terça-feira, 27 de dezembro de 2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DEPUTADO PAULO PISCO

ENCONTRO MUNDIAL
DE MULHERES PORTUGUESAS NA DIÁSPORA
Maia, 24, 25 e 26 de Novembro de 2011-11-23
A NOVA EMIGRAÇÃO FEMININA,
RELAÇÃO TRANSNACIONAL E MUDANÇA
Intervenção do Deputado Paulo Pisco

Quero agradecer à Dr.ª Manuela Aguiar, à Dr.ª Rita Gomes e à Associação Mulher Migrante o amável convite que me foi dirigido para participar nos trabalhos deste encontro com um tema tão aliciante… mas também tão difícil. Quero também pedir a vossa compreensão para o facto de ter de me ausentar logo após a intervenção, mas tenho um avião para apanhar para o Luxemburgo, onde vou participar no encontro que assinala o 20º Aniversário da Confederação das Comunidades Portuguesas no Luxemburgo.
Esta intervenção é também para mim uma oportunidade para reflectir sobre um assunto que me parece muito relevante para se conhecer melhor o perfil das nossas comunidades através da situação e do papel que nelas desempenham as mulheres.
Utilizarei sobretudo a informação que decorre das minhas observações e da experiência que ao longo do tempo fui adquirindo, mas que nunca sistematizei nem aprofundei. Trata-se, portanto, de uma intervenção que não tem qualquer pretensão a não ser partilhar a minha percepção sobre este tema e assim dar o meu modesto contributo para este debate tão necessário.
Num dos recentes congressos organizados pela Associação Mulher Migrante, uma das principais conclusões foi a falta de estudos e de dados estatísticos nestes domínios, o que é revelador das dificuldades em fazer uma abordagem mais profunda das múltiplas dimensões do universo das mulheres nas comunidades. É verdade que já existem muitos estudos sobre estes temas, mas não me parece que existam assim tantos trabalhos sobre a mulher migrante portuguesa. Julgo que tal se fica a dever a alguma invisibilidade na sua condição, como de resto acontece com a generalidade das mulheres migrantes independentemente da sua origem, como vários estudiosos destes temas notam. É uma questão de grau. As comunidades portuguesas são discretas, de uma maneira geral. E as mulheres são ainda mais discretas neste contexto.
Procurarei então lançar algumas pistas sobre temas que me parecem interessantes e que poderão contribuir para que se façam outras abordagens sobre a forma como as mulheres podem determinar o perfil e identidade das nossas comunidades.
Desde logo devemos reconhecer que da nova emigração, ou seja, da emigração dos anos mais recentes, faz parte uma geração de mulheres com mais formação académica, com mais informação e com uma atitude diferente perante a vida. Portanto, com um perfil que se afasta claramente das mulheres que saíram do país há duas ou três gerações por razões essencialmente económicas ou para acompanharem ou se juntarem aos maridos, que deram o primeiro passo da emigração.
Nos meus contactos com as Comunidades, e por uma questão de atitude pessoal, não tenho o hábito de distinguir entre os homens e as mulheres. Considero que ambos são portadores da mesma capacidade de intervenção nas sociedades de acolhimento, sendo que as mulheres, com a sua sensibilidade particular, poderão dar um contributo qualitativo muito relevante e diferenciador.
Reconheço, no entanto, uma presença mais acentuada dos homens no movimento associativo ou nas actividades políticas. Nas associações, por exemplo, as mulheres participam mais nos grupos folclóricos e nas actividades culinárias e, nessa dimensão, constituem um pilar essencial da sustentação da vida associativa. No entanto, algumas desempenham também funções de direcção nas associações e esse seria um tema de estudo relevante, dado que, na grande maioria dos casos, o mundo associativo em toda a sua diversidade é, sobretudo, um domínio de homens. São eles que, de uma maneira geral, se dedicam à gestão das associações, às actividades desportivas e à organização dos programas e têm, portanto, uma maior visibilidade.
Por outro lado, no âmbito das actividades políticas também existe claramente uma maioria de homens, embora se note uma crescente presença e participação das mulheres. O caso de França é, neste contexto, verdadeiramente exemplar.
Curiosamente, enquanto reflectia sobre este tema apercebi-me que o protagonismo dos homens deixa de ser tão evidente nas artes e na literatura. A percepção que tenho, é que existem pelo menos tantas mulheres como homens com actividades criativas nestes domínios. Atrevia-me mesmo a dizer que provavelmente as mulheres têm uma presença mais forte nas artes e na literatura. Em França ou na Alemanha, por exemplo, ocorrem-me mais nomes de mulheres do que de homens no âmbito da criação artística. Parece-me haver nestes domínios uma capacidade para a exteriorização da sensibilidade artística mais fácil por parte das mulheres, o que certamente mereceria a atenção dos investigadores.
Seja como for, considero que homens e mulheres podem e devem participar em pé de igualdade em todos os domínios da vida em sociedade nas nossas comunidades. Seria um importante factor de afirmação colectiva se as mulheres tivessem uma participação mais intensa na defesa dos seus interesses a nível local, no relacionamento com as instituições administrativas e políticas e também na definição das actividades do mundo associativo. Estou convencido que essa participação daria um forte contributo para uma melhor integração colectiva e ajudaria os portugueses a conviverem com os cidadãos dos países de acolhimento de forma mais igual e menos complexada. Ajudaria a criar sociedades em que o papel de cada um, ou seja, de cidadãos dos países de acolhimento e de emigrantes, é relevante, complementar e baseado no respeito mútuo.
Claramente percebemos que na última década houve um progresso notável a nível das qualificações. Hoje, a percentagem de jovens entre os 18 e os 24 anos que frequenta ou completou a universidade é superior 20 por cento - portanto, perto dos valores da média europeia. A dificuldade da nossa estrutura empresarial em absorver todos estes jovens com formação superior e a crise que limita brutalmente as possibilidades de emprego levam necessariamente muitos jovens a emigrar.
Com efeito, o conturbado período de crise financeira, económica e social que actualmente vivemos é propício ao aumento dos fluxos migratórios, sem que seja necessário os governantes incentivarem os jovens a sair do país. Até porque Portugal tem visivelmente aquilo a que alguns estudiosos chamam a “cultura de emigração”, o que torna mais fáceis as saídas de jovens para outros países, onde têm pessoas conhecidas que os podem orientar. Ou então beneficiam dos programas europeus de incentivo à mobilidade profissional, como acontece com a rede EURES.
É por isso que os actuais fluxos migratórios são muito diferentes dos que se verificaram dos anos 80 para trás. Hoje, de uma maneira geral, muitos dos portugueses que saem do país têm mais estudos, estão melhor informados e são mais descomplexados. São mais cosmopolitas, e isso é bom, porque os ajuda a integrarem-se melhor, a não viverem em guetos.
Como já há mais de uma década a percentagem de mulheres com formação superior é maior do que a dos homens, é natural que este facto também se reflicta nas características das mulheres portuguesas que emigram e nas condições em que o fazem, havendo inclusivamente muitas que saem sozinhas. Por exemplo, há em vários países enormes carências nas áreas da saúde, cujos profissionais são predominantemente do sexo feminino. Têm sido frequentes as notícias que dão conta do interesse de países como a Dinamarca, Suécia, Austrália, Alemanha ou Inglaterra em profissionais portugueses nas áreas da saúde.
Mas também conheço várias mulheres que deixaram toda a sua vida familiar para trás e partiram sozinhas para países que desconheciam e aí reorganizaram as suas vidas. A rede de conhecimentos que os portugueses foram tecendo ao longo de décadas constitui um precioso instrumento que facilita a emigração e uma melhor integração. Não há dúvida de que esta atitude demonstra uma grande coragem e independência, hoje muito mais fácil de assumir do que há duas ou três décadas atrás¬.
Estas mudanças de contexto acabam também por redefinir a identidade destas mulheres, através da sua nova situação e do seu novo papel social. Com efeito, estas mulheres deixam determinados contextos, muitas vezes em meios semi-rurais ou rurais, marcados pelo preconceito e pelos constrangimentos sociais, para recomeçarem tudo em grandes meios urbanos e cosmopolitas, onde reinventam as suas vidas com mais autonomia, independência e liberdade, criando novos padrões de vida, adaptando-se a novos valores e formas de convivência social.
À partida, estas mulheres libertas de constrangimentos familiares parecem ter melhores condições para se valorizarem pessoal e profissionalmente, dedicando-se a todo o tipo de actividades sociais, frequentando cursos, aprendendo línguas, o que de outra forma muito provavelmente não fariam.
Mesmo em contexto conjugal, como refere uma investigadora da Universidade de Minas Gerais, Stela Souza, o trabalho constitui para a mulher migrante um instrumento de libertação, de maior auto-confiança e de independência, o suficiente para desestabilizar os papéis de género. “Dessa forma, a família, cuja estrutura pode ser baseada em funções conservadoras, vê a emigração feminina como uma ameaça à sustentação da união familiar, por poder promover a liberalização da mulher”, afirma.
Assim, tanto o contexto cada vez mais frequente da mulher que emigra sozinha e a forma como recria o seu papel social, como a independência que ganha no contexto conjugal em virtude da autonomia e auto-confiança que adquire através do trabalho, são, a meu ver, dois domínios que certamente merecem uma análise mais aprofundada para se compreender melhor o papel da mulher na emigração.
A actividade política é outro domínio muito interessante de análise, por tudo o que comporta de rompimento com um mundo tradicionalmente dominado por homens. A verdade é que vemos cada vez mais mulheres nas comunidades com funções de destaque na actividade política, particularmente das segundas e terceiras gerações, mas não só. O exemplo da França é paradigmático. Com efeito, há inúmeros casos de mulheres que se tornaram referências pela sua persistência e que até chegaram a maires, como o demonstra o exemplo de Alda Lemaitre, em Noisy-le-Sec, que assim, com a sua ascensão na vida política, sentiu também necessidade de redescobrir as suas raízes portuguesas. Nalguns casos, nem sequer a falta de estudos é impedimento para conseguirem lugares de destaque a nível local, como acontece com Fernanda Alves, uma mulher combativa que começou por se dedicar ao movimento associativo em Cenon, na região de Bordéus, e assim ganhou visibilidade e influência, tendo depois sido convidada para participar nas listas candidatas e é hoje adjoint au maire. No caso das segundas e terceiras gerações, muitas vezes o combate é bastante duro, sobretudo quando passa também pela luta política na vida interna dos partidos, porque têm de ultrapassar simultaneamente o facto de serem mulheres e serem de origem portuguesa, dupla condição que por vezes se torna negativa na vida política, não obstante todos os progressos que se têm verificado neste domínio.
Julgo, por isso, que também seria importante aprofundar o conhecimento do mundo das mulheres portuguesas ou de origem portuguesa na vida política, para se perceber melhor de que forma evoluiu a integração das nossas comunidades e como vivem a sua condição num mundo tão difícil e disputado como é o da política.
Não me vou alongar mais. Quero agradecer mais uma vez a oportunidade que me deram de reflectir sobre este tema e poder partilhá-lo convosco e que também me ajudou a compreender melhor este universo tão particular, que é o do papel, influência e evolução das mulheres na vida das nossas comunidades.

