quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O outro Portugal os outros portugueses

Falar de comunidades portuguesas tornou-se, entre nós, uma outra maneira de dizer emigração, num mero sentido estatístico - a comunidade portuguesa de França ronda um milhão de portugueses, a do Canadá meio milhão, etc. etc.. Assim se vão somando milhões, por alto, porque ninguém sabe, com inteiro rigor, quantos deixaram o país. Os cerca de cinco milhões dos registos oficiais ficam, certamente, aquém da realidade e poucos são os responsáveis políticos que resistem à tentação de subvalorizar o êxodo, quando este ultrapassa o limite do razoável. Neste aspeto, o atual Secretário de Estado é uma exceção, pois não hesita em apontar para 120.000 novos emigrantes, ano após ano, desde o início da "Crise" (com letra grande…).
Todavia, para a avaliação do fenómeno migratório na sua inteira dimensão, mais importante do que as cifras, é a perceção de um universo cultural em expansão, através de segundas e terceiras gerações. O mais importante é, pois, tomar consciência das infinitas possibilidades de alargar este universo, pelo reforço das ligações a Portugal de novos portugueses, que não saem do país por uma fronteira geográfica, mas entram nas nossas comunidades pela via sua ascendência assumida afetivamente. As famílias, as associações têm tido, neste domínio, o papel essencial, como se constata no paradigma da emigração mais antiga: a da Califórnia, onde, há décadas cessaram significativos surtos migratórios, mas onde mais de um milhão de cidadãos se reconhecem como portugueses ou de origem portuguesa; a do Brasil, em tudo singular, desafiando qualquer tentativa de contabilização, antes de mais, porque muitos dos recém chegados não se registavam nos consulados e, por isso, nas nossas estatísticas nunca existiram….Emigração antiga, imersa numa nação que partilha uma mesma língua e em cuja sociedade se move com à vontade, torna praticamente impossível determinar onde se quebra a cadeia geracional. Podemos contar milhões… Todavia, a superfície bem visível desse "iceberg" lusitano é formada, por aqueles que se integram na vida das instituições portuguesas.
Razão bastante para reafirmarmos que a incerteza dos números não é preocupante quando pensamos a presença no mundo, porque esta se deve muito mais a factores qualitativos do que os quantitativos.As comunidades” (não “a comunidade portuguesa”, quadro estatístico, massa anónima, mas as comunidades muito concretas) existem, como a expressão dessa mais valia qualitativa, que é a organização, a rede de instituições culturais e sociais, que criam e animam um verdadeiro espaço português extra territorial. O que possamos ter lido e ouvido de terceiros não nos prepara nunca, para o encontro com este outro Portugal, mais emotivo e mais consciente de si, que é, nas palavras do Prof Adriano Moreira, a "Nação dos afetos". Tudo se deve não às correntes migratórias – em si mesmas, agentes de dispersão – mas sim a um poderoso movimento associativo, que se converteu em força de agregação..
Se a existência deste imenso património tivesse dependido do mais pequeno gesto do Estado Português, nem uma só dessas estruturas, algumas monumentais, teria conseguido erguer-se. Bem poderemos parafrasear o Presidente Kennedy, usando o tempo pretérito: “não perguntem o que o País fez por eles, perguntem o que eles fizeram pelo País”.
 
2 - A obra está por todo o lado, como os próprios portugueses. Deve – se, em grande parte, à reconversão de um tradicional êxodo de homens sós em emigração familiar, com a sua metade feminina – ainda pouco visível na direção das maiores instituições, mas determinante no que respeita tanto à integração na sociedade estrangeira, como à corporização das comunidades, neste sentido orgânico, em que as consideramos. Essas instituições foram sempre encontrando lideranças à altura das expetativas, contudo, de há alguns anos a esta parte, vem-se questionando, o seu futuro, pelo envelhecimento dos seus dirigentes, num quadro de “fim dos tempos" da emigração – fim esse muito propagandeado pelos nossos políticos desde à adesão à CEE , como símbolo de desenvolvimento. A pobreza,  profetizavam, era coisa do passado...
Ora a pobreza está, agora, de volta a Portugal. O Governo não hesita em levar a cabo, um programa de austeridade seletiva, que pesa, essencialmente, sobre as classes médias, destruindo-as. No generalizado empobrecimento e, sobretudo, no desânimo e na revolta se gera  outro ciclo de emigração, descomunal, tremendo, como aquele que há precisamente um século, o Prof. Emygdio da Silva denunciava, falando em “emigração delirante”.
Abalam todos os que podem... qualificados ou não, mais e menos jovens, homens e mulheres (ainda uma minoria, é certo, mas, pela primeira vez, autonomamente, com ambições profissionais).
Serão elas e eles a solução para a segunda vida do associativismo e das comunidades da Diáspora, num maior equilíbrio de género e geração, inovando, modernizando? É a grande questão, para a qual não há que esperar resposta: há que busca-la! Este é o tempo ideal para equacionar políticas e tomar medidas que possam influenciar respostas afirmativas.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Contra a praxe

Entrei na Faculdade de Direito de Coimbra em 1960.  Sempre gostei do meu traje académico, É um sinal de pertença, é  elegante, é prático. Igualiza.
Usei o "grelo" no 3º ano, as fitas vermelhas no 4º, a cartola e bengala no ano de despedida. Recordo com imensa saudade as serenatas, os cortejos e bailes das "Queimas" O cine clube, o teatro, as tertúlias de café. Tudo o que diverte, sem ser à custa de ninguém.
Praxe só neste sentido!
O resto é barbaridade, é prepotência, é opressão - mesmo que não haja violência física. Umas tesouradas na cabeleira dos caloiros não é propriamente coisa que ponha em risco a sua vida e isso foi o pior que vi na Coimbra do meu tempo. Mesmo assim, eu detestava as trupes, que irrompiam  das sombras da noite na perseguição dos "caloiros".  E que levavam os incautos, sem que estes resistissem, para lhes aplicar o castigo ritual.
Para mim, tudo aquilo era sinistro, os vultos negros das trupes, as cabeças rapadas dos colegas...
Vivi, assim, o primeiro ano em estado de revolta contra a praxe, e nunca recuperei desse sentimento profundamente "anti"
Não me afetava pessoalmente, porque as  estudantes não estavam sujeitas a essas praxes. Pelo contrário: como quaisquer outras senhoras, até podiam "dar proteção" aos caloiros, desde que com eles fossem de braço dado. Várias vezes, salvei colegas, com um gesto rápido ao pressentir o "inimigo" ...

E se não estivesse num lar de freiras (o lar das Dominicanas, junto às escadas monumentais) nada mais teria para contar sobre o meu 1º ano.   Nesse mundo fechado, imagine-se, havia uma réplica da praxe,  numas festas noturnas,  em que as "caloiras" eram gozadas pelas "doutoras" e não podiam responder na mesma moeda. Respondi. Insurgi-me, saí pela porta fora e fui naturalmente, de imediato, ostracizada.
Isto é, no pacato lar era a única a não ser convidada para aquelas sessões patéticas de basófia (de uma lado) e de servilismo (do outro). Excelente saída! Nunca mais me maçaram, e vice versa.

domingo, 19 de janeiro de 2014

AEMM Duas décadas de Congressismo

A Associação "MULHER MIGRANTE"
 Duas Décadas de "Congressismo"

A Associação vai buscar as suas origens ao primeiro grande congresso de mulheres da emigração (Viana do Castelo - 1985) e a uma proposta aí avançada de institucionalizar o diálogo e a cooperação entre Portuguesas do mundo inteiro. Esta ligação a um passado anterior ao seu próprio ato de constituição, assim como o reconhecimento de que, em termos globais, a luta pelos direitos da Mulher, entre nós, desde o movimento feminista de início de novecentos, se fez, especialmente. através do que chamamos "congressismo", levou a AEMM a utilizar , em primeira linha, esta forma de mobilização das mulheres migrantes para a igualdade.
Na publicação comemorativa do 20º ano da "MM"  fazemos um sintético relato das suas  principais iniciativas  neste domínio.

