sexta-feira, 8 de julho de 2011

De Edmundo Macedo, há muito tempo na Califórnia...


DO MAR, HÁ MUITO TEMPO ...


Deixei-te a chorar por ti...
A última vez que te vi, cerraras já o teu véu.
Olhei-te do lisbonense estuário,

ondas brancas, então pequenas, embora o mar a crescer,
a marulhar,
a encarneirar,
a zangar-se

e a toldar-me mais a vista.
Estavas cinzenta, fechada, no teu altar escondida,
envolta em névoa, majestosa, eras jóia aferrolhada.
Cada dia que passei fora de ti, dia perdido.

Promontório da Lua, nada vale como tu!
Acordas fresca e sorris,
algo em ti é de beleza irreplicável,
no mundo,
de ponta a ponta ...

a açucena e a mimosa, o malmequer e a camélia a perfumar-te...
... e o aroma dos pitósporos em flor nas cálidas noites de Agosto?!
Injusto é morrer sem dormir uma noite em ti!
Pelo menos uma noite!
Uma cálida noite de Agosto e o aroma dos teus pitósporos pelas frestas da janela ...

para se voltar a viver ...

Chega o crepúsculo e logo mostras teu divino seio,
corre o Sol a reluzir-te,
ficas na Terra rainha.
És dona dos verdes todos, do tapete inigualável,
és delicada, viçosa,
és intocável e pura,
és virgem e soberana.
Do Tejo não vi o teu rosto,
estavas de costas voltadas, remota, inatingível,
fiquei triste,
fiquei só...
Hora da despedida,
rolos e rolos de fitinhas,
fitinhas de muitas cores,
fitinhas de todas as cores,
arco-íris de fitinhas,
roxo
anilado
azul
verde
amarelo
alaranjado
vermelho,
a cair do navio para a doca,
a colorir o navio,
... a adoçicar a mágoa?
ainda que lá estivesse esperança ...

a esperança de quem parte,
a esperança de quem sai,

de quem teve de sair,
de sair ...
atormentado,

de quem parte à aventura,
de quem sai desafiando,
arrostando,
temerariamente,
o perigo,
iminente,
a espreitar atrás do sonho ...

vozearia,
gente,
muita gente no cais,
braços,
centenas de braços ... no ar ... gesticulando,
afirmando o mesmo adeus de todas as despedidas,
lábios, centenas de lábios,
promessa de beijos.
Centenas de lábios chorando beijos,
atirando beijos
do cais para o navio, do navio para o cais,
centenas de beijos,
dizendo amor
e dor,
e eu triste e só,
e o navio ...
a quilha a sulcar o infindo oceano ...
e eu triste e só,
mas tu meu formoso berço,
minha namorada amantíssima,
minha Sintra sem igual,
lembras-te? - foste o deleite de Byron e a Cynthia dos Romanos,

numa exaltação,
suave,
doce de mel,
que foi bálsamo,
trouxe a vida,
chegaste, estuante, ao meu lado,
olhaste, terna, o teu filho,
ergueste a fronte,
abalaste...
Edmundo Macedo
Los Angeles
Abril 1995
e
Abril 2010

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ENTREVISTA sobre o seminário de Toronto ( 2010)

- A Associação Mulher Migrante tem tido um papel importante na abordagem das questões do género e do fenómeno das migrações. Em termos práticos como avalia o papel da mesma?
Para quem não conhece a “Associação Mulher Migrante” diria duas palavras sobre a sua instituição, em 1994 : com ela se pretendia dar continuidade ao primeiro Encontro Mundial de Mulheres Migrantes no Associativismo e no Jornalismo, que se realizou em Junho de 1985, pela mão do governo português, cumprindo uma recomendação de Maria Alice Ribeiro, feita através do Conselho das Comunidades em finais de 84 (Maria Alice Ribeiro, a inesquecível jornalista de Toronto e Conselheira das Comunidades!).
Uma das propostas do Encontro (que foi, graças a qualidade e ao entusiasmo dessas mulheres de elite que nele participaram, um sucesso, para alem de ser um evento pioneiro a nível nacional e europeu), pretendia que fosse criada uma organização transnacional capaz de continuar o trabalho encetado de motivar crescentemente as mulheres para a vida comunitária, promovendo reuniões e congressos periódicos.
Eis o que se propunha fazer a Associação, considerando-se herdeira desse projecto e agregando um núcleo de mulheres e homens interessados na problemática das migrações femininas - tanto nos aspectos teórico, de estudo, de conhecimento da realidade, tal como nos aspectos práticos, de acção concreta.
Fazendo um breve balanço destes 16 anos de vida, eu diria que a Associação, enquanto rede de organizações internacionais, tem tido dificuldade de expansão, e de assegurar um funcionamento regular a esse nível, continuando aquém do que desejaríamos que fosse.
Pelo contrário, dentro do país excedeu as expectativas, tornando-se um verdadeiro parceiro dos departamentos governamentais para a igualdade e para a Emigracao, ao longo destes anos, de uma forma constante e eficaz. Tem contribuído, assim, decisivamente, para a emergência de uma componente de género nas politicas de emigração, que, antes e depois do 25 de Abril, quase não existia ( a menos que, antes de 74, se considerasse como tal as proibições ou limitações acrescidas que as mulheres sentiam para sair do pais...).
Foi sobretudo através do que alguns chamam “congressismo” – dialogo e reflexão em congressos, seminarios, colóquios, reuniões conjuntas entre ONG’s e governo – que se avançou neste domínio, desde o grande encontro de 85.
A Mulher Migrante foi organizadora do segundo Encontro Mundial de Mulheres Migrantes em 95, responsável por muitas iniciativas num circulo mais restrito de especialistas no pais e no estrangeiro, e, mais recentemente, pelos “Encontros para a Cidadania”, que, entre 2005-2009, se levaram a efeito em quatro continentes do mundo para apelar a intervenção cívica e política das mulheres, contando com o patrocínio e a presença de membros do Governo - os Secretários de Estado Jorge Lacão e António Braga.


