segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Na RTP - " PRAÇA" - entrevista ao nosso Cônsul em Melbourne, Dr CARLOS LEMOS

Link to Praca program 21 October 2016 http://www.rtp.pt/play/p2778/e255525/a-praca/531208

sábado, 1 de outubro de 2016

CONGRESSO DA MAIA 2011 . SEQUÊNCIA

Na sequência do Encontro Mundial da Maia de 2011, ponto de partida do programa para “a promoção da participação igualitária dos dois sexos nas instituições das comunidades, na vida pública e política”, patrocinado pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, vimos por esta forma, concretizar as principais iniciativas com que nos propomos prosseguir o trabalho encetado. Para tanto, pretendemos seguir as recomendações contidas na Resolução nº 32/2010 “sobre a problemática da Mulher Migrante”, assim como aquelas para que apontam as conclusões do Encontro Mundial de 2011. No domínio da investigação, consideramos prioritário fazer um levantamento no que respeita às formas de participação das mulheres no movimento associativo, através de um inquérito sobre a composição das direcções das Instituições das comunidades. O inquérito, que poderia ser levado a cabo pelos consulados, destina-se a recolher dados sobre o perfil dos dirigentes - sexo, idade, naturalidade, formação académica, profissão, curriculum de voluntariado, data da emigração (ou de emigração dos ascendentes e outros que sejam igualmente relevantes. As demais linhas de investigação, que foram objecto de debate durante o Encontro Mundial, terão de ser articuladas com Universidades, em Portugal e, eventualmente, nas comunidades, e haverá que procurar patrocínios, por se tratar de projectos de custos elevados, como é o caso do projecto “ateliers da memória”, sobre histórias de vida de mulheres migrantes, já acolhido pelo CEMRI – Universidade Aberta. Nas conclusões do “Encontro” o combate à “invisibilidade” das mulheres - que são ainda o 2º sexo da emigração, na medida em que esta continue padronizada no masculino - passa pelos projectos referidos, mas também por seminários e conferências, para análise e reflexão dos temas da exclusão/participação feminina, na perspectiva da Paridade Mulheres/Homens e na perspectiva intergeracional. Como foi reconhecido no Encontro da Maia, em muitos países, resolver a questão geracional significa progresso na questão de género, pois entre os jovens é mais comummente aceite e praticada a participação paritária. A nosso ver, a integração destas acções nas principais Iniciativas das comunidades, introduzindo nelas a componente de género, constituirá um meio muito eficaz de envolver na luta pela paridade não só a metade feminina, mas a totalidade das comunidades. Assim, na Califórnia, o Colóquio, sobre “As Mulheres como transmissoras de Cultura” – dividido em duas mesas redondas, reunindo mulheres dirigentes das organizações comunitárias e mulheres da área da Cultura e do Ensino, em que se destaca o seu papel nas áreas da Literatura, nas Artes Visuais, da Ciência, da Tecnologia, da Política, do Emprendedorismo, do Associativismo e do Desporto - fará parte do programa da Conferência da “Luso American Educational Foundation”, que decorre em S. José, entre 19 e 22 de Abril, com organização a cargo de uma das participantes do Encontro da Maia, a Doutora Deolinda Adão (professora nas Universidades de Berkeley e de S. José). Na Venezuela, o Colóquio sobre a intervenção das mulheres na preservação da Língua e da Cultura, será enquadrado nas celebrações do Dia 10 de Junho. No Uruguai, o Colóquio sobre participação das Mulheres no Associativismo e no Voluntariado, insere-se no programa do Encontro do Cone Sul, previsto para 13 e 14 de Outubro – organização em parceria com a «Associação Mulher Migrante Portuguesa da Argentina», e com coordenação do Conselheiro das Comunidades Luís Panasco Caetano. A proximidade de Buenos Aires facilita uma reunião com membros daquela Associação e outras portuguesas que não possam deslocar-se ao Uruguai e o itinerário via Brasil Igualmente permite incluir um encontro em S. Paulo, na ida ou no regresso para Montevideo, com o objectivo de criar um núcleo associativo de Mulheres Portuguesas, segundo o paradigma da Argentina. Na Europa, são as seguintes as iniciativas projectadas: Na Bélgica e em França, organização de exposições de Artes Plásticas, envolvendo Artistas das Comunidades e de Portugal, comissariadas pela Drª Nassalete Miranda, Directora do Jornal “As Artes entre as Letras”, acompanhadas das mesas redondas sobre as mulheres no domínio do ensino e da cultura, coordenadas pela Prof Doutora Isabelle Oliveira. Na Inglaterra, com organização pedida à Drª Luísa Ribeiro, participante no Encontro da Maia, uma Conferência sobre “A nova emigração feminina”. Em Lisboa, conferências sobre “Feministas da Diáspora” – Maria Archer e Maria Lamas. Em Lisboa e no Porto, mesas redondas para o lançamento da publicação sobre o Encontro Mundial de 2011. Em Portugal, as iniciativas não terão custos, para além de uma publicação das conferências, estimada em 2 500,00 €. Para o Inquérito, pedido aos serviços da DGACCP e Consulados, não há do mesmo modo, previsão de custos. No Estrangeiro os encargos respeitam essencialmente a despesas de deslocação de conferencistas, esperando-se que os espaços e as despesas da organização fiquem a cargo de entidades locais. A «Associação Mulher Migrante» vem apresentar esta proposta de trabalhos para 2012, muito agradecendo poder contar com o alto patrocínio de V. Exª, Senhor Secretário de Estado, para a sua concretização e também com o seu apoio na comparticipação das despesas, que se estimam sejam de 30 072,00 €. Juntamos as estimativas/síntese que pudemos obter, relativas a deslocações de conferencistas e a outros encargos com as iniciativas de 2012. Agradecemos, com o maior reconhecimento, as atenções que nos têm sido dispensadas e, manifestando a nossa disponibilidade para corresponder a todas as formas de colaboração que forem julgadas relevantes, apresentamos a V. Exª, Senhor Secretário de Estado, os nossos respeitosos cumprimentos

