à l’essor des relations culturelles entre le
Liban et le Portugal
Encontro Mundial da Mulher Migrante
Em nome da
associação “Amigos de Portugal-Libano”, quero agradecer o amàvel convite que
nos foi dirigido para participar neste
evento. Nos ter integrado nesta
iniciativa ùnica, é para nòs um motivo de orgulho. Oportunidade esta que me
alegra, não sò conhecer as diferentes realidades e experiências das Mulheres da
Diàspora, conscientes do papel observador, sensivel e humano que desempenham na
vasta rede da emigração portuguesa mas, também, o seu papel mediador indispensàvel
no diàlogo das culturas.
Sou do Sul e venho
do Sul, de um pequeno pais que sempre esteve envolvido na tumultuosa historia
do Médio Oriente.
O Libano, é uma
encruzilhada das mais antigas civilizações do mundo, o seu nome apareceu nos textos
mais antigos, suméricos, babilonicos, egipcios, biblicos...Um pais àrabe do
Oriente Pròximo, situado na junção de três continentes, Asia, Africa e a Europa.
Aberto ao mar Mediterraneo, uma ponte entre o Oriente e o Ocidente. Acolhe em
seu territorio inùmeras culturas. Não é
possivel falar do Libano sem nos referirmos aos Fenicios “povo do mar”. A época
chamada “fenicia” momento em que apareceram inscrições em lingua fenicia (a
escrita alfabética linear) adotada pelos gregos e que passou a ser a base da
maioria dos alfabetos usados actualmente no mundo.
Se abrimos o Baù da
Historia portuguesa, là encontramos os fenicios que, em 1200 anos, antes de
Cristo, fundaram Lisboa. Deram-lhe o nome de
“Alis Ubbo” que significa em lingua fenicia “porto seguro” e ao seu rio,
Taghi que significa “Boa Pesca”. Estes
habitantes do pais de Canaan, viviam em cidades-estado, autònomas, sendo as
mais importantes, as cidades libanesas de Tiro, Saida e Biblos. Eles
percorreram o mundo antigo favorizando intercâmbios, não somente de seus produtos, mas também tornando-se cèlebres
pelos intercâmbios culturais.
Libaneses e portugueses,
dois povos fundamentalmente ligados pela
mesma vocação maritima. Dois povos que possuiem em suas veias os elementos da
odisséia, da epopéia, viveram historias fantàsticas, marcadas de aventuras e de heroismos. Uma identidade quase mitica.
No século XII
produziu-se um encontro marcante entre libaneses e portugueses, na época em que
as cidades do litoral libanês faziam parte do Reino Latino do Oriente. (periodo
das Cruzadas) Segundo o grande historiador português José Barbosa de Figueiredo
Castelo Branco, Portugal tinha iniciado relações com os cristãos da Siria-Libano e que
fortaleceu ainda mais estas relações, quando Dom Henrique e Gualdin Paes estiveram
no Libano (referência in Historia e Memoria da Real Academia de Ciencias de
Lisboa, este documento foi lido na sessão de 27 de outubro de 1853) Nesta época numerosos libaneses
emigraram para Portugal levando com eles
vastos conhecimentos maritimos, nomeadamente na construção de navios, o uso do
astrolàbio, confecções de cartas naùticas ...que vieram aprofundar ainda mais o conhecimento
dos portugueses na matéria. Igualmente
participando nas Grandes Descobertas dos séculos XV e XVI.... Alguns
documentos portugueses referem-se a esta
presença, como companheiros de viagem, “os amigos cristãos do Oriente”.
Mais recentemente,
houve um novo movimento migratòrio que os luso-libaneses gostam de sublinhar.
Em 1919, algumas familias instalaram-se no arquipélago da ilha da Madeira e ali
contribuiram à expansão do comércio maritimo entre Portugal e a América do Sul,
em particular, o comércio dos “bordados da Madeira” exportados em grandes
quantidades... Como exemplo, as fàbricas Farra (uma das mais antigas) Jebara e
Gouveia que ainda existem hoje.
Durante os anos 70
o Libano atingiu o seu apogeu economico, Beirute tornou-se também a capital da cultura
onde a atividade literària e artistica tiveram seus dias de gloria.
Infelizmente em 1975, o pais abriu mais uma pàgina dramàtica da sua historia,
a << guerra civil >> que
durarà 30 anos. Uma guerra que destruiu o pais quase por completo.
Quando cheguei ao
Libano em 1998, o pais encontrava-se de novo em plena expansão, em plena
reconstrução, vivia então uma nova “era”
de vitalidade, de progresso vertiginoso.
Muitos emigrantes libaneses espalhados pelo mundo regressavam ao pais,
empresas estrangeiras de prestigio instalavam-se neste novo Eldorado.
