Encontro Mundial de
Mulheres Migrantes
“Expressoes
Femininas da Cidadania”
INTRODUÇÃO DA DEPUTADA AR
MARIA JOÃO ÁVILA
Primeiro Painel – “As Mulheres na
Politica….um princípio de paridade”
Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas,
Dr. José Cesário;
Exma Dra. Manuela Aguiar
Exma Dra. Rita Gomes
Dignissímos oradores e convidados;
Minhas senhoras e meus senhores;
Saí de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira nos
Açores e emigrei para New Jersey, nos Estados Unidos, juntamente com a minha
família quando tinha apenas 13 anos de idade, e aos 16 anos já integrava vários
grupos e comissões relacionadas com as comunidades Portuguesas locais. Tive uma
infância igual a tantas outras crianças norte-americanas, à excepção de em casa
falar português e graças aos meus pais manter, até hoje, bem viva a nossa
cultura.
Em 2011 foi convidada pelo Dr. José Cesário
e pelo Partido Social Democrata para fazer parte da lista eleitoral à
Assembleia da República, o que muito me orgulha, mas também com a plena noção
de que era necessário uma mulher eleita pelo círculo fora da Europa, que eu
represento, para assim dar cumprimento à quota exigida por lei e ao principio
da Paridade.
(No entanto, quando cheguei a Portugal
recebi os parabéns dum funcionário consular….onde me dizia que eu só tinha sido
escolhida por ser mulher….porque ele é que teria sido a pessoa indicada para a lista….)!!!!!!
Entre vários pontos, gostaria de iniciar a
minha introdução falando do trabalho desenvolvido pelo Fundo de Desenvolvimento
das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).
Desde os combates épicos travados pelas
mulheres para obterem o direito de voto, aos esforços desenvolvidos hoje, em
todo o mundo, para introduzir quotas que visam aumentar o número de
representantes eleitas, as mulheres tiveram sempre um aliado poderoso na
democracia. Sabem que a participação democrática é o principal meio que permite
que os interesses das mulheres estejam representados e tenham uma legitimidade
social e uma resposta política sustentável.
O número incrivelmente reduzido de mulheres
que ocupam cargos públicos - actualmente, uma média mundial de 19% nas
assembleias nacionais - constitui um défice a corrigir. A participação das
mulheres em todos os níveis do governo democrático - local, nacional e regional
- diversifica a natureza das assembleias democráticas e permite que o processo
de tomada de decisões responda às necessidades dos cidadãos que podem ter sido
descuradas no passado. Segundo os últimos dados das Nações Unidas, a
percentagem das mulheres nos parlamentos nacionais, parlamentos uni-camarais ou
câmaras baixas é de:
Estados Árabes – 9,2%;
Pacífico – 13,2%
África – 18,3%;
Ásia – 18,6%
Mundo – 19,0%;
Europa, incluindo países nórdicos – 22,0%
América – 22,7%;
A fonte desta informação é a União Interparlamentar da ONU.
O Fundo de Desenvolvimento das Nações
Unidas para a Mulher apoia os esforços que visam aumentar a proporção de
mulheres eleitas. Procura também reforçar a capacidade das mulheres no que se
refere a desempenhar um papel legislativo eficaz, quando eleitas. No entanto, o
desafio de assegurar a igualdade de género ao nível da participação política
não se limita à consecução de melhores rácios quantitativos entre homens e
mulheres no decurso de um ano eleitoral. É por isso que o UNIFEM apoia
igualmente as iniciativas que visam aumentar a eficácia política das mulheres antes
e depois das eleições, nomeadamente adoptando “medidas temporárias especiais”
em conformidade com o artigo 4 da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra
as Mulheres (CEDAW).