AMM VENEZUELA - II CONGRESSO

Mulheres apelaram à igualdade de género O II Congresso da Mulher Migrante serviu para a criação de uma nova associação no país. Autor: Sergio Ferreira O Salão Río Caroní no Hotel Gran Meliá Caracas acolheu, no passado domingo, 25 de Novembro, o II Congresso Nacional da Mulher Migrante Luso-Venezuelana, uma iniciativa do Clube dos Comunicadores Sociais Luso-Venezuelanos (CSLusoven) organizada em conjunto com a Conselheira das Comunidades Portuguesas pela Venezuela, Maria de Lourdes Almeida, e com os Filhos de Portugueses Nascidos na Venezuela. Durante a jornada, na qual participaram 124 congressistas de 18 instituições, marcaram ainda presença a ex-secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Manuela Aguiar, a presidente da Associação Mulher Migrante de Portugal, Rita Gomes, o cônsul geral de Portugal em Caracas, Paulo Martins dos Santos, e o cônsul geral de Portugal em Valência, Antonio José Chrystello Tavares. A abertura esteve a cargo de María de Lourdes Almeida, que agradeceu todos os presentes pelo apoio dado à nova Associação Mulher Migrante da Venezuela. De seguida, Paulo Martins dos Santos fez uma breve intervenção para explicar o importante papel da mulher no processo migratório luso em terras crioulas e de como as mulheres se impuseram nas mais variadas instituições luso-venezuelanas. Antes de iniciar as intervenções das oradoras, foi feito um contacto via telefone com a deputada eleita pelo círculo fora da Europa, Maria João Avila, que agradeceu às mulheres emigrantes na Venezuela pelo seu trabalho incansável. “É muito importante ver as pessoas da comunidade envolvidas num projecto como este. Nunca mais vamos ter uma pessoa do calibre de Manuela Aguiar”, ressaltou. E foi a antiga secretária de Estado, Manuela Aguiar, que abriu oficialmente o congresso. “Em Caracas, como noutras cidades, a associação tem estado ligado ao trabalho com as comunidades (…). Já estou com a ideia de que este é o país onde as mulheres estão mais envolvidas e têm um papel mais determinante na vida da comunidade portuguesa. O futuro deve ser construído entre homens e mulheres; o caminho para o equilíbrio deve ser percorrido no exercício da cidadania. Cesário converteu em realidade política a mobilização das mulheres emigrantes (…) Temos que saber o que queremos para dar mais Portugal a Portugal e fazer das mulheres mais portuguesas e cidadãs”, disse Aguiar. A primeira oradora da noite foi a presidente da Academia da Espetada de Maracay, Ana Maria de Abreu, que explicou o trajecto da instituição que dirige e os seus contributos para a comunidade. De seguida, foi a vez da presidente da Sociedade de Beneficência Só Bem, Ana Maria Góis, que assegurou que a associação continuará a lutar pela dignidade de todos aqueles que sofreram atropelos na vida. A mais aplaudida foi Joamar Isabel Gonçalves, uma jovem de apenas 12 anos de idade, filha da directora da Fundação Luso-Venezuelana de Clarines, Carla de Gonçalves, que foi ao microfone para falar sobre a instituição e ressaltar o talento da mulher luso-venezuelana. Depois, subiu ao palco a primeira mulher a ser presidente da secção de Carabobo da Câmara Venezuelana Portuguesa de Comércio, Indústria, Turismo e Afins (Cavenport), Fátima de Pontes, que destacou o papel de algumas mulheres na história da humanidade e enfatizou o lema “na união está a força”. Fátima Pinto, directora da associação Filhos de Portugueses