sábado, 2 de novembro de 2013

Olga Archer Moreira Comunicação



ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

Lampejos da imensidão africana nas artes de Maria Archer e de Isabel Archer Fundação Pro Dignitate 24-10- 2011 – 21h30m 1

Lampejos da imensidão africana



nas artes de Maria Archer e de Isabel Archer

Senhor Prof.º Doutor Fernando de Pádua

Senhora Dra. Manuela Aguiar

Senhora Dra. Rita Gomes

Senhor Dr. António Pacheco

Senhoras e Senhores

Boa noite,

Apresento o meu agradecimento aos meus primos Fernando Pádua, Eunice Varela, Francisco Colaço e Luís Manuel Coelho pelas fotografias e artigos que me cederam sobre Isabel Archer e o meu reconhecimento à «Associação Mulher Migrante» na pessoa da Sra. Dra. Manuela Aguiar pelas evocações de Maria Archer e de Isabel Archer, minhas tias-avós, e pela confiança em mim depositada para, em conjunto com a Dra. Rita Gomes, organizarmos a publicação "Vida e Obra de Maria Archer – Uma Portuguesa da Diáspora".

Falar sobre esta publicação, sobre Maria Archer e também sobre Isabel Archer Areosa ou Isabel Archer Poole é um desafio.

Como desafio foi concretizar o projecto da publicação que hoje apresentamos em Lisboa. O livro que nasceu do Encontro, que teve lugar em Março do ano passado no Teatro da Trindade, nesta cidade. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Este livro, que reúne as intervenções proferidas na altura, é um reencontro com esta mulher da diáspora. Ouvimos testemunhos de amigos e familiares, para descobrirmos novas facetas, seleccionámos fotografias para relembrarmos o seu rosto e vogámos ao encontro da crítica da altura. Partimos ao encontro de Maria Archer.

Mas estando concluído o livro uma questão surgiu: que capa dar a esta publicação?

Lembrámo-nos, então, de um quadro de Isabel Archer Areosa que retrata o que ambas sentiam por África. E assim, singelamente, duas irmãs, artistas das artes e das letras, foram concomitantemente relembradas.

A organização e a selecção dos materiais foram horas e dias de deleite, para mim.

É com muito prazer que estou neste magnífico espaço que tanto seria do agrado destas duas irmãs. Falar de ambas é um repto.

Estávamos em 1899. Princípios de Janeiro. Inverno. Nasce, em Lisboa, a mais velha de uma prole de seis – Maria Emília Archer Eyrolles Baltazar Moreira.

Sete anos mais tarde, nasce, a 4 de Julho, na freguesia de S.Vicente, Isabel Archer. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Quando os raios de sol acariciam Isabel, pela primeira vez, já quatro irmãos, Maria, João, Natália e Irene existem. Três anos mais tarde nasce a irmã mais nova, Eugénia.

Em 1910, Isabel, com apenas três anos, Maria, já com onze anos, mudam de continente, da Europa para África. Partem com os pais e com os irmãos mais velhos para a ilha de Moçambique. Maria Archer apelidou-a de "ilha de coral branco". Aí o pai exerce a função de gerente numa agência bancária.

Em 1916 voltam a partir com os pais e o irmão João, meu avô. Desta vez navegam até à Guiné, e vivem um ano em Bolama e outro em Bissau.

Várias foram as mudanças de país e de continente que experimentaram ao longo das suas vidas.

Maria é uma criança persistente. As letras fazem parte do seu imaginário. A crítica está sempre presente. Maria Archer foi escritora, jornalista, conferencista, tradutora. Cedo, muito cedo, começou a escrever.

O seu primeiro artigo é publicado no jornal O Ocidental em Moçambique, em 1913.

Em 1917, na Guiné, dá voz e alma à tertúlia Lides Literárias.

Casa em 1921 com Alberto Teixeira Passos. Vive em Moçambique, durante 5 anos, com o marido e o afilhado. Retornam a Portugal e vivem ora em Vila Real, ora em Faro. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Em 1932 encontra-se divorciada.

Estreia-se nas letras pátrias nos semanários O Algarvio e o Correio do Sul, ambos de Faro.

De novo África surge perante os seus olhos e parte para Angola, onde se encontram os pais, com quem vai viver. O seu primeiro livro aí foi publicado, em 1935. Um livro de novelas e de contos intitulado, Três Mulheres, em parceria com Pinto Quartim. Ainda nesse ano regressa a Portugal e publica África Selvagem.



Escreve sobre os seus ideais, sobre África, sobre a luta pela dignificação da mulher. E escreve, para crianças, contos de encantar sobre África.

A sua escrita foi indelevelmente influenciada pelos muitos anos vividos em África. África, esse continente de cores quentes, de paisagens primitivas, de terras de sol.

Fascinou-se com a natureza que a rodeou e pintou-a através da escrita.

A sua obra conta com mais de três dezenas de livros publicados entre 1935 e 1963, alguns dos quais com várias reedições. A sua colaboração em jornais e revistas, em Portugal e no Brasil, ascende às centenas. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Em 1938 e em 1947 vive a revolta de ver alguns dos seus livros apreendidos. E, inconformada e perseguida, ruma até ao Brasil em 1955. Regressa em 1979 a Portugal.

