passava.

                 Tal como José Rodrigues Miguéis, naquela altura, Maria Archer foi, também, no seu isolamento, vítima das circunstâncias vividas, em Portugal...

                 Recordo uma sua contemporânea, ilustre escritora, Irene Lisboa, que estava ao seu nível, bem como, mais tarde, Natália Correia e  Sofia de Mello Breyner, também excepcionais escritoras e poetisas.

                 Hoje, felizmente, e ao contrário da época em que Maria Archer se afirmou, há muitas mulheres escritoras e excelentes.

                 Refiro isto porque acho que é muito importante que as mulheres escrevam e, digam o que verdadeiramente pensam. Para que este mundo - e sobretudo a nossa Pátria - venha a ser melhor.

                 Muito obrigado!



Lisboa, 29 de Março de 2012