Nascidos na Venezuela, fez um percurso pela história deste grupo do Facebook fundado em 2008, e falou do lançamento de uma nova página que reunirá Filhos de Portugueses nascidos pelo Mundo. “Nasci e vivo num maravilhoso país, a Venezuela, mas o meu coração estremece cada vez que escuto alguém falar com sotaque português”, finalizou. Luísa Campos, presidente da Comissão de Damas do Centro Português, em Caracas, explicou a sua participação na mudança de nome do grupo que dirige e do papel fundamental que tiveram em diversas actividades no centro social. “Ao lado de um bom homem está sempre uma grande mulher”, disse Campos, exortando à igualdade e ao trabalho conjunto entre ambos géneros. Chegou depois a vez de Marilú de Andrade, representante do grupo ‘Nietas del Lar Padre Joaquim Ferreira’, que afirmou que é muito satisfatório ver as demonstrações de alegria dos idosos quando estas mulheres os visitam. “O papel da mulher na sociedade actual é claro: Ser transformadora, com valentia, e estar preparada para enfrentar novos desafios” sentenciou. Por seu turno, a presidente do Grupo de Danças Internacionais Dos Patrias, Mónica da Silva, falou sobre o sentimento emigrante presente em cada actuação do grupo folclórico e os seus desafios como presidente nos próximos anos. Posteriormente, foi a vez de Fátima Pita, secretária da Sociedade de Beneficência de Damas Portuguesas, e Salomé de Martins, presidente da Fundação Martins, que falaram do trabalho de beneficência desempenhada por ambas as instituições e do papel fundamental das mulheres nessas instituições. Depois de um breve intervalo, foi a vez dos principias oradores: Rita Gomes falou sobre a Associação da Mulher Migrante desde a sua fundação, em 1985, até aos dias actuais, assegurando que a instituição está presente em qualquer lugar onde haja uma mulher lusa que precise dela; a economista Nélia Santos explicou o desafio que significou para ela ser a primeira mulher representante do Banco Internacional do Funchal (Banif) em Caracas, apelando ao equilíbrio entre géneros sexuais e apelando à profissionalização das mulheres; a advogada Adriana da Silva abordou o tema da violência contra a mulher, números e as leis; e a conselheira Maria de Lourdes Almeida recordou os nomes de mulheres luso-venezuelanas que triunfaram nos mais diversos âmbitos. Para finalizar o evento, Manuel Aguiar fez uma nova intervenção na qual destacou o papel das mulheres no associativismo luso-venezuelano, dizendo que apesar de pertencerem a uma sociedade conservadora e tradicional, a pouco e pouco conseguiram ressaltar em diversos sectores. Fez ainda referência ao novo processo migratório, explicando que a inserção destas novas mulheres será menos traumática devido ao alto nível de profissionalização. Manuela Aguiar e Rita Gomes foram recebidas na filial número 43 do FC Porto, em Caracas, pelo seu presidente, Alvarinho Sílvio Moreira, onde tinham preparada uma noite de gala de fados com os melhores fadistas luso-descendentes. A ex-secretária de Estado expressou a sua grande emoção e orgulho ao ver que a Casa do Porto na Venezuela promove importantes actos culturais onde os descendentes lusos são os principais protagonistas; igualmente, destacou que este tipo de actividades mantém vivas as tradições, usos e costumes do povo português, inculcando nas novas gerações a consciência de que ser filhos de portugueses significa ter as portas abertas em qualquer parte do mundo