2- Sabemos que se deve a mulher imigrante o transporte de muitas das tradições e tem sido elas a base invisível do sucesso de muitas das empresas que em diversos ramos da economia estabeleceram o nome de Portugal no estrangeiro: da restauração, limpeza, importação de produtos ligados a gastronomia tradicional, agências de viagens, instituições culturais, imobiliária, creches privadas entre muitos outros. Todavia este poder não tem equivalência em termos de visibilidade ou de poder de decisão. Porque do seu ponto de vista?


Concordo em absoluto com as afirmações sobre a importância do papel das mulheres na vida das comunidades do estrangeiro. Sem elas nem sequer haveria verdadeiras comunidades de língua e cultura portuguesa, pois foi decisiva a entrada das família inteiras nos clubes, mulheres, jovens, para alem dos homens que tradicionalmente os encabeçam, para lhes dar a sua vertente cultural – o ensino da língua, a musica, a dança, o teatro, as festas tradicionais, a gastronomia.
Mas as mulheres, no passado, (no presente as coisas estão a deixar de ser assim...) reproduziam nestes espaços colectivos, o seu papel tradicional no interior da família, aceitando um lugar apagado, ainda que relevante, o que as tornava praticamente invisíveis.
Só se pode sair desta situação por determinação das próprias mulheres e de todos os que compreendem que esse apagamento das suas potencialidades não aproveita a ninguém. As comunidades precisam, cada vez mais, da activa intervenção, do entusiasmo de mulheres, das jovens. Há que lhes dar autoconfiança e orgulho de serem o rosto feminino da comunidade, em instituições mais fortes e equilibradas, do ponto de vista de género e de geração. Em alguns pontos do mundo a sobrevivência das comunidades já depende dessa sua atitude inovadora!

3 O debate da mulher imigrante nos Órgãos de Comunicação Social tarda. Os problemas são inúmeros. Este e sem duvida um encontro de toda a utilidade. O que espera ele possa trazer para melhorar a situação da mulher repórter na diáspora?

– Sim, tarda e, por achar que sim e que resolvemos apresentar ao SECP Antonio Braga este projecto de organizar em colaboração com os consulados de Portugal de cada área, com meios de comunicação e associações das comunidades e com universidades locais, seminários sobre “a acção e representação das mulheres nos media e nos multimedia”.
Com estas iniciativas, queremos, antes de mais, chamar a atenção para o desfasamento entre as contribuições da mulher para a comunidade e para o pais e a sua imagem nos media, quer nacionais, quer também, em gradações diferentes, nos das comunidades da diáspora. Dizia Elina Guimarães que a mulher estava ausente da história porque a sua parte nela não era contada. O mesmo se pode, em certa medida dizer da história do quotidiano, que se regista nos media: lemos as noticias do jornal, assistimos ao telejornal e não ficamos a conhecer o que faz a metade feminina nas artes, na politica, no desporto, na universidade... A proporção de noticias, de reportagens de fotografias sobre os feitos de homens e mulheres e espantosamente desequilibrada, indo alem do próprio desequilíbrio que persiste em certos domínios da vida societal e politica, em desfavor do sexo feminino.
Acho que este fenómeno se pode combater de varias formas, começando por estudos sobre o conteúdo e a iconografia dos media e a sua divulgação e discussão pública – uma legitima e elegante forma de pressão. E, bem assim, por acções concretas, por uma exigência maior das próprias mulheres em ganharem o seu espaço, escrevendo artigos de opinião, utilizando os novos meios tecnológicos - mais acessíveis a todos - lançando campanhas na Net, em blogues, contando as suas experiencias de vida, fazendo carreira nos media, pela qualidade da formação e pela vontade de intervir. Fazer pedagogia, estimular a leitura dos media, com uma maior sensibilidade para os estereotipo sexistas, para a ausência de atenção aos problemas e as realizações das mulheres, na sociedade de hoje. Das mulheres em geral e das mulheres migrantes em particular (eu acrescentaria, no que respeita aos media nacionais, de mulheres e de homens migrantes, porque a nossa emigração e diáspora anda muito esquecida da opinião pública ...).