domingo, 27 de novembro de 2011

A abrir o "Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas na Diáspora"a

m nome da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, uma breve saudação de boas vindas.
Um agradecimento especial ao Senhor Presidente da Câmara da Maia, Engº António Bragança Fernandes, que tão bem nos recebe neste “Forum”, “ex libris” da modernidade da Maia e um centro da sua vida cultural. E, por isso, o melhor lugar para dizer ao Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr José Cesário, que nada do que vai acontecer nestes dias intensos seria possível sem o seu incentivo e apoio, de primeira hora - sem a vontade de que dá provas de querer avançar para uma nova e decisiva fase nas políticas para as comunidades, com uma vertente de género, com acento nas questões fundamentais da cidadania, da sua vivência por mulheres e homens, através do livre exercício dos seus direitos cívicos e políticos, que aqui vão estar no centro dos debates.
Obrigada Aurora Cunha por nos dar hoje, aqui, com tanta simplicidade e simpatia, o que vem dando ao País: tanto ou mais do que vitórias, que ficaram para a eternidade, em muitos campeonatos, em muitas maratonas, o exemplo de uma vida inteira de constante intervenção cívica, de solidariedade, de capacidade de ultrapassar limites, que é, afinal, a essência do desporto em estado puro, e, igualmente a essência da luta por quaisquer ideais servidos com paixão.
Aurora Cunha, um rosto feminino para a nossa história, para a história que se escreve com grandes feitos desportivos. A primeira mulher portuguesa campeã do Mundo de atletismo, tricampeã do mundo, (faz neste Novembro de 2011, precisamente 25 anos!). É uma honra ter entre nós a Mulher encantadora, sincera e vibrante, que humaniza e feminiza o mito vivo, que é a desportista!
Obrigada a todas e a todos pela vossa participação, de um enorme significado, porque com ela, se vai traçar, inteiramente, o destino este Encontro Mundial, na prossecução dos seus objectivos. O primeiro dos quais é criar um espaço de reflexão sobre as formas de transformar a sociedade portuguesa, de a abrir à consciência da sua verdadeira dimensão, que não cabe num pequeno rectângulo europeu e nas ilhas atlânticas. Portugal é muito mais mar do que solo pátrio. Portugal é muito mais a sua gente do que o seu território. Herança de uma história antiga que as migrações prosseguiram, até nossos dias, com homens e mulheres – cada vez mais mulheres - que se dispersam no mapa mundi da geografia, mas permanecem enraizados na cultura de origem e nos afectos.
É desse sentimento de pertença que nascem as comunidades portuguesas, numa emigração de famílias inteiras, como é a nossa. Um movimento caracterizado pelo equilíbrio de género e geração, alcançado desde meados do século passado, e anunciado por um crescendo da emigração feminina já nas décadas anteriores. Um crescendo, então, como se sabe, denunciado e combatido por políticos e estudiosos do fenómeno migratório porque receavam que a presença da mulher reconvertesse o projecto de torna viagem num projecto de integração definitiva no estrangeiro, em "pura perda" para o nosso país. E decretaram medidas de fortes restrições da liberdade de saída das mulheres, que praticamente duraram até a democratização do regime...
E, todavia, só parcialmente tiveram razão, na estrita medida em que se aperceberam da maior propensão para a consolidação de situações de vida em sociedades estrangeiras, para a estabilidade e o bem-estar económico, que a mulher traz à aventura de expatriação no plural. Mas não adivinharam que nessa aceleração do processo de integração devido às migrações familiares - muito directamente à presença das mulheres- se haviam de gerar as comunidades, através das quais Portugal se expande universalmente. O que representa um proveito superior a quaisquer perdas...
Em tempo de crise profunda e regressão económica, cá dentro, como é bom constatar que uma grande parte da Nação Portuguesa progride lá fora, sempre pronta a dar-nos razões de esperança! Assim saibamos ir ao seu encontro, que é justamente um dos objectivos que nos move hoje, aqui…
Não estamos numa reunião em círculo fechado de mulheres a falar sobre mulheres migrantes, mas sim globalmente sobre emigração, diáspora, Portugal, sem, porém, omitir, como é coisa corrente a componente feminina, quase sempre, esquecida e marginalizada. E justamente porque tem sido marginalizada comporta maiores virtualidades de operar mudanças e assegurar progresso.
A paridade está há muito conseguida na proporção homens/mulheres nas comunidades portuguesas. Todavia, não se reflecte ainda de um modo equitativo e eficiente num poderoso e multifacetado movimento associativo, sobretudo no que respeita aos seus centros de decisão e de poder formal. Pelo contrário, a divisão de trabalho dentro desse todo organizacional, suporte originário e consistente das comunidades, tende ainda a reproduzir na "casa comum", que é a associação, os papéis de cada um dos sexos na casa ou na família tradicional. É ainda um universo predominantemente masculino, conservador de mentalidades, de costumes e de valores - uns intemporais que merecem a nossa admiração, mas outros anacrónicos, que importa deixar para trás - caso das discriminações de género e de geração, que condicionam o crescimento das comunidades, através da metade feminina, tão pouco aproveitada, e dos mais jovens, ainda insuficientemente envolvidos num dirigismo associativo que, com todas as virtudes que se lhe reconhecem , envelheceu no poder, um pouco por todo o lado...
A evolução positiva que vai acontecendo, varia muito, nos vários continentes e países. A perspectiva ou visão comparativa, pode, a meu ver, contribuir para um acertar do passo, com a força dos paradigmas mais igualitários. Por isso, a partilha de resultados de estudos, de observação, a constatação da injustiça, onde quer que exista, e a mobilização para a combater, que se procura em congressos de âmbito alargado, como este, assume verdadeiro interesse estratégico.
Historicamente o que podemos designar por "congressismo", foi uma arena privilegiada de luta pela emancipação das mulheres - um espaço de diálogo, de concertação de esforços e união, de visibilidade e de protagonismo para elas e para as suas ideias. Na cena das convenções, dos colóquios, de sessões de esclarecimento, de comícios, se fez a transição de uma vivência restrita à esfera privada (ou, noutras palavras, de um regime de clausura doméstica...) para a esfera pública. Sair da sombra, sair do anonimato, foi um acto de extrema coragem e audácia para mulheres que se sujeitaram, a todos os riscos e formas de censura social, foi um acto portador de promessas de cidadania.
Elizabeth Cady Stanton, que, em 1848, presidiu à Convenção de Seneca Falls e, pessoalmente, redigiu, a famosa "declaração" , tem hoje a sua estátua no Capitólio, como a sufragista Emmeline Pankhurst faz jus a um monumento junto ao parlamento de Londres, cujas ruas tantas vezes percorreu em ruidosas marchas de protesto.
Nada de comparável, em termos de reconhecimento público, mereceram dos homens seus contemporâneos as notabilíssimas feministas da 1ª República, cuja evocação aqui quisemos trazer. Num "Encontro" pensado para nos levar numa viagem pela história das mulheres da Diáspora não é demais começar na origem remota de um movimento para a igualdade de género, ainda sem fim à vista. Mudam os tempos, o estatuto de direitos, as situações reais, mas os mesmos instrumentos podem servir em novos patamares de progresso civilizacional, particularmente nos domínios da Diáspora feminina. No que à nossa respeita, o congressismo teve a sua grande manifestação pioneira em Viana do Castelo, de 16 a 20 de Junho de 1985, no “1ºEncontro de Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo”.
A Associação "Mulher Migrante" assumiu-se, desde a sua constituição, como herdeira das aspirações e das propostas dessa reunião, precursora de tantas outras: o Encontro Mundial de Espinho, em 1995, os "Encontros para a Cidadania - 2005-2009", e, pelo meio inúmeras iniciativas que cabem na definição ampla de Congressismo.
Contámos com a cooperação do Estado, assim como de ONG’, dentro e fora do País, para uma acção incessante, como tem de ser, para que se não deixe esmorecer a vontade de trabalhar em conjunto...

No ano passado, a Assembleia da República, na Resolução nº 32/2010 da autoria do então deputado José Cesário, veio reconhecer a necessidade de promover um amplo programa que conduza à plena participação das mulheres na vida das comunidades
No Governo, o Dr José Cesário não tardou a dar-lhe início de execução e, como na economia da Resolução se preconiza, em parceria com a sociedade civil.
As finalidades da “Resolução” são também os nossos, as de todas as instituições que se uniram para as levar a cabo, a partir deste Encontro Mundial.

Direi a concluir que este é um "Encontro" em que se entrelaçam muitos encontros:
Um encontro com as lições e ensinamentos do passado, em que lembramos aqueles que connosco estarão sempre na memória…
Um encontro de mundos, do mundo político com o da sociedade civil, do mundo académico com o dos protagonistas da aventura da emigração, e entre portugueses e portuguesas de dentro e de fora dos limites territoriais...
Um encontro de formas de viver a identidade nacional, encontro de culturas, em busca da definição do feminino na cultura – ou da cultura de que "constrói" o feminino. "On ne naît pas femme, on le devient", na lapidar e indesmentível expressão de Simone de Beauvoir…
Dar às mulheres o seu lugar na sociedade, iguais oportunidades de serem sujeitos da "história por fazer”, no País e na Diáspora, significa mais cidadania para elas, mais força para as comunidades, a certeza da expansão da língua e da cultura nacionais.
Queremos olhar a história das Mulheres Migrantes no seu devir, porque, como disse Agostinho da Silva, “toda a História que vale é do futuro”.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HISTÓRIA, MEMÒRIA, DEVIR

MAIA, 25 e 26 de Novembro de 2011

A Associação "MULHER MIGRANTE" volta a organizar um Encontro mundial para debater os problemas que se colocam às mulheres portuguesas no novo contexto migratório do século XXI, e para promover uma maior participação feminina, cívica e política.
Esta iniciativa conta com o incentivo e o apoio da SECP, e constituirá, certamente, um decisivo avanço na afirmação de políticas de emigração com acento nas questões fundamentais da cidadania.
A paridade está há muito conseguida na proporção mulheres/homens na emigração portuguesa. Todavia, não se reflecte ainda no movimento associativo, nos centros de decisão das instituições, na vida pública, na política.
A Assembleia da República na Resolução nº 32/2010 reconhece a necessidade de promover um amplo programa que conduza à plena participação das mulheres na vida das comunidades. Ao Governo incumbe, em primeira linha, a missão de a promover (um dever que, aliás, lhe é expressamente imposto pela Constituição), mas, como na economia da Resolução se realça, melhor atingirá os seus fins se recorrer a parcerias com as organizações da própria sociedade civil.
A "Mulher Migrante", em ligação com outras associações existentes dentro e fora das nossas fronteiras, quer precisamente servir os objectivos daquela Resolução, que são também os seus, colaborando com o Governo do País, como sempre tem procurado fazer.
Os "Encontros para a Cidadania -2005-2009" vieram provar a validade destas formas de cooperação. E as intervenientes dos "Encontros, nos vários continentes do mundo, recomendaram que não se deixasse esmorecer a vontade de manter canais de comunicação e um trabalho continuado, para que se não perca o que está feito ...
E apontavam para a realização de um Congresso Mundial, que pudesse dar uma visão de conjunto da situação das Portuguesas da Diáspora, que é fundamental para saber como agir futuramente, com que meios humanos e materiais, com que solidariedades, mórmente entre as próprias mulheres da Diáspora.
Não foi possível convocar o Congresso Mundial em 2009.
Dois anos depois, a sua organização está em marcha! Aqui fica um primeiro convite à participação de todos os que querem envolver-se nesta causa cívica.
Uma palavra para o Secretário de Estado, Dr José Cesário, para lhe agradecer a forma como acolheu, desde a primeira hora, a nossa proposta.
Estamos em perfeita sintonia - como seria de esperar, pois foi ele, na Assembleia da República, o principal impulsionador da histórica Resolução nº32/2010, à qual a proposta pretende dar execução.
Mas é sempre de sublinhar a atitude dos políticos que, quando chegam ao Governo, não hesitam em dar execução aos projectos que, na oposição, recomendaram vivamente a outros governos. Eis um paradigma de coerência.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Joan Marbeck

ABSTRACT - Malacca-Portuguese Language and Heritage preservation, documentation and
development

My Choice of Language Documentation for the Malacca Portuguese Creole Community has been a long
journey of 20years.
Firstly, none of the older members of the Community believe that it is moribund or is now listed
as 'Endangered' They say
it has lasted for 500 years and it will be 'SPOKEN' for another 500 years. Although they speak with
conviction and soul there are ' Distracting forces'.
Fortunately from among the more discerning members of the community, especially from among the
women, a clear and different opinion
has surfaced.
They want to revive the 'old language' and make it more conducive to unification of ALL Malaysian-
Eurasians. This will allow them to be readily distinguishable
as a unique race with a unique Culture, Language and Heritage. This is the level, perspective and role
that documenting the Papiah Kristang language will play
in the years ahead. The Malaysian-Eurasian Community gets its strength, perseverance and diplomacy
from the Portuguese. They left us with a unique, culture, customs and traditions and a' LANGUAGE
BORN OUT OF NECESSITY.' In all this, the women of the community are going to play a major role.