Ainda que vários
países – como a Albânia, a Bolívia, o
Egipto e o Senegal – tenham adoptado quotas ou reservado assentos para as
mulheres, através de alterações à constituição, de reformas da lei eleitoral ou
da introdução de leis sobre a igualdade, o número de países onde essas medidas
foram aplicadas continua a ser muito reduzido, apesar de as quotas e reservas
de assentos terem, em média, possibilitado uma maior representação das
mulheres, independentemente do sistema eleitoral.
O UNIFEM apoia as
campanhas levadas a cabo pelas organizações da sociedade civil, para defender a
adopção de medidas temporárias especiais, e presta assistência técnica aos
países para pôr em prática tais medidas.
Reconhecendo que o
desafio de garantir a igualdade das mulheres na participação política não se
limita à obtenção de melhores rácios quantitativos entre homens e mulheres
durante um ano eleitoral, a UNIFEM procura também reforçar o papel legislativo
das mulheres, uma vez eleitas. Estratégias como a formação de grupos
multipartidários, a nível parlamentar e local, podem proporcionar o apoio dos
pares, necessário para promover a igualdade de género ao nível da agenda
legislativa e política.
É por isso que o
UNIFEM apoia iniciativas em alguns países, que visam elaborar agendas
políticas, acordadas a nível nacional, a favor da igualdade de género e continua
a prestar assistência técnica aos ministérios da condição da mulher, aos
observatórios e às comissões, a fim de que possam desempenhar um papel
importante nos esforços dos governos para integrar as questões da igualdade de
género.
O UNIFEM também se
esforça por melhorar uma governação democrática sensível às questões de
género e a obrigação de prestar contas em relação às mulheres, e colabora
com iniciativas mundiais, que visam melhorar a qualidade da governação do ponto
de vista da capacidade de as mulheres acederem aos serviços públicos.
Também procura
ajudar, consultar e apoiar as democracias em fase de desenvolvimento, através
da promulgação de leis e de políticas que tenham em conta as questões de
género, concentrando essencialmente a sua acção na igualdade de género na lei e
na governação, na violência contra as mulheres, no trabalho, na saúde e na
pobreza. E está particularmente empenhado na eliminação de disposições
discriminatórias que figurem em leis ou políticas em vigor e na inclusão de
disposições relativas à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres.
Nas sociedades que
saíram de um conflito, a prioridade do UNIFEM é dar mais voz às mulheres e
aumentar a sua influência nos processos de estabelecimento e consolidação da
paz, nomeadamente no que se refere à formulação de políticas e à atribuição de
financiamentos, para responder de uma forma adequada às necessidades de
mulheres e raparigas no planeamento pós-conflito. Também desempenha, com
frequência, um papel aglutinador, pondo em contacto mulheres que são activistas
da paz, os representantes de alto nível da ONU e os dirigentes mundiais.
O UNIFEM, em associação com o Fundo das
Nações Unidas para a Democracia (FNUD) e a Divisão de Assistência Eleitoral do
Departamento de Assuntos Políticos (DAP), reuniu num workshop, na India, vinte e um responsáveis da sociedade civil de
dezoito países que trabalham para reforçar a participação das mulheres na
competição política, democrática e na governação.
O workshop
sobre Género e Democracia tinha como objectivo servir de plataforma para a
discussão dos êxitos e dos desafios na implementação de projectos pilotos, inovadores
a nível das comunidades, analisar os obstáculos à participação das mulheres e
dar um contributo para os esforços do sistema da ONU para promover a
democracia.
E
agora como emigrante que sou e como Luso-Americana, porque uma grande parte da
minha vida familiar e profissional foi passada nos Estados Unidos, gostaria de
falar da participação das mulheres na política norte-americana, onde ainda, há
muito por fazer. Mas gostava de partilhar convosco parte dum texto publicado pelo
Departamento de Estado dos EUA, sobre as “Eleições Americanas” e as “Mulheres
na Política”.
No
final do século 18, os governos ocidentais eram liderados por homens brancos
que provavelmente
nunca imaginariam
que uma mulher pudesse concorrer a todos os cargos eletivos, muito menos à Presidência.
