“Mulheres na Política –
um princípio de paridade
O Congresso da Mulher Migrante, reunido por ocasião dos 15
anos desta organização, é uma excelente oportunidade para destacar o papel das
mulheres migrantes, realçando o papel que tantas portuguesas tiveram, através
das mais variadas áreas, na afirmação cívica e política das Comunidades
Portuguesas no estrangeiro.
No meu círculo eleitoral, onde as Comunidades Portuguesas
emigrantes datam dos anos 60 e 70, foram, em muitos casos, as mulheres a
assumir o papel da gestão familiar passando a partir daí, a ter um maior
envolvimento na vida comunitária e associativa. Depois, mais tarde, começam a
colaborar na vida das empresas familiares tomando conta da parte contabilística
e burocrática. Assim, foram estas mulheres que conjugando o seu papel de mães e
esposas foram lançando a semente da participação cívica da comunidade
portuguesa residente em França.
De facto, não é assim estranho que sejam essas portuguesas de
valor que surjam agora em na vida política francesa, nomeadamente, com a
inclusão de candidatas lusas às próximas eleições municipais e com verdadeiras
possibilidades de vitória de grande parte delas.
Atualmente, num universo de cerca de 3000 luso-eleitos, as
mulheres representam 1/3 desse número, o que está em linha com toda a
legislação que tem sido implementada para defender a participação e o
envolvimento feminino na política.
Acredito e tenho defendido que a participação feminina não
pode ser apenas garantida através de leis. Terão de ser os próprios partidos a
criar condições dentro das suas estruturas para que as mulheres consigam ter
uma vida política activa que seja compatível com a sua vida familiar e com a
sua condição de mães na maior parte dos casos. É necessário uma adequação dos
horários das reuniões e das sessões de trabalho, que muitas vezes ocorrem à
noite, de forma a permitir sem prejuízo da sua vida, um envolvimento ainda
maior das mulheres na vida política. As leis de nada servirão se as
instituições não se transformarem e adequarem a sua forma de funcionar para
permitir que a especificidade do ser mulher seja garantida.
Ao mesmo tempo e felizmente, também temos verificado uma
evolução de mentalidades, quer em Portugal quer no seio das nossas Comunidades,
que tem permitido uma o surgimento de mais mulheres em lugares de destaque na
política. Dando o exemplo do meu grupo Parlamentar temos presentemente duas
vice-presidentes e a própria presidência da Assembleia da República, um órgão
fundamental do regime político, é ocupada neste momento por uma mulher.
Se olharmos para os dados quantitativos podemos verificar
que, nos últimos 15 anos, houve uma evolução muito positiva no número de
mulheres representadas nos parlamentos e nos governos dos diversos países.
Apesar disso, ainda estamos longe de alcançarmos uma verdadeira paridade entre
homens e mulheres de forma a tornarmos desnecessária a existência de leis nesse
sentido.
O caminho para uma verdadeira paridade ainda será longo
certamente. Mas não podemos deixar de acreditar que é possível alcançar esse
desígnio. As mulheres e, muito particularmente, aquelas da Diáspora merecem que
continuemos a trabalhar nesse sentido. Parabéns por esta iniciativa e os
desejos de que para o ano estejamos novamente aqui a discutir este tema constatando
uma evolução positiva da participação política das mulheres migrantes.
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