Joan Margaret Marbeck

9.11.11

Please translate only this, into Portuguese, Carla. Thanks .

Joan

ABSTRATO – O Crioulo Português de Malaca, preservação de Herança, documentação e
desenvolvimento

A minha Escolha de Documentação Linguística para o Crioulo da Comunidade Portuguesa de Malaca foi
uma viagem longa de 20 anos.

Em primeiro lugar, nenhum dos membros mais velhos da Comunidade do Bairro Português de Malaca
acredita que está moribundo ou que está agora 'ameaçado de extinção' . Dizem que sobreviveu durante
500 anos e que 'SERÁ FALADO' por outros 500 anos. Embora falem com alma e convicçâo existem '
Forças desviantes’.

Felizmente de entre os membros mais discernentes da comunidade, especialmente de entre as
mulheres, surgiu uma opinião diferente e clara.

Querem ressuscitar este ‘velho Crioulo' e torná-lo mais conducente à unificação de TODOS os
Euroasiáticos da Malásia. Isto permitirá distingui-los como uma raça única com uma Cultura rara,
Linguagem e Herança. Este é o nível, perspectiva e papel que a documentaçâo do Crioulo Papiah
Kristang jogará nos anos adiante. A Comunidade de Euroasiáticos da Malásia recebe a sua força,
perseverança e diplomacia dos Portugueses. Eles deixaram-nos com uma cultura rara, costumes e
tradições e um' CRIOULO NASCIDO POR NECESSIDADE.' Em tudo isto, as mulheres da comunidade
jogarão um papel importante.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mª Ceu Campos

MULHER MIGRANTE-LUGARES DE TRABALHO DE ONTEM E DE HOJE.

Nos primeiros tempos de emigração,ou seja primeiras gerações,as mulheres,assim como os homens,vinham para o estrangeiro sem conhecimento algum do que os esperava.De país para país diferia muito o modo de vida,a língua e a sociedade.
No que respeita a trabalho,a maioria vinha como trabalhadores não especializados para firmas da ind~ustria textil,metalúrgica,construção de estradas,etc.
As mulheres eram contratadas como ajudantes de produção,muitas em trabalho de empreitada,de limpezas e outros,trabalho duro,pesado e sem grandes condições oque levou a que muitas mulheres sofram de mazelas fruto de anos a fio a fazer o mesmo.
A meta de muita gente era trabalhar uns anos,juntar dinheiro,fazer a sua casa na terra e regressar.
Os anos foram passando,os filhos vieram,muitos seguiram o mesmo destino dos pais,sem formação profissional,o que interessava era ganhar dinheiro.
A sua vida era trabalho-casa;casa-trabalho,não se ia a lado nenhum a não ser à associação,muitos nem isso faziam,pois,diziam a sua meta era poupar o mais que podiam e ir embora.
Eramos vistos,nesse tempo,pelos políticos responsáveis,como hóspedes que,mais dia menos dia,iriam embora e nada foi feito para essa primeira geração,como cursos de alemão,no nosso caso,nem trabalho de integração.
Os problemas começaram a sugir com o desemprego a bater à porta de muitas famílias quando as firmas fechavam e,sem qualificação,não tinham possibilidade de arranjar outro emprego.
Com o tempo as mentalidades foram mudando,os filhos começaram a frequentar o jardim infantil,aprendendo a língua,a escola começou a não ser um problema,como o tinha sido para aqueles nascidos em Portugal e "atirados"para a escola sem saberem uma palavra de alemão,muitos deles não conseguiram completar a escolaridade obrigatória,outros foram mandados para escolas especiais para alunos com dificuldades de aprendizagem,quando o verdadeiro problema era a falta de apoio à aprendizagem da língua do país de acolhimento.Alguns dessses jovens conseguiram um curso de formação profissional,mas com muito sacrifíco,outros ficaram-se por ser trabalhadores não qualificados.

Mas como dizia atrás,as crianças de ontem foram para o jardim infantil,para a escola,completaram-ne e,a maior parte,seguiu a formação profissional.

O trabalho não qualificado já é raro,nas nossas jovens de hoje,alguns e algumas ,para nossa satisfação conseguem a escola intermédia,Realschule,e até já o liceu.

Mas para isso contribuiu um trabalho de aproximação,de integração,as informações eram mais tidas em conta,os pais já não faltavam às reuniões nas escolas,começaram a fazer parte das comissões de país.

Com o tempo o trabalho entrou no contexto da integração e participação,a política para com os trabalhadores estrangeiros mudou radicalmente,no que se refere a um trabalho de acompanhamento tanto nos jardins infantis,onde as mães também podem aprender alemão em cursode formação,como nas escolas onde se procura acompanhar e alertar para qualquer problema que apareça com alguma criança.Há cursos suplementares para alunos com dificuldades de aprendizagem.

Mas para a primeira geração,hoje já muitos ne idade da reforma,volta a haver outro problema:Regressar ou não?Os filhos estão radicados no país onde nasceram,ou para onde foram muito pequenos,os netos já lá nasceram,que vão fazer,sózinhos.para a sua terra natal?Então,alguns estão a optar por passar temporadas na terra e voltarem para junto dos filhos nopaís de acolhimento.

Hoje há instituições de apoio à terceira idade que estão já a desenvolver programas para implantar no caso de alguns estrangeiros optarem por ficar e terem necessidade de apoio num lar ou ajuda domiciliária.

As gerações futuras serão de gente mais qualificada no que respeita à profissão,pois,pouco a pouco,o nível de escolaridade aumenta e é com satisfação que vejo que o trabalho desenvolvido dá os seus frutos.


Nunca me fiquei pelo meu cantinho e dediquei,e dedico,muito de meu tempo ao trabalho de integração e de participação cívica e política.Fiz com que muita gente votasse nas eleições autárquicas,fiz do meu telefone o centro de informação,durante muito tempo,na nossa associação procurei motivar as pessoas para a participação cívica e política.
A nossa associação,embora lutando com muitas dificuldades,como luta todo o movimento associativo,é vista pelas autoridades locais como um exemplo a seguir,pois trabalhamos em colaboração com entidades oficiais e outras associações.

O trabalho não está terminado,há muito a fazer,os projectos são muitos e cada vez mais complexos,os tempos são casa vez mais difíceis e exigentes e para isso é preciso que não beixemos os braços e continuemos a colaborar,sózinhos não faremos nada,mas em colaboração podemos construir grandes coisas.

Estive em 2001 em Amesterdão,com a grupo das mulheres da Piko de Gotemburgo,em 2002 na Suiça,em 2004 em Silves no Seminario da Cidadania e participação cívica,em 2006 em Estocolmo con a Piko a a Mulher Migrante. Tenho feito o que posso e,como dizia Miguel Torga "Quem faz o que pode,faz o que deve "E ainda como dizia John Kennedy Não perguntes ao teu país o que ele pode fazer por ti,mas pergunta,antes,o que podes fazer pelo teu país"Portugal precisa da nossa ajuda e nós,mulheres na emigração faremos tudo para sermos as maiores e as melhores embaixadoras do nosso país lá fora.


O meu trabalho na integração e participação será desenvolvido com mais promenor na minha intervenção,pois tem um historial longo.No entanto se desejar poderei mandar mais um resumo.

Um abraço.

Maria do Céu
ROSA NEVES SIMAS

Curriculum Vitae

Estudos de Género
(2011)
Dept. de Línguas e Literaturas Modernas
Universidade dos Açores
9500 Ponta Delgada, AÇORES
telefone: 296-650-188/9
fax: 296-650-186
PhD, Literatura Comparada, University of California, Davis e Berkeley.
Especialidade: Literatura das Americas - Estados Unidos, Hispano-América & Brasil.
Dissertação: Circularity in Three Twentieth-Century Novels of the Americas by
William Faulkner, Gabriel García Márquez and Osman Lins.
Orientador: Professor Robert Torrence.
Aprovação: 15 Junho 1990
Coordenadora, Asas da Igualdade, página mensal sobre questões de género no jornal
Açoriano Oriental, 2007-presente.
Coordenadora, Nas Asas da Igualdade, 12 meses de eventos para assinalar 2007, Ano
Europeu da Igualdade de Oportunidades, nos Açores, UMAR-Açores, 2007.
Professora, “O Género na Língua e na Literatura” – Primeiro Curso Estudos do Género
na Universidade dos Açores, 2001.
No prelo: “Formação e Trabalho no Feminino: Educação, Actividade e Identidade,”
Departamento de Ciências da Educação, Universidade dos Açores, org. Susana Leal.
“O Género na Língua: O Caso do Português e do Inglês” in Quem Tem Medo dos
Feminismos? Volume I, Actas do II Congresso Feminista, Funchal: Nova Delphi, 2010:
197-206 www.umar.org
A Mulher e o Trabalho / Women and Work, Volumes V e VI de A Mulher nos
Açores e nas Comunidades / Women in the Azores and the Immigrant Communities.
Coordenação e Tradução. Ponta Delgada: UMAR-Açores, 2008. www.uac.pt/mulher
Agenda da Igualdade 2008, Ponta Delgada: UMAR-Açores, 2007.
“A Colectânea A Mulher nos Açores e nas Comunidades” in A Vez e a Voz da Mulher
Imigrante Portuguesa: Actas do 1º Congresso Internacional / The Voice and Choice of
Portuguese Immigrant Women: Proceedings. University of Toronto, 2005: 187 - 191.
A Mulher nos Açores e nas Comunidades / Women in the Azores and the Immigrant
Communities, (4 Volumes) Coordenação e Tradução. Ponta Delgada: Empresa Gráfica
Açoreana, 2003. www.uac.pt/mulher
“Uma 'story' chamada Mariana: O romance de Katherine Vaz” in Arquipélago: Línguas
e Literaturas, Universidade dos Açores. Volume. XV, 1998: 389 - 401.
"A Pérola Nemesiana II: Margarida em “Mau Tempo no Canal” in Vitorino Nemésio:
Vinte Anos Depois, Lisboa: Edições Cosmos, 1998: 255 - 262.
"A Pérola Nemesiana: Margarida em “Mau Tempo no Canal” in Insulana: Instituto
Cultural de Ponta Delgada, Vol. L, Nº 1, 1994: 125 - 37.
"A Mulher: De Portugal aos Estados Unidos" in Comunicações do III Congresso das
Comunidades, Angra do Heroísmo: Gabinete de Emigração, 1991, 427 - 430.
"Pescando a Entrelinha: Virginia Woolf & Clarice Lispector" in Arquipélago: Línguas e
Literatura, Universidade dos Açores, Volume IX, 1987: 95 - 112.

