sexta-feira, 30 de outubro de 2015

De António Dias Costa sobre CARLOS CORREIA

UM AMIGO E IRMÃO
Tive a honra de ter sido convidado a estar no dia 21 de Maio de 2015, na presença da familia, numa Homenagem ao amigo Dr. Carlos Pereira Correia, que havia falecido repentinamente no dia 28.03.2014, organizada pela Associação Mulher Migrante na Universidade Aberta no Palácio Ceia, rua da Escola Politécnica 147, em Lisboa durante um Colóquio intitulado "Migrações e Género. Novas Perspectivas de Intervenção" e no qual foi também apresentada uma publicação "40 anos de migrações em Liberdade".
É difícil explicar como uma amizade se torna eterna e incondicional. Durante nossa vida conhecemos muitas pessoas e cruzamos-nos com elas em diversas situações, mas só algumas permanecem por muito tempo. Há amigos que surgem de forma inexplicável e se tornam especiais sem estarmos contando com isso. São aqueles que têm uma personalidade genuína, um bom coração e que lutam todos os dias para ver um sorriso no nosso rosto e principalmente sempre disponiveis a ajudar o proximo.

Assim éra o meu amigo Carlos um humanista que nunca baixava os braços, nem que tivesse de trabalhar 24 horas, para ajudar as nossas Comunidades Portuguesas, um superior ou um amigo.
Funcionava sempre de forma discreta e aberto ao diálogo. Em privado adorava conviver com os amigos e ali sim relaxava e criava um ambiente inesquécivél de muito bom humor e alegria.
Nas minhas funçóes desde os anos 80 em prol das Comunidades Portuguesas na Alemanha e depois na Suíça sempre pude contar com o seu apoio em momentos difiçéis que nunca esquecerei.
Para mim será sempre como um irmão que nunca tive. Obrigado por tudo Carlos e descansa em Paz.

António Francisco Dias da Costa

domingo, 25 de outubro de 2015

RITA GOMES EM MONÇÃO


Expresssões de Cidadania no feminino

 

Colóquio e Exposições de Pintura e Escultura

 

Monção,   5 de Setembro de 2015

 

         Algumas palavras de Saudação e de Agradecimento

       

          Estamos em Monção, famosa pela lendária história de uma heroína portuguesa de seu nome Deu – la – Deu Martins – que, como se sabe virou lenda de mulher corajosa.

       E sendo este evento também uma Iniciativa da Associação Mulher Migrante, foi uma excelente ideia terem-na realizado  neste belíssimo local.

       Desta histórica vila, temos excelentes recordações no que respeita a esta Associação e ao apoio a emigrantes.

       A propósito, permito-me relembrar com especial saudade que por duas vezes – Verão de 1998 e Verão de 1999, salvo êrro-   aqui estivemos em duas Grandes Festas do Emigrante, organizadas pela Câmara Municipal de Monção e  também pelo Jornal “ O Emigrante /Mundo Português”.

        Esta Associação foi então convidada para proporcionar apoio informativo e outro aos portugueses que ali se encontravam de Férias, trabalho esse que fizemos com o maior entusiasmo e que incluía, nomeadamente Entrevistas à comunicação social, sobre a nossa atividade em geral, bem como acerca da vantagem de nos disponibilizarmos para participar  nessas Festas.

        Na altura estavam também presentes várias Entidades Públicas e Privadas, pertencentes a vários Ministérios e Secretarias de Estado  que então se ocupavam direta ou indiretamente das Migrações.

        Num desses Encontros, viemos em Parceria com o Instituto Português de Cardiologia Preventiva – criado pelo Prof. Doutor Fernando de Pádua - que com os seus técnicos qualificados proporcionou chec-ups a vários compatriotas, em regime de voluntariado….

       E, a terminar, recordo que numa dessas Fantásticas Festas Minhotas, entre as várias e os vários Portugueses emigrantes que nos procuraram, encontrei, entre outras/os, uma Jovem lusodescendente –  a  Profª Doutora Isabelle Oliveira, atual Vice-Reitora da Sorbonne Nouvelle, que após uma larga conversa sobre a Associação e acerca dos apoios que podíamos proporcionar – acabou por vir a ser, desde então nossa Associada.

       E esse foi, por exemplo, um começo de uma estreita colaboração que se tem intensificado, quer através da participação em Encontros por nós organizados, quer ainda  pela colaboração direta em eventos, nomeadamente como os que  se vão agora  realizar em Paris , no próximo dia 10 de Setembro, em que para além de um Colóquio na Sorbonne Nouvelle, haverá também um  Concerto no Conservatório da Mairie de Puteaux,    de homenagem ao Maestro António Victorino de Almeida, pelos seus 75 anos. E outros exemplos se poderiam referir, mas estes foram mencionados  pela sua ligação a Monção e pela proximidade a que estamos da referidas Iniciativas em Paris.

       É com este trabalho conjunto,  em regime de voluntariado e recorrendo  às Parcerias e aos apoios financeiros conseguidos, que temos vindo a evoluir ao longo destes 22 Anos de existência.

       E, por último, na minha qualidade de Presidente da Direção da «Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade», apresentamos os nossos agradecimentos à Mesa que participou e dirigiu os trabalhos desta Sessão:

       Ao Professor Dr. Viriato Capela, digníssimo Diretor da Casa Museu de Monção da Universidade do Minho; à Drª Sandra, que também pertence à Universidade do Minho e que se ocupou dos aspetos logísticos; ao Vereador Dr. Paulo Esteves, que nos acompanhou, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Monção; à Profª Drª Luiza Malato, da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, à Drª Maria Manuela Aguiar – ex – Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas – e atual Presidente da Assembleia Geral da Associação Mulher Migrante e à Drª Nassalete Miranda, que moderou a Mesa  e que é Diretora do Jornal “ As Artes entre as Letras” e à Mestre Arcelina Santiago, membro da Direção desta Associação.

        Dirijo ainda Saudações Cordiais a todas e a todos as/os participantes e a outras/os Intervenientes e em especial à excelente Organização, permitindo-me salientar o trabalho desenvolvido, designadamente pelas nossas Associadas Mestre Arcelina Santiago e também pela Digª Pintora Luísa Prior.

       Com a maior gratidão por nos ter sido facultada mais esta oportunidade, me despeço.

                                                            Rita  Andrade Gomes

RITA GOMES sobre MARIA ARCHER


 

LANÇAMENTO do Livro de Elisabeth Battista

“ O Legado de uma ESCRITORA VIAJANTE”

 

       Começo por felicitar a Profª Doutora Elisabeth Battista, pela coragem e empenhamento que tem dedicado ao Estudo sobre a Escritora ViAJANTE, Maria Archer,  como lhe chama neste seu Livro.