Como qualquer outro ocidental, bem informado e de
pés bem firmados na realidade, não precisei de periodo de adaptação no pais do
Cedro, a sua inconfundivel hospitalidade levantina é legendaria e, para quem se
enriquece de leituras e relatos,
compreende melhor o fenomeno “orientalista”... que durante os seculos dezoito e
dezanove, seduziu grande parte dos ocidentais devido ao sucesso das missões cientificas na Fenicia.
Paradoxalmente no
vasto campo das migrações portuguesas, o Libano não é um recanto do mundo onde
os portugueses procuram dias melhores. Este facto explica o sentimento que tive
durante muitos anos de me encontrar isolada no Libano. Não hà conhecimento de
emigração colectiva, apenas alguma emigração individual isolada com o simples
recurso da sua força e da sua vontade. Contudo, ultimamente, é de salientar a
presença de alguns portugueses expatriados, cuja estadia se limita a um ou dois
anos.
Em 2008, houve um
encontro bem sucedido, o Encarregado de Negocios de Portugal em Chipre o Dr.
Mario Martins, em visita ao Libano que, com toda a sua solicitude, reuniu parte
da comunidade. Surpreendeu-nos! Este encontro “historico” teve um grande
impacto! Surgiu naturalmente, o sentimento de saudade e um desejo vital de
“ligação à familia”..A consciência de ser português !
Nesse mesmo dia, foi
levantada a questão de fundar uma associação que seja uma referência para a
comunidade. Isto traduziu-se na discussão de idéias de no traçar de metas para
um trabalho futuro. Esta vocação foi-se afirmando e, finalmente no dia 10 de
junho 2008, dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, teve lugar a
primeiro encontro, em Beirute, em
presença do Sr. André Boulos, Consul Honoràrio de Portugal no Libano.
Fazem parte desta
comunidade, portugueses e luso-libaneses (em numero de 150, segundo a
informação transmitida pela Embaixada de
Portugal em Nicosia) familias ou
individuos que regressaram recentemente ao Libano por razões diversas. Mas
também houve algumas migrações no sentido de Portugal para o Libano, como
ilustra o exemplo de presença portuguesa, na serra do Chouf a sul de Beirute,
na bonita aldeia de Gharifé. Nesta localidade vive uma acolhedora comunidade,
constituida essencialmente de portugueses e luso-descendentes, que vivem uma herança
cultural, falando com nostalgia da educação que receberam “à portuguesa”,
incluindo canções populares, receitas culinàrias, entre outros bons costumes que
nos são comuns.
Neste contexto,
como promover Portugal, valorizar a identidade da comunidade portuguesa, manter
viva a chama lusitana ?
Em termos culturais
encontramos formas de pôr termo ao nosso isolamente, criando parcerias e
intercâmbios com o pais de acolhimento. Gostaria de citar aqui alguns dos
principais objetivos da Associação Amigos de Portugal-Libano :
- Se reunir com
regularidade, partilhar esta nova forma de coexistência, cultivar a amizade e a
solidariedade.
- Preservação da
memoria, e ensino do português
- Criar espaços
dedicados à cultura
- Desenvolver parcerias
junto de Universidades, Centros Culturais, Museus, Galerias, “Workshops” e outras
actividades vocacionadas para divertimento.
- Projecção de
filmes portugueses, nos centros culturais, e participação nos seguintes
festivais : Semana Arte, Ibero-Americano, Europeu..
- Intercâmbio
cultural, abrir novos horizontes com mais ampla divulgação da cultura libanesa em
Portugal e apreço pelo seu relevante
interesse historico.
- Visibilidade na
Imprensa libanesa
Exemplo de Conferências:
- Historia da
Mùsica portuguesa
- Lisboa de
Fernando Pessoa
- Fortalezas
portuguesas do Oriente
- Calçadas
portuguesas
- Homenagem a
Camões, leitura bilingue dos Lusiadas
- Historia dos
tapetes de Arraiolos, e tapetes orientais chamados “portugueses”
- Leitura bilingue “As Naus” de Lobo Antunes (no quadro
do Salão do Livro de 2013, em parceria com a recentemente lançada, La Maison
Internationale des Ecrivains à Beyrouth)
Em perspective para
2014
- Barroco em
Portugal e no Brasil
- A Odisseia do
Vinho do Porto
Nas nossas palestras não temos uma linha
estritamente académica, uma vez que a instituição està de acordo e avalia a
qualidade do nosso trabalho.
E, porque queremos
sempre continuar a evoluir, pretendemos
antes de mais, ser uma comunidade vivendo na plenitude das suas escolhas, procurando
soluções que sejam uma resposta à sua situação excepcional e, definitivamente,
um mensageiro da verdadeira dimensão cultural portuguesa neste espaço do
Levante.
Mia Vieira-Azar,
presidente da Associação “ Les Amis du
Portugal-Liban”
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