ENCONTRO MUNDIAL DE MULHERES MIGRANTES
No 6º. Painel-Artes, do Programa deste Encontro está inserido o meu nome, na qualidade de pintora, a fim de apresentar uma comunicação, que entendo como uma forma de testemunho dos contributos culturais, de expressão feminina, da mulher migrante.
Vou tentar referir-me ao que, hoje, pouco sei da atividade nas artes da mulher migrante no Brasil, mas referir-me-ei mais adiante do conhecimento que tive, por experiência colhida em Organizações por mim levadas a efeito no Rio de Janeiro.
Permitam-me por começar a falar da minha atividade que, de certo modo, trrá ao nosso conhecimento nomes de outras pessoas que honram ou honraram a diáspora portuguesa no Brasil, no campo das Artes.
Chegada a São Paulo em 1961, chegada de Moçambique, com 4 filhos menores, a minha preocupação maior foi dedicar assistência e educação aos filhos que, entre eles, havia um filho de 4 meses de idade e uma filha de quatro anos, que careciam de mais atenção e cuidado.
Assim mesmo e depois do meu marido ter sido transferido uns anos depois de São Paulo para o Rio de Janeiro, onde a TAP tinha a sua sede no Brasil, decidi reiniciar a minha atividade nas Artes, especialmente na Pintura em tela e na Pintura em porcelana. Fiz pesquisas e até frequentei cursos de pintura no Parque Lage no Rio de Janeiro.
Em relativamente pouco tempo e logo que os filhos podiam se locomover para as suas idas à Escola, passei a dedicar mais tempo à pintura, lembrando-me dos tempos dos 16 anos em que pintava sob a orientação do Grande Mestre e Grande Homem que se chamou em vida, Professor SAMORA BARROS.
Lancei-me, então, com entusiasmo na pintura em porcelana, pintura que é mais difícil do que muita gente pensa, e em pouco tempo, em 1970, já lecionava a Arte a diversas turmas no meu estúdio no Rio de Janeiro e era contratada por 2 colégios na qualidade de professora de Artes Plásticas.
Em 1979 reuni o meu acervo de peças pintadas por mim e fiz a primeira exposição individual, com 104 peças, no Palácio Foz em Lisboa. Que me desculpem pela manifestação de orgulho, mas foi um êxito de tal monta que mobilizei o entusiasmo de muitas senhoras de Lisboa, pelo que durante alguns anos passei a deslocar-me do Rio de Janeiro a Portugal para ministrar aulas, não só em Lisboa, como em outras cidades do nosso Portugal. O movimento foi tão expressivo que vi a oportunidade de fundar uma Associação em Lisboa com a colaboração de Amigas e Alunas, Associação que ainda hoje existe- A UPAP -União Portuguesa de Arte em Porcelana.
Tenho a satisfação em afirmar que foi com a minha ação e entusiasmo que, a mulher portuguesa, fora das fábricas da especialidade, iniciou a sua atividade cultural da pintura. Há até casos, dignos de nota, que senhoras que iniciaram na porcelana, hoje pintam, também, em tela, sinal evidente do seu entusiasmo pelas Artes.
Muito há a referir à minha atividade no campo das Artes, mas o tempo que me é destinado, não me permite estender a minha participação neste Painel. Não posso, no entanto, de referir à participação nas Artes, no Brasil, de alguns elementos da colónia portuguesa.
Quando em 1981, com o apoio da TAP, organizei a "1ª. Mostra de Arte dos Artistas Portugueses Radicados no Brasil" , Evento acontecido no Rio-Sheraton Hotel e, em 1982,, a "2ª. Mpstra na Embaixada de Portugal em Brasília, tinha antes pesquisado na Colónia Portuguesa quem poderia participar, fiquei surpreendida com o número considerável de artistas portugueses que aderiram aos eventos e não só em número como em qualidade artística. Participaram 42 artistas, da pintura à escultura, da tapeçaria à porcelana, nomes consagrados tais como, entre outros, J. DA Costa, Albano Neves e Sousa, João Grijó, Pedro Leitão, Pedro Homem de Melo, António Santos Lopes, Carlos Vitorino, Joaquim Tenreiro, António Manuel, Teresa Frazão, Fernanda Lage, Concessa Colaço, Edna Cortez, Maria Guerreiro, Elisabete Conde, Luiza Lucena, Mariana Quito, Mércia Carreira, Yara e, pelo menos, mais umas tantas mulheres portuguesas.
Para terminar, não posso, ainda, deixar de referir à nossa ação de mulheres portuguesas no Brasil para a divulgação das Artes e da aproximação Luso-Brasileira nessa atividade, quando realizádos 8 exposições no Palácio São Clemente, do Consulado Geral de Portugal no Rio de Janeiro, em anos sucessivos, cedido gentilmente pelo Sr. Cônsul Geral de então, para os Eventos realizados no referido local. Pena é que não tenhamos concedido mais a disponibilidade pretendida para outros eventos da mesma expressão artística. Não nos aventurámos mais a solicitar o espaço referido para não ouvirmos uma recusa, tal como já aconteceu. É pena!
É o que pudemos falar, no tempo que nos foi concedido.
Parabens Lourdes - gostei de saber do seu empenho tanto nas Artes como na divulgacao das artistas residentes no Brasil. Obrigado. Abraco de Claudia Rios.
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