CONFERÊNCIAS/WORKSHOPS/EVENTOS:

“Generational Dynamics in Migration: Shifting the Gender and Environmental Issues”
– 16th Internation Metropolis Conference, Azores, 12-16 Setembro 2011
“Azorean-California Women: Diversity within a Common Heritage” – 16th Internation
Metropolis Conference, Azores, 12-16 Setembro 2011
“Formação e Trabalho no Feminino: Educação, Actividade e Identidade” – Jornadas
sobre Formação e Trabalho, Deptº de Ciências da Educação, UAç, 18 Junho 2010.
“Contra a Violência Doméstica: 3 Estórias para Jovens” – Esc. Sec. das Laranjeiras,
Ponta Delgada, Dia Internacional contra Violência Doméstica, 25 Nov 2009.
“A Mulher e o Trabalho” – Seminário Empreender Mulher ’09, Cresaçor: Cooperativa
de Solidariedade Social, Ponta Delgada, 21 Out 2009.
“A Mulher Açoriana nas Comunidades” – II Encontro Multiculturalismo Açoriano,
Museu da Emigração e Câmara Municipal da Ribeira Grande, 4-5 Dez 2008.
“O Género na Língua: O Caso do Português e Inglês” – II Congresso Feminista em
Portugal, UMAR, Lisboa, 26-28 Junho 2008.
Organização de Conferência Internacional A Mulher e o Trabalho: Europa, Portugal,
Açores e Comunidades, Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 5-6 Maio 2008.
Coordenação do projecto Nas Asas da Igualdade da UMAR-Açores para 2007, Ano
Europeu para a Igualdade de Oportunidades para Todos, Jan-Dez 2007.
“Gerações em A Mulher nos Açores e nas Comunidades / Women in the Azores and
the Immigrant Communities” – Associação Mulher Migrante, Lisboa, 26-27 Nov 2004.
“A Mulher no Mundo do Trabalho nos Açores e nas Comunidades” – IIº Seminário de
Mulheres Empresárias da Macaronésia, Funchal, Madeira, 27-28 Nov 2003.
“A Colectânea A Mulher nos Açores e nas Comunidades – I Encontro A Vez e Voz da
Mulher Imigrante Portuguesa, University of Toronto, Canada, 19-21 Set 2003.
“O Género na Língua: O Caso do Português e do Inglês” – Comemorações do Dia
Internacional da Mulher, Câmara Municipal de Ponta Delgada, 9 Março 2002.
Organização da I Conferência Internacional A Mulher nos Açores e nas Comunidades:
Educação, Saúde e Assuntos Legais – Universidade dos Açores, 16-18 Julho 2001.
Tradução em simultâneo (Português/Inglês) Workshop Mulheres Vítimas de Violência
e Violação, UMAR e União Europeia – Ponta Delgada, 27-29 Out 1998.
"A Pérola Nemesiana II: Margarida em Mau Tempo no Canal” - Congresso
Internacional de Estudos Nemesianos - Ponta Delgada, 18-21 Fev 1998.
"A Pérola Nemesiana: Margarida em Mau Tempo no Canal” - Encontro Comemorativo
dos 50 Anos da Publicação de Mau Tempo no Canal - Ponta Delgada, 23 Junho 1994.
"On the Road to Tijucopapo: A Feminist Analysis of Marilene Felinto's As Mulheres
de Tijucopapo" - Conferência Anual da AATSP (American Association of Teachers of
Spanish and Portuguese) - New York, NY, 11-13 Dez 1992.
"A Mulher: De Portugal aos Estados Unidos" - III Congresso das Comunidades,
Gabinete de Emigração e Apoio às Comunidades - Ponta Delgada, 28-30 Nov 1991.
Organização de Simpósio Bilingue A Mulher: De Portugal aos Estados Unidos (Vozes
femininas na Lit. Port. Idade Média ao Presente), California, 27-28 Abril 1991.

ENCONTRO MUNDIAL programa

ENCONTRO MUNDIAL DE MULHERES PORTUGUESAS NA DIÁSPORA
Local: Fórum da Maia
24, 25 e 26 de Novembro

5ª Feira, 24
21h00 - Inauguração des Exposições
21h30 - Feministas da Diáspora
Homenagem a Maria Lamas (Maria Benedicta Monteiro) e a Maria Archer (Dina Botelho e Olga Archer Moreira)
Introdução ao debate: "Síntese de Diversas Discussões na Unidade de Acção" (Salvato Trigo)
Moderadora: Nassalete Miranda

6ª Feira,25
09h00 - Inscrição e entrega de documentos

09h30 - Abertura
Entidades oficiais. Convidados a indicar

10.45 Pausa

11h00 - História das migrações portuguesas - A nova emigração feminina
Relação transnacional e mudança
Moderadora: Maria Beatriz Rocha Trindade

13h00 - Pausa

14h30 - História do Movimento Associativo – questões de género e de
geração
Moderadora: Rita Gomes

16h00 - Memória - entre o Passado e o Futuro
Testemunhos
O projecto “Ateliés da Memória”
Moderadora: Ana Paula Beja Horta

17h30 - Pausa

17h45 - Novos domínios de afirmação da Mulher na Diáspora
Cidadania e Cultura
Moderadora: Isabel Pires de Lima

22.00 Tertúlia "As mulheres e a res publica"

Sábado, 26
09h00 - Trabalho e Empreendedorismo – no contexto da integração e do
regresso
Moderadora: Ortelinda Barros

11h00 - Pausa

11h15 - O “Congressismo” e as Políticas de Género na Emigração
Liderança e Participação
Moderadora: Joana Miranda

13h00 - Pausa

14h30 - O tempo e os modos de viver a cidadania - debate e apresentação de conclusões
Relatora: Maria Amélia Paiva
Moderadora: Graça Guedes

16h00 - Pausa

16h30 - Encerramento
Associação Mulher Migrante
Presidente da Câmara da Maia
Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas

sábado, 5 de novembro de 2011

MARIA DO CÉU CAMPOS

Emigrei para a Alemanha em 1975,quando casei,mas nunca desisti de aprender,não na escola,porque não houve tempo para isso.mas para me formar conhecendo culturas,integrando-me e trabalhando em alguns sectores do voluntariado.

Depois de ter feito de tudo um pouco,sou funcionária numa firma do sector automóvel.

No voluntariado:
-Dirigente associativa,durante vinte anos-1985-2005
-Membro do Conselho Pastoral da Missão Católica Portuguesa de Ulm desde 2000,ano em que foi criado o Conselho pela Diocese e ,anteriormente,ajudei sempre o nosso missionário, desde que cheguei em 1975-cinco anos vice-presidente-
-Representante desse Conselho no Conselho de Decanato de Ulm-Ehingen
-Membro do Conselho para questões de integração da Câmara Municipal de Ravensburg desde 1989-mandato até 2014
-Membro do Conselho Municipal para a terceira idadedurante 10 anos,1995-2005
-Membro do forum da cultura de Ravensburg durante 5 anos.
-Membro da direcção do partido Cristão Democrata Alemão-CDU,secção de Ravensburg,1999 até hoje
-Candidata âs eleições autárquicas e distritais,em Ravensburg,em 1999-2004-2009
-Membro do Conselho Consultivo do Consulado-geral de Portugal em Estugarda
-Membro da Comissão orgnizadora das semanas dos estrangeiros desde 1985-da responsabilidade da Câmara
-Agraciada com a medalha se S: Martinho pela Diocese de Rotemburgo-Estugarda em 2002
-Convidada pela sra. Chanceler Angela Merkel para uma recepção na chancelaria em Berlim, Alemanha diz Obrigado,em 1 de Outubro de 2008,onde foram distinguidos 200 emigrantes de todas as nacionalidades,entre eles dois portugueses,eu e um colega de Augsburg.
-Colaborei na organização do projecto para a integração da Câmara Municipal,dando ideias e desenvolvendo experiências.

Penso que é tudo,a imprensa tem feito eco da minha actividade, se desejar posso levar cópias de artigos de jornais alemães da minha cidade.


Um abraço.

Maria do Céu

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

LEONOR XAVIER - painel "Cidadania e Cultura

Novos Domínios de Afirmação da Mulher na Diáspora:

Cidadania e Cultura

Leonor Xavier

Jornalista e escritora



1.


Antes de mais, sinto-me feliz por participar neste painel do Congresso em que muito justamente se reconhece e se refere e se distinguem e se evocam as mulheres portuguesas no mundo, e a sua crescente expressão nos planos da cultura e da cidadania. Nas questões de identidade e de intervenção cívica e política. Na preservação da memória e da língua portuguesa.

No Encontro de Estocolmo, em Março de 2006, entre as conclusões sobre a condição das Mulheres Migrantes se diz que é preciso em Portugal distingui-las, reconhecê-las, apoiá-las. Falar do seu nome e da sua obra. Tomo, assim, por exemplo de militância de cultura e cidadania, os casos de três mulheres cidadãs portuguesas e brasileiras, figuras públicas de obra feita e pensamento singular.

MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES - economista, nasceu em Aveiro em 1930, emigrou para o Brasil em 1954, pediu a nacionalidade brasileira em 1957. Professora emérita, ou jubilada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é colega do Presidente Fernando Henrique Cardoso e líder de uma geração de economistas consagrados, foram seus alunos os dois candidatos à Presidência na última eleição no Brasil, Dilma Roussef e José Serra. Em Abril de 2011, festejou os seus 80 anos com 200 convidados na Casa do Minho no Rio de Janeiro, é torcedora do clube português de futebol, o Vasco da Gama. Dela, disse Dilma: “A Conceição é uma amiga e uma grande professora. É uma guerreira. Devemos agradecer a Portugal por ter-nos presenteado com essa brasileira.” Conceição Tavares, que empolga multidões de estudantes, em entrevista à televisão do Senado em dez de 2010 definia a economia como “o instrumento para melhorar social e politicamente uma nação” e aconselhava os jovens economistas: “Aprendam História, porque o modelo matemático não serve.”

RUTH ESCOBAR - atriz e produtora teatral, nasceu no Porto em 1936 e foi para o Brasil em 1951. Foi uma das figuras mais atuantes da cultura brasileira, polémica, intensa, lutadora, casada três vezes, mãe de cinco filhos. O seu nome está inscrito nos movimentos teatrais de vanguarda, e na coragem de fundar o Teatro Ruth Escobar em 1963, em São Paulo. Celebrizou-se na reação contra a ditadura militar e desafiou os setores mais conservadores da Igreja. Feminista e defensora dos direitos das mulheres, liderou a Comissão das Mulheres em Brasília, e foi duas vezes deputada estadual em São Paulo. Condecorada por Portugal e pelo Brasil, em 1998 recebeu a Legião de Honra do governo francês.

MARIA ADELAIDE AMARAL- jornalista, escritora e dramaturga, nasceu em 1 Julho de 1942 Distrito do Porto. Chegou a São Paulo em 1954, hoje é uma personalidade distinguida na inteligentzia brasileira, Em 1970, começou a trabalhar na Editora Abril Cultural, nos dezasseis anos em que foi jornalista na Abril, viveu momentos intensos, empenhou-se em causas, conheceu e conviveu com figuras memoráveis da sua geração. Autora de ficção televisiva, já nos anos 2000 adaptou Os Maias, de Eça de Queiroz para a televisão e O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago, para o teatro, demonstrando assim o seu directo envolvimento com a cultura portuguesa, que sempre considerou sua matriz de leitura, escrita e formação, no Brasil. Solidária, acredita que a inclusão dos desfavorecidos decorre da arte, da educação e do desporto. Tem sido reconhecida, contemplada e prestigiada pelos mais importantes prémios de Teatro no Brasil. A sua obra literária tem destaque editorial, e as suas autorias de ficção em televisão, são referência para a memória a contemporaneidade brasileira. A sua ligação à cultura portuguesa, activa e actual, manifesta-se pelas relações pessoais, pelos projectos criativos, pela proximidade de afectos e emoções.


2.


Não posso falar de Mulher na Diáspora Portuguesa sem a integração da atualidade num contexto mais amplo. Contexto ou cenário múltiplo, acumulado de exemplos de afirmação, de casos e contos, que exprimem o fio tecido ao longo do tempo, as esperanças, os desencontros e sobressaltos no percurso das mulheres que na diversidade das suas circunstâncias partiram para um mundo diferente, na condição de emigrantes.

Para me situar, procurei os estudos e os números. Não os entendo apenas como dados objetivos, mas vejo-os como retratos de uma família movimentada em acidentes de percurso que é a nossa, a condição dos portugueses, desde sempre itinerantes e divididos entre os que ficam e os que partem para sim ou não regressar. Guardo o pensamento de Agostinho da Silva sobre a missão messiânica de Portugal no mundo, pergunto-me se o seu imaginado reino do Espírito Santo é glorioso destino de sucesso, ou destino de lonjura, desgraça, pobreza.

De acordo com os dados das Nações Unidas, três por cento da população mundial, ou 150 milhões de pessoas, vivem e trabalham fora do país onde nasceram. Neste quadro, Portugal é o segundo país na União Europeia, depois da Irlanda, com maior número de emigrantes, 19 por cento da população residente total. E ainda ocupa o vigésimo segundo lugar no elenco de países com maior emigração no mundo. Portugueses nascidos em Portugal a viver fora são cinco milhões, e contando com luso-descendentes são 15 milhões os cidadãos de matriz portuguesa em todos os continentes, como o demonstra o Atlas das Migrações Internacionais.