4 - Falta de formação profissional contínua, a inexistência de uma ligação laboral/sindical que garanta justiça salarial e contratual, acesso aos lugares de decisão nas redacções, um sistema de apoio, informação e uma regulamentação que reconheça o seu trabalho a par dos colegas portugueses para fins de segurança social é algumas das questões levantadas por muitas jornalistas nas comunidades.
Que reposta pode ser dada por parte das entidades portuguesas?

- A resposta a essa questões justas e pertinentes, em termos de medidas concretas, não esta ao alcance de uma ONG com a Mulher Migrante, mas cabe perfeitamente no âmbito dos nossos objectivos de estudo e de proposta de soluções, nomeadamente após debates públicos, em colóquios ou reuniões de trabalho, metodologia que, como referi, temos privilegiado.
Assim, num próximo seminário poderíamos dedicar-lhe um espaço adequado. Se houver interesse na nossa colaboração para o fazermos em Toronto ou em Lisboa, em Espinho, num futuro próximo, desde já manifesto toda a disponibilidade.
Deveríamos chamar a essas reuniões as autoridades competentes e ouvir da sua boca a reacção – positiva, esperemos, embora nem tudo possa, eventualmente, ser resolvido do mesmo passo... Pela minha parte, entendo que, como regra geral, devemos olhar solidariamente os portugueses do estrangeiro, como nacionais com os mesmos direitos face ao Estado. No domínio do jornalismo há que saber encontrar a formula concreta para aplicar o principio geral. Em diálogo, naturalmente!


5 - Sem dúvida que a entrada da mulher na tomada de poder nos OCS tem trazido consigo mais justiça e uma imagem mais real dos assuntos abordar pelos media. O que acha pode ser feito junto dos empresários e direcções redactoriais para que haja mais pluralidade e justiça nas redacções comunitárias? Sem dúvida que a entrada da mulher na tomada de poder nos OCS tem trazido consigo mais justiça e uma imagem mais real dos assuntos abordar pelos media. O que acha pode ser feito junto dos empresários e direcções redactoriais para que haja mais pluralidade e justiça nas redacções comunitárias.
Como em todas as profissões e domínios da vida social uma intervenção maior das mulheres, enquanto metade da humanidade tradicionalmente discriminada, assim com a intervenção de grupos minoritários, de estrangeiros representa um enorme enriquecimento, para alem de ser um acto de justiça.
Em Portugal, como e sabido, as jovens são, por puro mérito das classificações, hoje, uma maioria nas universidades e começam a ser maioritárias em muitas profissões que lhes estavam vedadas pela lei, como a magistratura ou a diplomacia, ou pelos usos, como o jornalismo. Mas a sua presença, em massa, nos media portugueses, hoje em dia, contribuindo para a qualidade do jornalismo que temos, com já contribui, não significa por si só uma mudança na forma de representar as mulheres nos media. Para isso seria necessário que elas estivessem conscientes do problema existente (nem todas estarão...) e que tivessem acesso aos centros de decisão, de forma igualitária. Estamos longe disso... Uma razão mais para não parar o trabalho, que, na medida das nossas modestas possibilidades, estamos determinadas a continuar: porque não, por exemplo, novas acções de sensibilização desses aliados preciosos que são os directores e empresários dos media.
5 - A terminar questões da língua.
As questões salariais e laborais não atraiam jovens para os OCS. A par disso há o problema da língua Portuguesa. Muitos dos que escrevem para os jornais em português, por questões de idade e outras, acabarão por abandonar o que para muitos não passa de hobbies. Como chamar jovens profissionais interessados/as pela profissão ou pela língua para garantir o futuro da nossa média.
– Na agenda da Mulher Migrante para a promoção da participação feminina, os media tem um lugar central, a par do associativismo, porque são os pilares em que se fundam as comunidades, os meios através dos quais se afirmam e se dão a conhecer. Por isso e tão importante que as portuguesas neles estejam presentes e deles se sirvam para potenciar meios de valorização e de transmissão da língua, dos projectos, das aspirações. Estamos conscientes da importância de lutar pela fala, através dos media, de a engrandecer literariamente e como veiculo de formação e informação. Acho que seria viávell por em pratica um sistema de intercâmbios com estudantes dos cursos de jornalismo existentes nas universidades portuguesas, ou dar bolsas de estudo para sua frequência, ou facilitar, em larga escala, estágios nos meios de comunicação “de referencia”. Independentemente do problema do estatuto salarial e laboral, sem negar a sua importância num jornalismo de qualidade, que possa atrair os melhores (o que tem muito a ver com outra questão impossível de abordar em poucas palavras - a capacidade empresarial dos meios de comunicação e a receptividade e apoios que encontram nos meios associativos e empresariais de cada comunidade), creio que também e preciso motivar os jovens para a aprendizagem do português e para a admirável “aventura” de fazer com esse belo idioma, ainda que sem as condições materiais mais aliciantes, jornalismo de causas, de ” intervenção” – intervenção em prol da cultura, da democracia, da igualdade, das tradições portuguesas, e também da historia, que o grande jornalismo pode e deve traçar em cada época, em cada comunidade. Eu sei que há nas nossas comunidades profissionais tão bons ou melhores do que os melhores que permanecem no País. Preciso é que os jovens, de ambos os sexos, sejam apoiados, nas suas comunidades, nomeadamente através de programas governamentais, como os que referi, e outros, para que aceitem o grande desafio do jornalismo em língua portuguesa.