 1985 
 O 1º Encontro Mundial de Mulheres Migrantes

A realização do primeiro Encontro foi proposta por duas portuguesas, que, em Outubro de 1984, estavam presentes na Reunião Regional do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), em Danbury, Connecticut : Natália Dutra (dirigente associativa e mulher do Conselheiro Ramiro Dutra), e a Conselheira da CCP Maria Alice Ribeiro, que formulou a recomendação, consensualmente aprovada. A Secretária de Estado da Emigração  Maria Manuela Aguiar deu-lhe imediato seguimento e o Encontro Mundial teve lugar em Junho do ano seguinte.
Uma das conclusões desse Encontro histórico apontava para a criação de uma Associação, formada pelas participantes e aberta a outras mulheres que, no país e no estrangeiro, quisessem aderir, irmanadas no objetivo de dar voz à metade feminina das comunidades. Uma outra reclamava a organização de um novo Congresso  para tratar de questões atuais como as do papel da mulheres emigrantes no associativismo, no voluntariado, na defesa da língua, no incentivo à maior intervenção dos jovens, no regresso ao País...
Porém, nos anos seguintes, apenas se regista uma reunião em Toronto (1986), não tendo, após a queda do Governo em 1987, sido implementado o projeto de convocar, com regularidade, uma Conferência para a participação da mulher, na órbita do CCP.


1993 - Constituição da AEMM
 A "Mulher Migrante  Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" nasceu em 1993, para corporizar as mais importantes propostas do " Encontro de Viana". As suas fundadoras, com exceção da luso-brasileira Fernanda Ramos (a grande impulsionadora do processo nesta fase) tinham estado no Encontro , como organizadores, como participantes do estrangeiro, como conferencistas e queriam dar uma segunda vida às esperanças que o animaram.
Esse pequeno núcleo fundador teve de elaborara os Estatutos,  tarefa entregue à jurista Maria do Céu Cunha Rego, que  já havia  sido figura preponderante na preparação do congresso de Viana.
A formalização legal aconteceu em 8 de outubro desse ano, no 16º Cartório Notarial de Lisboa.. Assinaram a escritura notarial 22 associadas/os. São consideradas fundadoras/ fundadores 82. (a "MM" conta com mulheres e homens unidos pelos mesmos valores humanistas.
Os Estatutos foram publicados no Diário da República, III Série nº 255 de 30 de Outubro
A sua primeira sede foi no nº 77/79 da Rua de São Marçal, a convite  da Associada Teresa Costa Macedo.  A partir de 1994, a MM celebrou um protocolo com um centro de apoio jovens e a idosos (CAGIL) e passou a partilhar as suas instalações da Rua do Lumiar, 57. Desde 2003, funciona em sede própria, arrendada à Câmara de Lisboa, na Rua Maria Pia, Lote 4, Loja .
A Associação foi admitida no "Conselho Consultivo da Comissão para a Igualdade e os Direitos das Mulheres" em Novembro de 1993 e da "Comissão" recebeu o maior apoio ao longo da primeira década de atividades -  centrada, sobretudos no País, ainda quando as temáticas se relacionavam com a Diáspora. Desde 2005, é com a SECP que a "MM" coopera mais estreitamente, aumentando o seu envolvimento com as instituições das comunidades em todo o mundo.

1994
BARCELOS
A primeira iniciativa pública resultou de uma colaboração com a Associação Comercial e Industrial de Barcelos e foi inaugurada pelo SECP Dr. Luís Sousa de Macedo.
Tema: "Regresso e Reinserção - a intervenção e a participação  da Mulher nesta fase do ciclo migratório"
Era ainda um tempo de regressos significativos ao país, embora já em fase de declínio, e a finalidade principal consistia em avaliar esse movimento, ao longo da última década, em particular no que respeita às mulheres. Com uma sala cheia e um alto nível de participações, o primeiro passo estava dado.

1995
ESPINHO
"Encontro Mundial De Mulheres Migrantes - Gerações em diálogo"
 (18/21 de Março)

 Vieram a Espinho cerca de 400 pessoas de todos os continentes, entre elas, algumas das "pioneiras" de Viana. Era o caso de Graça Guedes, então Vice-Presidente da  "Mulher Migrante", a quem a Direcção incumbiu da preparação local do Encontro.
A abertura foi presidida pela Secretária de Estado da Juventude, Maria do Céu Ramos e a sessão de encerramento pela Primeira -Dama Drª Maria de Jesus Barroso.
Entre numerosas colaborações, salientam-se as do Governo da República, das Regiões Autónomas dos Açores e Madeira, da Fundação Gulbenkian, da FLAD, da Câmara Municipal de Espinho, de Universidades - e dos "media", nacionais e das comunidades do estrangeiro. A componente dos jovens, de ambos os sexos foi particularmente significativa.
A "MM" estabeleceu, a partir daqui, a sua rede de contactos, firmou-se como interlocutora de muitas organizações da sociedade civil, da administração pública e do Governo do País, 
Publicações: as actas do Encontro e a revista  "As ideias e os Factos assinalados" (coordenação de Eduardo Saraiva)

1996
LISBOA
Colóquio "A Mulher Migrante - Igualdade e Solidariedade. Que Direitos? Que Estratégias?"
Abertura pela Presidente da Comissão para a Igualdade Joana de Barros. Entre outras, intervenções do Bispo de Setúbal, do Deputado Carlos Luís, de Maria Manuela Aguiar e de Rita Gomes
 Foram publicadas as actas do colóquio.

1998
LISBOA
Conferência, seguida de mesa redonda sobre "A Mulher Imigrante e sua família. O caso Português" .
Parceria com a Comissão da Igualdade.

LISBOA
Conferência sobre "As Mulheres Portuguesas perante os projectos de Emigração e de (Re)inserção  Social".
Conferencista a Profª Doutora Engrácia Leandro (Universidade do Minho).
Publicação com o mesmo título da conferência

BUENOS AIRES
Encontro da Drª Maria Manuela Aguiar e do Conselheiro do CCP Luís Panasco Caetano com um grupo de mulheres portuguesas em Villa Elisa, Argentina, do qual resultou, a constituição da Associação Mulher Migrante Portuguesa neste país.

2000
LISBOA
Mesa Redonda sobre "Políticas de Emigração e Comunidades Portuguesas nos últimos 25 anos:1974/1999"
Uma primeira reunião de antigos Secretários de Estado da Emigração e das Comunidades Portuguesas, para a qual todos foram convidados. Presentes: Rui Machete, Manuela Aguiar, José Vitorino, Correia de Jesus. Moderador Pedro Cid.

2001
Ao longo do ano, o enfoque foi dado aos problemas da nova imigração, em parceria  com Câmaras Municipais, e a  Região Autónoma da Madeira .

 OEIRAS 
 Seminário sobre "Mulheres Migrantes em Portugal - Expectativas e Experiências de vida. A perspetiva das Entidades Locais".
Intervenção de dirigentes da "MM". Testemunhos de jovens imigrantes africanos e europeus

POMBAL
Encontro de Mulheres Migrantes, para comemoração do "Dia Internacional da Mulher". Intervenções do Presidente da Câmara, da Deputada Maria de Belém, das dirigentes da "MM" Maria Manuela Aguiar e Rita Gomes, e de mulheres imigrantes da Europa de Leste, seguidas d debate, num. Auditório  completamente cheio

PORTO DE MÓS
Encontro com Imigrantes, organizado pela Deputada Ana Narciso, com a presença do Presidente da Câmara e de Maria Manuela Aguiar. Testemunhos de muitos imigrantes europeus de Leste e de empresários, que realçaram a mais valia que para eles representava a nova grande vaga de imigração e denunciaram os obstáculos burocráticos que dificultavam a sua legalização.

FUNCHAL
Seminário organizado pelo Diretor das Comunidades Madeirenses Gonçalo Nuno Perestrelo Santos. Intervenção de  Maria Manuela Aguiar e de muitos imigrantes da Europa de Leste

2002
LISBOA
Colóquio sobre "Problemas Sociais da Nova Imigração". com duas mesas redondas
1- O direito à reunificação Familiar e à Livre Circulação
2 - Igualdade na Sociedade Portuguesa para a Mulher Imigrante
Na sessão de abertura, discurso do Embaixador de Cabo Verde, na de encerramento intervenção da Secretária de Estado para a Igualdade Maria do Céu Cunha Rego.
Publicação com o mesmo título do colóquio, coordenada por Maria Manuela Aguiar 

2003
LISBOA
Seminário "Mulheres Migrantes - Duas Faces de uma realidade"
Uma iniciativa da CIDM, presidida pela Drª Maria Amélia Paiva. A "MM" foi convidada a integrar o grupo de trabalho encarregado da organização, indicando a Presidente Rita Gomes.
Intervenções de Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes e da Presidente da Associação Mulher Migrante Argentina, Maria Violante Martins. 