Reconstituí, a seguir, a chamada antiga emigração do séx. XIX para o Brasil e os seus vestígios na literatura, retomei a notável coletânea de textos A Emigração na Literatura Portuguesa, organizada por A.M.Pires Cabral para a Secretaria de Estado da Emigração em 1985 (exemplo de serviço público, assim formalmente concretizado).

Continuei pelos anos 50 e 60, revejo os motivos da partida para os países da Europa e das Américas, os Estados Unidos, a Venezuela, o Canadá e , ainda, o Brasil A pobreza, a idade militar para a maioria dos emigrantes que hoje tem filhos nascidos fora de Portugal, e para muitos, a naturalização no novo país. Ou o exílio político para os emigrantes temporários, para os ameaçados ou perseguidos pelo regime, para os desertores que iriam regressar depois do 25 de Abril. Para todos, a oportunidade de trabalho, de negócio, de sobrevivência. A valorização pessoal e profissional. Para as mulheres, o entendimento das diferenças e a inteligência do mundo. O espaço da rua a ampliar o espaço da casa, como o antropólogo Roberto da Matta poderia definir a experiência do público e do privado, nos percursos de vida.

Segui os anos 80 e a rotas alargadas para outros países da Europa unificada, com o entusiasmo dos novos conceitos, das grandes mudanças a acontecer. E os anos 90, com um fluxo de 20 mil partidas anuais, mais do dobro apurado, em média, na década anterior. A Queda do Muro de Berlim e a reformulação do mundo, a propor diversidade de destinos, culturas diferentes. As experiências universitárias, a circulação de quadros qualificados, as itinerâncias dos emigrantes temporários, maiores para os homens do que para as mulheres. Reparei, como exemplo, que nos Estados Unidos havia cerca de 210 mil emigrantes nascidos em Portugal, pouco qualificados, e uma população de origem portuguesa de mais de 1,5 milhão de luso-americanos. No Canadá, mais de 210 mil nascidos em Portugal, e mais de 400 mil luso-canadianos.

Já nos anos 2000, a globalização a encurtar as distâncias e a agilizar as oportunidades. Nos últimos cinco anos, houve uma média de sete mil portugueses naturalizados em França, houve mais de quinze mil por ano a emigrar para Espanha, e na Suiça estabeleceu-se a segunda maior comunidade de estrangeiros, com 200 mil emigrantes portugueses. No mesmo período, foram doze mil a emigrar para o Reino Unido e dez mil para Angola, novos destinos. O Reino Unido, a propor graus universitários superiores, trabalho em comércio e restauração, investimentos em pequenos negócios. Angola, um destino aventuroso, desafiante, prometedor. E até para a Islândia, em 2010, há o registo de 22 portugueses a escolher este país, para mudar de vida. No extremo oposto do mundo, China e Macau, foram a escolha de outros 131.


Vistas as generalidades, de qual mulher se fala, quantas mulheres portuguesas são emigrantes? Calcula-se que nos primeiros anos do séc XX elas fossem cerca de 30 por cento nas comunidades emigrantes em São Paulo. Mulheres destinadas a bordéis ou à procura de casamento, pobres, mães solteiras ou órfãs, ou, em menor número, mulheres bem nascidas, senhoras de casa, praticantes de religião, dedicadas a obras de caridade.

De acordo com a Pordata, Base de Dados de Portugal Contemporâneo, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, entre 1992 e 2003 deixaram o país 6395 mulheres e 20613 homens, como emigrantes permanentes e temporários. No período anterior de 1960 a 1992, não há dados a diferenciar os géneros, o que poderá significar que só há vinte anos se atribui alguma importância à condição das mulheres e ao seu desempenho na expressão da cultura portuguesa no mundo. Na atualidade, vão sendo pingados mais pormenores. Leio, por exemplo, que no Reino Unido 53 por cento dos emigrantes são mulheres pouco qualificadas e que em Espanha são 39 por cento as mulheres, porque há recrutamento maioritário de homens para os escalões mais baixos da construção civil.


Hoje, as mulheres portuguesas deixaram, em absoluto, de corresponder ao modelo da dedicação exclusiva ao casamento, à maternidade, ao serviço e ordenamento da casa. Quando emigram, libertam-se dos parentescos e vizinhanças que tantas vezes ainda nas suas terras de origem as condicionam. Nos países de destino, as menos qualificadas valorizam-se e ganham conhecimentos para melhorar a sua condição no trabalho. Aprendendo auto-estima e concorrência, lutam por funções de chefia, querem alcançar lideranças, anular as desigualdades.

Crescendo na sociedade, descobrem-se a conviver com o diferente, tomam consciência de justos direitos adquiridos, experimentam a partilha de tarefas domésticas. Elas tomam cuidados de saúde, seguem métodos de planeamento familiar, acompanham a adaptação dos filhos aos códigos da sociedade onde passaram a viver.

Em casa, elas falam português. Mantêm os rituais, celebram as datas, transmitem saberes e memória. Frequentam os clubes e as associações portuguesas, alinham em causas cívicas, tomam partido em momentos de campanha eleitoral, a sua opinião é reconhecida.

No seu maior ou menor espaço de ação, estas mulheres são agentes culturais e praticam a cidadania. Seja na realidade do novo país, seja nos espaços reinventados de Portugal, seu país de partida assim recriado. Na emigração portuguesa, há uma prática de cidadania assente na vida das diversas comunidades no mundo. As associações, as casas regionais, os clubes são espaços cultura e cidadania.

A maioria das mulheres que em tempos passados obedeceram aos maridos e mudaram de país para sobreviver, deixaram um destino de pobreza e têm hoje um estatuto de qualificação superior. Vivendo em sociedade, são responsáveis e conscientes quanto à sua condição e identidade, e assim intervêm. Por isso, muitas têm merecido prémios e condecorações, são eleitas para a política local, têm nome reconhecido nas suas comunidades, nas cidades e no país onde vivem e trabalham.

As novas gerações têm formação e curriculum universitário, há mulheres portuguesas de carreira nas ciências humanas, na iniciativa privada, na investigação científica. Às mulheres emigrantes definitivas e aos luso descendentes, acrescentam-se as emigrantes temporárias, peregrinas de vaivém no mundo globalizado. São portuguesas altamente qualificados ou em processos de pós graduação universitária, de estágio ou aperfeiçoamento profissional, atentas às oportunidades do vasto mundo em movimento.

Elas distinguem-se nas ciências, nas artes, no desporto. Conhecem as novas tecnologias de comunicação, frequentam as redes sociais, sabem de tecnologia digital, instrumentos inteligentes de cultura nas sociedades contemporâneas, assim definidos no passado mês de Outubro, no Fórum Cultural reunido em Bruxelas. Estímulos fortes e diferentes levam estas mulheres das novas gerações a intervir em movimentos de cooperação, colaborações na comunicação social, preservação e ensino da língua portuguesa. A mobilidade, o nível de educação, a facilidade e fluência em outras línguas são nelas expressão de cultura e de responsável cidadania.

Ampliada a diáspora em tempos de crise, como revelam os números e as tendências, por ironia assistimos a uma maior afirmação de Portugal no mundo.


4 novembro de 2011




Leonor Xavier


Jornalista e escritora, licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, viveu no Brasil entre 1975 e 1987.

No Rio de Janeiro foi correspondente do Diário de Notícias de Lisboa, colaboradora da revista Manchete e do Jornal do Brasil, redactora no jornal Mundo Português. Por duas vezes recebeu o Prémio de Melhor Jornalista da Comunidade Portuguesa no Rio de Janeiro. Participou em congressos com trabalhos apresentados sobre emigração portuguesa no Brasil. Pela Secretaria de Estado da Emigração, teve publicado o ensaio Contributo para a História dos Portugueses no Brasil (s.d. Coleção 10 de Junho)

Em Lisboa foi nove anos redactora da revista Máxima, escreve no Jornal de Letras, nas revistas Egoísta e Sábado, na Vogue.

É autora das biografias Maria Barroso, Um Olhar Sobre a Vida (1995- Difusão Cultural, Lx), Raul Solnado, a Vida Não Se Perdeu (1991,Difusão Cultural, 2003, Lx e 2009, Oficina do Livro, Lx)), Rui Patrício, A Vida Conta-se Inteira (2010, Temas e Debates, Lx).

Dos romances Ponte Aérea (1983 Nórdica,RJ)), E Só Eram Verdade Os Que Partiram (1988, Difel-Bertrand RJ), editado em Portugal com o título Botafogo(2004, Oficina do Livro, Lx), O Ano da Travessia (1994, Oficina do Livro, Lx) e em co-autoria com cinco escritoras, do romance Treze Gotas ao Deitar (2009- Oficina do Livro) e dos livros de contos Chocolate, Histórias para Ler e Chorar por Mais (2010, Casa das Letras, Lx) e Histórias Picantes (2011, Casa das Letras, Lx).

De artigos nas coletâneas Um Papa entre Dois Séculos (2004, Editora Livros do Brasil, Lx) e Ser Igreja (2007, Ariadne, Lx)

Do livros de entrevistas Entrevistas(1983- ed Autor) e Falar de Viver(1986 Difel-Bertrand RJ).

Dos ensaios Atmosferas (1980- Nórdica. RJ) e Portugal Tempo de Paixão (2000, Círculo de Leitores, Lx).

Do livro de crónicas Colorido a Preto e Branco (2001Oficina do Livro, Lx), colectânea de textos publicados na imprensa, no Brasil e em Portugal.

Da autobiografia Casas Contadas (2009, Asa, Lx), livro distinguido pelo Prémio Máxima de Literatura 2010.

Do livro de viagens Uma Viagem das Arábias (Clube do Autor, 2011, Lx)

Acaba de publicar Doze Mulheres e Um Almoço de Natal (Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2011,Lx), uma narrativa em torno de mulheres e vidas, livros e imaginação, em tempo de crise.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Género e desigualdade no trabalho: situação em Portugal e na União Europeia

João Miguel Aguiar 2
Paula Costa Pereira 3

Introdução

Quando nos debruçamos sobre a relação entre o género e o trabalho percebe-se desde logo que esta não é uma questão meramente ideológica, incorpora, antes de mais, um dado incontornável: a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e no emprego. No entanto, ao abordar esta temática, temos igualmente de accionar uma perspectiva diacrónica na análise deste processo relacional de mudança social, que tem ocorrido, embora com dinâmicas e incidências diversas, um pouco por todo o mundo
ocidental, já que nas sociedades pré industriais não existia uma clara divisão entre
actividades produtivas e actividades domésticas. Sendo assim, com as sociedades industriais desenvolve-se a separação entre trabalho em casa (no contexto doméstico) e o trabalho fora de casa (no contexto do emprego). Inicialmente no sector industrial, durante a 2ª Guerra Mundial, e posteriormente no sector dos serviços, nomeadamente a partir dos anos 60. Isto ocorre fundamentalmente pelas seguintes razões: um progressivo aumento dos níveis de escolaridade das mulheres; profundas alterações no contexto familiar, nomeadamente através de uma redistribuição das tarefas domésticas e um aumento da participação feminina nas tomadas de decisão no seio da família; por uma crescente necessidade de contribuição das mulheres para os orçamentos familiares; e ainda pelo desejo, por parte destas, de realização pessoal e de maior autonomia, não só financeira, mas também no desenho do seu projecto de vida.

1 Trabalho apresentado no âmbito do Encontro Mundial de Mulheres da Diáspora, realizado na Cidade da Maia de 24 a 26 de Novembro de 2011.
2 Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestrando em Ciências da Comunicação (Variante em Comunicação Política) da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Email: 100739028@letras.up.pt,
miguel_aguiar@tvtel.pt.
3 Licenciada em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Mestranda em Economia e Gestão de Recursos Humanos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Email: paulaccpereira@hotmail.com.