Women in the Portuguese DIASPORA

The role of woman in the Portuguese Diaspora has been relatively unacknowledged throughout centuries of huge migratory movements largely dominated by male stereotypes. Nevertheless emigration had in fact profound effects in the life of women within the family circle, in society and in the labour market, and women did strongly contribute to transform both individual immigration projects and the Portuguese communities in host societies. Traditional Portuguese policies opposed and limited feminine emigration as women were expected to suffer "double discrimination" abroad (as foreigners and as women) but recent studies and hearings of women speaking for themselves reveal that in many cases and for a majority of them, emigration signified more rights and opportunities. In more prosperous, modern and egalitarian societies they became aware of individual rights and of social causes and learned new ways of being wives, mothers and professional workers They were a decisive factor in the integration and in the wellbeing of the whole family and very often an obstacle to the choice of returning to the country of origin. Inside their ethnic group, they also played an important role in the setting up of cultural organisations guarding traditions and ways of being and living collectively. But the association movement is still mostly led by men, women reacting in some cases by creating their separate associations . The major institutions of Portuguese emigration are still less egalitarian than the host society as a whole - although some more than others. A comparative view of progress in this domain, through research, seminars and debates is a way to press for change.

PARIDADE

A “Lei da Paridade” estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as autarquias locais sejam compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos sexos. Atingimos assim uma situação de paridade? Que percursos e que obstáculos? Que caminhos para a sua concretização? 14h30 – 15h30 moderadora | Ana Coucello _ Vice-Presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres Ana Sofia Fernandes Presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres Fernando Ruivo Director do Observatório do Poder Local do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia de Coimbra Manuela Aguiar Ex-Secretária de Estado da Emigração Maria de Belém Roseira Ex-responsável pela Pasta Ministerial para a Igualdade 15h30 – 16h00 Debate 16h00 – 16h20 Pausa saudável acção O dMpM, uma experiência integrada de intervenção para a mudança: acção positiva, mentoria, desenvolvimento de competências e empowerment para a intervenção cívica e política, projectos, trabalho em rede e para o mainstreaming de género e envolvimento dos rapazes na promoção da igualdade de género 16h20 – 17h30 moderadora | Sílvia Vermelho_ _ Presidente do Conselho Fiscal da REDE Teresa Oleiro & Dídia Duarte Ex-mentora & Ex-mentorada e Vice-Presidente da REDE Catarina Arnaut & Danielle Capella dMpM2 Porto & dMpM2 Lisboa Rui Machado Presidente da Associação Caboverdeana de Lisboa Tiago Soares - Presidente do Conselho Nacional de Juventude Belkis Oliveira Presidente da Associação de Solidariedade Internacional 17h30 – 18h00 Debate 18h00 – 18h30 Sessão de Encerramento Marta Costa_ Vice-Presidente da REDE Elza Pais_ Presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género Laurentino Dias_ Secretário de Estado da Juventude e do Desporto

sexta-feira, 15 de julho de 2016

ENCONTROS FILOSÓFICOS AÇORES

XXIII Encontros Filosóficos - Migrações e Felicidade, Faial Pico,São Jorge, 12 a 25 de abril 2006 Participação de Maria Manuela Aguiar, na qualidade de Presidente da Associação de Estudo Mulher Migrante Dia 14, Auditório da ESMA, Horta "Conferência Migrações, Participação e Cidadania" Conferência - Debate moderado por Maria Fernanda Serpa Dia 14 Pico Migrações de Cidadania Dia 15, "Sociedade Amor Pátrio", Horta "Género , Migrações e Cidadania Nos mesmos Encontros, foi conferencista, na qualidade de Professora da Universidade Aberta, a Dirigente da AEMM, Profª Doutora Maria Beatriz Rocha Trindade. Na sessão do dia 15, as duas fundadoras da AEMM, e a Profª Doutora Teresa Santos (Universidade de Évora) intervieram conjuntamente no período de debate. Entre os conferencistas destes Encontros, cheios de história, estiveram o Pe Vaz Pinto (Revista Brotéria), o Dr Eugénio Fonseca (Caritas), Prof Doutor Assis Brasil (Universidade de Porto Alegre), Profª Doutora Gilberta Rocha (Universidade dos Açores) entre muitos outros.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