MARY GIGLITTO

Conheci a Mary Giglitto em 1980, ao iniciar o convívio com um Portugal bem maior do que o imaginava - o da "diáspora". Na primeira das "viagens de descoberta" desse novo mundo, que me levou ao diálogo com as nossas comunidades da América do Norte, ninguém me impressionou tanto como ela. Na Califórnia fiz, logo, grandes e ilustres amigos, que ficariam para o resto da vida, mas, de facto, de entre eles, de entre os muitos Homens e as muito poucas Senhoras, que, então, influenciavam poderosamente a vida das comunidades portuguesas, Mary foi a que se tornou o mais formidável paradigma da "arte de viver Portugal" na lonjura do território. Ela ensinou-me, de uma forma muito concreta e evidente, que os portugueses de 2ª ou 3ª geração podem ser tão ou mais patriotas do que nós, os nascidos e criados dentro das fronteiras, e que sabem continuar, porventura melhor, e mais eficazmente, a história antiga, dando-lhe visibilidade, força actual e futuro.
Bem o exemplificava já o Festival Cabrilho de San Diego! Se o navegador Cabrilho aí conservava, indiscutível, a sua nacionalidade portuguesa e se as faustosas comemorações do feito da descoberta da Califórnia mantinham a dominante da sua terra de origem, era porque Mary, a líder, alma de toda a organização, não consentia, em nome de uma dinâmica comunidade, que outros se adiantassem e se apossassem da herança nossa...
História, cultura, comunidades portuguesas encontraram nela uma defensora, que não hesitava perante nada e sabia ganhar todas as batalhas, com as armas que cada ocasião reclamasse: diplomacia ou irreverência, confronto ou consenso... sempre com os argumentos da sua inteligência, sentido de humor, irradiante simpatia e capacidade de comunicação e, também, infinita energia e coragem. Uma Mulher pronta a avançar, rápida e fulgurantemente, em qualquer "missão impossível" - e a vencê-la.
Portugal foi a sua causa maior e não poderá esquecê-la. Mary Giglitto merece ser considerada como verdadeiro rosto feminino da nossa Diáspora!

Maria Manuela Aguiar

terça-feira, 5 de julho de 2011

Um convite da Venezuela

Cara Amiga Dra. Manuela Aguiar (ex-Deputada e ex-Secretaria de Estado)

Apoio de todo o coração este pedido do Sr. Dr. Cônsul Geral de Portugal em Valencia (na Venezuela), diplomata que aprendi a conhecer pouco a pouco e pelo qual estou convencido que merece toda a estima da comunidade, rede associativa e forças empresariais locais para o bom desempenho da sua missão.

Bem sei que a data do 10/06 não é melhor para a sua agenda de atividades republicanas e políticas. Mas acredite que a sua presença seria um reforço enorme ao trabalho desenvolvido muito discretamente por este diplomata português que silenciosamente tem a seu credito (e com apenas poucos dias de nomeação) a defesa de um cidadão português que o regime do Presidente Hugo Chávez queria expropriar seus terrenos. Foi este diplomata que, com a sua sabedoria da diplomacia discreta, conseguiu que a ação política tivesse um final feliz deixando nosso cidadão tranquilo.

Conheço a minha amiga Manuela desde há muito (com a Dra. Rita Gomes) e temos lutado em várias frentes no mesmo sentido. Só por esta situação de profissionalismo de alto nível, não me diga que passará ao lado de tão generoso convite que com a sua presença, confirmará o seu apoio como ex-SECP e legisladora pelas comunidades aos diplomatas que no mundo inteiro lutam pelos nossos cidadãos. O Sr. Dr. Cônsul Geral de Valencia é um dos casos merecedores do seu apoio presencial. Faço Fé que tenderá uma estima particular para este convite...

Se bem que apoio o referido convite de toda a minha amizade que consta para ambos, por outro lado a sua visita á Venezuela não seria coisa vã, pois cara amiga Dra. Manuel Aguiar poderíamos ponderar um encontro de amizade fraterna com mulheres dinâmicas que se agruparam numa instituição chamada “Academia da Espetada”. Isto poderia ser o inicio do núcleo venezuelano da associação internacional que V. Exa e a Dra Rita Gomes presidente, “Mulher Migrante”.