1 Desta forma, com o trabalho aqui desenvolvido, procura-se analisar o panorama actual em Portugal e na União Europeia em geral, relativamente à questão da
desigualdade de género no trabalho e no emprego, recorrendo, para tal, à informação
estatística existente.
Assim, este trabalho está organizado em dois eixos principais. No capítulo Género e trabalho apresentam-se algumas das principais teorias que consideramos relevantes para a problemática em estudo. No capítulo dedicado ao Género e desigualdades no trabalho, num primeiro momento, analisa-se a informação estatística existente relativamente à situação em Portugal, articulando, sempre que a propósito, com a situação na União Europeia. Num segundo momento procura-se analisar, a partir de alguns documentos oficiais, as políticas de combate à desigualdade e de conciliação
do trabalho com a vida familiar.

Bibliografia consultada:

AGACINSKI, Sylviane (1999) – Política dos Sexos. Oeiras: Celta Editora. ISBN: 972-
774-036-7.
AMÂNCIO, Lígia (1994) – Masculino e feminino: a construção social da diferença.
Porto: Edições Afrontamento. ISBN: 972-36-0333-0.
CASACA, Sara Falcão (2006) - Flexibilidade, emprego e relações de género: a situação
de Portugal no contexto da União Europeia, in Kovács, I. (Org.) et al., Flexibilidade de Emprego: Riscos e Oportunidades, Lisboa: Celta Editora, pp. 55-89.
CASACA, Sara Falcão (2005) - Flexibilidade, Trabalho e Emprego - Ensaio de
Conceptualização, Working Paper, SOCIUS nº 10/2005, ISEG-UTL.
CASACA, Sara Falcão (2009) - Revisitando as teorias sobre a divisão sexual do
trabalho. Lisboa: Instituto Superior de Economia e Gestão – SOCIUS, nº 4-2009.
CERDEIRA, Maria da Conceição (2009) – A perspectiva de género nas relações
laborais portuguesas. Sociologia, Problemas e Práticas. Nº 60 (Abril 2009), p. 81-103.

2
ISSN: 0873-6529.
GIDDENS, Anthony (2004) – Sociologia. 5ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. ISBN 978-972-31-1075-3.
TORRES, Anália Cardoso (2004) – Vida conjugal e trabalho: uma perspectiva
sociológica, Oeiras: Celta Editora. ISBN: 972-774-206-8.
DECRETO-LEI nº. 7/2009. Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009, p. 926-930.
DIRECTIVA 2006/54/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO (5 de Julho de 2006), L 204/23.
Consulta de documentação e sistemas de informação [Em linha]:
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INE, Instituto Nacional de Estatística [em linha], [consultado em 16-04-2010],
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MTSS – Ministério do Trabalho e da Segurança Social [em linha], [consultado em 18-
04-2010], disponível em: http://www.mtss.gov.pt/.
PETRONGOLO, Barbara (2004) - Gender Segregation in Employment Contracts.
Journal of the European Economic Association, Vol. 2, No. 2/3, Documentos e
Processos do XVIII Congresso Anual da Associação Económica Europeia (Abril - Maio
de 2004), pp. 331-345. [Em Linha], [consultado em 06-04-2010]. Disponível em: The
MIT Press on behalf of European Economic Association Stable http://www.jstor.org/

3 stable/40004908.

domingo, 30 de outubro de 2011

Edmundo Macedo Sobre a Mulher Migrante

A MULHER MIGRANTE

Tal como a própria História - nascente abundante e infindável de ensinamentos -, a Mulher Migrante - considerado o seu ânimo indomável, as suas inesgotáveis potencialidades e as vitórias que já alcançou - representa uma doutrina, um preceito, uma lição.

Dado o estímulo que exsuda da sua peregrinação e atentas as encruzilhadas e agressividade dos caminhos que percorreu, uma análise simplista à trajectória da Mulher Migrante Portuguesa - especialmente aquela a que chamarei activa - teria forçosamente de caracterizá-la hoje como infatigável empreendedora, arrojada conquistadora, um claríssimo exemplo de que poderão extrair-se ilações e até proveito, pois nela - como potencial emigrante - nada é acidental nem extemporâneo.

É do conhecimento geral que o fenómeno migratório português nos Estados Unidos se revelou de carácter masculino na fase histórica inicial.

Mais tarde, conseguida a indispensável habitabilidade, a mulher e os filhos vêm juntar-se ao chefe da família, daí resultando um “encasulamento”, uma fortalecida e fortíssima “cápsula”, pois oferece a todos outra tranquilidade, aos filhos a escola e a tutela paternal e em particular à mulher a opção de manter-se como dona do lar e mãe, ou de projectar-se no mercado de trabalho e assim garantir um segundo ordenado e em consequência maior segurança.

Neste quadro familiar sobressai, obviamente, o triunfalismo da mulher - que como 'o outro bicho-da-seda' veio dar o retoque final ao “casulo”, fechando-o hermeticamente e assegurando-lhe assim a necessária protecção.

A mulher migrante activa portuguesa nos EUA chegou sozinha, veio à aventura, entrou com enorme entusiasmo. São em número prodigioso os caminhos por ela calcorreados. Um dos mais notáveis e que talvez melhor figure como exemplo da sua determinação levam-na no princípio a encontrar trabalho humilde, a educar-se e a atingir posições de destaque no ambiente americano, inclusivamente trabalhos compensadores na burocracia, no ensino primário, secundário e até universitário.

Por outro lado, a mulher migrante a que chamarei passiva - de certo modo já anteriormente referida - chegou acompanhada do marido e nas situações mais comuns limitou-se em boa parte a formar um lar e uma família. Mostrou-se mais doméstica e conservadora do que o marido, impondo rígida conduta às filhas. Arreigada aos padrões e costumes tradicionais, raramente revelou interesse em familiarizar-se com a cultura estrangeira circundante. A sua importância no governo e estabilização da casa não poderá pôr-se em dúvida.


Num quadro urdido com atenção ao pormenor haveria de constar que de um modo geral as mulheres portuguesas nos Estados Unidos só esporadicamente se interessam por actividades cívicas ou políticas, enquanto a nível comunitário é visível o seu crescente interesse pela gestão das sociedades fraternais, quer portuguesas, quer luso-americanas. Trata-se de uma apetência que ganha e solidifica raízes e que a nível das sociedades fraternais coloca também a mulher a par do homem em situações de pura gerência e administração.

Por outro lado, em zonas mais prósperas das grandes metrópoles como, por exemplo, a imensa Los Angeles, houveram casais que se fixaram no trabalho doméstico auferindo apreciáveis condições de vida: salário, a importantíssima protecção à saúde, tecto e alimentos.
A este respeito - por parecer-me vir a propósito - cito o caso de um filho de um casal português ao serviço doméstico de senhora abastada - a mulher, a cozinheira-governanta, o marido, o motorista-mordomo - que usufruíu a sua formatura em Direito nos EUA a expensas da generosa patroa dos pais. Aqui, a mulher "cozinheira-governanta" volta a assumir posição da maior importância e do maior relevo.

Numa síntese ao percurso e aos motivos que levaram a mulher a emigrar seria imperioso considerar, entre outros, os tópicos e seguintes considerações:


RAZÕES PARA EMIGRAR

Indubitavelmente, a determinante é o sonho da melhoria económica. A emigrante portuguesa - em grande número chegada aos Estados Unidos de pequenos agregados populacionais dos Açores, Madeira e Norte de Portugal Continental - provém com frequência de ambientes de modesta auto-suficiência e o incentivo para sair é em muitos casos o seu denodo e noutros casos o exemplo do sucesso conseguido por familiares e conterrâneos.


PRIMEIRAS IMPRESSÕES NO PAÍS DE ACOLHIMENTO

Em regra predomina certa estranheza - senão mesmo rejeição - pelo novo estilo de vida, que por outro lado vai abrandando devido à inevitável crescente integração. Mais tarde, se a integração se realizar - que é facto frequente -, surge a preferência pelo estilo de vida do país de acolhimento, não sendo raro o gosto "empolado", ou a absoluta preferência pelo modelo local em prejuízo do antigo "modus vivendi" - que então é dado como antiquado e finalmente posto de parte.

Tratando-se exclusivamente dos Estados Unidos, subsiste à chegada uma admiração excessiva, quase até “assombro” perante o mundo tecnológico maravilhoso que subitamente "desabrochou", que emergiu como que no meio de um sonho, que surgiu repentinamente como uma miragem.


DIFICULDADES NA ADAPTAÇÃO

O mais intenso escolho e o que requer maior entusiasmo, afinco e trabalho é o domínio do novo idioma, que em muitos casos acaba por concretizar-se em prazo e de forma muito aceitáveis.

Fortemente traumática é a transição da lida doméstica ou do sector agrícola para o fabril, ou ainda quando tal transição se efectuou de um meio rural para um ambiente urbano, pois saltou-se do vazio e despovoado para um mundo ultra-competitivo, compacto, dimensionalmente gigantesco, muitas vezes atemorizante.



O NOVO TRABALHO

Nos casos de escolaridade mais avançada trazida de Portugal ou adquirida nos Estados Unidos, tornou-se comum o acesso ao sector comercial, burocrático ou educativo. Mantém-se, porém, mais frequente a entrada no sector industrial, especialmente têxtil, na Costa Leste, ou conserveiro na Califórnia.



FICAR OU REGRESSAR

Não é raro o desejo inicial de um regresso após alguns anos e a acumulação de certa riqueza. Tal desejo, porém, esgota-se após razoável aculturação.

São conhecidos casos de retorno ao país de acolhimento ante a constatação de um país natal fundamentalmente diferente do da época da partida: "Voltei e ao chegar à rua onde vivi, pareceu-me mais estreita, dando-me a ideia de que tudo havia encolhido!”

De um modo geral, a fixação definitiva no país de acolhimento tem sido norma.


A ambição de “descobrir” a América e particularmente a de “conquistar” Hollywood tem fomentado algumas situações de resultados felizes - que conheci de perto -, que têm fertilizado a esperança e ajudado a contrabalançar o pesadelo do revés emigratório.

Não duvido, porém, de que na fibra e no âmago da Mulher Migrante Portuguesa existe uma simbiose de metais tão preciosos como a valia e a audácia.

Que desde logo a recomendam para que concretize com êxito o gigantesco acto de emigrar.


Los Angeles, 1 de Setembro de 2011
Edmundo Macedo

A admirável Mary Giglitto

Conheci a Mary Giglitto em 1980, ao iniciar o convívio com um Portugal bem maior do que o imaginava - o da "diáspora". Na primeira das "viagens de descoberta" desse novo mundo, que me levou ao diálogo com as nossas comunidades da América do Norte, ninguém me impressionou tanto como ela. Na Califórnia fiz, logo, grandes e ilustres amigos, que ficariam para o resto da vida, mas, de facto, de entre eles, de entre os muitos Homens e as muito poucas Senhoras, que, então, influenciavam poderosamente a vida das comunidades portuguesas, Mary foi a que se tornou o mais formidável paradigma da "arte de viver Portugal" na lonjura do território. Ela ensinou-me, de uma forma muito concreta e evidente, que os portugueses de 2ª ou 3ª geração podem ser tão ou mais patriotas do que nós, os nascidos e criados dentro das fronteiras, e que sabem continuar, porventura melhor, e mais eficazmente, a história antiga, dando-lhe visibilidade, força actual e futuro.
Bem o exemplificava já o Festival Cabrilho de San Diego! Se o navegador Cabrilho aí conservava, indiscutível, a sua nacionalidade portuguesa e se as faustosas comemorações do feito da descoberta da Califórnia mantinham a dominante da sua terra de origem, era porque Mary, a líder, alma de toda a organização, não consentia, em nome de uma dinâmica comunidade, que outros se adiantassem e se apossassem da herança nossa...
História, cultura, comunidades portuguesas encontraram nela uma defensora, que não hesitava perante nada e sabia ganhar todas as batalhas, com as armas que cada ocasião reclamasse: diplomacia ou irreverência, confronto ou consenso... sempre com os argumentos da sua inteligência, sentido de humor, irradiante simpatia e capacidade de comunicação e, também, infinita energia e coragem. Uma Mulher pronta a avançar, rápida e fulgurantemente, em qualquer "missão impossível" - e a vencê-la.
Portugal foi a sua causa maior e não poderá esquecê-la. Mary Giglitto merece ser considerada como verdadeiro rosto feminino da nossa Diáspora!