2004
Ciclo de encontros e colóquios no 10º aniversário do início da atividades da "MM"

OLIVEIRA DE AZEMÉIS
Colóquio "Mulheres Migrantes das Diversas Gerações -Questões de Hoje/Que perspetivas? 
Realizado em parceria  com o Diretor da Revista Portugal e  do jornal "A voz de Azeméis" Comendador Aníbal de Araújo. Intervenções  do SECP Dr José Cesário, de investigadores, professores universitários, dirigentes da Administração pública e de associações de Imigrantes

CANADÁ/ EUA
Encontros com Mulheres Portuguesas em Toronto, London, Ontário, Montreal e (Newark), com a participação de Maria Manuela Aguiar
No Ontário, organização coube ao Conselheiro do CCP Manuel Leal, nos EUA à Presidente da Delegação da "MM". Manuela Chaplin.

BUENOS AIRES
Homenagem da "MM" da Argentina à "MM" de Portugal, por ocasião do 10º aniversário, com a presença de cerca de 100 pessoas, muitos dirigentes associativos, individualidades argentinas e portuguesas e da AEMM, Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes e Isabel Aguiar

LISBOA
Colóquio "Mulheres Migrantes das diversas Gerações - Conhecer/Participar  -  nas Sociedades de Origem e de Acolhimento
Um colóquio que se estendeu por dois dias (26 e 27 de Novembro) e reuniu dezenas de participantes de Portugal e do estrangeiro (EUA, Canadá, Argentina e França), dirigentes de associações de imigrantes, Altos funcionários. Intervenções do SECP Dr. Carlos Gonçalves e da Dr.ª Maria Barroso.
Patrocínios da SECP e da FLAD.

2005
Uma década após o Encontro Mundial de Espinho, a "MM" iniciou uma nova fase da sua vida, marcada por um contacto mais direto com o mundo associativo das comunidades de estrangeiro, propiciado por uma parceria com a SECP, visando a execução sistemática de um programa de ação para a igualdade de género na Diáspora. Com o patrocínio do Secretário de Estado António Braga, em colaboração com as Embaixadas de Portugal e com instituições locais e outras ONG's nacionais, a "MM" levou a bom termo, nas Américas, na Europa e na África, entre 2005 e 2009, os "Encontros para a Cidadania - igualdade entre Mulheres e Homens". O objetivo prioritário era avaliar e promover, caso a caso, a participação cívica e política das mulheres migrantes. A Presidente de Honra dos Encontros, Maria Barroso, o SECP António Braga ou o Secretário de Estado da Presidência Jorge Lacão e as dirigentes da "MM"  foram interlocutores em cada um desses Encontros pioneiros.

 BUENOS AIRES
O 1º Encontro para a Cidadania foi organizado pela Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina, na Biblioteca Nacional,  anfiteatro Jorge Luis Borges -  em 11 e 12 de novembro).
 O SECP Dr. António Braga abriu e encerrou, na Biblioteca Nacional, anfiteatro Jorge Luís Borges, os trabalhos, com os quais principiava um longo roteiro de diálogo. Organização da "Associação MM" da Argentina e da Embaixada de Portugal, Com a presença da viúva de JL Borges, Maria Kodama. Os "media" nacionais  deslocaram equipas de rádio, televisão, imprensa escrita. Dois dias de intensos debates.  Depois, ainda tempo para participar nas comemorações de aniversário da "MM" da Argentina

2006
 RIO DE JANEIRO 
Dinamização da Delegação da "MM" no Brasil, presidida pela jornalista Claudia  Cavaco, com a participação de Manuela Aguiar e Rita Gomes. A reunião com novas associadas teve lugar no Liceu Literário Português, 
Dona Benvinda Maria, Diretora do jornal "Portugal em Foco" organizou convívios com  Portuguesas nas Casas Regionais, a fim de divulgar os objetivos da "MM", e fez o lançamento de uma coletânea de histórias de vida "Mulheres Emigrantes Portuguesas", recolhidas por Carlos Anastácio (colaboração num dos mais ambiciosos projetos  da "MM")..

 PARIS
No dia Internacional da Mulher, a Federação das Associações Portuguesas de França, dirigida por José Machado, promoveu um primeiro colóquio com mulheres presidentes de Associações e homenageou-as num jantar -debate sobre a temática da intervenção feminina. Pela "MM"  participou no colóquio e no debate Maria Manuela Aguiar. Pela Federação coordenou a iniciativa o Secretário-Geral Adé Caldeira.

ESTOCOLMO
2º Encontro para a Cidadania Europa
Organizado pela PIKO (Federação de Mulheres Lusófonas). em colaboração com a Embaixada de Portugal, reuniu portugueses de diversos países e individualidades suecas. A ex Ministra e Comissária Europeia Anita Gradin, co-presidiu aos trabalhos com o Secretário de Estado Jorge Lacão

Junho - Dia de Portugal no Canadá e EUA
A "MM" propôs às comissões organizadoras do Dia Nacional em Newark e Montreal a inclusão do tema da Mulher, sua presença e reconhecimento do seu papel nas comunidades no programa de comemorações

MONTREAL
Foram interlocutores o Cônsul.- Geral Dr. Carlos Oliveira e o Coneselheiro do CCP Francisco Salvador. A preparação do Colóquio foi entregue aos jovens do " Carrefour Lusophone" e  da Associação de Estudantes Lusófonos da UCAM ("Université du Québec à Montreal"), onde decorreu a sessão..
Pela MM  intervieram Manuela Aguiar,  Rita Gomes,  Graça Guedes e Maria Beatriz Rocha Trindade

NEWARK
A Fundação Bernardino Coutinho levou a cabo, durante 30 anos, a que era considerada a maior festa popular do mundo português.
Manuela Chaplin, presidente do Núcleo da "MM - EUA" e Maria Coutinho, dirigente da Fundação e do Núcleo da "MM" foram as organizadoras do seminário sobre  "Presença das. Mulheres nas Comunidades Portuguesas da América do Norte", juntando participantes dos EUA e do Canadá.
A "MM" participou com um carro alegórico na grande parada do 10 de Junho
O Seminário foi subsidiado pela FLAD e por entidades locais..
2007
PARIS
A "MM"  participou, novamente, no Dia Internacional da Mulher, organizado pela APAF -  jantar - debate na Associação Cultural Franco- Portuguesa de Alfortville, e uma Conferência - debate na Casa do Brasil  (Cidade Universitária) sobre:
A Mulher no Movimento Associativo e sobre a nova Lei da Paridade em Portugal.
 Manuela Aguiar e Rita Gomes intervieram nos debates.

TORONTO
3º Encontro para a Cidadania - Conferência sobre a participação Cívica e Política. Igualdade de oportunidades entre Homens e Mulheres nas Comunidades Portuguesas"
Organização da Cônsul-Geral de Portugal, Dr.ª Maria Amélia Paiva, coadjuvada por uma comissão formada por representantes associativas ("Working Women Community Center", Abrigo, ACT/Viver, Women+¨55, St Stefen's House, PIN, Immigration Women Health Center).
 Maria Barroso,  Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes e Maria Beatriz Rocha Trindade foram oradoras. Presidiu ao Encontro o Secretário de Estado Jorge Lacão.  Intervieram  o Embaixador Dr João Pedro da Silveira, o Dr Álamo de Oliveira, (Região Autónoma dos Açores), mulheres políticas canadianas e luso-canadianas, jornalistas, técnicos e trabalhadores sociais, investigadores, ativistas dos direitos humanos, dirigentes associativos.
Numa cidade onde são muitos e de qualidade os órgãos de comunicação social em língua portuguesa, a cobertura mediática foi excecional.

ALMANCIL
Vª Convenção Cívica das comunidades Portuguesas, FAPF
Uma continuação da colaboração entre a Federação e a MM, pondo as questões de género no centro do debate.
Os trabalhos foram abertos pelo SECP Dr. António Braga. Pela "MM" intervieram Manuela Aguiar, Rita Gomes e Maria Beatriz Rocha Trindade.

LISBOA
Seminário sobre "Discriminações...ainda por ser Mulher?"
Iniciativa integrada no ano Europeu para a "Igualdade de oportunidades para todos", organizada em parceria por seis ONG's de mulheres, uma delas a "MM", representada por Rita Gomes e Isabelle Oliveira (CNRS) .
Presentes o Secretário de Estado Jorge Lacão e a Deputada Maria de Belém.

2008
JOANESBURGO
4º Encontro para a Cidadania
  "Vertentes de mobilidade, numa perspetiva de diálogo intercultural"
Organização da "Liga da Mulher Portuguesa", com apoio da Embaixada de Portugal, do Consulado-Geral de Joanesburgo, do Governo Regional da Madeira e do Conselheiro do CCP Silvério Silva.
Iniciaram os trabalhos, a Dr.ª Maria Barroso e o Embaixador Paulo Barbosa, apelando à maior abertura das associações ao dirigismo feminino.
Em diversos painéis, intervieram muitos dirigentes associativas, maioritariamente mulheres, políticos luso-sul africanos, jornalistas,  professores de Português, jovens.  A "MM" esteve representada por Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes, Graça Guedes e Maria Beatriz Rocha Trindade. Entre as propostas avançadas, é de referir a da criação de Universidades Séniores na diáspora, pela sequência que teria em futuros programas da "MM" 
 Encerrou o Encontro o SECP Dr. António Braga,  anunciando a próxima realização de um Encontro mundial  de Mulheres Migrantes.