        Sinto que após a leitura do Livro que está agora a ser lançado, com os mais diversos pormenores que a Autora conseguiu recolher e que inseriu nos vários capítulos, fiquei francamente mais esclarecida sobre  Maria Archer, sobretudo muito mais sensibilizada para a sua história de vida.  E, isso, apesar do muito que fui conhecendo sobretudo através de meu pai e posteriormente acerca da sua vida no Brasil.

        Não tinha de fato o conhecimento que agora melhor me permite avaliar passagem de Maria Archer pelas diversas partes  do Mundo, sobretudo em África e pelas honras que mereceu, por virtude do seu trabalho, nem sempre reconhecido, mas também pelas  adversidades vividas que não merecia.

       Era eu muito nova quando a  conheci na minha casa, na Graça, onde vivi. Lembro-me ainda bem da sua beleza. Figura excecional de Mulher, de intelectual e de defensora de direitos humanos,  sociais e políticos, incluindo as Mulheres.

       Só agora soube que se fez representante da União das Mulheres Portuguesas Democratas, filiada no Movimento das Mulheres Democratas Portuguesas para que tinha sido eleita Presidente. Gostei muito de ter conhecido  esta sua decisão, através deste Livro.

       É chegada a altura de esclarecer que ao contrário do que consta do Programa e do Livro agora lançado, eu não sou sobrinha de Maria Archer, com o que teria muita honra, mas apenas prima em segundo grau. Meu pai era primo direito dela e foram muito amigos. O pai de Maria Archer era irmão de minha avó paterna- alentejana também.

       Foi através de meu pai  que começou a minha grande admiração  e até estima por Maria Archer, como Mulher, escritora e política. Na altura eu tinha uma mãe monárquica e um pai republicano e esse conflito de ideias, fazia parte do nosso dia a dia, convivíamos com a política, daí estar, desde então habituada ao debate sobre questões políticas.

      A sua capacidade criativa era a todos os títulos excecional e diversificada. Além dos escritos jornalisticos, Conferências feitas em diversas Instituições Culturais, Políticas e outras, saliento, a propósito  as conferências que, por exemplo, fez no Liceu Pedro Nunes para Jovens, que muito a admiraram – relato feito por meu marido  que foi aluno desse Liceu –  e que, desde então,  passou a ser um seu grande admirador.

      E um dia soube do seu infeliz regresso a Portugal, a seu pedido. Por eu  estar ligada a trabalhos sobre a Emigração fui sabendo um pouco mais sobre a sua Vida e Obra , o que melhor me permitiu apreciá-la.

     Recentemente, de forma inesperada e através de e-mail enviado do Brasil para a Drª Manuela Aguiar, conseguimos contatar em S. Paulo, durante uma Reunião da Associação Mulher Migrante, com  as 2 irmâs Blanche de Bonnville e Maria Jorge de Bonnevillle, que a tiveram como percetora na sua casa de S. Paulo. Ambas continuam a ter por ela  uma enorme amizade e reconhecimento.

     Como testemunho dessa amizade, estão publicados pequenos textos das duas referidas Senhoras, na Revista desta Associação, “ A vida e Obra de Maria Archer – Uma Portuguesa na Diáspora” sobre o Encontro realizado em Lisboa, em sua Homenagem, ( dia 29 de Março de 2012),  no Salão Nobre do Teatro da Trindade, que teve também como Parceiros a Fundação Inatel, a Fundação Fernando de Pádua, a Câmara Municipal de Espinho e a Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade.

     Como todos sabem e eu já o referi,  a capacidade criativa de Maria Archer, foi a todos os títulos excecional e diversificada.

     De fato, agora que mais recentemente tenho relido algumas das suas Obras , melhor posso confirmar  essa sua capacidade.

      Recordo, por exemplo, um texto por ela escrito em 1964, num Jornal do Brasil “Portugal Democrático”, nº 83, de Maio de 1964, sobre a Reforma Agrária no Séc X1V. em Portugal:

     Começa assim: “ Lendo há dias  a  CRONICA DE D. FERNANDO do venerável Fernão Lopes  ……                                  

     “…. É também de notar que no Portugal do século XIV  já se reconhecia o valor social da propriedade imobiliária e a prioridade desse merecimento sobre o direito de posse sempre que estivesse em causa a sobrevivência do Reino. O princípio político da encampação da empresa agrícola mal administrada ou, ou subtraída  à utilização pública, isto é, desviada do serviço social da Nação, ressalta nitidamente desta legislação medieval.

      Mais ainda: Encontramo-nos aqui na presença dum postulado que não aparece em nenhum dos projetos de Reforma Agrária contemporâneos e chegados ao meu conhecimento – o de que a indemnização devida ao proprietário ”constrangido” seja  “razoável “ e arbitrada pela Justiça, após o que não havendo entendimento entre as partes o direito de posse seria confiscado ao proprietário, e suas terras entregues ao “bem comum”.

     Não entendo integralmente este  termo “bem comum” por estar acentuado de “onde o houvesse” . Cuido que Fernão Lopes se referiu a bens concelhios ou municipais, não aos do Estado.  possivelmente logradoiros ou baldios. Se o cronista quisesse indicar bens do Estado teria empregado a palavra “Reino”….

     “Não pode haver qualquer dúvida, após esta breve leitura da secular existência, em Portugal, do princípio político da encampação da propriedade,  se a mesma tiver sido desviada do  seu fim  de utilidade social , e com indemnização ao proprietário. Se alguém voltar a afirmar- me que esse aspeto da questão agrária foi gestado pelas filosofias do materialismo dialético, protestarei e dando o seu a seu dono recomendarei ao ignorante que estude a legislação do século XIV.”

     E além disso, poderemos, por exemplo, encontrar nas Revistas Municipais de Lisboa, entre 1939, 1940, 1941. 1942, 1943 e 1945, artigos de Maria Archer entre os quais se abordam assuntos, como eles dizem “pitorescos e intimidades citadinas”

     Assim num Artigo de 1939 sobre “TIPOS POPULARES” é  referido que os traços que Maria Archer  documenta podem parecer-nos hoje comezinhos… mas terão para gerações vindoiras, justamente por terem aspetos flagrantes do viver de muitos, um interesse de “documentário  anedótico  .

