quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nassalete Miranda Comunicação


Lisboa – Palácio das Necessidades- 24/25 de Outubro 2013

Empreendorismo no Feminino

Boa tarde

Agradeço, honrada, o convite da Associação Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, para participar neste Encontro Mundial que acontece em tempo dos 20 anos da Associação.

Cumprimento a ilustre mesa e estendo o meu cumprimento a todas e a todos os presentes.

Ao integrar este painel tenho de direcionar a minha pequena intervenção para o Empreendedorismo cultural no Feminino”e faço, não só porque ao criar em 2009 o quinzenário cultural. As Artes entre As Letras, de que possuem um exemplar, por gentileza da Mulher Migrante, me tornei na primeira mulher em Portugal a fundar um periódico com as características deste jornal, mas sobretudo porque a vasta área Cultural é aquela com mais me identifico pessoal e profissionalmente. Shopenhauer disse um dia :

“Pois é inteiramente insensato repelir uma boa hora presente, ou estragá-la de propósito, por conta de desgostos do passado ou ansiedades em relação ao porvir.
Não vou pois maçar-vos com o passado, nem me atrevo a profecias para o futuro. Fico-me com este presente para aqui reafirmar que a Cultura, em todos os seus vetores, é factor confirmado de inclusão social. São inúmeros os exemplos, desde o teatro a chegar aos estabelecimentos prisionais, coimo em Paços de Ferreira, até levar música clássica e exposições de pintura e de escultura, e sessões de poesia  aos bairros sociais.

 

Sabe-se que na vida há sempre o outro lado da moeda. Esta vil tristeza arrastada pelas dificuldades económicas, sociais e financeiras que atravessam fronteiras, traz consigo desafios permanente à criatividade ao engenho e à arte.

O empreendorismo feminino está aí como realidade crescente em Portugal e no mundo, para combater a pobreza, para conquistar e, ou, reconquistar  qualidade de vida, como forma de ultrapassar dificuldades e descruzar os braços e nasce dessa necessidade crescente de afirmação e de reafirmação das mulheres à sua independência – mulheres que se reinventam diariamente para conciliar o trabalho com a família, a educação dos filhos com a gestão da casa e o sucesso profissional.

Se por um lado estão a fechar diariamente empresas, por outro abrem ao meso ritmo as micro empresas – as denominadas unipessoais, que neste momento são lideradas por mulheres que apostam no design, caso da Cidália Correia, que de Torres Vedras parte em conquista do mundo, numa atitude arrojada que ultrapassa fronteiras, na edição de livros personalizados, como o caso da “Idades com história” – uma mini empresa editorial criada por duas jovens licenciadas que decidiram não ficar à porta da vida á espera de emprego e partiram para aventura de fotobiogafias. Vão ao encontro dos mais velhos (o primeiro livro está pronto, é uma beleza e o protagonista é Daniel Serrão) e será apresentado no Porto no próximo dia 20 de Novembro.

Duas jovens do Porto, mestres em design, decidiram apostar numa das zonas mais problemáticas da Invicta - Campanhã – e aí lançaram a marca “À Capucha”. Pegaram numa peça das mais tradicionais portuguesas, usadas no interior para a protecção do frio e da chuva e transformaram-na em arte urbana, associando o queijo, o pão e o vinho. E assim, um velho àrmazem que servia de local de encontro de toxicodependentes,  é agora um ponto de beleza, de juventude e de futuro!

São incontáveis os exemplos que aqui poderia desfiar, mas é preciso deixar espaço para a descoberta que cabe a cada um de nós.

Está dito e escrito que a Cultura todas as actividades que lhe estão associadas, desde o turismo à gastronomia, passando pelo património edificado e imaterial, criam emprego e são desenvolvimento.

Cultura é antes de mais ATITUDE em movimento.

O combate pelo futuro faz-se assim, através da imaginação, da criatividade, da iniciativa, do abraçar de novos e destemidos desafios, na certeza firme de que é pela Cultura que os povos se afirmam e prosperam, na convicção absoluta de que o verdadeiro poder é o saber.

Permitam-me que termine recorrendo a uma das escritoras brasileiras que mais admiro: Clarice Lispektor:

Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão... tranquilidade e inconstância, pedra e coração. Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono. Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser. Não me limito, não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer... Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato….

É assim: o mundo está recheado de mulheres que fazem a diferença, como as que dão vida a este Encontro.

Longa vida à Mulher Migrante.

Nassalete Miranda

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