SANTA MARIA DA FEIRA
Convenção Mundial das Comunidades Portuguesas
Na iniciativa da Associação dos Portugueses do Estrangeiro (APE), presidida pelo Conselheiro do CCP João Morais,  co-participaram as dirigentes da "MM" Manuela Aguiar, Rita Gomes e Beatriz Rocha Trindade.
O SECP Dr. António Braga encerrou os trabalhos.

ELIZABETH - NEW JERSEY
Seminário de Formação para Jornalistas Lusófonos
Uma iniciativa do Dr António Pacheco ( Fundação Pro Dignitate), apoiada por Monsenhor João Antão nos salões da Igreja de Nossa Senhora de Fátima de Elizabeth.
 Maria Barroso e Maria Manuela Aguiar  introduziram no seminário a vertente da igualdade de género

BERKELEY, CALIFÓRNIA
5º Encontro para a Cidadania
"O papel da Mulher no futuro do associativismo feminino na Califórnia"
Organização da Profª Deolinda Adão (Universidade de Berkeley) e do Consulado- Geral de São Francisco, em parceria com a Fundação Pro dignitate e com a "MM"
Temas: o exemplo do associativismo feminino da Califórnia; dinâmicas intergeracionais e de género; a  imagem da mulher imigrante nos media e a formação para a igualdade. (temática que seria retomada em vários seminários no ano seguinte).
Intervenções de Maria Barroso,  Deolinda Adão, António Pacheco, Embaixador Costa Arsénio e do Secretário de Estado António Braga.

2009
Os Seminários sobre  "Mulheres Migrantes -  os multimédia, enquanto espaços de ação e representação" realizaram-se no Canadá e nos EUA

DARTMOUTH
(Universidade de Dartmouth - Massachussets)
Organização local da Cônsul-Geral Dr.ª Fernanda Coelho e do Centro de Estudos Portugueses. Parceria com a "MM" e a Fundação Pro Dignitate.
Introdução ao debate por Maria Manuela Aguiar e António Pacheco. Intervenções dos Professores Glória de Sá, Franck Sousa e Gina Reis, de líderes associativos, conselheiros do CCP, jornalistas, estudantes. Encerramento pela Cônsul -Geral, grande dinamizadora desta ação. Presentes a reitora da Universidade e professores do departamento de Estudos sobre a Mulher.

ESPINHO
Encontro "Cidadãs da Diáspora"
O principal objetivo foi fazer o balanço dos Encontros para a Cidadania, com a participação de representantes de todos eles. Foi, assim, o "Encontro dos Encontros" e um retorno a Espinho, 14 anos depois do 1º Encontro Mundial, de novo com o apoio do Presidente da Câmara José Mota.
Abriu os trabalhos a Presidente de Honra  Maria Barroso., O diálogo reuniu
 muitas as personalidades ligadas à investigação das migrações, aos serviços responsáveis pelas políticas de emigração em Lisboa e nas regiões autónomas ex-emigrantes, professores, estudantes, membros de Ong's. As intervenções, que foram recolhidas em duas publicação, uma o mesmo título do Encontro  outra, "Mulher Migrante em Congresso". com testemunhos postados no blogue da "MM.   

MONTREAL
 Dia Internacional da Mulher
Organização do Jornal Luso Presse, com o apoio do Cônsul-Geral Dr.Carlos Oliveira e da "MM" , presente através de Maria Manuela Aguiar,
Intervenção de representantes de ONG's, do CCP, jornalistas, autarcas, estudantes e professores das universidades - uma enorme audiência, com muitas mulheres a fazerem a história(mais ou menos esquecida...) das mulheres portuguesas no Québec.

LISBOA
Encontro de Enceramento das Comemorações dos 15 anos da "MM"
  • "Mulher Migrante - Perspetivas Sociais e Culturais
  • Conferência "Nós e os outros, em terreno das Migrações" por Maria Beatriz Rocha Trindade
  • Mesas redondas sobre a temática das mais recentes publicações da "MM: "Problemas Sociais da Nova Imigração" e "Cidadãs da Diáspora", (publicações organizadas por Maria Manuela Aguiar)
Regista-se a presença de muitas das personalidades com as quais a MM sempre tem podido contar. como a Drª Maria Barroso, a Presidente da CITE, o Diretor da OCPM Frei Salles Diniz, o Governador Civil de Aveiro José Mota, o Dr Carlos Luíz, o Conselheiro do CCP João Morais, o Comendador Aníbal de Almeida e o SECPAntónio Braga, que encerrou este ciclo comemorativo..

2010
NEWARK
2º Seminário sobre "Mulheres Migrantes - Multimédia, enquanto Espaços de Ação e de Representação
Organizado pela Cônsul-Geral Maria Amélia Paiva na Rutgers University, com professores e alunos de Português da Universidade e membros das comunidades de Newark e Elizabeth, nomeadamente associadas do núcleo da MM nos EUA, jornalistas, entre eles Humberta Araújo de Toronto.
Pela "MM" estiveram presentes Manuela Aguiar e Maria Beatriz Rocha Trindade.

TORONTO
3º Seminário sobre o mesmo tema.
Integrado na semana cultural da "Casa do Alentejo", e coordenado pela jornalista Humberta Araújo.
Pela "MM" foram palestrantes Maria Manuela Aguiar e Deolinda Adão. No encerramento, realizou-se uma homenagem a  Maria Alice Ribeiro, com a presença de Cônsul-Geral de Portugal e de muitos amigos e admiradores de " Malice".

ESPINHO
Lançamento da publicação "Cidadãs da Diáspora", com intervenções de Rita Gomes e dos Autores das comunicações aí coligidas.
Conferência do Ex-Deputado. Carlos Luíz sobre  "Emigração e Exílio nas vésperas da Revolução de 1910",  a convite de Maria Manuela Aguiar,  vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Espinho.
A jornada, dedicada a questões históricas e atuais da emigração, terminou com uma homenagem póstuma ao Comendador Aníbal Araújo, à qual se associaram o Governador Civil de Aveiro José Mota e a Presidente da Assembleia Geral Graça Guedes, muitos familiares e amigos

2011
AMESTERDÃO
Seminário sobre "Mulheres Migrantes - Vertentes  de Voluntariado"
Organização da Conselheira do CCP Dr.ª Teresa Heimans, que envolveu a Missão Católica Portuguesa, em cujas instalações decorreram os trabalhos. Foram oradoras  Maria Beatriz Rocha Trindade, Teresa Heimans, Maria  Manuela Aguiar, Rita Gomes. .

GENEBRA
2ª Seminário sobre "Mulheres Migrantes - Vertentes de Voluntariado"
No Museu Voltaire juntaram-se muitos portugueses de Genebra, na sua maioria ligados à vida das ONG's e ao jornalismo, sendo de destacar a proporção de gente jovem..
Abriram a sessão o Cônsul-Geral Carlos Oliveira e a Presidente da Associação "Àgora Portugal", Vera Santos, que foram os organizadores e apresentaram comunicações  Manuela Aguiar, Rita Gomes, Maria Beatriz Rocha Trindade (CEMRI -Universidade Aberta) e Isabelle Oliveira (CNRS e Sorbonne 3) 

OLIVEIRA DE AZEMEIS
Encontro sobre "Comunidades Portuguesas. Comunicar e Interagir".
 Homenagem póstuma a Aníbal Araújo, na sua terra, numa parceria da "MM" com a Câmara Municipal .
Foram oradores Frei Salles Diniz (OCPM), Jorge Oliveira e Silva (Presidente da Assembleia Municipal), Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes, o Presidente da Câmara, Hermínio Loureiro, o Deputado Carlos Páscoa, o Secretário de Estado Feliciano Barreiras Duarte

MAIA
O novo SECP Dr. José Cesário chamou a "MM" à colaboração num programa de mobilização das mulheres para a participação igualitária nas suas comunidades, que deveria arrancar através da convocatória de um Encontro Mundial, ainda no ano em curso. O Encontro, que procurou perspetivar a evolução da emigração portuguesa no feminino "(Passado, Presente, Devir")  veio a realizar-se no Forum da Maia em 25 e 26 de Novembro, e foi aberto com a apresentação pelo Dr José Cesário das grandes linhas do trabalho a desenvolver. Na Maia estiveram representantes de muitas comunidades do estrangeiro, antigos emigrantes, os deputados pela Emigração, Carlos Gonçalves, Paulo Pisco, Carlos Páscoa e Maria João Ávila, a Diretora das Comunidades Açorianas Graça Castanho, Conselheiros do CCP,  muitos investigadores e professoras universitários.  .
A "MM" mantinha, assim, uma parceria para a  prossecução das políticas de emigração com a componente de género, que começara nos "Encontros para a Cidadania".