Mulher de horizontes, viajada e ousada, admirada por muitos e silenciada por alguns, deixa-nos a 23 de Janeiro de 1982.

No crepúsculo da sua vida pairou o silêncio de um país e de uma sociedade.

Passados trinta anos após a sua morte vogam vestígios desta Mulher de inegável valor em alguns municípios de Portugal apesar do esquecimento a que foi votada.

Almada, Almodôvar, Amadora, Faro, Ferreira do Alentejo, Oeiras e Seixal, homenagearam-na, discretamente, num quase anonimato, entre 1975 e 2010, marcando, de forma perene, as ruas dos seus concelhos.



A mulher que não se escondeu atrás de pseudónimos permanece viva na memória destas edilidades.

Isabel é uma criança ladina, atenta e com grande sentido de humor. É bela. Desde muito nova que desenha, só mais tarde se dedica à pintura. A reprodução de um ramo de flores de um jardim é o seu primeiro trabalho. Está, então, em Sá da Bandeira. Isabel pinta, numa era em que este talento não é acalentado nas mulheres de então. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Casa, pela primeira vez, com João José Gomes Areosa, chefe da Delegação Aduaneira de Porto Amboim, e parte para Angola, envolta em sonhos.

Em 1940, fascinada com a natureza que a rodeia não hesita e participa no Salão de Benguela.

É uma autodidacta, como confessa numa entrevista à Vida Mundial, em 1945 e, tal como a sua irmã Maria Archer é uma mulher migrante.

Nesse mesmo ano, com 39 primaveras e tendo vivido dezassete em África, é convidada a expor no estúdio do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo – SNI, em Lisboa. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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A 30 de Junho de 1945, sábado, pelas 16h, foi inaugurada a primeira exposição de pintura de Isabel Areosa.

Do catálogo da exposição cito-vos extractos que nos elucidam e apelam ao enlevo da pintura de Isabel:

Isabel Archer Areosa prestando esclarecimentos ao Sr. Manuel Monteiro,

Inspector Superior das Alfândegas Coloniais, o sobrinho Luís Filipe Archer

Moreira e, mais à frente, Maria Archer conversando com o Sr. António Eça

de Queiróz, sub-director do SNI.

"A côr da terra africana chamou os seus olhos e as suas mãos à realização plástica……Nos últimos anos, com a maturidade, dá-se a expansão do seu talento nato, e a paisagem africana, numa integridade de interpretação que maravilha, sai dos seus pincéis com cheiro de mato e esplendor de sertão. (…) Esta exposição tem a novidade de ser a primeira que uma mulher portuguesa realiza, em Portugal, com a representação plástica de África. Tem a novidade de nos fazer presente a terra tropical, longínqua (…). Tem a novidade de pôr ao alcance dos nossos olhos a terra que muitos só viram, até hoje, com o coração." ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Os quadros de Isabel Areosa apelam a todos os nossos sentidos. Espalham os cheiros de África, irradiam a luz de África, propagam os sons de África. Transmitem-nos a alma e a natureza africanas. E tudo nos é oferecido pela profusão de tons e policromia da natureza tropical – da selva e da estepe, dominados pelo mistério e pela perspectiva nostálgica dos horizontes que não têm fim. Os nossos sentidos inflamam-se perante os quadros de Isabel Areosa.

Isabel nas suas telas desbravou e desvendou África. Aprendeu a pintar escutando o que o seu coração lhe segredava.

A voz da crítica elogia desta forma o seu talento, Adelaide Félix em artigo de 15 de Agosto de 1945, publicado no Renascença, na secção "Quinzena Artística", afirma: "Não sabemos se o SNI encerrou, com a valiosa e impressionante contribuição de Isabel Areosa, artista de notável talento, a sua temporada plástica de 1944-45. Se se dispôs a fazê-lo, não ficará mal, na circunstância, a frase comum de que essa temporada "fechou com chave de oiro". E, mais à frente, vaticina: "Isabel Areosa, pintor das terras africanas, não oferece nos trabalhos que nos acaba de apresentar garridices habilidosas de colorista elegante; põe-nos, apenas, em face de uma pintura sincera, sugerida pelas impressões vividas ano após ano, num outro continente, impressões em que domina qualquer coisa de epopeia." ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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Por seu turno, Maria Archer é assim elogiada por João Gaspar Simões, em Outubro de 1949:"Disse que Maria Archer não era uma escritora – mas um verdadeiro escritor. (…) é perante um grande escritor português que nos encontramos, um dos maiores contistas que a nossa literatura tem conhecido (…) Em qualquer país civilizado a autora de Há-de Haver uma Lei… teria, pelo menos, meia dúzia de editores, e dos principais da nação, a disputá-la como seu best-seller. Entre nós, que vemos? Maria Archer … inscreve na capa do seu livro, ali onde costuma figurar a firma do editor, esta legenda que é um labéu para a nossa corporação de livreiros: «Edição da Autora – Lisboa, 1949»!