Abigail Adams estava à frente do seu tempo na defesa da
inclusão. “Lembre-se das senhoras”, escreveu ao marido, o líder revolucionário
John Adams, em março de 1776, quando ele era delegado do Congresso Continental.
Ela
clamou ao Congresso para considerar os direitos da mulher ao lançar os
alicerces da Independência dos EUA. “Lembre-se, todos os homens seriam tiranos
se pudessem”, escreveu.
“Se as senhoras não
receberem cuidado e atenção especiais, estamos determinadas a fomentar uma
revolta e não nos consideraremos obrigadas a cumprir a lei, diante da qual não
temos voz ou representação.”
Abigail
Adams tornou-se primeira-dama quando seu marido sucedeu George Washington como
presidente em 1797. Entre a carta de Abigail Adams e a campanha de 2008 de
Hillary Clinton, a primeira candidata a presidente politicamente viável,
gerações de americanas superaram estereótipos, e quebraram barreiras para
obterem cargos eletivos.
Em junho de 2008, Hillary Clinton, senadora americana por
NovaYork, encerrou sua histórica campanha à Presidência dos EUA. Os 18 milhões
de votos obtidos na primária até junho não seriam suficientes para assegurar a
indicação democrata. “Pensem quanto progresso já alcançamos”, declarou Hillary
…. “A partir de agora será corriqueiro para uma mulher vencer nas primárias
estaduais… normal é ter uma mulher na disputa séria pela indicação dos
partidos, e será normal pensar que uma mulher pode ser presidente dos Estados Unidos.”
Em Janeiro deste ano, a Assembleia da República
aprovou um diploma europeu, que determinou que as mulheres devem preencher 40%
dos lugares não-executivos da administração de empresas cotadas em bolsa até ao
ano de 2020. A directiva europeia foi aprovada na Comissão de Assuntos
Europeus.
Segundo a Comissão Europeia, o objectivo é
equilibrar a representação de homens e mulheres em cargos que devem servir de
exemplo para o sector privado, dada a sua importância económica e a sua grande
visibilidade.
«Ao ritmo actual, seriam necessárias várias décadas para se acabar com
o desequilíbrio entre os géneros», afirma a directiva, considerando que as
quotas, apesar de controversas, são a medida mais eficaz: «Os progressos mais
significativos foram alcançados pelos países que introduziram medidas
vinculativas».
As realidades nos países da União Europeia são
muito diferentes a este nível. A presença de mulheres nos cargos de topo varia
entre os 3% e os 27%.
No Dia da Mulher, a 8 de Março, o Governo aprovou
uma resolução para obrigar empresas públicas e privadas a adoptar planos para a
igualdade. Segundo dados do Governo, o sector empresarial do Estado tem 27% de
mulheres em lugares de topo, as empresas cotadas em bolsa têm 9,5%. Por isso,
no que diz respeito às cotadas, Portugal tem de percorrer um longo caminho até
atingir as metas da Comissão, e todas estas medidas se devem ao trabalho e ao
esforço da senhora Secretária dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Dra
Teresa Morais.
Ao terminar a minha introdução neste
Encontro Mundial das Mulheres Migrantes, quero agradecer todo o apoio do Sr.
Secretario de Estado Dr. Jose Cesário, e enaltecer todo o esforço e dedicação da
Dra. Manuela Aguiar , da Dra. Rita Gomes, e saudar todas as mulheres que
participam neste evento, e também todos os amigos, pela coragem de terem aceite
participar nesta “prova de fogo” feminina.
Muito obrigada, e que este Segundo Encontro das Mulheres Migrantes,
“Expressões Femininas da Cidadania”, seja o reencontro de nós próprias com o
mundo, e o reforço de uma cidadania cada vez mais participativa, na política,
na família, no trabalho e na sociedade.
Muito
Obrigado a todos pela atenção e bem hajam!
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