2012
A "MM" continuou a olhar o futuro, sem esquecer o passado,  dedicando algumas das suas iniciativas ao movimento feminista de novecentos, e levando às Escolas o debate sobre as temáticas das migrações, da cidadania, da igualdade de género.

ESPINHO
Celebração do Dia Internacional da Mulher
Colóquio "Ao encontro de Maria Archer. Portuguesa, Cidadã do Mundo"
(realização conjunta da "MM", Câmara Municipal de Espinho e Escola Domingues Capela
Oradoras: Olga Archer Moreira, Dina Botelho e Elizabeth  Battista.(USP-SP)
No final, alunas da Escola representaram uma "Entrevista Imaginária com Maria Archer",(com guião de Arcelina Santiago) que se revelou um meio tão eficaz e emotivo de dar a conhecer a personalidade da Escritora e feminista.

LISBOA
Conferência sobre "Vida e obra de Maria Archer - uma Portuguesa da Diáspora" e Exposição "Rostos Femininos da República".
No salão Nobre do Teatro da Trindade mais de 120 pessoas, muitas  das quais de várias gerações da família Archer, participaram numa jornada memorável, que foi encerrada pelo Prof Fernando de Pádua (sobrinho de Maria Archer) e pelo Preseidente Mário Soares.
As intervenções e as imagens estão dadas à estampa numa publicação com o mesmo título da Conferência, organizada por Olga  Archer Moreira e  Rita Gomes.

ESPINHO
Colóquio "Vida e Obra de Maria Lamas - uma Portuguesa da Diáspora em luta pelas Mulheres do seu País"
No Auditório da Escola Dr Manuel Laranjeira, com uma assistência numerosa de estudantes,  uma  organização da Escola e da "MM", que esteve representada por Maria Manuela Aguiar
Oradoras: Maria Benedicta Monteiro (neta da Escritora, professora do ISCTE) e Maria Manuela Antunes da Silva (dirigente do MDM). Presente a dirigente do National Council of Women de Inglaterra, a recordar  Maria Lamas como última Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas,.

SÃO JOSÉ, CALIFÓRNIA
Colóquio "As Mulheres como transmissoras de cultura"
(organização de Deolinda Adâo numa parceria da "Luso-American Educational Foundation" e da "MM").  O SECP José Cesário, a Deputada Maria João Ávila a Secretária Regional da Educação dos Açores, Maria Manuela Aguiar e a Nassalete Miranda foram alguns dos intervenientes, juntamente com escritoras, artistas plásticas, professores de português do Estado da Califórnia, estudantes de S José e de Berkeley, dirigentes de instituições da Comunidade,

ELIZABETH, NEW JERSEY
Encontro sobe o projeto "Universidades Séniores"
Organização apoiada pela Cônsul- Geral Maria Amélia Paiva e realizada no salão da Paróquia Portuguesa
 Graça Guedes, introduziu o tema, dando o exemplo da Universidade Sénior de Espinho.. Seguiu-se um debate em que se procurou motivar aquela comunidade para este tipo de associativismo. 

LONDRES
Encontro de Mulheres Lusófonas
Na Embaixada de Londres, reuniu um núcleo  de mulheres portuguesas e angolanas, dinamizado por Luísa Ribeiro, com o objetivo de constituir um movimento de mulheres.
Participaram pela "MM" Graça Guedes e Maria Manuela Aguiar.

ESPINHO
"Maria Archer, Jornalista, Escritora".
A Feira do Livro de Espinho foi o espaço escolhido para refletir sobre evolução da situação das mulheres em Portugal nos últimos 50 anos, a partir da escrita da mais feminista das romancistas do século passado . Os jovens estudantes ocuparam a mesa de honra, voltaram a representar a "Entrevista imaginária com Maria Archer" (um guião de Mestre Arcelina Santiago) e a ler textos da Escritora, como introdução ao debate, que contou com intervenções de Arcelina Santiago, Manuela Aguiar e Rita Gomes

LUXEMBURGO
  Encontro no Instituto Camões
 Encontro com portugueses do Luxemburgo, organizado pela  Embaixada de Portugal, com a colaboração de um conjunto de associações ldo Grão. Ducado, coordenado por Custódio Portásio. .
A sessão foi aberta pela Embaixadora Rita Ferro, tendo pela  "MM" apresentado comunicações Maria  Manuela Aguiar, Rita Gomes e Nassalete Miranda, com enfoque no projecto ASAS e em outras formas inovadoras de promover a inclusão no associativismo de grupos tradicionalmente marginalizados ( a metade feminina, os mais jovens, os mais velhos).
Seguiu-se o lançamento da publicação sobre o Encontro Mundial de 2011 e a referência às suas principais conclusões.

LUXEMBURGO

Conferência  "Le Mouvement Féministe et Républicain au Portugal" 
Organizada da Confraria dos Financeiros Lusófonos do Luxemburgo. Palestra de Maria Manuela Aguiar, seguida de um debate, em que dialogaram  portugueses e luxemburgueses, mulheres e homens. Uma incursão pela história do país, centrada na luta pela democracia, que exige a afirmação dos direitos das Mulheres. Presente o Cônsul- Geral Dr. Rui Gonçalves Moreira. 

Genebra
Encontro com a Comunidade Portuguesa, na Livraria Camões, no centro da cidade. Organizado pelo Cônsul-Geral Dr. Carlos Oliveira, com apoio da jornalista Cristina Rodrigues e da Livraria  Camões.
Foi apresentada a publicação sobre o Encontro Mundial de 2013 e suscitadas algumas das questões aí abordadas  -  ASAS, recolha de histórias de vida, associativismo feminino na emigração, no passado e no presente. Comunicações de Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes, Nassalete Miranda. Isabelle Oliveira e Leonor Fonseca, No amplo debate, que se seguiu, ficou uma promessa de realização regular de tertúlias sobre as narrativas de vida de emigrantes na Suíça.
Toronto
Rosa dos Ventos: Português nos quatro cantos do mundo"
Colóquio comemorativo do 50º aniversário do Departamento de Português da Universidade de Toronto.
A convite da Profª Doutora Manuela Marujo, Maria Manuela Aguiar apresentou o projeto ASAS, que em Toronto é encabeçado por Manuela Marujo e por Ilda Januário (escrita criativa - histórias de vida). Manuela Bairos falou sobre o papel das Mulheres da Diáspora na divulgação da Língua portuguesa

MONTEVIDEO
XXIV Encontro das Comunidades Portuguesas e Luso-Descendentes do Cone Sul
Organização da Casa de Portugal no Uruguai, presidida pelo Conselheiro do CCP, e associado da "MM", Luís Panasco Caetano.
A "MM", através de Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes, Maria Beatriz Rocha Trindade e Nassalete Miranda, levou ao Cone Sul o debate sobre as questões da Mulher e o seu papel no futuro do associativismo português na emigração -  mais um passo no sentido de colocar estas questões na agenda de grandes eventos das comunidades.
 O SECPJosé Cesário manifestou-se, uma vez mais, como um defensor destas estratégias para a Igualdade - e o mesmo fizeram os deputados da Emigração Maria João Ávila e Carlos Páscoa.

BUENOS AIRES
Encontro no Clube Português de Buenos Aires, organizado pela Associação das Mulheres Migrantes Portuguesas da Argentina. - ocasião para uma intervenção da deputada Maria João Ávila a fazer a comparação entre o associativismo no norte e no sul da América e para relançar o interesse no projeto " ASAS".

FÁTIMA
Encontro dos Promotores Sócio-Culturais das Comunidades Portuguesas.
(organizado pela OCPM)
Pela "MM", a convite da OCPM, Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes e Ana Paula Barros levou o projeto ASAS a uma  audiência, com particular sensibilidade para a abordagem das questões da "terceira Idade". Presente, também, a "MM" da Argentina, com a deslocação da Vice-Presidente Maria Violante Martins. Na sequência desta reunião , Maria Violante lançou a primeira Academia Sénior na América do Sul - em Villa Elisa, .