Relembre-se minha cara amiga as conferencias que organizamos em defesa de mulher emigrante e cuja sua participação é sempre um grande momento de ideologias. Relembre-se também que tenho, todavia uma divida consigo na organização de um congresso mundial da “Mulher Migrante” na Venezuela. Aproveitaríamos então para instalar as bases de discussão com a direção da Academia-Mãe da Espetada para um projeto de âmbito americano-latino em março 2012.

Estou bem consciente que a data não é fácil, mas realmente faço apelo à sua generosidade de política “globe-trotter”, desafiadora dos convites merecedores. E acredite em mim, Manuela, este cônsul geral merece!!

Um grande abraço para si e a Dra. Rita Gomes,
(bem lhe mandaria outra coisa, mas está um diplomata de alto nível na conversa e tenho que manter respeito!!! ahahahaha)

Seu humilde servidor de sempre,
Adé Caldeira


(PS: Junto o convite em formato JPEG)



From: A. C. T.
Sent: Wednesday, May 25, 2011 5:13 PM
To: manuela.aguiar@cm-espinho.pt
Cc: aguiarpereiraantonio@gmail.com ; rag@sapo.pt ; adecaldeira@radioarcoense.com
Subject: Consulado Geral de Portugal em Valência - Venezuela




Excelentíssima Senhora Doutora Manuela Aguiar,

Pretende este Consulado Geral de Portugal em Valência, na Venezuela, comemorar o Dia de Portugal com o brilho que o momento exige.
Vicissitudes diversas, de somenos importância no contexto presente, levaram este Consulado Geral, durante largos anos, a passar à margem do dia maior da Portugalidade. Dia esse que tanto enobrece os luso-descendentes de Malaca, Damão, Colónia do Sacramento ou Ajudá, como também os portugueses de Genebra, Bordéus, Joanesburgo, Buenos Aires, Otava e Díli. Valência não pode constituir uma excepção, neste contexto, pelo que foi decidido, não obstante os condicionalismos do tempo presente, celebrar tal dia com uma missa a ser presidida pelo arcebispo local, D. Reinaldo del Prette, co-celebrada por cinco sacerdotes luso-descendentes, ao que se seguirá a deposição de uma coroa de flores no busto de Simão Bolívar.
Ao fim do dia, entre as 19 e as 21 horas, será dada uma recepção nos jardins deste Consulado-Geral, para cerca de 250 convidados, englobando as forças vivas da sociedade valenciana e principais representantes da comunidade lusa, que contará com a actuação e uma violinista professional que interpretará peças de Carlos Seixas, Domingos Bomtempo, Bach, Vivaldi, Telemann, Corelli e Frescobaldi. Dois guitarristas também dedilharão acordes de fados tradicionais.
Face à importância do evento no concerto da sociedade local e, também, da comunidade portuguesa, que há muito necessitava de sentir-se motivada a marcar presença num evento desta natureza, permito-me convidar Vossa Excelência, Senhora Doutora Manuela Aguiar, a marcar presença, como convidada de honra, no mesmo.
Com efeito, a presença de Vossa Excelência não apenas dignificaria a recepção e honraria a comunidade lusa residente na área consular de Valência, simples mas laboriosa, como também cimentaria um elo entre o emigrante português e o seu representante em Terras de Santa Maria.
Vossa Excelência decidirá pelo melhor. Registe-se apenas, como síntese do que supra foi referenciado, de que uma presença neste dia tão especial, mesmo que fugaz, servirá de alento a uma comunidade que enfrenta crescentes problemas de insegurança e desconfiança face ao futuro.
Agradecendo a benevolência com que Vossa Excelência leu estas palavras, escritas com a alma e não com cálculo político, creia-me muito atentamente,

António José Chrystêllo Tavares
Cônsul Geral em Valência

Bem gostaria de ter aceite, mas os trabalhos como vereadora da Câmara Municipal, nas vésperas do pedido de renúncia (e ainda com muitos projectos a finalizar) tornaram impossível a viagem. Não esqueço o meu 1º 10 de Junho nas comunidades, justamente na Venezuela (em 1980). Outros se seguiriam, em Caracas, em Valência... Que saudades!
De: arcelina santiago [mailto:arcelinasantiago@gmail.com]
Enviada: sexta-feira, 4 de Março de 2011 23:15
Para: Manuela Aguiar
Assunto: Sobre o (des) concerto

Cara Amiga,
Muitos parabéns por mais uma tertúlia com a grande Maestro!
Foi um serão muito especial, eu diria mesmo sublime! A surpesa foi encantadora! UMa combinação perfeita da musicalidade tocada e cantada... Que voz aquela, a da Nádia! Adorei , particularmente o tema composto pelo Maestro, sobre a Edith Piaf!
Valeu a pena!
Muito obrigada pelos momentos tão deliciosos, plenos de sonoridade e expressividade tão harmoniosas !
Arcelina Santiago

O primeiro voto feminino em Portugal... Guião da Profª Arcelina Santiago, para a representação dos alunos da Escola Domingos Capela