H omenagem à Drª Maria Barroso - Profª Doutora Isabelle Oliveira, Univ Aberta - 2 junho

É, de facto, um imenso privilégio estar presente nesta bela homenagem à Dr.ª Maria de Jesus Barroso Soares, que fica “para além do tempo como se a maré nunca a levasse da praia onde foi feliz” para retomar um trecho do poema “Há mulheres que trazem o mar nos olhos” da sua grande amiga Sofia de Mello Breyner. Começo por saudar os ilustres membros da mesa e permitam-me que dirija uma palavra de saudação especial à Senhora Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Dr.ª Catarina Marcelino, que com a sua presença, veio emprestar uma maior solenidade ao acto e conferir-lhe um reforçado carácter responsabilizante. Dirijo igualmente o meu agradecimento e uma especial saudação aos ilustres convidados que, com a sua presença, enobrecem o evento. Propositadamente, deixei para último lugar os agradecimentos à nossa anfitriã, a Universidade Aberta, e toda a minha admiração, a duas ilustres Senhoras, Dr.ª Manuela Aguiar e Dr.ª Rita Gomes, querendo justamente dar-lhes a primazia que lhes é devida pelo seu combate às causas da emigração com sinceridade, dedicação, respeito e humanismo. A todos dirijo uma saudação muito especial. Por tudo isto, no léxico português, só encontro uma palavra que, na sua simplicidade, pode exprimir toda a nossa gratidão e que é: OBRIGADO! ------------------------------------------------------------ TESTEMUNHO Feitas as saudações e os devidos agradecimentos, é tempo de falar de um dos vultos feminino que marcou indelevelmente a História de Portugal. Sinto o peso do exercício desta tarefa nada fácil, tanto pela responsabilidade que acarreta, quanto pelas emoções e recordações que desperta em mim. Tantas recordações e afectos se cruzam e vêm ao de cima, irresistivelmente. Ninguém sai incólume de um encontro com Maria Barroso, uma mulher exemplar, generosa e de uma sinceridade desarmante. As suas palavras atravessam e atravessarão eras e reinventam o passado. Esta Grande Senhora, de pequena estatura, mas de uma enormíssima convicção, dedicou toda a sua vida a lutar contra os sistemas que lesam mulheres e homens, por mais Justiça, pela humanidade e, pura e simplesmente, pela vida. Certamente que terá sido alvo de invídias por parte de minorias, mas a grande maioria continua a venerar com grande admiração o ícone em que se tornou. Dotada de um rigor irrepreensível, no fundo, foi uma eterna rebelde sob um véu de delicadeza. Feminista, sempre defendeu a causa das mulheres com uma firmeza implacável, mas não aderiu às teses daquelas que – à semelhança de Simone de Beauvoir – negavam as diferenças entre os sexos. Está do lado dos mais fracos, mas refuta qualquer tipo de vitimização. A vida – que nem sempre foi um mar de rosas – como que em jeito de desculpa ofereceu-lhe oportunidades incessáveis de reconhecimento da sua pessoa, da sua integridade e do seu talento. A sua curiosidade pelo Mundo e pela sua transformação, pela vida e pelos outros, a abertura ao que é diferente e a alegria de viver – nunca a abandonaram, mesmo nas circunstâncias mais penosas. Foi sempre livre, veemente e serena e assim permanecendo ao longo do seu percurso e além dele. Soube traçar a sua independência em variadíssimos aspectos. Em inúmeras ocasiões, ecoaram palavras sobre a sua personalidade, tanto da parte de vozes modestas quanto de vozes egrégias, todas elas proferidas com respeito, admiração, carinho e determinação: aparentemente a Cara Senhora seria dona de uma personalidade vincada. Vincada! Pois sim! Maria de Jesus Barroso era uma mulher de personalidade e vanguardista em inúmeros domínios! Sabia exactamente aquilo que queria. Ficávamos horas a fio conversando pelo Mundo, em Lisboa, Paris... Dizia que Paris era a sua segunda Pátria, e respondia eu, que França