CARACAS
2º Congresso da Mulher Migrante Luso Venezuelana
Durante o Congresso, em que intervieram, pela "MM", Maria Manuela Aguiar e Rita Gomes, foi constituída a "Associação Mulher Migrante Luso Venezuelana", sob a presidência de Maria de Lurdes Almeida.
Os Cônsules Gerais de Caracas e de Valência e o Padre Alexandre da Paróquia Portuguesa incentivaram o movimento para a igualdade. O associativismo feminino  em Caracas e em toda a Venezuela está numa fase de grande desenvolvimento, tanto na tradicional vertente de beneficência como numa vertente lúdica, com as Academias da Espetada e através das redes sociais. - e gozam de aceitação geral, como se prova pela inclusão de mulheres e homens, e de muitos jovens, no núcleo organizativo do Congresso. 

BRUXELAS
Encontro organizada pela Embaixada de Portugal e pelo Instituto Camões, com a presença dos seus responsáveis. na Livraria Portuguesa. Na agenda, questões de género na emigração,  a criação das ASAS, a avaliação do papel das mulheres no associativismo local, e, em particular, no domínio da cultura.do ensino da língua. Intervenções de Maria Manuela Aguiar, Leonor Fonseca e Nassalete Miranda.
Na mesma ocasião foi inaugurada uma exposição de artistas plásticas portuguesas, apoiada pela AEMM

ZAANDEM - Holanda*
Organização do Instituto Camões
Encontro de caraterísticas semelhantes ao de Bruxelas, com as mesmas intervenientes da "MM". No debate,  o acento foi colocado na história da emigração feminina neste país, ali feita pelas mulheres presentes. A nova vaga de emigração teve também alguns protagonistas, que alertaram para a dificuldade da sua inclusão nas associações tradicionais.. 

MAINZ E WIESBADEN
Organização da Associação "Marias, Corações de Portugal" - uma associação que tem um núcleo diretivo, sem presidência, e que funciona nas redes sociais.
A criação de ASAS foi o maior desafio aí deixado - e Wiesbaden viria a responder prontamente com o início de atividades culturais especialmente voltados para os mais velhos.
Pela "MM" deslocaram-se à Alemanha Maria Manuela Aguiar, Rita Gomes e Graça Guedes.

2013
Antes da abertura das comemorações do 20º aniversário, realizaram-se três sessões de lançamento da  Revista "Entre Portuguesas num mundo sem fronteiras - Homenagem a Maria Lamas.
 
PORTO
No famoso Café Guarani, coube a  Nassalete Miranda a, apresentação da revista e as co-autoras presentes fizeram breves sínteses dos seus trabalhos como introdução ao debate.

 ESPINHO
Na Biblioteca da Escola Secundária Domingos Capela e, posteriormente, no auditório da Escola Dr. Manuel Laranjeira, duas apresentações dirigidas a alunos dessas Escolas e da Escola Dr Manuel Gomes de Almeida. Nova representação da "Entrevista imaginária com Mariia Archer, pelas alunas Mariana Patela e Inês Pais

Graça Guedes em Villa Elisa


A ACADEMIA SÉNIOR DE ARTES E SABERES NA ARGENTINA

 

Graça Guedes (Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto)

 

 

            Ao longo das nossas vidas, há momentos de felicidade que nos tocam emocionalmente.

            E hoje, aqui em Vila Elisa, é para mim um deles e, felizmente, entre muitos outros.

            Felicidade, por constatar que uma ideia, transformada em projeto, é concretizada com tanta dignidade e com esta dimensão, constituindo mais uma iniciativa da Associação Mulher Migrante da Argentina que tive a honra de conhecer em Novembro de 2005, no Encontro que organizaram em Bueno Aires A Igualdade entre Homens e Mulheres nas Comunidades Portuguesas da América do Sul.  Percebi então a excelência deste grupo magnífico de mulheres, que são um exemplo fantástico de dinamismo, competência e visão, que emprestam a tudo quanto se dedicam.

E assim continuam, honrando e servindo a causa desta Associação, que ao longo de quinze anos tem corporizado os seus objetivos, que são tão próximos dos nossos (Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante), com uma multiplicidade de atividades, tais como a Academia Sénior de Artes e Saberes em Vila Elisa, a funcionar na Associação Sinceridad e que hoje  encerra um ciclo de 7 meses de trabalhos, que aqui estão expostos para deleito dos nossos olhos e que testemunham o resultado das aprendizagens e a revelação dos talentos até então adormecidos das alunas, graças à competência das mestres que tão bem souberam transmitir os saberes do nosso património cultural, com aquele carinho e dedicação que tanto as carateriza.

Parabéns.

A Dra. Manuela Aguiar desafia-me a falar sobre este projeto, que tão bem pode ser implementado nas Associações portuguesas espalhadas pelo mundo, num espírito renovador e com novas atividades, que neste caso são destinadas aos mais velhos, favorecendo também o preenchimento de lacunas de frequência em horários menos procurados e continuando assim a sua missão com uma maior dimensão.

 

O associativismo na diáspora portuguesa

constituiu uma forma de conjugar indivíduos com interesses ou gostos análogos,

 que tem favorecido a implementação de objetivos comuns:

convivência social, prossecução de práticas culturais, recreativas e desportivas,

 para além da defesa de interesses nos centros de saúde, do trabalho,

 das condições de vida, da política.

(Guedes, 1995)

 

Este projeto tem origem numa ideia lançada há cinco anos em Joanesburgo, em 2008, nos Encontros para a Cidadania: Mulher – vertentes de mobilidade numa perspetiva de diálogo intercultural, quando no debate, que sempre se pretende propiciar após a apresentação das comunicações temáticas, nos foi apresentada a nova situação de grande parte das mulheres portuguesas, agora aposentadas e sempre ligadas às associações, muitas delas limitadas ao seu espaço familiar, sem programas para a o ocupação dos seus tempos livres e, para a qual gostariam de conhecer uma solução. E foi com a maior espontaneidade que respondi UNIVERSIDADES SÉNIORES, lembrando-me da enorme expansão em Portugal, que são frequentadas por homens e mulheres, com cursos diversificados e muitos deles até ministrados pelos próprios alunos, aproveitando as suas formações e habilidades, ou mesmo os seus filhos que se interessem em colaborar; também visitas de estudo, viagens, festas de convívio.

Acharam uma ideia ótima e até pouco dispendiosa, que procurei ajudar a concretizar, recorrendo à Universidade Sénior de Espinho (USE) que me forneceu todos os elementos necessários à sua criação e legalização, com estatutos e procedimentos necessários.

Em 2012, eleito o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade, a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas decidiu patrocinar a divulgação deste projeto que entretanto poderá ter outra designação – Academias de Artes e Saberes (ASAS) – mas com a mesma finalidade, dependendo dos contextos onde estão inseridas, bem como as atividades que desenvolvam, dependendo das motivações e das carências manifestadas em cada uma delas: curos temáticos (línguas estrangeiras, história, literatura, informática, artes plásticas, artesanato, grupo coral, dança, culinária, socorrismo, etc.), palestras, seminários, viagens de estudo, sessões de convívio (jantares e bailes), investigação (histórias de vida da diáspora, auto biografias), favorecendo também e sempre que possível, o diálogo inter geracional e o estabelecimento de uma Rede entre todas.

A frequência dos cursos deverá ser regular e calendarizada, sem avaliação final (classificação), mas com a atribuição de diploma de participação. É fundamental que todos os participantes sejam interventivos e participativos, colaborando também nas suas direções, coordenações e mesmo na lecionação de cursos.

Um sonho, traduzido num projeto que temos procurado lançar e destinado aos mais velhos, com atividades que possam combater a solidão e o isolamento, que normalmente originam situações traumáticas. Atividades diversificadas, que alterarem o ritmo de vida desta população, tornando-a ativa e participativa, com uma calendarização própria e uma frequência obrigatória. Consequentemente, melhoram significativamente a qualidade de vida, enriquecem-se sob o ponto de vista cultural, adquirem novos conhecimentos, fortalecem e alargam os seus relacionamentos.

            Este projeto foi lançada também em Newark (EUA), em Londres, em Toronto (Canadá), em Mainz (Alemanha) e há alguns dias no Recife. Temos conhecimento na África do Sul, para além de Joanesburgo, há outras cidades onde  estão já a funcionar estas universidades.

            E em Vila Elisa, são portuguesas, luso descendentes e mesmo argentinas que encontramos num convívio para nos apresentarem os seus trabalhos já realizados de crochet, de arraiolos, de ponto de cruz e de tecelagem e com projetos de alargamento de participantes e de novas atividades.