Indicações cénicas
Local: Clube Estefânia
Horário: 10 horas
Mesa de voto da Assembleia eleitoral de S. Jorge de Arroios – mesa com urna
Total de Personagens
10 mulheres – (só vão 7) Associação de Propaganda Feminista
7 homens
mesa constituída por 2 homens ( Presidente e secretário)
Personagens:
Secretário da Mesa – Carlos ou o Rui Nunes
Senhor Constâncio de Oliveira - Rui Marques
Senhor Joaquim Beja - Diogo Oliveira
Homem 1 - Joel
Homem 2 e 3 e 4 – Hugo, Rui Nunes e Diogo Santos



Muitos homens chegam ao local. Enquanto aguardam, chegam as mulheres da Associação. da Propaganda Feminista e são muito bem recebidas. Todos as cumprimentam com ar muito cordial e simpático.
O secretário da mesa eleitoral anuncia:
Carlos / Rui - São agora 10 horas e esta Assembleia Eleitoral de S. Jorge de Arroios, que tem lugar no Clube Estefânia, irá proceder à 1º chamada de cidadãos eleitores. Dou a palavra ao Senhor Presidente da Assembleia Eleitoral, Sr. Constâncio Oliveira.
Constâncio de Oliveira faz a chamada para reconhecimento dos recenseados.
- Muito bom dia! Passo a fazer o reconhecimento dos presentes devidamente recenseados , a saber:
Sr. António de Sousa Santos Pais ( homem 1);
Sr. José Henriques de Menezes e Melo ( homem 2);
Sr. Joaquim Belo; ( Diogo Oliveira)
Sr. Apolinário de Jesus – falta
Sr. João Reis e Cunha ( homem 3)
Um a um, anunciam a sua presença com um presente e mostram o seu cartão, à excepção do Sr Apolinário de Jesus que falta à chamada. Depois, dirigem-se para a mesa de voto e exercem de imediato o seu direito de voto.
Seguidamente , os homens dirigem-se à mesma de voto e votam. Permanecem depois, no local seguindo o desenrolar dos acontecimentos.
Entretanto, com todos os homens e mulheres , em volta, curiosos, aproxima-se Carolina Beatriz Ângelo, dizendo:
- Exmo Senhor Presidente desta Assembleia Eleitoral eu sou Carolina …… médica, viúva de ……




Reúno assim todas as condições para votar.

O Presidente, perplexo, diz:
– Minha senhora, a lei não permite que uma mulher possa votar. Só o poderão fazer chefes de família ou os que souberem ler e escrever. Estamos a falar de homens…
Carolina Beatriz Ângelo responde convicta:
- Desculpe, Senhor Presidente, queira ler a sentença judicial que trago em minha posse. Pelo facto de me ter tornado chefe de família, sou letrada, posso então concluir que reúno todas as condições para poder exercer este direito, apenas prerrogativa dos homens.
( mostra o documento que tira da malinha).
O Presidente começa a ler o documento mas, de imediato, conclui:
- Peço desculpa , isto é deveras insólito. Tenho de consultar a mesa.
Começa um burburinho na assistência. De entre os homens , um homem, Joaquim Beja levanta a voz e diz:
- Será preciso isto? Não é um direito legítimo querer esta senhora votar? O artigo 64º diz “ nenhum cidadão recenseado e reconhecido como o próprio , poderá ser inibido de votar, excepto se aparecer em manifesto estado de embriaguez” . Assim sendo, não tem esta Assembleia competência para se intrometer naquilo que a lei determina . Daí, ser imprópria esta consulta à mesa.
Todos reagem , dizendo,
(Joel) - É verdade , não está correcta esta situação!.
( Hugo) – É incrível! Sujeitar esta senhor a tal situação!
Uma das mulheres da Associação aproxima-se de Joaquim Beja e pergunta :
( Tânia) -Pode dizer-me o seu nome, ilustre cavalheiro, defensor da nossa justa causa?
(Daniela) – Graças a Deus temos homens inteligentes e lúcidos em Portugal!
Enquanto os membros da mesa continuam a consultar os documentos, entusiasmado e indiferente à pergunta colocada pela senhora, o homem continua:
(Diogo) - Não é a nossa República sinónimo de liberdade e igualdade? Como poderemos ficar indiferentes quando ela discrimina as mulheres, tal como se verifica nesta Assembleia?
Outra mulher volta a perguntar-lhe:
(Inês) - Sendo membro da Associação da Propaganda das Mulheres , vejo na sua intervenção, um defensor da liberdade e igualdade. Sentimo-nos orgulhosas por saber que há homens solidários com a nossa causa, poder-nos-á fazer o favor de dizer o seu nome?
- Joaquim Beja.
Todas dizem:
(Daniela, Mariana, Tânia, Inês, Patrícia, Bárbara e Nazaré)
- Obrigada em nome de todas as mulheres sufragistas!
Todos os presentes replicam em conjunto ( homens):
- Muito bem!
Entretanto, o Presidente depois de ter estado envolvido na consulta da Lei com o secretário da Mesa, interrompe, dirigindo-se a Carolina Beatriz Ângelo:
- Minha Senhora, antes de mais, quero felicitá-la pela sua determinação na defesa de uma causa nobre. É este um acto de coragem e inteligência que a fez vir aqui , tornando-se a 1º mulher a votar em Portugal. È merecedora da nossa admiração!
- Viva! – dizem todos e batem palmas.
Carolina intervém:
- Muito obrigada, senhor Presidente por essas palavras tão elogiosas. Elas não são apenas para mim mas para todas as mulheres que represento. Prometo que as divulgarei junto das sufragistas de todo o mundo civilizado para que saibam que os mais inteligentes homens portugueses estão connosco, compartilhando do mesmo ideal.
(Todos batem palmas e logo de imediato ficam como que mudos e como estátuas).
( O narrador diz para terminar)
Foi este um acto corajoso de uma mulher notável - Carolina Beatriz Ângelo, .Este foi um grande passo para uma longa caminhada que estava ainda para ser trilhada, na conquista pelo direito ao voto por parte das mulheres. Foi longa a caminhada, só passados mais 20 anos e curiosamente, com o Estado Novo, (pelo decreto lei nº 19694 de 5 de Maio de 1931) em 1931, é que, pela 1º vez, na história política do país, as mulheres foram consideradas como eleitoras, mas em termos muito, muito limitativos. O sufrágio universal feminino só acontecerá com o 25 de Abril.
Hoje, homens e mulheres devem por isto tudo, reconhecimento a esta mulher a quem prestamos aqui uma simbólica homenagem - Carolina Beatriz Ângelo!
( Voltam a animar-se os intervenientes. Batem palmas e dizem vivas a Carolina Beatriz Ângelo)
( Ficam em cena enquanto a assistência bater palmas, retirando-se depois).