     Entre os diversos TIPOS POPULARES, escreveu sobre:

     PORTEIRAS    Rev.  nº 2 Ano de 1939

     O ARDINA              nº3             1940

     A PEIXEIRA            nº4             1940

     A CRIADA              nº 5             1940

     O MOÇO DE RECADOS   nº 8/9   1941

     O COCHEIRO                    Nº 10    1941

     O PADEIRO                  Nº 11 e 12 1942

     OS  GANGAS            Nºs  13 e 14   1942

     O ENGRAXADOR     Nºs  24 e 25  1945

      Esta diversidade simboliza bem a capacidade crítica da autora, sobre Figuras Tradicionais do SÉC  XX  e que hoje quem com a minha idade se lembra, acha  FANTÁSTICA ESTA CARACTERIZAÇÃO Razão tinham aqueles que em 1939  se lembraram dos TIPOS POPULARES a pensar nas gerações vindoiras e no trabalho de Maria Archer, sobre esta realidade da vida desses tempos.

24 de Setembro de 2015

Rita Gomes

sábado, 24 de outubro de 2015

Dois livros de MARIA LUISA COELHO


Para além dos clichés

 

(apresentação de um projeto)

 

 

Desde o começo da crise económica e da aplicação de medidas de austeridade que as imagens de Portugal e da Alemanha, nos respetivos espaços, sofreram modificações devido às novas dinâmicas económicas e sociais e às hierarquias de poder e dominação dentro do espaço europeu.

 

Este projeto ensaístico multidisciplinar da área político-social que organizei e apresentei, em colaboração com especialistas selecionados dos dois países, é composto pela edição de duas obras intituladas Contos por contar – Alemanha e Portugal (ed. Orfeu, Bruxelas, 2014) e Pontes por construir – Portugal e Alemanha (ed. Bairro dos Livros, Porto, 2015) e  exprime uma vontade de abrir um discurso novo sobre os dois países.

 

O objetivo é libertar as suas imagens, através de reflexões teóricas e narrativas de experiências, dos preconceitos negativos que penetram os discursos que os descrevem, sobretudo em Portugal. A oposição entre o discurso que nasce no interior e se confronta com o que cresce do exterior atravessa as obras e constitui um dos seus motivos dominantes. Os episódios históricos, políticos, sociais ou culturais contados ou discutidos acabam por tornar  visíveis os perconceitos  e os clichés que circulam sobre estes dois países para melhor os denunciar.

 

A variação de pontos de vista adotados nestas obras, assim como a sua estruturação por temas diversos constitui um dos seus pontos fortes. Abrindo o leque temático (História, Geografia, Política, Educação, Investigação, Identidade, Cultura, Realidade e Ficção), abrange um maior número de leitores. Com efeito, apreendido sob ângulos diferentes em função da pessoa que se exprime, nativa ou estrangeira, cada país acaba por melhor poder ser apercebido na sua globalidade.

 

Estas duas obras são acerca de Portugal e da Alemanha mas pretendem ser, principalmente,  sobre  os discursos que existem sobre estes países. Gostaria que levassem os leitores a  refletir sobre a forma que tomaram estes países no espaço discursivo sociopolítico português e alemão. Espaço esse, imaginário, onde a falta de conhecimento das realidades vividas pelo outro traz consigo um deficit de representações que arrastam e alimentam os mal-entendidos.

 

De facto, nesta situação, é a língua que – através dos media que com a sua função política, penetram o imaginário e permitem a hegemonia ou a submissão político-cultural – se torna o veículo das mentalidades da época. Este projeto que desagua num trabalho analítico quer provocar uma rutura no preconstruído inerente à circulação ideológica e abrir caminho ao conhecimento mútuo.

 

 

 

Luísa Coelho

 

Leitora em Berlim do Camões – Instituto da Cooperção e da Língua

 

 

Berlim, outubro de 2015

RECORDANDO 2009 intervenção de Manuela da Rosa fundadora da Liga da Mulher da África do Sul

Curriculum vitae resumido
Manuela Baptista Rosa nasceu a 3 de Janeiro de 1942, na Madeira onde estudou até concluir o Magistério Primário e onde leccionou no Ensino Básico até 1972. Emigrou então para a África do Sul e, desde 1973 até 1997, foi professora e directora pedagógica da escola portuguesa da Associação da Comunidade Portuguesa de Pretória. Volta à Madeira onde exerce no 1o ciclo do Ensino Básico até 1999. Regressa à África do Sul leccionando, então, português como língua estrangeira, nas escolas locais até 2006. Entretanto, termina em 2004 a licenciatura em Formação Científica e Pedagógica pela Universidade Aberta.

Na África do Sul, participou de várias formas no trabalho com a comunidade e no movimento associativo. Foi directora cultural, fundadora do Rancho Folclórico e presidente da Casa Social da Madeira; membro fundador e vice-presidente da secção feminina da Sociedade de Beneficiência "Os Lusíadas"; membro fundador, honorário e presidente executivo nacional da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul; membro desde a fundação da Mulher Migrante. Foi Conselheira das Comunidades Portuguesas e é Conselheira das Comunidades Madeirenses. Desde 1980, foi membro da Sub-Comissão organizadora das Comemorações do Dia de Portugal em Pretória, sendo desde 1996 membro da Comissão de Honra. Recebeu a Medalha de Mérito da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e o Grau de Comenda da Ordem de Instrução Pública.

Intervencao no congresso de Espinho:

A INTEGRACÃO DA MULHER PORTUGUESA NA ÁFRICA DO SUL

Através dos contactos que tenho tido com a comunidade em geral, e com a feminina, mais em particular, e com todo o Associativismo na África do Sul, aprendi a viver a sentir muitos dos seus problemas.

A Mulher, parte do agregado familiar, ao sair de Portugal, por circunstâncias várias, trouxe consigo dois grandes anseios:

1o. Ajudar a família a vencer na vida.

2o. Poder um dia voltar às suas origens, à sua aldeia, aos seus familiares.

Com estes anseios acompanhou o marido e enfrentaram juntos grandes dificuldades, desde as económicas, linguísticas, aos diferentes costumes e tradições as condições de trabalho e as práticas religiosas e até mesmo as condições climáticas.

O emigrante ao chegar aos países de acolhimento tentou minimizar o seu isolamento agrupando-se para fundar associações relacionadas com a sua identificação de origem e clubista para assim falar na sua própria língua, das memórias e da saudade de tudo o que ficara para trás - a paisagem, os seus familiares, o seu clube preferido, as festas, as romarias, etc.

O casal chegou na flor da idade com uma esperança dominante de realizar rapidamente os seus sonhos, mas que, de uma maneira geral, nem sempre conseguiu tão facilmente.

Sabemos que as memórias do passado colectivo, garantem a continuidade de um ser, mas na situação do emigrante, estas memórias são muito mais acutilantes.

O emigrante criou verdadeiros monumentos - padrões de portugalidade neste país - criou escolas, ranchos folclóricos, organizações de solariedade social, encontros gastronómicos e culturais para assim se identificar. Hoje muitas destas associações estão a sofrer por falta de assiduidade relacionada com os movimentos migratórios da comunidade e por vezes por falta de interesse da juventude e problemas de gestão.