E, tal como refere Maria Volante Martins, os projetos ganham vida, quando existe um compromisso, seguido de trabalho responsável de quem o realiza.

Maria Violante Martins Mendes, Maria Fernanda da Silva e Maria Josefina Mac Namara deram vida a este projeto, levando a cultura portuguesa a um grande grupo de senhoras portuguesas, lusos descendentes e argentinas e que foi crescendo à medida que se espalhava a informação sobre o seu funcionamento.

Termino, fazendo minhas as palavras da Dra. Manuela Aguiar: Em Vila Elisa, de todos os sonhos a obra nasce – e em grande!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Poema de Ester de Sousa


Meditando junto ao mar

 

Que prazer sentar-me ao sol junto ao mar!

Observando as ondas, batendo de mansinho no chão d´areia……

São tantos os tons de azul que dão vida a este mar!

 

Gaivotas que esvoaçam na crista das ondas para o acariciar,

Sobem seus coros ao céu, ficam as tristezas no mar.

Ai! Quem me dera ter aqui minha paleta, para este quadro pintar.

 

Ó mar! Não canso de te escutar

Em dias de sol ou noites de lua cheia,

Para mim tens o fascínio de me embalar.

Ó mar! És a minha panaceia.

Sinto-me tão bem aqui que não queria arredar.

 

Embala-me o teu marulhar e assim, fico a meditar…….

Que mistérios tu escondes?

Que segredos tão profundos!

Quantos a teus pés depositaram lágrimas,

Segredando suas mágoas de ilusões defuntas?

 

 

Engrossando tuas águas, marés vivas, marés fundas,

Já meus avós inspiraste em todos os cantos do mundo,

Agora, quedo-me eu a olhar-te e, sonhando te pergunto;

Como nasceste tu mar, no princípio do mundo?

 

                                                                       Poema de: Ester de Sousa e Sá

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Dina Botelho sobre MARIA ARCHER

Este encontro tem como linhas condutoras "As expressões femininas da cidadania " e " 20 anos num mundo sem fronteiras". Ambas encaixam perfeitamente na nossa grande escritora, do início do séc. XX, Maria Archer que, infelizmente, é ainda tão pouco conhecida dos que têm menos de 40 anos hoje. Maria Archer (1899-1982) exprimiu, como nenhuma outra na sua época, a mulher portuguesa de então não apenas nas suas vertentes social, cultural, como também pessoal e, atrever-me-ia a dizer, até intimista, pois não se limita a ser uma narradora observadora mas muitas vezes é omnisciente. Conhece e mostra o íntimo, os desejos, medos e lutas das suas heroínas, cativando o público que aderia ao ponto de levar, na década de 30, muitos dos seus romances, à terceira edição. No entanto, a sua paixão pela escrita talvez demasiado "moderna" para a época também lhe granjeara inimizades ao ponto de ver dois dos seus livros apreendidos pela censura (Ida e Volta de Uma Caixa de Cigarros e Casa sem pão). Mas não foi só a sua obra que foi diversificada escrevendo romances, contos, peças de teatro, literatura infantil, literatura colonial e fazendo traduções. Também a sua vida o foi. Viajou na infância com os pais por um mundo sem fronteiras (Ilha de Moçambique, Guiné e Angola) que nos deu a conhecer nos seus escritos e em 1955 partiu para o Brasil donde só regressou em 1979. Maria Archer é uma mulher da Diáspora e uma mulher que participou ativamente na vida literária e social da sua época. Digo isto pois, para além das cerca de trinta obras que nos deixou, Maria Archer foi também, ao longo de toda a sua vida ativa, jornalista e foi como jornalista que mostrou também a vida da mulher portuguesa no mundo e ao mundo, primeiro em Portugal e depois no Brasil, onde escreveu também para diversos jornais.
Recordo-me agora de uma página que vem mesmo a calhar para este encontro. Intitulava-se a mesma "A Portuguesa no mundo" e era uma página assinada por Maria Archer no jornal Humanidade nos anos 37, 38 onde chegou a dar conselhos a uma senhora que tinha viajado para África, sobre como educar as suas filhas que se viram forçadas a ir para um longínquo lugar de África longe da civilização, mostrando o mérito que o trabalho tem na vida de qualquer um, mostrando-lhe que não se preocupasse com a chita que as filhas vestiam quando o mais importante era vesti-las «com uma couraça moral que lhes sirva de esteio pela vida fora», mostrando-lhes também o amor pela leitura sobretudo de viagens. Também no jornal Sol fala do mundo sem fronteiras quando escreve, na Rubrica Eu e Elas, uma carta aberta ao Ministro da Economia pedindo-lhe que interceda com firmeza na moda que pretende ser importada de Paris dessa época, que era semelhante à de décadas passadas. Falava então com receio de voltar «às saias compridas, ombros estreitos e cabelos longos» que Paris defendia e que ela considerava que levaria os nossos burgueses à falência. Maria Archer mostrou e modelou a vida da mulher na sua época e daí a sua importância na nossa literatura e sociedade do início do séc. XX. Soube sair da sua casa e da vida que vivera para conhecer o mundo, primeiro português, depois africano e finalmente brasileiro, ultrapassando sempre as limitações que na época se impunham à mulher, daí esta merecida homenagem que hoje mais uma vez lhe prestamos.
Termino com duas citações: uma da página do seu diário no jornal Sol de 1948 (11-9):

«Mas eu sou mulher. Fui criada em casa, em regime de gineceu, para o lar, muito em convívio com frivolidades, trapos, mundanidades e vaidades. Cheguei à maturidade sem ter uma generosa ideia de interesse geral. (…) Milagre foi que eu conseguisse passar do estado de ser sensível, comum à mulher portuguesa, para o de ser sensível e consciente, capaz de pensar e de agir sob o impulso do pensamento controlado pelo coração. (…) O sentimento de liberdade mantenho-o mesmo perante aqueles a quem me alio.»
E outra, também do jornal Sol (8-10-49), sobre os homens e a posição da mulher na sociedade, em resposta a Artur Portela:

«Pelo direito da força o homem apossou-se dos postos directivos da orgânica social e da riqueza económica. Talhou a História com a sua vontade e relegou a mulher para o panorama dos segundos planos, quase integrada na paisagem.
Nós, mulheres, vivemos sob a égide das leis criadas pelos homens, da História saída das suas guerras e feitos, da sociologia e costumes que ideou e consentiu. Nós, mulheres, vivemos economicamente sujeitas ao pai e ao marido, economicamente relegadas para um segundo plano de salários.
Mas entendamo-nos: não sou inimiga dos homens – sou inimiga dos privilégios dos homens. (…) Só admito o homem como rei da criação- quando eu for rainha.»
Dina Botelho (out. 2013
A Comunidade portuguesa e luso-argentina de Comodoro Rivadávia tornou-se para mim, desde uma primeira e inesquecível visita, o verdadeiro símbolo do futuro da nossa  Diáspora
Foi um primeiro encontro, feito de enormes surpresas e encantamento! Eu ia à procura  de memórias do passado, de uma antiga e famosa comunidade, a segunda maior da Argentina, que estivera presente na fundação e no fulgurante desenvolvimento da cidade de Comodoro Rivadávia. Era a história, a força de uma imagem mítica, que me levava a esse extremo sul da América e, afinal, foi com uma realidade viva e dinâmica que deparei - com uma frutuosa união de gerações, numa Associação grandiosa e cosmopolita, um  espaço de fantástica vivência das tradições, cheio de jovens, que cantavam o fado e dançavam tão bem um corridinho algarvio como um tango!
Completam-se agora 90 anos na vida desta Associação, que encontrou o segredo da eterna mocidade. no poder de atração de tantos jovens, que são uma  ponte de afetos entre duas culturas e dois países.
Bem -hajam por nos darem um exemplo admirável de associativismo, e, na simbiose da grandeza histórica e da modernidade, igualmente, uma fundada esperança de expansão da cultura portuguesa no mundo.
Por tudo isto, partilho inteiramente a felicidade e a alegria das comemorações do 90º aniversário da Associação Portuguesa de Beneficência e de Socorros Mútuos de Comodoro Rivadávia e muito me regozijo com o  significativo gesto de homenagem a Amália Rodrigues, que é, para sempre, o rosto do Fado, a voz de Portugal!
Para todos os Amigos, um sentido abraço de parabéns
 
M Manuela Aguiar

Cidália Correia

para mim, tipografiamene.
EU

         
            Se a lua falasse
                           Dizia ao sol

 Não te esqueças de iluminar 
         O caminho dos homens

               Não deixes de ouvir
               As vozes do silêncio

                     Não te esqueças
                          Molha o chão
                     Rega os sentidos 
                   Com a tua lágrima