República- no Feminino...

De: arcelina santiago [mailto:arcelinasantiago@gmail.com]
Enviada: domingo, 3 de Outubro de 2010 23:00
Para: Manuela Aguiar
Assunto: Sobre a sessão de quinta -feira

Cara Amiga,
Sobre o serão de quinta-feira? Excelente! Excelente!
Parabéns! Planeou as iniciativas das comemorações do centenário da República, começando com uma homenagem às mulheres, através da conferência da Drª. Maria Barroso e continuou a homenageá-las, agora com um testemunho vivo de um rosto tão emblemático da nossa sociedade actual- a Drª Maria José Rita!
Gostaria depois, de fazer um comentário mais alongado sobre o momento que, felizmente, tive o privilégio de presenciar, mas deixo aqui apenas um breve apanhado.

Na verdade, foi cativante a simplicidade e genuinidade da ilustre palestrante que, na conferência, deu ênfase ao papel das mulheres na República e o muito que há ainda a fazer para que haja uma verdadeira equidade, provando que continua a ser a mulher atenta e próxima dos outros, característica que já nos tinha habituado enquanto primeira dama. O seu testemunho foi muito rico, desvendando aspectos da sua vida pessoal e social, reveladores de um humanismo marcante. Depois, à conversa com Margarida Pinto Correia completamos a imagem desta figura que para nós é uma referência. Enquanto primeira dama, desempenhou de forma extraordinária, um papel importante em defesa da causa pública, com autonomia, simplicidade, coerência e responsabilidade, segundo os princípios de proximidade com os outros. Como pessoa, dedicada à família e às grandes causas, como cidadã, atenta aos problemas da sociedade e ao serviço do voluntariado, prova-nos que é, seguramente, um dos rostos femininos que marcará a nossa história da República.

Os harmoniosos momentos de bailado e de musicalidade fizeram o enquadramento perfeito de uma serão feliz e inspirador...
Tal como referiu, inicialmente, amiga Manuela, que esta celebração dos cem anos da República, mais do recordar o passado, seja a projecção de um futuro promissor. Que ele seja inspirado nos valores patentes no testemunho de Maria José Rita. E que belo testemunho para homenagear as mulheres da República!!!

Abraço,
Arcelina Santiago

Dia da comunidade LUSO-BRASILEIRA vai ser comemorado em Espinho. Para já, aqui fica um poema, que nos chega de São Paulo

ACHAMENTO do BRASIL

DO NASCIMENTO TEMOS CERTIDÃO
DA CONSTRUÇÃO TEMOS O PROJETO
DA CRIAÇÃO, O FILHO E O NETO
OS OBREIROS DA SUA CONSTRUÇÃO

PRIMEIRO PERO VAZ DE CAMINHA
DEPOIS COLONOS E EMIGRANTES
SEGUIDOS POR MUITOS BANDEIRANTES
HEROIS DE PENDÃO E CALDEIRINHA


COM CULTURA, LÍNGUA E TUDO MAIS
NESTAS PERIGOSAS ZONAS TROPICAIS
ERGUEU_SE UM PAIS CONTINENTE

PROVANDO AO MUNDO O GRANDE VALOR


DE UM POVO OUSADO E DESBRAVADOR


DESTE PORTUGAL E SUA GENTE

Com um abraço do JVerdasca

Notícias de Buenos Aires

Amigos quiero transmitirles mi orgullo de ser Portuguesa, ayer Avda. de Mayo se vistió de Fiesta, mostrando lo que somos nosotros, con nuestra Música, Canto, Bailes etc. a los que no son Portugueses, quiero mostrarle la nota que salió hoy en Clarín un orgullo para todos.
Además felicitar a las Autoridades por el apoyo incondicional que dieron a Bs. As. Celebra Portugal, para los que no fueron ....no se lo pierda el año que viene.
Agradezco a Martín de Oliveira por la información .
Besitos para todos
Natália