Maria Manuela Aguiar

Lenbrando o "Dia da Comunidade luso-brasileira" em Espinho

22 de Abril de 2011.
Data que no Brasil será lembrada muito mais do que em Portugal, apesar de ter, e dever ter, o mesmo significado para os dois Povos e os dois Estados.
É o dia simbólico do primeiro encontro dos portugueses da expedição de Cabral com a terra e as gentes de um país futuro, destinado a ser o maior da Lusofonia e maior do que nunca no século XXI. Uma cultura, uma economia e uma política liderantes no presente - e cada vez mais, no seu trajecto ascendente de potência mundial. Uma Mulher na presidência - outro sinal de que o futuro é já presente!
Dilma Roussef esteve entre nós e disse, numa entrevista dada na véspera da chegada, uma frase inteligente e lúcida sobre as relações luso brasileiras: "Acho que Portugal não é Europa. Portugal é Portugal".
Admirável forma de nos distinguir, de nos reconhecer em toda a singularidade de laços que nos une. Tomara que cada um dos nossos políticos saiba dar a "reciprocidade" a esta constatação feliz, declarando: "Acho que o Brasil não é América Latina. O Brasil é o Brasil"
Há uma geografia dos afectos que passa à frente da pura geografia! À qual é necessário dar espaço em actos de natureza muito concreta. Parece-me que o Brasil, nos tempos recentes, o tem feito mais e melhor do que Portugal. Por exemplo, na forma como acolheu os nossos refugiados de África, no período da descolonização. Ou como consagrou na Constituição de 1988, o estatuto de igualdade de direitos políticos entre Portugueses e Brasileiros, oferecendo-lhes todos os direitos da nacionalidade, como se naturalizados fossem, sem necessidade de o serem. E porquê? Porque, como afirma a Presidenta Dilma, "Portugal é Portugal"! Os políticos que temos, levaram 13 longos anos a dar, na Constituição Portuguesa, a reciprocidade a este Estatuto de Igualdade, em que se funda juridicamente uma preexistente comunidade de culturas e sentimentos.
Neste 22 de Abril, o meu desejo é que a vivência das leis fraternas, que nos regem, se aprofunde e se alargue, em novas vagas migratórias, em um e outro país, para que sejam crescentemente, como já vão sendo, forças de união, progresso e aproximação dos Estados.

Maria Manuela Aguiar

Parabéns, dona Benvinda Maria!

O “Portugal em Foco” está em festa! E bem merece, neste aniversário especial, que é uma verdadeira etapa de vida, as palavras mais elogiosas, porque continua sendo um meio insubstituível de informação e de conhecimento sobre a comunidade lusa brasileira em toda a sua dinâmica, em toda a sua capacidade de se afirmar e fazer futuro.
Nas suas páginas marcam presença os mais participativos e influentes dos cidadãos e das cidadãs, os dirigentes das maiores instituições, os animadores das grandes realizações populares. E por isso, o Portugal em Foco é a memória de um tempo, que fica para sempre captado nas suas reportagens, crónicas e artigos - é um verdadeiro testemunho que servirá, também, os vindouros, quando quiserem fazer a história da emigração portuguesa de uma época e a do trajecto dos indivíduos e das colectividades, que formam verdadeiras comunidades em sentido social e cultural no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.
E o próprio jornal, na medida em que reflecte o pensamento e a acção dos seus criadores, Dona Benvinda Maria e Comendador Marques Mendes, a sua vontade e capacidade de serem pilares da expansão da comunidade luso brasileira, se tornou uma autêntica “instituição”! Quantas aventuras inéditas, ousadas e bem sucedidas nascerem da sua "alma", da sua iniciativa concreta! Aventuras que se destinaram, sobretudo, aos jovens, como as fantásticas e visitas anuais a Portugal do Rancho Português do Rio de Janeiro, que trouxeram milhares de meninos e meninas luso-brasileiros à procura e ao encontro das suas origens portuguesas. Ou os campeonatos desportivos, ou a celebração do dia do emigrante… Exemplos, entre tantos outros, de um contributo, constante, poderoso e inteligente para a preservação do nosso património humano no Brasil.
Muitos parabéns e muito futuro, em novos projectos, são os menus votos sinceros, com um abraço de grande admiração por todos os colaboradores do “Portugal em Foco”, e, muito em particular, pela Dona Benvinda Maria, grande Mulher Portuguesa, irrepetível e inimitável, e, sem dúvida, uma fonte de inspiração e uma referência para as novas gerações.

Maria Manuela Aguiar

CONSTÂNCIA NÉRY - uma artista brasileira em Portugal

À Directoria e Equipe de Trabalho do Museu Municipal de Espinho

Dra. Nassalete Miranda (obrigada pela sua indicação do meu nome)

Maria Vasconcelos e Pedro Abrantes,
pessoas ótimas, com as quais estivemos em contato constante durante quase três meses.

Peço desculpas pela forma de tratamento, mas é este um e-mail vestido de emoção, de alegria e de agradecimento, que pretende dispensar tratamentos formais, embora eu goste muito de protocolos pois, com protocolos estabelecidos sempre incorremos menos em erros.

Parabens !!!! Parabéns à Directoria do Museu, Comissária, Departamento de Cultura de Espinho. Parabéns à Equipe de Trabalho que não deu descanso aos artistas e ao mesmo tempo apoio irrestrito.
Parabéns pela beleza do espaço, pela adequação arquitetônica, pelo cuidado com a luz e com a ventilação para conveniente proteção às obras. Montagem, Curadoria, Trânsito, Coquetel, tudo muito bem cuidado, levando-nos a perceber, a reconhecer que muito esforço e muita energia foram colocados. Se houve falhas, enganos, erros, ficaram muito bem guardados, escondidos do espectador. NASCEU BEM o Museu Municipal de Espinho e a 1ª Bienal de Mulheres d'Art. Gostaria de ter gravado os inúmeros comentários positivos a uma exposição que, em tão pouco tempo utilizado, apresentou resultados que
geralmente exigem muito mais tempo de execução.
Sinto-me muito honrada por ser uma das artistas-expositoras. Bem que eu podia ter feito muito mais e muito melhor, tanto para ajudar o Grupo de Trabalho quanto no meu próprio trabalho.
Deixo registado o meu agradecimento por ver minha obra inserida no livro tão cuidadosamente impresso.
Ao chegar para a inauguração da Exposição, num misto de intensa alegria e surpresa, deparei com a minha obra "Energia" impressa na contra-capa do catálogo, um presente que talvez eu tenha que muito ainda trabalhar para o merecer.

Sinceramente, Constância Nèry

Mulheres d' Artes

O propósito de uma exposição aberta unicamente a “Mulheres d’Artes” não é o de excluir, segundo o sexo - é, pelo contrário, o de procurar caminhos de compreensão e valorização mútua. O masculino vem, desde sempre, sendo padronizado - é o "paradigma", enquanto o feminino é visto como a alteridade. Todos os movimentos e práticas que contribuam para o reconhecer vão no sentido de um verdadeiro encontro de metades (ainda, em muitas domínios, a que o artístico, porventura, em alguns casos, não escapará), separadas, e, consequentemente, no sentido da expansão e universalização da nossa vida cultural.
Esta iniciativa poderá, assim, incitar à reflexão sobre condicionantes e estereótipos “sexistas”, sobre a relação entre “género” e formas de expressão da criatividade e do talento, sobre os modos de asserção do feminino” nesta área, mas nem por isso deixa de ser, antes do mais, um tempo para o convívio e para a revelação da excelência de tantas obras de arte que valem e se impõem por si próprias, sem olhar a quem, a nomes e a títulos.
O Museu Municipal de Espinho orgulha-se de acolher esta mostra inédita nas suas galerias, transfiguradas pela beleza e diversidade da Arte feita de muitas artes e artistas.
O meu “obrigada” às participantes, que vieram de norte a sul do País, e às autoras da ideia, surgida numa conversa a que assisti entre pintoras do Porto e Nassalete Miranda, uma conversa ocasional e breve, que espero venha, através das bienais, a converter-se num projecto com longo futuro.
Maria Manuela Aguiar

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Homenagem a Mary Giglitto no Festival Cabrilho. As palavras de Edmundo Macedo, que todos partilhamos

Good evening,


My unforgettable friend Mary Rosa Giglitto built an outstanding pyramid consisting of laborious activity, amazing imagination, indomitable courage, sense of humility and unmatched class.

I do not expect the value of Mary's contribution to society to dissipate like smoke into the clouds, but to live among us and future generations as a precious example of what people can do when people are guided by a clear conscience, by tolerance and fairness.
In her quest for greatness, Mary succeeded.
Plain and simple, "Our Mary" was bigger than life!

Thank you.

Edmundo Macedo

(At Cabrillo Festival Banquet, SES San Diego - Saturday, October 1, 2011)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

De Edmundo Macedo, há muito tempo na Califórnia...


DO MAR, HÁ MUITO TEMPO ...


Deixei-te a chorar por ti...
A última vez que te vi, cerraras já o teu véu.
Olhei-te do lisbonense estuário,

ondas brancas, então pequenas, embora o mar a crescer,
a marulhar,
a encarneirar,
a zangar-se

e a toldar-me mais a vista.
Estavas cinzenta, fechada, no teu altar escondida,
envolta em névoa, majestosa, eras jóia aferrolhada.
Cada dia que passei fora de ti, dia perdido.

Promontório da Lua, nada vale como tu!
Acordas fresca e sorris,
algo em ti é de beleza irreplicável,
no mundo,
de ponta a ponta ...

a açucena e a mimosa, o malmequer e a camélia a perfumar-te...
... e o aroma dos pitósporos em flor nas cálidas noites de Agosto?!
Injusto é morrer sem dormir uma noite em ti!
Pelo menos uma noite!
Uma cálida noite de Agosto e o aroma dos teus pitósporos pelas frestas da janela ...

para se voltar a viver ...

Chega o crepúsculo e logo mostras teu divino seio,
corre o Sol a reluzir-te,
ficas na Terra rainha.
És dona dos verdes todos, do tapete inigualável,
és delicada, viçosa,
és intocável e pura,
és virgem e soberana.
Do Tejo não vi o teu rosto,
estavas de costas voltadas, remota, inatingível,
fiquei triste,
fiquei só...
Hora da despedida,
rolos e rolos de fitinhas,
fitinhas de muitas cores,
fitinhas de todas as cores,
arco-íris de fitinhas,
roxo
anilado
azul
verde
amarelo
alaranjado
vermelho,
a cair do navio para a doca,
a colorir o navio,
... a adoçicar a mágoa?
ainda que lá estivesse esperança ...

a esperança de quem parte,
a esperança de quem sai,

de quem teve de sair,
de sair ...
atormentado,

de quem parte à aventura,
de quem sai desafiando,
arrostando,
temerariamente,
o perigo,
iminente,
a espreitar atrás do sonho ...

vozearia,
gente,
muita gente no cais,
braços,
centenas de braços ... no ar ... gesticulando,
afirmando o mesmo adeus de todas as despedidas,
lábios, centenas de lábios,
promessa de beijos.
Centenas de lábios chorando beijos,
atirando beijos
do cais para o navio, do navio para o cais,
centenas de beijos,
dizendo amor
e dor,
e eu triste e só,
e o navio ...
a quilha a sulcar o infindo oceano ...
e eu triste e só,
mas tu meu formoso berço,
minha namorada amantíssima,
minha Sintra sem igual,
lembras-te? - foste o deleite de Byron e a Cynthia dos Romanos,

numa exaltação,
suave,
doce de mel,
que foi bálsamo,
trouxe a vida,
chegaste, estuante, ao meu lado,
olhaste, terna, o teu filho,
ergueste a fronte,
abalaste...
Edmundo Macedo
Los Angeles
Abril 1995
e
Abril 2010

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ENTREVISTA sobre o seminário de Toronto ( 2010)