passou a ser a minha primeira Pátria pelo facto do Marquês de Pombal ter incorporado apenas algumas ideias do Século das Luzes, o que levou Portugal a depor “as armas da razão” que produz injustiças, desigualdades … Que não é para nos autoflagelarmos, mas para pressionar no sentido de uma mudança urgente: acabar com a impunidade, a corrupção, os incompetentes, através da sanção moral pública, restabelecer, como exemplo, a honradez republicana como uma honra para servir o Estado e os outros e nunca para se servir a si próprio. Com o seu sorriso protector, dizia-me que incarnava melhor do que ninguém esta nova geração na qual deposita a sua confiança, para não deixar de lutar pelos meus ideais (só era vencido quem deixava de lutar), por uma justiça social que era o pilar principal para que uma sociedade fosse mais pacífica, coesa e equilibrada. Que ainda somos o país com maiores desigualdades no quadro europeu, onde a distância entre os mais pobres e os mais ricos é maior. Que isso é inaceitável, anos após a Revolução dos Cravos! E se quisermos justamente evitar revoltas anárquicas, toda a espécie de violência, e uma grande crispação e mal-estar social, é necessário ter a coragem de fazer as reformas que se impõem, com os olhos postos nas pessoas. Que precisávamos mais do nunca de uma Justiça – isenta, independente e justa – sendo outra das prioridades, para dar confiança aos portugueses e para prestigiar no estrangeiro o nome de Portugal. Saboreava uma a uma, cada uma das suas palavras perdendo a ilusão do tempo. Parecia encerrar um segredo: uma aliança entre tradição e modernidade numa única pessoa. Quando a observava, lembrava-me daquelas grandes senhoras de outros tempos, cuja distinção e porte impunham respeito. E, ao acompanhar o seu percurso, considerei-a sempre uma figura de proa, que lidera destemidamente a história. A sua curiosidade insaciável e o seu sentido de minúcia são característicos de uma natureza inquieta e fervorosa que faz avançar o mundo. Foi consigo que fiquei a saber que, na vida, aprendemos mais com as nossas perguntas do que com as nossas respostas. É verdade que era uma mulher enigmática, um enigma claro e reluzente capaz de atingir uma diafaneidade digna de admiração embora, no seu caso, se sentisse ainda algo mais: respeito, afecto, uma espécie de fascínio. Muitos, tanto em Portugal quanto além-fronteiras, se regozijariam por tê-la como confidente e amiga. Tive a sorte inaudita de ser sua amiga e a felicidade de partilhar momentos inesquecíveis consigo, aprendendo com a sua meticulosidade, a sua sabedoria, o seu humanismo e a sua liberdade. Entre todas as figuras da nossa era, a Maria Barroso é inquestionavelmente uma das preferidas dos portugueses, e não só. A admiração e o afecto são os sentimentos predominantes que é capaz de inspirar em todos nós. Personifica brilhante e incomparavelmente a resistência aos tempos terríveis que atravessamos, em que a violência se propagou talvez como nunca na história da Humanidade e, ao longo da qual, alguns – como foi o seu caso – lutaram contra as adversidades, com coragem e determinação, ilustrando os princípios da igualdade e fraternidade que em nada nos são estranhos. Para concluir, devo ainda acrescentar que existem pessoas extraordinárias que fazem mudar a forma como vemos as coisas e acreditar no sonho de um mundo melhor, sem recorrer à rispidez, mas antes à força da vida, beleza e ao poder da sua maneira de ser. O seu único defeito residia em esquecer-se de si própria em favor dos outros, mas quem poderia recriminar-lhe isso? Hoje, almejo sobretudo recordar esses momentos que partilhámos e que me inspiram a travar, com a ajuda de outros, as lutas que também travou. A sua memória perdurará para sempre entre nós! E afianço-lhe que a ponte que lançou entre dois mundos também!