E agora pergunto eu: Qual é o papel da mulher em todo este percurso?

A mulher, a esposa, a mãe, a dona de casa, a operária, a empregada que ao lado do marido trabalha e trabalhou no comércio e nas fazendas,e que lado a lado lutou para que a associação por ela criada, pudesse crescer e desenvolver, estava votada ao esquecimento, tinha um papel secundário nesse sector, com as tarefas mais duras e desgastantes nas cozinhas, nas limpezas, sem nada reclamar e sem nunca ser incluída nos corpos directivos das mesmas organizações.

O emigrante português trouxe consigo a sua identificação e pertença, mas o modelo patriarcal como fora criado, estava bem arreigado no seu ser - até mesmo hoje nos seus descendentes. Dificilmente aceitou uma mulher como presidente da associação a que pertence.

No entanto estas ideias tem-se atenuado um pouco ao longo dos tempos. Em algumas instâncias, infelizmente muito poucas, a mulher portuguesa de hoje já não é só reconhecida pelo seu impecável papel de mãe e de dona de casa, é um elemento integrado na vida social, económica, política (neste sentido ainda tem muito para lutar), desportiva e cultural na África do Sul, (principalmente as camadas mais jovens), mas com uma sensibilidade superior que a distingue do homem!

Como dirigente tem dado provas de grande responsabilidade e competência, muito em especial na integração da juventude nas associações, com actividades que atraem jovens de ambos os sexos.

O NASCIMENTO DA LIGA
Um grupo de mulheres portuguesas sensível ao isolamento de muitas das nossas conterraneas ( temos que recordar aqui que não havia na altura qualquer acesso televisivo em lingua portuguesa), formou-se 1988 a Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, com o lema "Contribuindo para um mundo melhor". É uma organização com múltiplos objectivos entre eles promover a coesão das mulheres portuguesas, promover, desenvolver e preservar a cultura e tradições portuguesas através da divulgação e discussão dos mais variados tópicos assim como a mulher no seu desenvolvimento individual, defender os seus direitos e sempre que necessário, actuar em sua defesa, dos seus filhos e de toda a sua família. Nesse ano criaram-se os Estatutos. A 20 de Maio de 1989 realiza-se a 1a. reunião pública à qual aderem cerca de 230 mulheres portuguesas, no Hotel Boulevard da mesma cidade. Dois anos mais tarde formam-se as filiais de Durban, Cidade do Cabo e Rustenberg.

Através da Liga, fomentou-se ainda a integração da mulher com outras comunidades tornando-se mais sensível e conhecedora dos problemas que a rodeiam, e mais consciente do seu papel neste país visto enfrentar problemas comuns. Estes convívios são um manancial de enriquecimento cultural e colaboração, outro dos objectivos da Liga da Mulher.

A identidade de um povo está ligada à sua lingua e cultura e nesse sentido, a Liga luta pela defesa continua desses ideais. Como mãe e educadora, a mulher é a pessoa certa para transmitir esses nobres valores a toda a familia. Acreditamos que educar uma mulher é educar uma sociedade.

Enquanto que a sociedade portuguesa em Portugal, e a nível Europeu, evoluiu em termos do papel e importância da mulher nas várias facetas da sociedade (o que aliás é a situação que actualmente vivemos também na sociedade sul africana- na nova e democrática África do Sul) este não é o caso propriamente dito na sociedade emigrante portuguesa neste país.

Nota-se a existência de uma separação entre as 1as. e 2as. gerações a que me referi no início desta apresentação e as chamadas 3as. e 4as. gerações ou seja - jovens mulheres já nascidas neste país e que vivem portanto num mundo de dualidade - um existir patriarcal arreigado no seio familiar - de pais e avós - e uma maior abertura na sociedade em geral em que estão inseridas, que é a sociedade que profissionalmente lhe vai assegurar o futuro - seu e da sua família. O que acontece é que estas jovens acabam por não se identificarem com estes valores ultrapassados da sociedade portuguesa neste país e estão a perder o contacto com a língua portuguesa.

A Liga continua na sua luta pela valorização da comunidade. Procuramos soluções para as gerações mais jovens, e acreditamos que este congresso poderá ser um manacial de ideias e experiências noutros países da diáspora.

Foi o último Encontro para a Cidadania- Congresso da Mulher Migrante na África do Sul, que incentivou um sonho antigo que tenta dar resposta à situação em que se encontram as primeiras gerações.

Assim, ao comemorar os seus 20 anos de existência na África do Sul (a 7 de Dezembro de 2008) e atenta ao facto de que o grupo das 1as gerações está numa nova etapa da sua vida, a Liga está a desenvolver um projecto de criação de uma universidade sénior que se chama Boa Esperança por acreditarmos que trará mais confiança e ânimo aos seus alunos como o dobrar do Cabo trouxe aos marinheiros portugueses em 1488. A universidade sénior portuguesa está a suscitar grande entusiasmo na África do Sul e confiamos que dará boas oportunidades a todos, principalmnete aqueles que pela sua condição de vida têm mais tempo disponível para dar e receber novos connhecimentos. Força porque ainda somos úteis! A universidade é um espaço privilegiado para cada qual poder partilhar a sua experiência os seus conhecimentos e talentos.

Apesar de já existirem universidades séniores na África do Sul justifica-se esta em português pois a comunidade lusófona da classe etária para a qual a universidades séniores se dirige isolou-se ao nível da lingua e do convívio porque as prioridades inicialmente eram outras.

A propósito da universidade senior, mencionei o último Congresso da Mulher Migrante realizado na África do Sul e trago-vos, em nome da Liga da Mulher Portuguesa na África do Sul, algumas impressões sobre este evento.

ENCONTROS PARA A CIDADANIA - ÁFRICA DO SUL

Honrou-nos com a sua presença um grupo de ilustres visitantes, nomeadamente a Sra. Dra Maria Barroso, a Sra. Dra Manuela Aguiar, a Sra Dra Rita Gomes, a Sra. Dra. Beatriz Rocha Trindade, a Sra. D. Carol Marques, a Sra. Dra.Vera Moreno e a Sra. Dra. Graça Guedes, todas pertencentes a Associação Mulher Migrante.

Estes membros da Associação Mulher Migrante apresentaram os diversos temas e foram moderadoras das intervenções a nível local.

Além do sacrifício de uma viagem de tantas horas de avião, estas “Mulheres Extraordinárias” trouxeram consigo, ensinamentos profundos, baseados na sua vasta experiência de trabalho com a Mulher Migrante no Mundo.