Esperem o juízo do tempo, e verão! Quando em 2049 se celebrar o centenário do aparecimento de Há-de Haver uma lei… todos os editores portugueses dignos desse nome baixarão os olhos, envergonhados, ao ouvir esta tremenda efeméride: em 1949 Maria Archer, autora de duas dezenas de volumes, teve de publicar a expensas suas o seu livro de contos Há-de Haver uma lei… pois não havia então em Portugal um único editor capaz de perceber que este livro era uma colecção de obras-primas do conto português".



Estas duas irmãs, que mutuamente se iluminam, são ambas prezadas pela crítica, na década de 1940, como um pintor e um escritor. Consideração máxima para a época. Os seus espíritos de pioneirismo estão visíveis.

Maria Archer exprime a sua sensibilidade através da escrita, Isabel Archer revela a sua sensibilidade na pintura e nos contos infantis que publica no jornal ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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infantil semanal "O Papagaio"1 de 1936 a 1944. Também Maria Archer publica contos infantis no "O Papagaio", de 1935 a 1937.



1 Este jornal deu à estampa o seu primeiro número a 18 de Abril de 1935, dirigido pelo prestigiado escritor, poeta e pedagogo Adolfo Simões Muller e pelo excelente artista gráfico Tom.

Nos números 79 e 84 desta revista encontrámos contos assinados quer por Maria Archer, quer por Isabel Areosa.

Mas não só para o jornal infantil Isabel escreveu. Também os jornais nacionais conhecem os seus escritos. Colaborou no Século Ilustrado e, tal como sua irmã, é redactora no jornal Humanidade e no Diário de Luanda.



Isabel enfrenta a severidade da vida. Deixa, temporariamente, de pintar os seus óleos, e dedica-se a matizar os cartazes para as fachadas dos principais cinemas daquela época – Éden, Monumental, Império e outros.

A 30 de Março de 1947, a bordo do "Nova Lisboa", Isabel Archer Areosa parte, mais uma vez, para o vermelho quente das noites de "queimada" e para o plúmbeo baço das tardes de cacimbo. Não se despediu de Lisboa, antes prometeu voltar com nova exposição. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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A 4 de Maio de 1947 concede a sua primeira entrevista a um jornal angolano, em Luanda, onde afirma: "dentro de seis ou sete meses farei uma exposição em Luanda." Para tal percorre Angola de Norte a Sul, perscrutando aquela terra e os seus locais mais recônditos, onde se depara com a ímpar beleza da natureza.

Finalmente, em Agosto de 1948, Isabel Areosa expõe em Luanda, no Palácio do Comércio, participando nas comemorações do Tricentenário de Angola.

Mais tarde, os seus trabalhos são expostos em Porto Alexandre, Angola.

Os sonhos de um casamento amoroso esmorecem, a separação adivinha-se e, por fim, o divórcio advém. Os tempos foram difíceis e esta época da sua vida foi deletéria. Mas o sol de Verão que esteve presente no dia do seu nascimento brilhou no seu coração e presenteou-lhe uma nova vida.

Em Outubro de 1951 casa com William Michael Poole, engenheiro, que conhecera durante a IIª Guerra Mundial. Ampararam-se mutuamente, sararam feridas em uníssono. Ela torna-se uma guardiã atenta de seu marido e ele vê nela a musa inspiradora de uma vida ao longo de mais de 40 anos.

Acompanhando o marido Bill, ruma até ao Egipto e à Etiópia, onde este trabalhou.

Isabel Archer, agora Isabel Poole, renova a sua pintura. Desta feita, a influência do Egipto sente-se nos novos quadros, na demanda de novos horizontes. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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É a representação do deserto que Isabel nos dá a conhecer. Deserto de que o seu marido Bill tanto gosta. As cores quentes dos poentes dão lugar aos castanhos e dourados do deserto.

Anos volvidos atravessam, de novo, o oceano e, sempre, acompanhando o marido, aventura-se no continente americano. A Venezuela foi a sua nova migração.

Vive, ulteriormente, vários anos em Southampton, na Grã-Bretanha, país natal de seu marido.

Após a reforma, decidem regressar a Portugal, onde permanecerão até aos últimos dias de ambos.

Isabel Archer Poole parte, para a sua última viagem, em 2003.

Agora, que escrevo sobre o passado de Maria Archer e de Isabel Archer, paralelamente, e o reinvento pela palavra, não esqueço esse momento de revelação destes lugares mágicos, descobertos, no encantamento de um entardecer. ENCONTRO MUNDIAL - MULHERES DA DIÁSPORA "Expressões Femininas da Cidadania" 24 de Outubro de 2013 – Fundação Pro Dignitate

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E, por fim, um agradecimento muito especial. Porque única e sublime é a relação de um pai com os filhos.

Pai, obrigada.

Obrigada, pela partilha das memórias sobre as tias e as histórias contadas, pelos valores transmitidos e pelo amor à família.

Obrigada e que saudades….

Muito obrigada.

Lisboa, 24 de Outubro de 2013

Olga Archer Moreira

(vale.olga@gmail.com)

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