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Espinho, 16 de Junho de 2011


Assunto: Video de Homenagem no Dia da Cidade

http://videos.sapo.pt/dynM4lEFcunTcLZtke4J

Se pretender pode colocar nos seus blogs ou divulgar aos seus
conhecidos. Caso pretenda enviar a notícia, está aqui no site da
ESPINHO.TV :
http://www.espinho.tv/index.php?option=com_content&view=article&id=2400:gran
des-homenagens-em-dia-da-cidade&catid=58:informacao-geral-&Itemid=137

Date of addition: 2011-07-01 02:43
Comment author: Edmundo Macedo
Author E-mail: edmacedo@aol.com
Comment text: Conheci a Ilustre Secretária de Estado da Emigração, Dra. Manuela Aguiar, em 1980, quando veio ao Sul da Califórnia visitar as Comunidades Portuguesas e Luso-Americanas.
Ao recordá-la, jamais esquecerei o passo acelerado, a dinâmica contagiante, a presença amiga, o sorriso franco, a vontade de melhorar, o interesse em modernizar.
Os nossos imigrantes jamais esquecerão a Secretária de Estado Dra. Manuela Aguiar.
E eu jamais esquecerei a Dra. Manuela Aguiar. Que tinha Uma Consciência!
Que exsudava Uma Alma!
Que em representação do nosso País me ensinou que uma Nação sem Consciência é uma Nação sem Alma!
Edmundo Macedo


O que hei-de dizer?
Palavras de um "velho" e querido Amigo que conheci em L.A., há mais de 30 anos, como SEE, na 1ª visita oficial às comunidades portuguesas do "far-west".
Comentário àquele video sobre a homnagem no "Dia da Cidade", que, pelo visto, corre mundo...
Senhora Dra. Manuela Aguiar e Querida Amiga,

Muitíssimo obrigado pelo envio deste notícia, que obviamente me encheu de contentamento e me fez imediatamente cumprir um dever, pelo que deixei um comentário a propósito da homenagem que Espinho lhe oferecera, que - se possível - lhe peço que pelo menos transporte para o blogue da Mulher Migrante em Congresso.
Saudades e um abraço,
Edmundo Macedo

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A memória de Mary Giglitto

Conheci a Mary Giglitto em 1980, ao iniciar o convívio com um Portugal bem maior do que o imaginava - o da "diáspora". Na primeira das "viagens de descoberta" desse novo mundo, que me levou ao diálogo com as nossas comunidades da América do Norte, ninguém me impressionou tanto como ela. Na Califórnia fiz, logo, grandes e ilustres amigos, que ficariam para o resto da vida, mas, de facto, de entre eles, de entre os muitos Homens e as muito poucas Senhoras, que, então, influenciavam poderosamente a vida das comunidades portuguesas, Mary foi a que se tornou o mais formidável paradigma da "arte de viver Portugal" na lonjura do território. Ela ensinou-me, de uma forma muito concreta e evidente, que os portugueses de 2ª ou 3ª geração podem ser tão ou mais patriotas do que nós, os nascidos e criados dentro das fronteiras, e que sabem continuar, porventura melhor, e mais eficazmente, a história antiga, dando-lhe visibilidade, força actual e futuro.
Bem o exemplificava já o Festival Cabrilho de San Diego! Se o navegador Cabrilho aí conservava, indiscutível, a sua nacionalidade portuguesa e se as faustosas comemorações do feito da descoberta da Califórnia mantinham a dominante da sua terra de origem, era porque Mary, a líder, alma de toda a organização, não consentia, em nome de uma dinâmica comunidade, que outros se adiantassem e se apossassem da herança nossa...
História, cultura, comunidades portuguesas encontraram nela uma defensora, que não hesitava perante nada e sabia ganhar todas as batalhas, com as armas que cada ocasião reclamasse: diplomacia ou irreverência, confronto ou consenso... sempre com os argumentos da sua inteligência, sentido de humor, irradiante simpatia e capacidade de comunicação e, também, infinita energia e coragem. Uma Mulher pronta a avançar, rápida e fulgurantemente, em qualquer "missão impossível" - e a vencê-la.
Portugal foi a sua causa maior e não poderá esquecê-la. Mary Giglitto merece ser considerada como verdadeiro rosto feminino da nossa Diáspora!

Maria Manuela Aguiar