Trouxeram também consigo, calor humano, amizade, simpatia e interesse pela causa da Mulher particularmente da Mulher Migrante. Trouxeram também algo de maravilhoso que foi a nossa Lingua. Foi tão bom ouvir falar bom Português! Adoramos estar convosco.

Nas várias sessões de trabalho foram partilhadas vivências e situações de outras Comunidades Migrantes Portuguesas e não só, que nos mostraram que muitos dos problemas e desafios que enfrentamos não são únicos a nossa Comunidade, mas verificam-se quase a nível geral de Migração.

Reiteraram os problemas que as mulheres ainda encontram no mundo actual devido à desigualdade de género e crenças e práticas culturais de discriminação. Foram discutidos aspectos de identificação e de pertença como factores importantes na dinâmica integracional da mulher migrante nas comunidades de acolhimento.

Foram também focados o papel da mulher no trabalho e no associativismo e a sua contribuição não só para a sua comunidade mas também para o enriquecimento da comunidade de acolhimento. Falou-se ainda do percurso da mulher no ensino escolar e universitário que tem vindo a melhorar com as novas gerações e verificou-se também que a participação da mulher no desporto é uma realidade cada vez maior e que a mulher é capaz de grandes conquistas nesta área .

Por outro lado, os Encontros, facultaram a um grupo de mulheres na Africa do Sul a oportunidade de dialogarem umas com as outras e partilharem assuntos de interesse comum ficando também mais esclarecidas sobre vários aspectos relacionados com a sua condição de Mulher Migrante.

ENCONTROS PARA A CIDADANIA - CONCLUSÄO

Os encontros para a cidadania que são encerrados neste Congresso, e que ao longo destes 4 anos se realizaram nos diferentes países da diáspora, com o maior sucesso, foram um alerta à Mulher Migrante da sua importância, do seu papel como cidadã portuguesa, como cidadã do mundo! Tornar a mulher mais consciente, mais conhecedora dos seus direitos e deveres, no mundo em que está integrada. A mulher não pode ficar alheia aos problemas sejam eles ligados à família, à economia ou à política! Tudo está interligado! A mulher portuguesa sempre foi conhecida por ser excelente mãe e esposa, exímia dona de casa, mas nunca se envolveu profundamente na política. Talvez ocupava simplesmente o lugar que lhe era indicado pelos maridos. Hoje, tudo se transformou e encontramos mulheres muito mais envolvidas nesses sectores e até com cargos de chefia, nos mais diversos postos de trabalho.

Na África do Sul, nas novas gerações é isso que está a acontecer. No entanto foram muitos os anos de isolamento a que a mulher foi votada por esses países de emigração. A RTP Internacional veio dar um grande impulso, uma grande companhia a muitas mulheres que passavam os dias isoladas, enquanto os maridos saíam para os seus empregos. Ouvem falar a sua língua diariamente através da TV e ficam a par daquilo que se passa em Portugal. É um elo de ligação, é uma globalização que nos une aos nossos irmãos que ficaram na nossa terra natal! Ao mesmo tempo mostra o caminho a seguir em muitos sectores da vida do país- temos de nos integrar, temos de acordar e mostrar quão importante é ser Bom Cidadão! E dar a nossa opinião válida da qual podem depender muitas resoluções. Com a nossa colaboração directa tudo pode mudar - para melhor ou pior- conforme nos consciencializamos desse papel!

RECRDANDO Mensagem de Maria Barroso 2009


Mensagem

 

 

Retida em Lisboa por vários compromissos assumidos antes da marcação do Congresso da Mulher Migrante a que apenas assisti, presidindo à Mesa de Abertura com a Drª Manuela Aguiar e o Presidente da Câmara Municipal de Espinho, José Mota, não posso estar hoje convosco.

Lamento-o profundamente porque seria uma celebração da maior importância e entre as extraordinárias mulheres que vieram de várias comunidades espalhadas pelo mundo.

Foi-me extremamente agradável e até emocionante poder reencontrar queridas, corajosas e até ilustres amigas do Canadá, da Argentina, da África do Sul, do Brasil, dos Estados Unidos e de alguns outros lugares, cujo contacto é sempre para mim altamente estimulante. Elas estão por esse mundo fora prestigiando não só os países onde se integram, mas conquistando um grande prestígio também para o país onde as suas raízes afundam. É verdade que não vieram sós e acompanha-as um grande número de homens, também eles portugueses ilustres, que vieram reflectir connosco sobre os problemas que enfrentam as mulheres migrantes e dizer do que pensam das  experiências que juntos, mulheres e homens da diáspora têm tido.

Foi, pois, com mágoa que os deixei por exigência da minha presença num acontecimento importante na vida cultural do país e a que não podia faltar.

Também  no sábado teria de estar num encontro com a Governadora Civil de Lisboa e o Ministro da Administração Interna. Era tudo muito apertado para poder regressar a Espinho e celebrar convosco o Dia da  Mulher, como tanto desejaria fazer.

De qualquer modo não quero deixar de vos enviar a minha mensagem de solidariedade por esse dia que constituiu um marco importante na história do percurso da mulher em todo o mundo.

Gostava de ter lembrado convosco  os nomes de algumas das mais ilustres mulheres portugueses que lutaram pela emancipação da mulher, pelo seu direito a gozarem da mesma dignidade que era conferida aos homens e que lhes era negada.

As desigualdades que existiam entre ambos, a inferiorização a que foi sujeita durante séculos fizeram emergir algumas figuras que se revoltaram contra essa situação humilhante e desencadearam numa luta constante e determinada para a eliminar, conseguindo que numerosas e extraordinárias conquistas fossem alcançadas. O acesso à educação, à libertação do domínio do homem espartilhando e até anulando os seus direitos mais elementares, a conquista do direito de voto, a modificação do seu estatuto no Código Civil – tudo isso foi o resultado da luta corajosa da mulher para se sentir  - como hoje o consegue – em igualdade de posição com a do homem, ambos tendo hoje a possibilidade de afirmar e viver iguais direitos.

Através dos tempos ainda lembramos os nomes de algumas portuguesas ilustres. Mais afastadas, mas não menos empenhadas, vem-nos à lembrança Luísa de Sigein, a Rainha D. Filipa de Lencastre, a D. Leonor que se distinguiram no campo da Educação e da Cultura. Mais perto já de nós não esquecemos a médica Adelaide de Cabete, Ana de Castro Osório, Branca de Gonta Colaço e muitas outras que foram verdadeiras heroínas neste sector.

Ainda mais perto de nós Maria Lamas e Maria Isabel Aboim Inglês, duas extraordinárias mulheres que lutaram pelo respeito dos Direitos Humanos no que se refere a mulheres e também a homens. Elina Guimarães foi também uma dessas mulheres, ilustre e incansável lutadora até à sua morte, ocorrida há poucos anos.