- A Associação Mulher Migrante tem tido um papel importante na abordagem das questões do género e do fenómeno das migrações. Em termos práticos como avalia o papel da mesma?
Para quem não conhece a “Associação Mulher Migrante” diria duas palavras sobre a sua instituição, em 1994 : com ela se pretendia dar continuidade ao primeiro Encontro Mundial de Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo, que se realizou em Junho de 1985, pela mão do governo português, cumprindo uma recomendação de Maria Alice Ribeiro, feita através do Conselho das Comunidades em finais de 84 (Maria Alice Ribeiro, a inesquecível jornalista de Toronto e Conselheira das Comunidades!).
Uma das propostas do Encontro (que foi, graças a qualidade e ao entusiasmo dessas mulheres de elite que nele participaram, um sucesso, para alem de ser um evento pioneiro a nível nacional e europeu), pretendia que fosse criada uma organização transnacional capaz de continuar o trabalho encetado de motivar crescentemente as mulheres para a vida comunitária, promovendo reuniões e congressos periódicos.
Eis o que se propunha fazer a Associação, considerando-se herdeira desse projecto e agregando um núcleo de mulheres e homens interessados na problemática das migrações femininas - tanto nos aspectos teórico, de estudo, de conhecimento da realidade, tal como nos aspectos práticos, de acção concreta.
Fazendo um breve balanço destes 16 anos de vida, eu diria que a Associação, enquanto rede de organizações internacionais, tem tido dificuldade de expansão, e de assegurar um funcionamento regular a esse nível, continuando aquém do que desejaríamos que fosse.
Pelo contrário, dentro do país excedeu as expectativas, tornando-se um verdadeiro parceiro dos departamentos governamentais para a igualdade e para a Emigracao, ao longo destes anos, de uma forma constante e eficaz. Tem contribuído, assim, decisivamente, para a emergência de uma componente de género nas politicas de emigração, que, antes e depois do 25 de Abril, quase não existia ( a menos que, antes de 74, se considerasse como tal as proibições ou limitações acrescidas que as mulheres sentiam para sair do pais...).
Foi sobretudo através do que alguns chamam “congressismo” – dialogo e reflexão em congressos, seminarios, colóquios, reuniões conjuntas entre ONG’s e governo – que se avançou neste domínio, desde o grande encontro de 85.
A Mulher Migrante foi organizadora do segundo Encontro Mundial de Mulheres Migrantes em 95, responsável por muitas iniciativas num circulo mais restrito de especialistas no pais e no estrangeiro, e, mais recentemente, pelos “Encontros para a Cidadania”, que, entre 2005-2009, se levaram a efeito em quatro continentes do mundo para apelar a intervenção cívica e política das mulheres, contando com o patrocínio e a presença de membros do Governo - os Secretários de Estado Jorge Lacão e António Braga.


2- Sabemos que se deve a mulher imigrante o transporte de muitas das tradições e tem sido elas a base invisível do sucesso de muitas das empresas que em diversos ramos da economia estabeleceram o nome de Portugal no estrangeiro: da restauração, limpeza, importação de produtos ligados a gastronomia tradicional, agências de viagens, instituições culturais, imobiliária, creches privadas entre muitos outros. Todavia este poder não tem equivalência em termos de visibilidade ou de poder de decisão. Porque do seu ponto de vista?


Concordo em absoluto com as afirmações sobre a importância do papel das mulheres na vida das comunidades do estrangeiro. Sem elas nem sequer haveria verdadeiras comunidades de língua e cultura portuguesa, pois foi decisiva a entrada das família inteiras nos clubes, mulheres, jovens, para alem dos homens que tradicionalmente os encabeçam, para lhes dar a sua vertente cultural – o ensino da língua, a musica, a dança, o teatro, as festas tradicionais, a gastronomia.
Mas as mulheres, no passado, (no presente as coisas estão a deixar de ser assim...) reproduziam nestes espaços colectivos, o seu papel tradicional no interior da família, aceitando um lugar apagado, ainda que relevante, o que as tornava praticamente invisíveis.
Só se pode sair desta situação por determinação das próprias mulheres e de todos os que compreendem que esse apagamento das suas potencialidades não aproveita a ninguém. As comunidades precisam, cada vez mais, da activa intervenção, do entusiasmo de mulheres, das jovens. Há que lhes dar autoconfiança e orgulho de serem o rosto feminino da comunidade, em instituições mais fortes e equilibradas, do ponto de vista de género e de geração. Em alguns pontos do mundo a sobrevivência das comunidades já depende dessa sua atitude inovadora!

3 O debate da mulher imigrante nos Órgãos de Comunicação Social tarda. Os problemas são inúmeros. Este e sem duvida um encontro de toda a utilidade. O que espera ele possa trazer para melhorar a situação da mulher repórter na diáspora?

– Sim, tarda e, por achar que sim e que resolvemos apresentar ao SECP Antonio Braga este projecto de organizar em colaboração com os consulados de Portugal de cada área, com meios de comunicação e associações das comunidades e com universidades locais, seminários sobre “a acção e representação das mulheres nos media e nos multimedia”.
Com estas iniciativas, queremos, antes de mais, chamar a atenção para o desfasamento entre as contribuições da mulher para a comunidade e para o pais e a sua imagem nos media, quer nacionais, quer também, em gradações diferentes, nos das comunidades da diáspora. Dizia Elina Guimarães que a mulher estava ausente da história porque a sua parte nela não era contada. O mesmo se pode, em certa medida dizer da história do quotidiano, que se regista nos media: lemos as noticias do jornal, assistimos ao telejornal e não ficamos a conhecer o que faz a metade feminina nas artes, na politica, no desporto, na universidade... A proporção de noticias, de reportagens de fotografias sobre os feitos de homens e mulheres e espantosamente desequilibrada, indo alem do próprio desequilíbrio que persiste em certos domínios da vida societal e politica, em desfavor do sexo feminino.
Acho que este fenómeno se pode combater de varias formas, começando por estudos sobre o conteúdo e a iconografia dos media e a sua divulgação e discussão pública – uma legitima e elegante forma de pressão. E, bem assim, por acções concretas, por uma exigência maior das próprias mulheres em ganharem o seu espaço, escrevendo artigos de opinião, utilizando os novos meios tecnológicos - mais acessíveis a todos - lançando campanhas na Net, em blogues, contando as suas experiencias de vida, fazendo carreira nos media, pela qualidade da formação e pela vontade de intervir. Fazer pedagogia, estimular a leitura dos media, com uma maior sensibilidade para os estereotipo sexistas, para a ausência de atenção aos problemas e as realizações das mulheres, na sociedade de hoje. Das mulheres em geral e das mulheres migrantes em particular (eu acrescentaria, no que respeita aos media nacionais, de mulheres e de homens migrantes, porque a nossa emigração e diáspora anda muito esquecida da opinião pública ...).



4 - Falta de formação profissional contínua, a inexistência de uma ligação laboral/sindical que garanta justiça salarial e contratual, acesso aos lugares de decisão nas redacções, um sistema de apoio, informação e uma regulamentação que reconheça o seu trabalho a par dos colegas portugueses para fins de segurança social é algumas das questões levantadas por muitas jornalistas nas comunidades.
Que reposta pode ser dada por parte das entidades portuguesas?

- A resposta a essa questões justas e pertinentes, em termos de medidas concretas, não esta ao alcance de uma ONG com a Mulher Migrante, mas cabe perfeitamente no âmbito dos nossos objectivos de estudo e de proposta de soluções, nomeadamente após debates públicos, em colóquios ou reuniões de trabalho, metodologia que, como referi, temos privilegiado.
Assim, num próximo seminário poderíamos dedicar-lhe um espaço adequado. Se houver interesse na nossa colaboração para o fazermos em Toronto ou em Lisboa, em Espinho, num futuro próximo, desde já manifesto toda a disponibilidade.
Deveríamos chamar a essas reuniões as autoridades competentes e ouvir da sua boca a reacção – positiva, esperemos, embora nem tudo possa, eventualmente, ser resolvido do mesmo passo... Pela minha parte, entendo que, como regra geral, devemos olhar solidariamente os portugueses do estrangeiro, como nacionais com os mesmos direitos face ao Estado. No domínio do jornalismo há que saber encontrar a formula concreta para aplicar o principio geral. Em diálogo, naturalmente!


5 - Sem dúvida que a entrada da mulher na tomada de poder nos OCS tem trazido consigo mais justiça e uma imagem mais real dos assuntos abordar pelos media. O que acha pode ser feito junto dos empresários e direcções redactoriais para que haja mais pluralidade e justiça nas redacções comunitárias? Sem dúvida que a entrada da mulher na tomada de poder nos OCS tem trazido consigo mais justiça e uma imagem mais real dos assuntos abordar pelos media. O que acha pode ser feito junto dos empresários e direcções redactoriais para que haja mais pluralidade e justiça nas redacções comunitárias.
Como em todas as profissões e domínios da vida social uma intervenção maior das mulheres, enquanto metade da humanidade tradicionalmente discriminada, assim com a intervenção de grupos minoritários, de estrangeiros representa um enorme enriquecimento, para alem de ser um acto de justiça.
Em Portugal, como e sabido, as jovens são, por puro mérito das classificações, hoje, uma maioria nas universidades e começam a ser maioritárias em muitas profissões que lhes estavam vedadas pela lei, como a magistratura ou a diplomacia, ou pelos usos, como o jornalismo. Mas a sua presença, em massa, nos media portugueses, hoje em dia, contribuindo para a qualidade do jornalismo que temos, com já contribui, não significa por si só uma mudança na forma de representar as mulheres nos media. Para isso seria necessário que elas estivessem conscientes do problema existente (nem todas estarão...) e que tivessem acesso aos centros de decisão, de forma igualitária. Estamos longe disso... Uma razão mais para não parar o trabalho, que, na medida das nossas modestas possibilidades, estamos determinadas a continuar: porque não, por exemplo, novas acções de sensibilização desses aliados preciosos que são os directores e empresários dos media.
5 - A terminar questões da língua.
As questões salariais e laborais não atraiam jovens para os OCS. A par disso há o problema da língua Portuguesa. Muitos dos que escrevem para os jornais em português, por questões de idade e outras, acabarão por abandonar o que para muitos não passa de hobbies. Como chamar jovens profissionais interessados/as pela profissão ou pela língua para garantir o futuro da nossa média.
– Na agenda da Mulher Migrante para a promoção da participação feminina, os media tem um lugar central, a par do associativismo, porque são os pilares em que se fundam as comunidades, os meios através dos quais se afirmam e se dão a conhecer. Por isso e tão importante que as portuguesas neles estejam presentes e deles se sirvam para potenciar meios de valorização e de transmissão da língua, dos projectos, das aspirações. Estamos conscientes da importância de lutar pela fala, através dos media, de a engrandecer literariamente e como veiculo de formação e informação. Acho que seria viávell por em pratica um sistema de intercâmbios com estudantes dos cursos de jornalismo existentes nas universidades portuguesas, ou dar bolsas de estudo para sua frequência, ou facilitar, em larga escala, estágios nos meios de comunicação “de referencia”. Independentemente do problema do estatuto salarial e laboral, sem negar a sua importância num jornalismo de qualidade, que possa atrair os melhores (o que tem muito a ver com outra questão impossível de abordar em poucas palavras - a capacidade empresarial dos meios de comunicação e a receptividade e apoios que encontram nos meios associativos e empresariais de cada comunidade), creio que também e preciso motivar os jovens para a aprendizagem do português e para a admirável “aventura” de fazer com esse belo idioma, ainda que sem as condições materiais mais aliciantes, jornalismo de causas, de ” intervenção” – intervenção em prol da cultura, da democracia, da igualdade, das tradições portuguesas, e também da historia, que o grande jornalismo pode e deve traçar em cada época, em cada comunidade. Eu sei que há nas nossas comunidades profissionais tão bons ou melhores do que os melhores que permanecem no País. Preciso é que os jovens, de ambos os sexos, sejam apoiados, nas suas comunidades, nomeadamente através de programas governamentais, como os que referi, e outros, para que aceitem o grande desafio do jornalismo em língua portuguesa.