                                         Aqui 
                      Respondeu o sol

                      TU não esqueças 
                              No teu lugar 
                             Fala de amor

                       Não te esqueças
                          No teu silêncio 
       Espalha o aroma da paixão

                                No teu luar
            Deixa sonhar os sonhos
               Na partilha dos afetos
                 Aqui desce o diálogo
                 Aqui existe a partilha
         Aqui nasce o pensamento
                            Aqui estou eu





TU



                          Aqui estou eu 
       Aqui nasce o pensamento
              Aqui existe a partilha 
               Aqui nasce o diálogo 
             Na partilha dos afetos
           Deixa sonhar os sonhos
                                No teu luar

       Espalha o aroma da paixão
                          No teu silêncio
                        Não te esqueças


                              Fala de amor
                               No teu lugar 
                    Tu não te esqueças

                         Respondeu o sol
                                             Aqui


                       Com a tua lágrima 
                         Rega os sentidos
                               Molha o chão
                          Não te esqueças


                      As vozes do silêncio
                      Não deixes de ouvir

                O caminho dos homens 
        Não te esqueças de iluminar

                                   Dizia ao sol 
                            Se a lua falasse



                                                                               NÓS SOMOS

Cidália Correia

sábado, 11 de janeiro de 2014

Isabel Saraiva Haikus em Haikai


O lotus desabrochou
antes da noite cair
-silêncio depois da luz

Nos dias de viuvez
leques fechados em
sol nascente

Criança transporta água nas mãos
inocência no vestido branco
-pardais alegres

Nascejas voam junto ao rio
juncos oscilam
-paisagem de liberdade


Hoje é tempo de me olhar a espelhos
tanta mistura de sons e perfumes
-estalo de cor

Reflexo de lua
no coração um sol
-anoitece a vida

Um frio que surpreende
ver a gaivota na brancura da onda
-o ir e vir da lua

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014


Expressões Femininas de Cidadania: As Portuguesas no Recife

 

Berta Fernanda de Souza Guedes Santana *

 

 

            Como falar de encerramento num encontro tão promissor? Alio-me às palavras Dra. Manuela Aguiar, que ao citar a conterrânea poetisa, Agustina Bessa-Luis, profetizou que um dia agradável não se termina.

Declaro, então, a minha esperança de que esta iniciativa não se encerre, ao contrário, permaneça aberta a novas possibilidades e seja o início de uma profícua troca.

            Há anos, quando estive num encontro da Associação de Estudos, Solidariedade e  Cooperaão Mulher Migrante com a  Comunidade Portuguesa de Buenos Aires, surpreendi-me com a organização do grupo local, o interesse e a dedicação em manter acesa a chama da união e da cultura e costumes da pátria amada. Pensei, naquela ocasião, porque não se faziam encontros desse tipo em Recife, cidade que tem uma comunidade portuguesa expressiva e numerosa.

Jamais imaginei que caber-me-ia a honra de organizar o primeiro evento similar, em Recife, voltado para e com as mulheres portuguesas e lusodescendentes.

            Ao propor à Associação Mulher Migrante o desafio de realizar o Encontro nestas paragens, não esperei que o desafio fosse a mim devolvido com a demanda de organizá-lo, desde a procura, seleção e convite às palestrantes, passando pela escolha de local apropriado à ocasião, bem como a busca de parceiros e patrocinadores...

            O Encontro foi tomando corpo à medida em que os contatos iam sendo feitos, que novas pessoas engajavam-se e, juntos, tecíamos as possibilidades.

O primeiro a apoiar-nos foi o Sr. Vice Cônsul de Portugal no Recife, que não mediu esforços em angariar tudo quanto precisávamos. Em seguida, o Gabinete Português do Recife que logo, gentilmente, cedeu as suas instalações para acolher a pioneira iniciativa.

Iniciamos o contato com as portuguesas e lusodescendentes que se dedicaram a áreas diversas na sociedade local. Deparamo-nos com a singularidade da alma lusitana: a modéstia. A maioria das compatriotas contactadas não considerava importante a sua participação para o bem comum ou, pelo menos, não desejava falar de suas trajetórias, mantendo-se no anonimato, ou num lugar que sempre lhes foi confortável: os bastidores. Alguns convites foram pronta e entusiasticamente aceitos, outros educada e timidamente recusados, porém com a promissora esperança de se materializarem num futuro próximo e ora transformados em colaboração via patrocínio.

Acolhemos com satisfação todas as colaborações recebidas, não deixando de incentivar futuras participações.

            Neste trilhar de caminhos, nesta busca pela promoção das mulheres, da necessidade de empoderamento e do falar em nome próprio, fui percebendo a semelhança que os propósitos do Encontro, por sua vez, revelavam profunda identidade com os da Associação Folia das Deusas, da qual sou vice-presidente e tesoureira e que teve o seu nascedouro na casa dos meus pais.

A Associação Folia das Deusas, idealizada em 1999, pela amiga Adelina Cristina Augusto Chaves, presidente da Associação, é uma entidade sem fins lucrativos, voltada para as questões da mulher e sua trajetória de vida e luta por seus direitos e cidadania, com o propósito de disseminar as políticas para as mulheres nas mais diversas áreas: educação, saúde, cultura lazer, participação na política e em todas as manifestações sociais e culturais que considerem e respeitem toda forma de diversidade.

A Associação Folia das Deusas expressa-se socialmente, principalmente, através do Bloco Carnavalesco Folia das Deusas, instrumento enraizado na cultura pernambucana, escolhido pela riqueza, vigor e vitalidade com que o carnaval permeia , penetra e se expressa em todas as camadas da sociedade, além de propiciar um meio lúdico, festivo e acessível aos mais diversos meios sociais. Para além dos festejos de Momo,  brincando, antevíamos um dos objetivos do milênio: equidade de gênero.

Por ocasião de mudança de domicílio e demandas pessoais e profissionais, Adelina esteve fora do Recife por mais de 10 anos, o que nos levou a adiar o propósito de formalizar a Associação Folia das Deusas.  Em 2012, nos reencontramos, Adelina e eu, e constatamos que cada qual tinha guardado uma parte da associação: Adelina tinha o hino, a marca e a ata de reunião e sob minha guarda estava o estatuto. Urgia, então, formalizar a Associação Folia das Deusas e fazer a sua entrega à sociedade. Depois de uma breve apresentação do estandarte do bloco, no Carnaval de 2013, no Recife e em Olinda, não poderia haver melhor oportunidade do que apresentar-se, formalmente, à sociedade, com a promoção e organização de um evento internacional, ou melhor dizendo, luso-brasileiro: Expressões Femininas de Cidadania: As Portuguesas no Recife.

            A Associação Bloco Carnavalesco Folia das Deusas, hoje conta com simpatizantes, apoiantes e colaboradores nas mais diversas áreas e estão em desenvolvimento projetos estruturantes, tais como: a formação de banda musical feminina, oficinas e palestras voltadas para nutrição e saúde das mulheres, para os saberes da cultura local, para o reaproveitamento de materiais, e para o desenvolvimento de economia solidária, visando a autonomia e o empoderamento financeiro das mulheres. Estão também em desenvolvimento projetos voltados para a conscientização da cidadania e representação na política bem como o intercâmbio cultural e artístico com outros países, nomeadamente os países da comunidade lusófona.

Todas as nossas propostas de trabalho contam com a parceria com organismos locais, públicos e privados, que nos possibilitem um mais amplo alcance de objetivos e capilaridade na sociedade. Desta forma, a Associação Folia das Deusas espera contribuir para o reconhecimento,  valorização e conquistas das mulheres por seus direitos, empoderamento, equidade e justiça social.

Neste encontro foi gerado outro projeto que é a implementação, em parceria com a  Associação Mulher Migrante, das Universidades Seniores, organismos voltados para a expressão e inclusão das mulheres na faixa etária conhecida como da melhor idade.

Desejamos que no próximo encontro, que esperamos seja em breve, possamos apresentar este rebento, resultado de nossas profícuas trocas e tecituras e embrião de muitas mais.

Voltando a Agustina Bessa-Luis:


Por fim, ou melhor, por enquanto, digo apenas: até sempre!

 

 

 

*Berta Fernanda de Souza Guedes Santana, Psicóloga e Fonoaudióloga, formada pela Universidade Católica de Pernambuco, com Pós-Graduação em Dependência Química pela Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP- Escola Paulista de Medicina e em Gestão de Pessoas pela Universidade Gama Filho, trabalha como psicóloga no Serviço de Apoio à Mulher-Wilma Lessa no Hospital Agamenom Magalhães em Recife/PE e no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).