Claro que a Revolução do 25 de Abril veio facilitar essa progressão no domínio desses Direitos.

E, apesar do que já foi conseguido na letra da lei, nos documentos que nos afirmam a igualdade entre mulheres e homens, ainda há que lutarmos para conseguir que esses documentos, essas declarações não sejam apenas intenções, mas uma prática constante, clara e inequívoca desses Direitos.

A nossa voz tem de ser ouvida tal como a dos homens porque somos duas metades da mesma Humanidade. As decisões que dizem respeito ao destino das duas metades terão de ser tomadas sempre com a participação das vozes e pareceres das duas.

Para que possamos caminhar para um mundo melhor – mais fraterno, mais justo, mais solidário e pacífico, abrindo horizontes de esperança a gerações futuras.

Queridos Amigos – um abraço muito afectuoso da vossa

 

                                                                            Maria Barroso Soares

 

8 – 3 - 2009

RECORDANDO... a primeira Presidente da "Associação Mulher Migrante na Argentina"


MARIA ALICE MATOS
IMIGRANTE

O ASSOCIATIVISMO , como factor de progresso da Mulher, dependeu do tempo e lugar.
As mulheres imigrantes que, como eu, vieram de diferentes aldeias, cidades, e, todas juntas, sentíamos estar mais pertinho da nossa querida Pátria.
Mais tarde chamavam-lhe convívio.
A mulher começou a ganhar postos nas comissões directivas há 20 anos, quando muito.
Postos directivos para homens (diziam eles).
A finalidade de ambos era reforçar os valores de nossas tradições e cultura, e não esquecer a nossa amada língua.

A MINHA PARTICIPAÇÃO NOS MEIOS ASSOCIATIVOS
Começou como sócia e logo como secretária da Associação da Cidade Tesei, secretária do Conselho das Comunidades Portuguesas da República Argentina. Esta mesmo me designou representante na FAC (Federação Argentina de Colectividades), integrada por mais de 40 colectividades.
Éramos representantes junto do Ministério de Relaciones del Interior e Migraciones.
Também aí, na FAC, ocupei o cargo de Secretária Interinstitucional e Secretária-Geral.
Desejo expor o meu testemunho como desse lugar a "Solidariedade entre Colectividades" promove uma grande participação no associativismo.
E, ao mesmo tempo, exibimos as nossas tradições, a nossa cultura, gastronomia, bailes, admiramos os referentes a outras comunidades, tais como Festas Rotarias de colectividades, Feiras de colectividades. Convites para palestras, simpósios, mesas redondas, etc..

Exemplos de mecanismos e convénios:
Criação de Cursos para Líderes e Agentes comunitários (capacitação dos dirigentes para as problemáticas sociais e suas possíveis soluções.
O Fomento do desenvolvimento social, económico e cultural das comunidades baseados no reforço, consolidação e criação de redes sociais
Relações Públicas que incluirão encontros entre diferentes sectpores da comunidade, autoridades políticas e empresários.
A criação de um centro permanente onde se possa apresentar preocupações e projectos, a interlocutores idóneos.
Um Prédio destinado a ser Centro Social Cultural e de Negócios, com exposições permanentes e itinerantes.
Uma equipa de profissionais destinados a executar e supervisionar o desenvolvimento do presente programa.

Subscrevi, em nome da "Colectividad Portuguesa " a "Declaration Conjunta de las Colectividades Extranjeras en Nuestro Pais "luego de la Entrevista con el Ministro del Interior Dr. Carlos Corach.

Cada um de nós, representantes, na reunião do coselho das Comunidades, ao qual pertencíamos, informávamos sa novidades, e cada presidente comunicava à sua comissão directiva, e paticipava se desejasse.
Sobretudo me interessava:
a política interna de cada colectividade, a integração entre políticas do governo do País de origem e entre os gogernos locais
A juventude, as crianças, unidas pela apendizagem da língua supervisada por professores;
Interessantes programas de apoio, um grande desenvolvimento social, desportivo e intelectual. Não havia carenciados, a ajuda processava-se através do governo correspondente. Era uma pensão digna, a pessoa que era ajudada tinha conteção moral, não se sentia pobre. E assim funcionavam algumas comunidades.
Outra das finalidades da FAC:

AJUDA AO IMIGRANTE LEGAL
PEDIDO DE MELHORIA NAS INSTALAÇÕES DE MIGRAÇÕES
Depois de vários pedidos de audiências ao Sr. Director das Migrações conseguimos que se mudassem alguns artigos em leis da imigração
O fluxo migratório era cada vez maior e muito diferente dos de outrora.
Muito grande e complicado o prblema de imigrantes ilegais e as suas colectividades lutam para ajudá-los.
Os exemplos expostos mostram parte das actividades realizadas pela FAC.

Visitou-nos no ano de 1998, no Clube Português de Villa Elisa, Dr.ª Manuela Aguiar, onde teve uma reunião com as mulheres presentes, e onde se abordaram temas diversos entre elas - como ajudar os nossos carenciados.
Vocês, mulheres corajosas, que têm tanta força, animem-se a criar uma associação. Dessa forma, podem ajudar, ser conhecidas. quem sabe...
Eu tinha muito presente o que me havia impressionado noutras colectividades, e nem queria crêr que se estava abrindo uma possibilidade, uma intenção, de a mulher integrar um PROJECTO POR SI SÓ!
Meses mais tarde, já estava tomando vida A ASSOCIAÇÃO dA MULHER MIGRANTE NA RUPÚBLICA ARGENTINA, da qual tive a honra de ser a primeira presidente.

E aqui considero o ASSOCIATIVISMO COMO FACTOR DE PROGRESSO DA MULHER


Maria Alice de Matos

 


Comentários

Maria  Manuela Aguiar disse...

Sem o saber,  a consciência da necessidade e  a vontade de lutar, sem a experiência que Maria Alice de Matos tinha, como uma das primeiras mulheres portuguesas a exercer cargos importantes em instâncias associativas argentinas e luso-argentinas teria sido possível o fulgurante lançamento da  nova Associação de Mulheres?

Sempre considerei que o êxito desta iniciativs se deveu ao trabalho conjunto daquelas que conheciam bem os mecanismos da participação asociativa e daquelas que aprendiam depressa!

Parabéns, Maria Alice. Bem-haja, por tudo o que fez e faz pela nossa comunidade, pelos portugueses e por outros imigrantes, e pela Argentina, esse País de oportunidades e de acolhimento.

