segunda-feira, 4 de novembro de 2013


MARIA BARROSO

 

O que acrescentar?

 

Por Leonor Xavier

 

Quase vinte anos depois do primeiro encontro, em que me perguntou se eu seria sua biógrafa, é-me difícil fazer uma reflexão objetiva sobre a vida, o mérito, o percurso da mulher notável que é Maria Barroso. Tenho acompanhado os elogios que lhe são feitos, os louvores, os discursos formais sobre a sua personalidade.

O que acrescentar que não se saiba ou não tenha sido dito? Talvez sejam menos conhecidos os seus concretos gestos de atenção aos outros, mais ainda aos mais simples, aos anónimos cidadãos que chegam perto, a dar-lhe uma palavra, a ouvir-lhe a voz. Ou os seus rituais de feminilidade, o cuidado com a maneira de vestir, o pequeno enfeite que combine com uma determinada circunstância, a saudade tantas vezes falada da casa dos pais, das brincadeiras com os irmãos. O orgulho com que olha a sua trajetória. O discurso amoroso constante, sempre que fala do seu amor.

Ao longo do tempo, com ela tenho experimentado o doce plano da cumplicidade, da admiração, da ternura. Sempre tudo temperado com um riso, ou um desabafo, ou uma conversa sobre o que vai acontecendo neste mundo.

Entre os meus vários escritos sobre Maria Barroso, encontro este, de 2003, um texto de abertura para a grande entrevista que então lhe fiz e que foi publicada na revista Máxima. Sempre gostei de separar as fases de vida por unidades de dez anos, e parece-me esta abertura bem expressiva do que foi o tom desse tempo, na sua história. Tomo, assim, a liberdade de reproduzir o meu olhar de então, intacto:

 

«Quando tem uma causa a defender, fala o quanto pode, debate, imagina, propõe ideias, dá sugestões, defende opiniões, abre hipóteses de solução.  Sabe que os problemas que apresenta pertencem, preocupam e dizem respeito a todos. É reconhecido o seu estilo, o seu jeito, a sua maneira de ser na fantástica comunicação que mantém com as instituições, os poderes, os cidadãos.

Sem desânimo nem pausas ou ausências, Maria Barroso tem tido perto de duzentas intervenções públicas em média, por ano. Umas largas dezenas de idas e vindas entre Lisboa e as mais variadas geografias do país não a cansam. Uma vintena de viagens anuais, acrescentando aos destinos europeus as mais variadas rotas de longa distância estimulam-na. Para que a solidariedade cresça no seu curso para a transformação dos males deste mundo, faz conferências nas escolas secundárias e nas universidades, promove debates e congressos, anima causas e acções. A família, a educação, a violência, a assistência, a assistência aos flagelados têm sido suas razões de ser. Pela defesa dos direitos humanos, e pela cooperação inspira- se para campanhas a lançar, cresce em energias, tem disponibilidade absoluta. Sempre que procura ajudas, apoios, parcerias, raramente recebe recusas, porque a urgência de realizar é total e as soluções possíveis existem.

A solidariedade é um valor importante na sua história pessoal, tem sido inspiração em muitos momentos da sua vida. É uma motivação constante da sua actuação como cidadã e como mulher, desde sempre. »

  
Lisboa, 4 de Novembro de 20

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