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015


       Caro Dr. Vitor Gil    

  

    Ausente de Portugal e a participar  no Capítulo Geral da Ordem   Franciscana, que decorre em Assis, Itália, entre 10 de maio e 7 de junho, fico-lhe muito grato por esta oportunidade de poder associar-me, através de mensagem de e-mail, à justíssima e tão oportuna homenagem, que o Colóquio promovido pela Associação Mulher Migrante com tanta felicidade e justeza decidiu prestar a esse grande português e impar defensor dos direitos e dignidade das pessoas migrantes, que foi o saudoso Dr. Carlos Correia.

       Tive o privilégio de com ele privar e servir a causa dos  migrantes na Presidência da então Caixa Central dos Trabalhadores Migrantes bem como nas mais diversas missões que de modo tão competente e generoso desenvolveu em Portugal, no Luxemburgo e em tantas outras partes do mundo.

       Ele é de verdade o paradigma do homem de valores e causas, que consagrou a sua vida ao serviço de Portugal e dos trabalhadores migrantes e suas famílias precisamente em função desses valores e da nobre causa da dignidade dos direitos da pessoa humana.

        Portugal e o mundo da migração devem-lhe memória e reconhecimento sem limites.

        Honra e glória ao seu nome, Paz eterna à sua alma.

        Felicitando o Colóquio por esta tão louvável iniciativa e agradecendo a oportunidade que me é facultada de homenagear tão querido amigo e tão ilustre servidor de Portugal, a todos saudo com  a maior estima, consideração e apreço.

P. Vitor Melícias, a partir de Assis, em Itália

quarta-feira, 21 de outubro de 2015


“A PORTUGALIDADE”

 

 

Concerto / Conferência

Comemorações do 75º Aniversário do Maestro António Victorino d’Almeida

 

 

 

 

Teatro Municipal de Esch-sur-Alzette

4 de junho de 2015, às 19h30

 

 

Com a participação:

Maestro António Victorino d’Almeida

professor Miguel Leite

 

 

Digressão Internacional sob o Alto Patrocínio de S.Exa o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas


 

Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade


 

 

 

 

ENTRADA LIVRE

(até ao limite dos lugares disponíveis)

RITA GOMES NA SORBONNE


Diálogos sobre Cultura, Cidadania e Género

Universidade Sorbonne Nouvelle

Paris, 10 de Setembro de 2015

 

     É uma honra para a «Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade», que aqui represento, como Presidente da sua Direção, ter-nos sido proporcionada a oportunidade de podermos ter esta Sessão de Trabalho, num local histórico, o que fazemos pela 2ª vez – em Junho de 2014 e agora - com um Programa diversificado que nos permite tratar temas, a que, entre outros, nos temos dedicado ao longo dos nossos quase  22 anos de existência, que se completam no próximo dia 8 de Outubro.

     Chegou o momento de saudarmos e agradecermos a participação de todas e de todos os presentes que corresponderam ao nosso convite, para nos acompanharem e/ou   intervirem com as suas altas qualificações nestes Diálogos.

      Dirigimos um especial reconhecimento a Sua Excelência o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, que para além da sua honrosa participação neste Colóquio, nos proporcionou o apoio para a realização deste evento, bem como do Concerto “Portugalidade”, a que hoje vamos assistir no Conservatório da Mairie de Puteaux, às 21h00.   Salientamos também o apoio que nos foi concedido para  o Concerto “Portugalidade”, já realizado em 4 de Junho de 2015,  no Luxemburgo, no Teatro Municipal de Esch-sur-Alzette. Com estes Concertos se comemorou o75º  Aniversário do Maestro  António Victorino de Ameida.

     Há naturalmente também que manifestar a nossa gratidão à Profª Doutora Isabelle Oliveira, Vice – Reitora da Universidade Sorbonne Nouvelle, que à semelhança do que sucedeu em 2014, conseguiu este magnífico espaço, bem como o relativo ao Conservatório em Jean – Baptista Lully – Mairie de Puteaux..

     Estamos igualmente muito sensibilizadas/os com a presença e participação do Senhor Cônsul Geral de Portugal em Paris Dr. Paulo Pocinho, do Professor Doutor Loic Depecker , Diretor – Geral para a Língua Francesa e para as Línguas de França no Ministério da Cultura e «Prefigurateur» junto do Primeiro Ministro em Matignon. 

      Foi também muito oportuna a homenagem póstuma, feita à nossa muito querida e estimada Amiga Drª Maria de Jesus Barroso, sobretudo por ter sido feita pela sua grande Amiga de há anos, a Drª Maria Manuela Aguiar que  a conhecia bem, em diversas fases da sua fantástica vida pessoal, profissional  e política.

     E isso, além dos temas que a Drª Manuela Aguiar tratou, neste Encontro, que bem revelam o seu magnífico conhecimento sobre a temática das migrações.

     Há ainda que manifestar o nosso reconhecimento à presença e à intervenção feita pelo Dr. José Arantes, Digº Diretor da RTP África, que há anos nos acompanhou com a sua participação num Encontro, que organizámos, em Lisboa, no Hotel Zurique.

     Agradecemos igualmente a intervenção do Dr. Joaquim Ludovina do Rosário, atual Adido Social junto do Consulado Geral de Portugal em Paris.

     De seguida, evidenciamos o lançamento da Publicação da AEMM relativa a:

    1974 – 2014- 40 Anos de migrações em Liberdade,

aqui apresentada pela Drª Manuela Aguiar sua principal editora, através da qual podem ser conhecidas muitas das atividades de que nos temos ocupado.

     Para melhor se avaliarem as múltiplas e variadas iniciativas que temos vindo a concretizar, ainda que em síntese, referiremos alguns dos temas ligados às Migrações no Feminino, que pela sua complexidade exige a análise de vários problemas específicos, entre os quais destacamos: a igualdade de género e a consequente necessidade de conciliação da vida profissional, familiar e pessoal; a participação cívica, política, social, económica e jurídica; as questões relativas à saúde  física e mental, especialmente na fase inicial da integração nos países de acolhimento, nomeadamente por dificuldades da língua; casos de violência doméstica; problemas referentes à obtenção de  trabalho, muito especialmente  sempre que as qualificações profissionais sejam reduzidas, o que as leva a ter de aceitar trabalho doméstico, e de  apoio  a crianças, jovens e a idosos, nomeadamente, na restauração, na agricultura, em hospitais, entre outros, quantas vezes com menores salários relativamente a homens e a outras trabalhadoras nacionais na sua atividade e no mesmo posto de trabalho.

      A Mulher Migrante tem sido, como se sabe,  das mais atingidas pelas situações decorrentes do tráfico e da exploração sexual.

     Deverá, porém, salientar-se a sua excelente contribuição como transmissora e recetora da cultura.

      São realidades que merecem ser salientadas, tal como a sua permanente contribuição para os Países de Origem e de Acolhimento, designadamente através  da sua preocupação com a constituição de poupanças – tem por vezes duplos trabalhos- nomeadamente para conseguirem melhor educação para os filhos que as acompanham ou que ficam nos Países de Proveniência.

     Agora com a nova fase da emigração e a saída de mais qualificadas/os, esperamos que estas situações sejam em parte melhoradas. Bem merecem!

     Devemos apenas acrescentar que a atividade da nossa Associação tem sido fundamentalmente desenvolvida com base em trabalho voluntário, sobretudo entre Associadas/os e através de Parcerias com Entidades Públicas e Privadas, como sucede no caso presente.

     E a terminar, para melhor esclarecimento, referimos que estas atividades têm sido integradas em Encontros e Reencontros que realizámos em Portugal e nas Comunidades Portuguesas, designadamente junto de Associações e de outras Instituições – Universidades, Clubes, etc), procurando proporcionar uma participação Ativa da Mulher, onde quer que se encontre e facultando-lhes  conhecimentos inovadores com tal finalidade.

    

 

 Lisboa  30 de Agosto de 2015

 

                                                               Rita Gomes

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ARCELINA SANTIAGO Colóquio e exposição em Monção

Monção viveu no sábado , dia 5 de setembro , um momento importante, colocando na agenda do dia, a discussão em torno dos direitos humanos e da igualdade do género. A Associação Mulher Migrante foi a promotora desta iniciativa em parceria com a Casa Museu de Monção , a Câmara Municipal, o Jornal Artes entre as Letras, a Quinta de Santiago em Monção e ainda a EPRAMI.
A inauguração da exposição e colóquio aconteceu na Casa Museu da Universidade do Minho com o tema “Expressões de cidadania no feminino” . Seis mulheres, pintoras e escultoras apresentaram-se juntamente com o monçanense Ricardo de Campos, dando o seu contributo de cidadania através da arte. Outras vertentes estiveram em debate.
Nassalete Miranda , foi a moderadora deste colóquio. Directora de O Primeiro de Janeiro de 2000 a Julho 2008 e criadora do jornal quinzenal “ As Artes entre As Letras” em Maio de 2009. O Jornal recebeu em 2011 a qualificação dada pelo governo português de "publicação de interesse cultural e literário para o país e mundo lusófono". Em Julho deste ano Nassalete Miranda (que tem raízes paternas em Monção), recebeu a Medalha de Mérito Cultural, Grau Ouro, da Cidade do Porto, graças à sua intervenção em prol da cultura.
A primeira intervenção foi a do senhor vereador , Dr. Paulo Esteves, que esteve em representação do senhor Presidente da Câmara e de D. Arturo de Salvaterra do Mino. A sua intervenção foi orientada para o projecto que a edilidade abraçou sobre “ igualdade de género” tendo aí focado a sua preocupação, até por ser a sua área de intervenção profissional. Admitiu haver muito a fazer mas "pequenos passos podem ser significativos para um melhor futuro nesta área".
Seguiu-se a intervenção da Professora Dra Luísa Malato, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, trazendo para a ribalta uma mulher - Catarina de Lencastre - autora de muitos géneros literários, líricos e dramáticos, esquecida no cânone historiográfico português. Várias questões foram lançadas em jeito de reflexão, com recurso a exemplos histórico-literários, onde as mulheres do século XVIII foram apresentadas como mulheres impulsionadoras de mudanças, mas que o século seguinte as fez recolocar no seu papel tradicional.
O tema das mulheres da diáspora, ficou a cargo da Dra Manuela Aguiar , especialista nesta área, pois foi Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas e teve outros cargos políticos importantes. É Presidente da Assembleia Geral da Associação Mulher Migrante. Apresentou as características da emigração portuguesa, dominada pela partida de homens “sós” aquilo que se pode referir como a primeira política de género , com a proibição da migrações no feminino, absolutamente discriminatória. As migrações maciças no feminino foram um fenómeno fortemente combatido, que cresceu, sem cessar a partir de novecentos, nas correntes intercontinentais, e atingiu a quase paridade a partir de meados do século XX, com o êxodo imparável de famílias inteiras para a Europa e, em menor escala, para outros destinos transoceânicos. Apelou ao estudo do papel central da Mulher nas novas diásporas, não suficientemente estudado e reconhecido. Há, como referiu “uma anacrónica invisibilidade a dominar a verdade e o significado da emigração e da Diáspora feminina”.
O Professor Dr Viriato Capela, director da Casa Museu e Professor catedrático do Departamento de História da Universidade do Minho, referiu, tendo em conta a musa inspiradora desde coloquio e exposição, Deu- la- Deu Martins, duas figuras de Nacion – Rosalia de Castro e Maria da Fonte. Trazer a este encontro a memória e obra de Rosalia de Castro, com biografia organizada e com ampla divulgação, face ao seu distinto papel na construção da moderna língua galega, em contraste com Maria da Fonte, onde pouco ou quase nada se sabe ao certo, foi um desafio, uma forma de provocar a reflexão. Apresenta-se a mulher das letras e da cultura contrastando com a mulher guerreira, mas o que as une é, sem dúvida, a luta e a promoção da liberdade e autonomia do seu povo.
Fazendo a ligação entre os temas abordados - história, diáspora, arte e literatura , Arcelina Santiago , comissária da Exposição, homenageou Ana Harthely por reunir todas estas dimensões. Seguidamente, abordou a perspectiva da arte, fazendo a ponte para a exposição. A arte como meio aglutinador de culturas, de saberes e sentires e de reforço das relações humanas foi posta em destaque. Sobre a riqueza da multiculturalidade, a arte no feminino, bem como partilha de outros temas relacionado com as mulheres, foi mote para lançar um desafio cultural, aproveitando-se a presença dos responsáveis políticos do projeto "euro cidade" Monção /Salvaterra do Mino"
. Depois, descreveu a trajetória das mulheres na sua árdua conquista pela liberdade e referiu-se ao papel das mulheres das artes , lutadoras através do acto criativo, construindo imagens pictóricas e metafóricas que invadem o imaginário e que nos fazem sonhar bem alto. Com esta primeira mostra em Monção, de uma manifestação artística, pintura e escultura contemporânea no feminino, pretendeu-se promover o debate de ideias em torno da expressão de cidadania no feminino, que não se esgota na arte, mas que tem nela um ponto alto da expressão. Luísa Prior, Filomena Fonseca, Maria André , Teresa Heitor, Lena Álvares e Filomena Bilber são as artistas desta coletiva, membros da Associação, mulheres criativas que expressam a sua cidadania ativa, defensora de causas e curiosamente, todas elas representadas na Bienal
de Gaia. O mesmo acontece com Ricardo de Campos, artista monçanense, simbolicamente representando a ideia de que a luta pelos direitos humanos é feita por homens e mulheres.